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Paulo Nogueira de Andrade (c. 1688)?
Casa Nogueira de Andrade.
Fundão, Largo da Igreja |
Brasão de: Paulo Nogueira de Andrade (c. 1688).
Forma: Escudo esquartelado (mal representado): O 1.º de FEIO – três bandas;
o 2.º de COSTA – seis costas, postas 2, 2 e 2; o 3.º de ANDRADE
(dos Andrade Freire) - uma banda e duas cabeças de serpente; e o
4.º de HOMEM – seis crescentes postos 2, 2 e 2.
Timbre: Um ramo de feijoeiro florido, que é usado pelos Feios.
Local: Fachada de casa do Largo da Igreja, n.º 17, Fundão.
Data: Século XVIII – fins?
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A meio da fachada de um prédio de habitação com três pisos, fronteiro à igreja Matriz do Fundão, existe a mais enigmática e aparentemente indecifrável pedra de armas desta cidade.
O prédio encontra-se hoje muito descaracterizado, principalmente a nível do rés-do-chão, e o posicionamento da pedra de armas não parece o mais adequado pela sua localização assimétrica e conflituante em relação à moldura de um óculo quadrilobado que lhe fica ao lado direito.
Esta ingénua representação heráldica, de cariz popular quanto à sua factura, denota um incipiente canteiro que executa uma encomenda feita por alguém pouco exigente e conhecedor das regras da armaria.
A sua forma grosseira e quase ininteligível de representar as armas do seu detentor foge a todos as mais elementares normas da heráldica, mas, apesar disso, e aceitando este desafio alicerçados no conhecimento das antigas famílias que alcançaram alguma notoriedade no concelho do Fundão, tornou-se possível a sua leitura.
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Fundão, Casa Nogueira de Andrade. |
Este brasão aparentemente sem escudo, sem quartéis, sem elmo nem timbre, acaba por ter todos estes elementos iconograficamente visíveis, não como mandam as convenções heráldicas, mas por formas de representação caprichosas e aparentemente desprovidas de significado.
Numa representação desta natureza, sem o conhecimento do alvará de concessão das armas, não se pode ter certezas absolutas sobre os apelidos representadas no seu esquartelado. Não é o caso deste brasão, o qual é possível interpretar cabalmente, assim como os seus diversos elementos constitutivos e as peças heráldicas que ostenta.
Pela sua dificuldade interpretativa, derivada do seu atabalhoado formalismo, acabou por ser o mais fascinante desafio que deparamos no concelho do Fundão.
BRASÃO
Esta inábil pedra de armas, feita pelo seu autor à revelia dos preceitos da heráldica, acaba por ser de grande valia quanto à informação que nos fornece.
Aparentemente, ao artista canteiro só foi fornecida a descrição textual do brasão numa linguagem que lhe era desconhecida e complexa, a qual ele interpretou a seu modo, sem a visualização iconográfica do mesmo. O autor da encomenda não se opôs ao trabalho que lhe foi apresentado, e daí resultou este equívoco heráldico a requerer uma aturada descodificação.
Observemos agora o citado brasão com maior detalhe.
O canteiro que o fez, totalmente inexperiente na execução de pedras de armas, terá lido a sua descrição da qual constava um escudo dividido em quatro partes – esquartelado – e começou por afeiçoar uma pedra com essa forma. Nela colocou algumas nervuras salientes que se cruzam na perpendicular para apartar os campos do esquartelado, nos quais inseriu as diversas peças heráldicas que representavam os quatro costados do armigerado, carregados de bandas, costas, cabeças de serpente, e outros elementos da armaria cuja descrição textual se lhe afiguraria confusa.
Vejamos então como seria o esquartelado representado com correcção: o
1.º de FEIO (de azul, com três bandas de vermelho, perfiladas de ouro); o
2.º de COSTA (de vermelho com seis costas de prata, postas 2, 2 e 2); o
3.º de ANDRADE (de verde, com banda de vermelho perfilada de ouro, e esta abocada por duas cabeças de serpente da mesma cor, armadas de vermelho); o
4.º de HOMEM (de azul, com seis crescentes de ouro 2, 2 e 2).
A encimar este escudo temos um traço horizontal saliente, à laia de virol, no qual assenta uma espécie de elmo, envolto pelo respectivo timbre: um ramo de feijoeiro florido que compete às armas dos Feios. Tudo isto ladeado de duas bordaduras laterais, geometrizadas, representando o paquife.
As famílias aqui representadas não são desconhecidas, pois tiveram alguma relevância no Fundão de outros tempos. Estes apelidos ainda se encontram em inúmeras pessoas residentes nesta região.
DADOS GENEALÓGICOS
Identificados os quatro apelidos representados nesta pedra de armas, seria desejável a sua atribuição a uma qualquer antiga personalidade desta terra, porém tal não se concretizou em termos documentais. Embora as dificuldades sejam grandes, passemos à análise das famílias mencionadas nos respectivos quartéis.
Os
FEIOS (1.º quartel), são conhecidos na Covilhã e no concelho do Fundão há mais de cinco séculos.
Alguns deles destacaram-se pelos seus cargos e fortuna, senão vejamos:
FERNÃO FEIO e sua mulher
Maria Calvo, que fundaram “as igrejas de Santa Maria de Peraboa e de São Silvestre da Covilhã”, ainda no século XV. Estavam ligados aos Macedos da Covilhã, os quais posteriormente vieram viver para o Fundão num solar armoriado sito à Rua da Cale.
PEDRO FEIO, um filho dos anteriores, alcaide-mor de Sortelha, casado com
Catarina Costa.
JOÃO FEIO (c. 1480), filho dos anteriores, escudeiro-fidalgo da Casa Real e juiz da Covilhã, onde casou com
Isabel Vaz.
ANDRÉ FEIO DE CASTELO BRANCO, “Fidalgo e Prior de São Silvestre da Covilhã”, o qual é quarto neto de Martim Vaz de Castelo Branco, alcaide-mor da Covilhã, que obteve Carta de Brasão de Armas passada a 9-VIII-1580 .
Por sua vez, os
COSTAS (2.º quartel), entroncam por via colateral no célebre D. Jorge da Costa (1406-1501), o “Cardeal de Alpedrinha”, que teve seis irmãos dos quais há um número infindável de descendentes que perpetuaram o apelido nesta região. Muitos deles aliaram-se matrimonialmente aos Feios e aos Freires, e hipoteticamente será a um descendente de uma destas ligações que poderá ser atribuída esta pedra de armas.
Quanto à família
ANDRADE (3.º quartel), do ramo Andrade Freire, com vários ramos e algumas variações na representação do seu brasão de armas, é uma das antigas famílias desta cidade. Ligou-se por alianças matrimoniais aos Freires, dos quais usam as armas e o apelido associado ao seu, pela ordem de Andrade Freire, Freire de Andrade, ou cada um deles isoladamente, com pequenas variações heráldicas, conforme os ramos familiares. Alguns usavam duas caldeiras nas suas armas, mas os descendentes de Nuno Freire, omitiam-nas na sua representação heráldica, o que parece ser o caso deste brasão fundanense.
A Família
HOMEM (4.º quartel), provém de Pedro Homem que viveu no reinado de D. Afonso III (1248-1279), e foi senhor da Lageosa e de Alfaiates, assim como de outros lugares da Beira. A sua descendência uniu-se aos Costas e aos Britos que tiveram representantes no Fundão desde tempos recuados.
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Segundo sabemos, os
FEIO da COSTA – dos dois primeiros quartéis do brasão – que representam os avós paternos do armigerado, andam há muito tempo unidos neste concelho numa das suas mais notáveis famílias. A estes juntou-se o apelido Andrade, dos Andrades Freire.
O casal que uniu estes dois apelidos foi:
1.
LOPO ÁLVARES FEIO, fidalgo castelhano, senhor de Atalaia do Campo, casado com
D. MARGARIDA VAZ
DA COSTA (f. 1550), irmã do Cardeal de Alpedrinha, que está sepultada na capela de Santa Catarina em
Alpedrinha, com epitáfio datado de 1550.
Tiveram onze filhos:
2.
D. PEDRO FEIO DA COSTA (f. 1563), bispo do Porto, bispo de Leão e de Osna.
2.
D. DIOGO FEIO DA COSTA (f. 1507), bispo do Porto (1505-1507).
2.
JORGE FEIO DA COSTA, deão e tesoureiro da Sé de Braga.
2.
CRISTÓVÃO FEIO DA COSTA (f. 1562), tesoureiro-mor da Sé de Lisboa, foi o primeiro administrador da
Capela de Santa Catarina, em Alpedrinha, em cumprindo do testamento de seu tio D. Martinho da Costa,
arcebispo de Lisboa e irmão do Cardeal de Alpedrinha. Foi sepultado na Capela de Santa Catarina, com
epitáfio datado de 1562.
2.
GASPAR FEIO DA COSTA, deão da Sé do Porto.
2.
JOÃO FEIO DA COSTA, casado com
D. INÊS DE NORONHA, da qual teve uma filha que faleceu sem gera-
ção.
2.
D. MARIA DA COSTA, casada com
TOMÉ DE SOUSA (f. 1579) que foi fidalgo da Casa Real por Carta de
7-VII-1537, e primeiro governador-geral do Brasil (1549-1553). Foi sua filha herdeira D.
Helena da Costa,
a qual casou com
Diogo Lopes de Lima. Falecida sem geração.
2.
D. APOLÓNIA DA COSTA, casada com
ANTÓNIO GIL FREIRE, senhor de Aldeia Nova das Donas.
Tiveram numerosa geração, cujos descendentes foram senhores dos ricos morgados de Pancas e Ata-
laia, assim como condes de Alpedrinha.
2.
D. CATARINA DA COSTA, casada com
JOÃO GARCIA.
2.
D. HELENA DA COSTA, casada com
PEDRO VAZ DA CUNHA. Sem geração.
2.
D. JOANA DA COSTA, casada com
FRANCISCO MACHADO FREIRE que foi alcaide-mor de Penha Garcia
(n. 1500), filho de
Luís Machado (n. 1470), senhor de Sandomil e Loriga, e de sua mulher
Leonor Freire
de Andrade (n. 1480). Tiveram geração que seguiu os apelidos Costa Freire.
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Quanto aos apelidos
ANDRADE e HOMEM, transmitidos ao armigerado pelos avós maternos como indicia a sua posição no esquartelado, as surpresas são muitas.
Ao fazer a verificação da genealogia desta família, deparamo-nos com gente notável, não só na Beira, como também na governação do país.
Estes Nogueira de Andrade, do Fundão, cujos antepassados são conhecidos, descendem dos morgados da capela de São Lourenço em Lisboa instituído em 1296. Entre os cargos notáveis dos seus maiores, contam-se vários bispos e arcebispos, assim como alcaides de Lisboa.
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Fundão, Quinta da Nora |
Desta família ficaram conhecidos no Fundão:
PAULO NOGUEIRA DE ANDRADE (f. 1663), e seu filho
AMARO NOGUEIRA DE ANDRADE (c. 1672), este último casado com
D. JOSEFA DE BRITO, da qual teve um filho homónimo que foi
AMARO NOGUEIRA DE ANDRADE (n. 1679); assim como
ANA DA COSTA e sua irmã
D. BRITES FEIO DE ANDRADE, as quais, por escritura de 1694 instituíram a capela de Nossa Senhora da Piedade, com obrigação de uma missa cantada e respectivo sermão a 25 de Março de cada ano, dia de Nossa Senhora da Anunciação. A esta capela, situada na Quinta da Nora, vincularam a mesma quinta e outras propriedades, e nomearam para primeiro administrador o seu filho e sobrinho
Amaro Nogueira de Andrade (c. 1672).
A Santa da sua maior devoção – Nossa Senhora da Anunciação (?) – encontra-se actualmente numa quinta particular em Viseu, cuja família proprietária foi a última que teve na sua posse a Quinta da Nora, que lhe foi expropriada no terceiro quartel do século XX.
A citada capela, muito antes desta expropriação, na sequência da revolução do 25 de Abril de 1974 já se encontrava arruinada e convertida em palheiro.
A última proprietária conhecida, talvez por compra dos seus antepassados, foi D. Maria da Luz Pimentel Osório de Vilhena (1855-1939), natural de Pêro Viseu, Fundão, casada com seu primo Francisco Afra de Sousa Vasconcelos (n. 1863), o último senhor da CASA DOS AFRA VASCONCELOS VILAS-BOAS em Vale de Prazeres. Esta senhora, juntamente com seus cinco filhos.
A capela ou ermida, como também aparece mencionada, e a respectiva quinta, hoje desaparecidas, ficavam junto à Rua Conde de Idanha-a-Nova e sucumbiram à pressão da recente expansão urbanística.
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Nossa Senhora da Assunção, da Capela da Quinta da Nora (desaparecida).
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A Santa da sua devoção – Nossa Senhora da Anunciação (?) – encontra-se
actualmente numa quinta particular em Viseu, cuja família tinha na sua posse a Quinta
da Nora que lhes foi expropriada no terceiro quartel do século XX. A citada capela, muito antes da expropriação já se encontrava arruinada e convertida em palheiro.
A maior parte destas capelas – vínculos – foram instituídas com o fim de perpetuarem o apelido e as armas de uma família ilustre ou o nome dos fundadores, quase sempre sepultados em panteões ou capelas familiares à sua custa edificadas, com vários encargos piedosos pelas almas dos antepassados suportados por bens que lhe eram vinculados e constituíam um conjunto patrimonial inalienável, administrado por um usufrutuário que, regra geral, era o varão primogénito. Uma capela distingue-se de um morgado devido à finalidade das funções definidas à data da sua fundação. Temos um morgado quando a maior parte do rendimento dos bens vinculados é destinado ao herdeiro, sendo a parte destinada a obrigações piedosas de um montante muito mais pequeno. Temos uma capela quando os encargos com as obras piedosas absorvem a maior parte do rendimento dos mesmos bens. A administração do marquês de Pombal cria legislação que em 1770 suprimiu os morgados e capelas de pequeno rendimento, regulando-lhes a sucessão e não consentindo que se instituíssem senão morgados opulentíssimos, os quais por sua vez foram definitivamente extintos em 1863, com a excepção da casa de Bragança. Até 1777 serão abolidos cerca de 15.000 vínculos considerados insignificantes. Terá sido nesta altura que se extingue a capela (vínculo) de Nossa Senhora da Piedade, passando os bens vinculados a repartir-se pelos inúmeros herdeiros. Provavelmente esta capela, sem os rendimentos destes bens que incluíam a Quinta da Nora e outros terrenos, entrou em declínio e foi-se arruinando, como sucedeu a muitas outras.
Nada nos diz que a pedra de armas em apreço não tenha estado em tempos na capela Nossa Senhora da Piedade, tendo, por motivo de sua ruína, transitado para a fachada de uma das moradas desta família.
Ligação dos Nogueiras aos Freire de Andrade do Fundão
Vejamos a sucessão genealógica desta família:
1.
FERNÃO ANES NOGUEIRA, filho de
João Anes Nogueira, neto paterno de
Afonso Anes Nogueira (c. 1489)
que vivia na então vila de Formoselha, no concelho de Montemor-o-Velho. Casou com
D. LEONOR PIRES
CEIÇA, filha de
Fernão Pires de Ceiça, da nobreza da citada vila de Formoselha.
Tiveram:
2.
MANUEL FERNANDES NOGUEIRA, que segue.
2.
MANUEL FERNANDES NOGUEIRA, capitão de ordenanças, casado em segundas núpcias com
D. ANA
RODRIGUES DE OLIVEIRA, filha de
João Rodrigues, e de sua mulher
D. Brites Anes.
Tiveram:
3.
PAULO NOGUEIRA DE OLIVEIRA, que segue.
3. D. ANA NOGUEIRA que casou duas vezes. As primeiras núpcias foram com SALVADOR DE TÁVORA,
juiz de fora de Lafões e da Covilhã. As segundas núpcias foram com GABRIEL DE FIGUEIREDO DE
ANDRADE ARNAULT, do qual teve geração.
3.
D. ISABEL DA CRUZ NOGUEIRA, casada com
FRANCISCO DIAS GALVÃO, cavaleiro da Ordem de Cristo,
do qual teve geração que seguiu os apelidos
Galvão e
Cota Falcão.
3.
MANUEL DA CRUZ NOGUEIRA, padre jesuíta, confessor do rei D. Pedro II (1687-1706).
3.
PAULO NOGUEIRA DE OLIVEIRA (f. 1663), cavaleiro da Ordem de Cristo,
prestou serviço durante vinte e
três anos na Guerra da Restauração na qual atingiu o posto de capitão de Infantaria.
Serviu em três arma-
das e nas fronteiras do reino, até que morreu gloriosamente na Batalha de Ameixial a 8-VI-1663.
Casou com
D. BRITES FEIO DE ANDRADE (c. 1698), natural do Fundão a aí detentora de vários bens, a
qual ainda vivia em 1694, ano em que instituiu juntamente com sua irmã
ANA DA COSTA a capela de Nsª.
Srª. da Piedade no Fundão.
Sua mulher era filha de
Amaro de Andrade Leitão casado com
D. Ana da Costa; neta paterna de
Francisco
Leitão de Andrade e de
D. Maria Colaça; neta materna de
Pedro Carneiro e de Brites Feio da Costa, da qual
desconhecemos a ascendência, mas temos a presunção de ter origem nos Feios da Costa, senhores da
Atalaia, parentes do Cardeal de Alpedrinha.
Tiveram:
4.
AMARO NOGUEIRA DE ANDRADE, que segue.
4.
AMARO NOGUEIRA DE ANDRADE (c. 1672), cavaleiro da Ordem de Cristo, obteve a mercê de fidalgo da
Casa Real por serviços prestados na armada que em 1672 saiu a correr a costa, e pelos feitos de seu pai.
Era escrivão do Registo Geral das Mercês com o título de Secretário a 18-X-1690, e por Carta de Padrão de
22-X-1698 obteve uma tença de 20$000 réis. Foi o primeiro administrador da capela de Nsa. Sra. da Piedade
no Fundão. Casou com
D. JOSEFA DE BRITO, filha de
António Marques de Brito, cavaleiro da Ordem de
Cristo, e de sua mulher
D. Isabel de Brito.
Tiveram:
5.
PAULO NOGUEIRA DE ANDRADE, filho mais velho, que segue.
5.
D. MARIA JOSEFA DE ANDRADE.
5.
FRANCISCO ANDRADE, que serviu na Índia.
5.
PAULO NOGUEIRA DE ANDRADE (c. 1688), homónimo do seu avô, foi
fidalgo cavaleiro da Casa Real com
1$600 réis de moradia por mês atribuídos por Alvará de 21-VI-1688, assim como obteve a tença de 20$000
réis por Carta de Padrão datada 15-III-1694, e ainda a nomeação para
escrivão do Registo de Mercês por
Carta de 18-VIII-1755.
Fez vários emprazamentos e por diversas provisões régias
obteve a posse de terras na lezíria junto a
Azambuja, nomeadamente o prazo da Quinta das Corredouras e as Terras do Diabo (1741, 1742). Por Carta
de D. João V datada de 1744 obteve a renovação de vários emprazamentos e a confirmação de privilégios
que vinham de seu pai. Nesta data era procurador da fazenda real e desembargador do Paço José Vaz de
Carvalho (1673-1752) que promoveu a elevação do Fundão a vila em 1747. À ascensão e ao aumento do
património de Paulo Nogueira de Andrade, certamente não foi estranha a amizade deste desembargador
cuja família também era originária do Fundão onde tinha uma grande casa.
Casou com
D. MARIA TERESA DE MATOS LEITÃO, filha de
Nicolau de Matos, juiz de fora de Évora, cavalei-
ro da ordem de Cristo e familiar do Santo Ofício, e de sua mulher
D. Antónia de Sequeira da Fonseca.
Tiveram:
6.
FRANCISCO DE PAULA NOGUEIRA DE ANDRADE (c. 1731), filho herdeiro dos vínculos, obteve várias
tenças entre as quais uma de 12$000 réis e o hábito de Cristo por Portaria de 22-II-1731.
Foi senhor de diversas comendas e morgados, entre as quais a comenda de
São Salvador de Ourique.
Obteve o privilégio de
desembargador por Carta de 15-XI-1756, ao qual juntou o
ofício de escrivão do
Regimento das Mercês e 1.000$000 réis de ordenado por Alvará de 30-V-1766. Sem mais notícia.
6.
NICOLAU DE MATOS LEITÃO NOGUEIRA DE ANDRADE (c. 1720), monsenhor na Igreja Patriarcal, que
segue abaixo.
6.
D. ANTÓNIA, moça do coro da igreja de Santos.
6.
D. JOSEFA, moça do coro da igreja de Santos.
6.
NICOLAU DE MATOS LEITÃO NOGUEIRA DE ANDRADE (c. 1720), fidalgo da Casa Real por Alvará de
13-XI-1720, da qual foi também fidalgo capelão por Alvará de 28-II-1751,
monsenhor da Igreja Patriarcal,
governador do Arcebispado de Évora, e do Conselho do rei D. José em cujo reinado faleceu como preso
de Estado.
Em 1769 deu início a uma acção judicial contra a Misericórdia de Lisboa reivindicando a posse de vários
morgados, entre eles a comenda de São Salvador de Ourique, deixados por seu irmão Francisco Paula
Nogueira de Andrade por não ter tido herdeiros como se presume. Desconhecemos o desfecho desta
demanda.
De
D. ANA JOAQUINA TERESA DE SAMPAIO, filha de
Sebastião Maior, capitão de Cavalaria, e de sua
mulher
D. Luísa de Sampaio, teve uma filha natural e legitimada a 11-XII-1769, que foi:
7.
D. INÁCIA MARGARIDA UMBELINA DE BRITO NOGUEIRA E MATOS (1749-1808), que segue.
7.
D. INÁCIA MARGARIDA UMBELINA DE BRITO NOGUEIRA E MATOS (1749-1808), nascida em 1749, veio a
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Diogo Inácio de Pina
Manique (1749-1808). |
falecer a 10-X-1808. Casou a 8-XII-1773 com o notável desembargador
DIOGO INÁCIO DE PINA MANIQUE (1733-1805), 1.º senhor de Manique
do Intendente, padroeiro da igreja de Santos, desembargador do Paço,
fidalgo da Casa Real e intendente geral da Polícia, da Corte e do Reino.
Tiveram:
8. PEDRO ANTÓNIO DE PINA MANIQUE BRITO NOGUEIRA DE MATOS
E ANDRADE (n. 1773), 1.º Visconde de Manique do Intendente, que
segue.
8. HELENA ANTÓNIA DE PINA MANIQUE (n. 1775), a qual nasceu a
26-XII-1775. Casou a 14-II-1817 com JOSÉ JOAQUIM MARIA DE
SOUSA TAVARES (n. 1776), nascido a 5-II-1776, falecido a ?-V-1837
em Paris, que foi governador da praça de Abrantes e brigadeiro do
Exército.
8. CATARINA ANTÓNIA DE PINA MANIQUE (n. 1779), a qual nasceu a
12-II-1779. Casou a 27-VIII-1814 com HENRIQUE PINTO DE MESQUITA
DE MORAIS SARMENTO GUEDES, senhor do morgado da Cumieira,
coronel do Exército.
Tiveram geração.
8. PAULO DE PINA MANIQUE (n. 1781), nascido a 26-II-1781, o qual foi
coronel de milícias. Sem mais notícia.
8.
PEDRO ANTÓNIO DE PINA MANIQUE BRITO NOGUEIRA DE MATOS E ANDRADE (n. 1773),
1.º Barão e 1.º
Visconde de Manique do Intendente (1801). Moço fidalgo por Alvará de 13-X-1784
, senhor de Manique do
Intendente, 5.º senhor do morgado de São Joaquim da vila de Coina, alcaide-mor de Portalegre, comenda-
dor da Ordem de Cristo, deputado da Mesa da Consciência e Ordens, conselheiro do Ultramar, e desembar-
gador da Relação do Porto por Carta de 15-VII-1769.
Nasceu a 20-IX-1733 e faleceu a 5-II-1839 no
Palácio do Intendente em Lisboa.
Casou a 28-VII-1806 com
D. MARIA DA GLÓRIA DA CUNHA E MENEZES (1787-1858), nascida a 5-III-1801
em São Paulo, no Brasil, filha natural legitimada em 1801 de
D. Francisco da Cunha e Menezes (1747-1812),
capitão general de S. Paulo e um dos governadores do Rio de Janeiro em 1807, assim como governador da
Índia. Tiveram geração conhecida que continuou os apelidos Pina Manique.
Atribuição presumível a
PAULO NOGUEIRA DE ANDRADE (c. 1688)
Do que vai exposto podemos inferir que esta irregular pedra de armas, por falta de documentação que a confirme e até prova em contrário, será atribuível a um dos muitos ilustres descendentes de Lopo Álvares Feio, senhor da Atalaia do Campo, casado com Margarida Vaz da Costa (f. 1550), irmã do Cardeal de Alpedrinha.
Com grande probabilidade estas armas pertenceram a
PAULO NOGUEIRA DE ANDRADE (c. 1688), homónimo de seu avô, pois o esquartelado do brasão corresponde aos apelidos dos seus avós paternos e maternos.
Este fidalgo da Casa Real terá herdado algum património não desprezível que à sua custa aumentou em Azambuja e era suficiente para viver à "lei da nobreza".
Sabemos que teve: um filho varão primogénito que não deixou descendência; outro que foi monsenhor na Igreja Patriarcal, o qual por sua vez teve uma filha natural e legitimada em 1769; assim como, pelo menos, mais duas irmãs que parece não terem tido descendentes, pois foi o filho padre que entrou em litígio com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa à qual disputou os vínculos que seu irmão terá deixado em testamento a essa instituição benemérita por falta de filhos sucessores.
Quanto aos bens do Fundão, ou foram alienados por esta altura (1769), ou passaram a algum parente colateral que desconhecemos.
Desconhecida também é, por falta de documentação, a existência de um processo de Justificação de Nobreza para se habilitar às armas dos seus avós. Muitos fidalgos com várias gerações ao serviço da Corte e antepassados proeminentes na guerra ou na governação do país, dispensavam-se das ditas justificações, pelo que assumiam as armas e compunham os seus brasões baseados nos que outrora foram conferidos aos seus antepassados, à revelia da Lei . Tudo isto sem grande polémica, especialmente em terras distantes da Corte.
Talvez seja o caso de Paulo Nogueira de Andrade, (c. 1688), que se fixou em Lisboa e engrandeceu o seu património familiar com várias terras adquiridas na Azambuja, mas quis perpetuar a memória dos seus ancestrais nesta singela pedra de armas, com a qual armoriou a fachada de uma sua casa no Fundão.
Este gesto de afirmação da sua nobreza permitiu-nos, mais de três séculos depois, resgatar a memória desta ilustre e antiga família do passado Fundanense.
Foi com imensa satisfação que o fizemos.
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Manique do Intendente, Palácio Pina Manique
(inacabado). |
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Lisboa, Largo do Intendente,
Casa do Intendente Pina Manique. |
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Manique do Intendente, Casa da Câmara
(edificada por Pina Manique). |
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Publicado na Revista EBVROBRIGA, n.º 5, 2008.
Museu Arqueológico Municipal José Monteiro
Rua do Serrão, Nº 13-15, 6230-418 Fundão - PORTUGAL