2010-05-15

António Rodrigues de Oliveira (c. 1630) – Aldeia Nova do Cabo, Fundão

António Rodrigues de Oliveira (c 1630)

                   
                    Forma:      Escudo esquartelado: o 1.º de OLIVEIRA – em campo vermelho, com uma
                                      oliveira de verde, arrancada de prata e frutada de ouro; o 2.º de CUNHA – de
                                      ouro, com 9 cunhas de azul em 3 palas; o 3.º de PROENÇAS – partido em
                                      pala, a 1.ª partição de verde com uma águia bicéfala de preto, armada e
                                      membrada de ouro, e  2.ª, de azul, com 5 flores-de-lis de ouro postas em sautor;
                                      o 4.º de SILVA – de prata, com um leão rampante de púrpura, armado de azul.
                    Local:       Conhecido por citação de outras cartas de brasão de armas.
                    Data:        1630.


ANTÓNIO RODRIGUES DE OLIVEIRA E CUNHA (f. 1655), obteve Carta de Brasão de Armas em 1630, segundo refere o genealogista Manuel Rosado Marques Camões e Vasconcelos[1]. Apesar deste autor não indicar a fonte da sua informação, esta merece-nos credibilidade, até porque em cartas de brasão de familiares seus ele é mencionado como tendo tido brasão de armas. O seu escudo de armas esquartelado de OLIVEIRA, CUNHA, PROENÇA, e SILVA, é um dos muitos que no concelho do Fundão apenas são conhecidos documentalmente. Ignora-se a existência das respectivas pedras de armas, assim como o local da sua habitação.

Segundo o mesmo autor era filho de MIGUEL RODRIGUES BARREIROS e de sua mulher D. ANA DA CUNHA DE OLIVEIRA, filha herdeira dotada por seu pai e tia; neto paterno de MIGUEL RODRIGUES BARREIROS (c. 1571), familiar do Santo Ofício por carta de 9-X-1571; e neto materno de GASPAR PROENÇA (filho de Pedro de Oliveira) e de sua mulher D. ANA DA CUNHA.
Sucedeu na Casa dos seus pais e foi fidalgo da Casa Real, tendo falecido a 30-IV-1655.

Casou com D. BEATRIZ FIGUEIRA CASTELO BRANCO, filha de Pedro Figueira Castelo Branco e de sua mulher D. Maria Rodrigues, todos de Aldeia Nova do Cabo.

Do seu casamento teve, entre outros, uma filha e um filho que tiveram algum relevo social e deixaram rasto na história local: a filha era CATARINA DE OLIVEIRA E CUNHA, casada com JOÃO DE SÃO NICOLAU DA FONSECA (1624-1692), morgado de São Nicolau, em Alcongosta, onde possuía o solar conhecido pela Casa do Morgado de São Nicolau, armoriado com um escudo terciado em pala com as armas dos OLIVEIRAS e PROENÇAS, tendo por diferença um cochim; o filho foi o licenciado padre MIGUEL DE OLIVEIRA E CUNHA (f. 1696), que instituiu o Morgado de São Miguel no Fundão (1686?), com sede na capela do mesmo nome, anexa ao seu solar situado no largo da igreja matriz do Fundão – erradamente atribuído a D. Luís de Brito Homem (1748-1817), bispo do Maranhão (1802), por este aí ter nascido –, com a sua pedra de armas esquartelada de CUNHAS, OLIVEIRA, e PROENÇA, tendo por timbre um chapéu eclesiástico do qual pendem dois cordões de seis borlas.

A família Oliveira e Cunha teve ainda como uma das suas moradas a Casa do Outeiro de Cima, em Aldeia Nova do Cabo, a qual, mais tarde por sucessão familiar passou à posse dos Aragão Vasconcelos, dos quais uma herdeira veio a unir-se por casamento aos Trigueiros Martel, família a que actualmente pertence.

As armas dos SILVAS, no 4.º quartel (de prata, com um leão rampante de púrpura, armado de azul), referem-se a uma das mais antigas e nobilitadas famílias de Aldeia Nova do Cabo, oriunda do reino de Leão, com uma das suas origens em Diogo Gomes da Silva, alferes-mor de D. João I que foi um dos heróis de Aljubarrota, casado com Isabel Vasques de Sousa, terceira neta de D. Afonso II. Deste casal descende D. Frei Diogo da Silva (1485-1541), religioso franciscano influente na Corte de D. João III, o qual o indigitou para «Inquisidor do Reino de Portugal e seus domínios», pela Bula do Papa Clemente VII expedida a 17-XII-1531, cargo que não quis ocupar, sendo então nomeado para bispo de Ceuta (1534-1539) e arcebispo de Braga (1539-1541) . Foi D. Diogo que solicitou ao Rei a edificação do Convento de Nossa Senhora do Seixo (1522), junto à Quinta do Outeiro em Aldeia Nova do Cabo, onde nasceu. Este religioso era um dos vários filhos naturais de João Gomes da Silva (o 3.º deste nome), capelão do Infante D. Fernando (1492), comendador de Marmeleiro (Guarda) e Reigada (Figueira de Castelo Rodrigo), assim como clavário da Ordem de Cristo , e de Beatriz Barreiros de Oliveira, de Aldeia Nova do Cabo, a qual residiu na citada Quinta do Outeiro. Seu pai era irmão de Rui Gomes da Silva, filho primogénito, donatário da Chamusca e de Ulme, cuja família tinha nesta região, entre vários outros cargos, a alcaiadaria de Alfaiates e Sabugal, assim como a comenda do Castelejo na Ordem de Cristo, que faziam parte do riquíssimo património da ilustre linhagem dos Silvas, uma das mais influentes na hierarquia nobiliária do reino e nas ordens militares (Cristo e Santiago), estando presentes nos momentos principais da vida politica e militar da nossa historia desde os princípios do século XV até aos meados do século XVI .
 O sarcófago de pedra, ostentando três cruzes de Cristo gravadas, actualmente situado junto à escadaria que dá acesso à igreja de São Pedro de Aldeia de Joanes, segundo a tradição oral, terá sido o túmulo do citado Comendador João Gomes da Silva.

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Notas:

[1]   Manuel Rosado Marques Camões e Vasconcelos, Oliveiras e Cunhas da Casa do Outeiro Termo do Fundão, v. 1, Lisboa, 1962, pp. 42-45)






         


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