Fundão, Vale de Prazeres, Casa dos Afra Vasconcelos Vilas-Boas / Cartulho |
Este proeminente edifício residencial de Vale de Prazeres – Rua Direita, n.º 21 –, armoriado ao centro da cimalha da fachada principal, terá sido edificado em meados do século XIX pela família AFRA VASCONCELOS VILAS-BOAS[1], aqui estabelecida por um casamento que ligou os VILAS-BOAS, uma família aristocrática vinda de fora, aos TABORDA, uma antiga estirpe implantada nesta região há alguns séculos, a qual, segundo alguns genealogistas teria origem em Álvaro Gonçalves Taborda de Negreiros (n. 1470)[2], tronco da família Taborda de Vale de Prazeres, da qual saíram vários elementos que floresceram nas Letras e nas Armas e espalharam as suas vergônteas por toda esta região onde se cruzaram com a maioria das casas nobres que por aqui proliferaram[3].
Apresenta uma fachada fronteira de rigorosa simetria, flanqueada por cunhais e rematada em cornija; com três panos de parede simétricos e delimitados por pilastras de reforço parcialmente salientes. Tem dois pisos – o piso térreo e o andar nobre – separados por um friso de cantaria.
No piso térreo, percorrido por um
pequeno embasamento de cantaria, rasgam-se três portas. O portal principal, ao
centro, está ladeado por duas janelas de seteira para entrada de luz; os outros
dois, simétricos, dão acesso a arrumos térreos, ladeados por duas janelas de
peitoril com molduras simples de verga curva em granito, com gradeamentos de
ferro forjado.
O andar nobre ostenta nove vãos de janelas
de sacada – três por cada pano de parede. Ao longo dos três vãos centrais há uma
varanda corrida em granito, à qual acrescem outras duas em ambos os extremos da
fachada, com as respectivas guardas em ferro forjado. Todos estes vãos exibem molduras
simples de cantaria, com as respectivas vergas em arco ogival.
Ao correr da rua, á direita da fachada principal, apresenta um edifício de dois pisos, o térreo com um amplo portal, provavelmente destinado a actividades relacionadas com a agricultura, e o primeiro andar certamente destinado à habitação de criados da casa; assim como à esquerda tem um grande portão entre duas altas colunas encimadas por pináculos, o qual dá acesso a um jardim e respectiva quinta murada de apreciável dimensão.
Vale de Prazeres, Pedra de armas da Casa dos Afra Vasconcelos Vilas-Boas. |
A pequena pedra de armas, com um escudo inglês[4],
foi deixado na fachada da casa pela família fundadora quando esta a alienou, já
na primeira metade do século XX.
A complexidade das partições deste
escudo, sobrecarregadas de peças heráldicas por vezes mal representadas, leva-nos
a presumir serem estas armas assumidas, ao gosto do seu destinatário – um VILAS-BOAS
que neste caso terá sido o Dr. FRANCISCO AFRA DE SOUSA VASCONCELOS (n. 1863)[5].
Porém, é grande o seu poder evocativo e
a exibição simbólica desta pedra em relação ao passado desta família que, deste
modo, procura ser memorada pelos vindouros.
Não fosse a sua existência, não teria sido possível reconstituir a história familiar destes Afra Vilas-Boas, há mais de um século desaparecidos desta aldeia e hoje quase totalmente esquecidos pela população local, com excepção de um ou outro descendente dos seus antigos servidores que nos testemunharam a erosão económica desta Casa às mãos dos seus últimos detentores – Francisco Afra de Sousa Vasconcelos e sua mulher D. Maria da Luz Pimentel Osório de Vilhena.
Através deste emblema heráldico,
recuperamos parte do passado desta Casa e redescobrimos algumas gerações que se
cruzaram com acontecimentos da história nacional, nomeadamente com a gesta de Olivença
e a sua perda para os espanhóis em 1801.
Neste escudo estão patentes os ancestrais desta Casa, a qual nos finais do século XIX representa um mundo de valores já condenado ao desaparecimento, mas que deste modo ainda teima em alardear a sua grandeza passada.
Era uma família terratenente cuja
riqueza, à semelhança das grandes casas desta região, se alicerçava em latifúndios apostados na produção pecuária, no vinho e no azeite, produtos estes que aqui eram de muito boa qualidade.
Geograficamente eram gente com origem o Minho e no Alentejo, e muitos foram militares de carreira, alguns deles apoiantes da causa tradicionalista,
bem relacionados e aparentados com a sociedade mais conservadora da Beiras.
Este escudo de armas foi aí colocado em
data posterior à edificação da casa cujo projecto inicial não teria previsto a
sua localização, pelo que acabou num local inusitado com má visibilidade ao
nível da rua, até pela sua reduzida dimensão.
Na época em que aí foi encaixado, no final
dno último quartel do século XX, já grande parte da nobreza tradicional mandava
apear ou picar a escopro e martelo as
pedras de armas que tinha nas fachadas dos seus prédios. Deste modo pretendiam eximir-se
à tributação que lhes foi imposta, sujeitando a nobreza a uma humilhante
«Collecta Sumptuária» de 12$000 réis
por ano[6],
sofregamente imposta pelo governo de Fontes Pereira de Melo (1819-1887) que se
viu forçado a aumentar a carga fiscal para financiar o seu ambicioso programa
de obras públicas.
Esta colecta, pelo seu alvo, era considerada
uma espécie de velhacaria fiscal contra a nobreza, acabando por incidir sobre
bens/objectos não rendíveis que ostentassem um brasão de família. Desta rapina
tributária, que originou várias contestações em tribunal, não escapariam «nem quadros, talheres, porcelanas,
reposteiros, cadeiras, xairéis»[7].
Deste modo, a Lei de 9-Maio-1872 foi a responsável
pelo desaparecimento de grande parte destas pedras de armas, algumas delas
conferindo grande valor estético aos pórticos das fachadas onde estavam encastradas.
Como consequência, muitos destes
pequenos monumentos heráldicos foram destruídos ou resguardados dos olhares
alheios nos fundos e nos logradouros das respectivas casas – dos quais ainda hoje
sobram alguns exemplares preservados nas reservas de diversos museus[8].
No dizer mordaz de Ramalho Ortigão
(1836-1915), o grande defensor dos monumentos nacionais, «Deitar agora abaixo esses padrões sagrados, pela razão de que eles se
recusam a render para o Estado 12$000 réis por ano, não é de portugueses nem é
de homens do povoado; é de bestas feras, sem toca e sem ninho, errantes, à
ventura, na mudez do deserto.»[9]
Terá também sido este o entendimento dos
Vilas-Boas, uma família conservadora que orgulhosamente contraria esta bárbara
tendência, arcando com a despesa fiscal de continuar a ostentar na fachada da
sua casa o seu emblema heráldico, para que os vindouros não perdessem a sua memória.
Quanto aos erros existentes neste
emblema de família, nomeadamente pela falta de espaço no 2.º quartel, estes não
desmerecem o hábil trabalho do mestre canteiro que o concretizou.
Caso pouco comum por estas paragens, os esmaltes e as cores dos campos e das peças que figuram neste brasão, obedecem às regras e convenções de representação gráfica pelo sistema de pontos e linhas[10].
Vale de Prazeres, Pedra de Armas da Casa dos Afra Vasconcelos Vilas-Boas (partições) |
O I do partido. Esquartelado de: 1.º – FONSECA
(mal representado) [1], 2.º – CARVALHO [2], 3.º – LENCASTRE (mal representado)
[3], 4.º – SOUSA DO PRADO [4].
O II do partido. Cortado de: o 1.º do
cortado, esquartelado de a) – dimidiado de VILAS-BOAS e MELO[11]
(mal representadas) [5]; b) e d) – dimidiado de NORONHA [6] e [8]; c –
dimidiado de VASCONCELOS, e PAIVA (?) (mal representadas) [7], o 2.º do cortado
de TOVAR[12]
[9].
Elmo de viseira perfilado, virol, e coronel
de nobreza. Timbre de Vila Boa que é um dragão sainte com uma palma na boca.
Quanto à possibilidade de ser FONSECA, que se afigura a mais consistente, temos vários nesta família sendo um deles, o mais próximo, RAIMUNDO JOSÉ PIMENTEL DE MESQUITA SOUSA CARVALHO FARIA DA FONSECA (c. 1812), o qual teve carta de brasão de armas a 11-V-1812, e foi casado com D. Florência Violante Cardoso Osório. Estes últimos foram os bisavós paternos de FRANCISCO AFRA DE SOUSA VASCONCELOS (n. 1863), o presumível autor/destinatário da pedra de armas em apreço, o qual foi casado com sua prima direita D. MARIA DA LUZ PIMENTEL OSÓRIO DE VILHENA (1855-1939), natural de Pêro Viseu, Fundão, herdeira de bens fundiários do extinto morgadio da Peroviseu, tanto em Peroviseu como em Vale de Prazeres, no conselho do Fundão.
Não
se conhece nenhuma Cartas de Brasão referente a estas armas. Porém, tivemos acesso
a três reproduções de selos de lacre, um de anel e dois sinetes, os quais estiveram
em uso nesta casa e, apesar de quase ininteligíveis, podemos observar algumas variantes
deste brasão: duas delas aparentemente com as armas dos ALMEIDA no 3.º quartel,
as quais competiam a esta família. Estes carregavam ao centro um sobrescudo com
umas armas plenas, as quais não conseguimos decifração, mas se afiguram vagamente
com sendo dos ALMEIDA.
Estas são armas assumidas de FRANCISCO AFRA DE SOUSA VASCONCELOS (n. 1863), como veremos mais abaixo.
VILAS-BOASCom este apelido houve várias famílias de origens distintas. Destes, os mais antigos e relevantes procedem de João Annes
de Villasboas que foi senhor da Torre de Airó, na freguesia de São Jorge de
Airó, concelho de Barcelos, o qual serviu o rei D. Diniz (1270-1325).
Porém, os Vilas-Boas de Vale de Prazeres descendem
do Mestre em Artes MANUEL DE VILA-BOA (f. 1546)[13],
cujos progenitores desconhecemos.
Este foi cavaleiro fidalgo por mercê do
rei D. João III (1502-1557), morador em Beja onde terá falecido a
21-VI-1546, ao qual este rei, devido aos serviços prestados, lhe deu por solar a
aldeia de Vila Boa no termo de Beja, concedendo-lhe o uso do apelido e de armas
novas. Foi antepassado confirmado desta família de Vale de Prazeres[14],
tendo casado com D. FRANCISCA SUAREZ DE TOLEDO VILLEGAS, com a sua provável
origem na nobreza espanhola[15].
Um dos Vilas-Boas mais recentes, origem próximo dos de Vale de Prazeres, foi o major FRANCISCO AFRA DE VILAS-BOAS SOARES ANGEL DE ELVAS CORONEL DE ALMEIDA NORONHA (1788-1850)[16], nascido a 24-V-1788 e baptizado a 31-V do mesmo ano na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção em Olivença, cidade ainda sob o domínio português mas que veio a ser anexada por Espanha em 1801.
Olivença, Regimento de Cavalaria / Dragões de Olivença. |
Olivença |
Um dos seus irmãos, também falecido prematuramente, foi Cristóvão José de Noronha (f. 1772), cadete e porta-estandarte do Regimento de Cavalaria de Évora, tendo passado ao Regimento de Cavalaria de Moura, o qual veio a falecer a 12-II-1772 solteiro, sem filhos, no então Convento e Real Hospital Militar de São João de Deus em Estremoz.
♦
As primeiras núpcias de sua mulher D.
ANA FRANCISCA XAVIER DA GAMA LOBO (c. 1787), uma senhora pertencente à antiga elite
oliventina, foram envoltas em grande discrição para evitar um grande escândalo.
Armas da Família Sharp (Escócia) |
Cerca de um mês depois deste matrimónio celebrado pelo reitor da igreja paroquial de Santa Maria Madalena, D. Ana Francisca trouxe ao mundo uma filha de nome DOMINGAS SHARP (1777-1780) nascida a 6-III-1777 na freguesia de Santa Maria Madalena em Olivença, tendo sido discretamente baptizada a 17-III do mesmo ano no oratório da casa de seu avô o então tenente-coronel do 2.º Regimento de Olivença D. Francisco Xavier da Silva Lobo, vindo a falecer poucos anos depois em 1780.
Este casal nunca terá coabitado, assim como William
Sharp nunca terá mencionado a existência da sua companheira escocesa MARGARET
BETHUME[25],
da qual, numa situação semelhante à ocorrida em Olivença, também teve um filho
que nunca conheceu: foi este SIR ALEXANDER BETHUNE (1771-1847), de jure 7.º baronet, nascido a 20-VIII-1771 em Saint Andrews, Fife, Scotland, que
seguiu a carreira militar onde alcançou a patente de general.
Olivença |
Para o seu “desterro” dourado, foi-lhe destinado o longínquo Norte de Portugal numa irrecusável promoção ao cargo de Governador das Armas da Província do Minho (1777), cujo Estado-Maior estaria sediado no Forte de Santiago da Barra em Viana do Castelo.
Cerca de dois anos depois deste
casamento e da sua ida para o Minho, mudança esta que não seria do seu agrado,
alegando problemas de saúde obteve uma licença para retornar a Londres onde
faleceu a 13-III-1780 numa pensão na zona de St. Marylebone, sozinho e
abandonado, nada deixando, senão dividas[26].
MARGARET, a sua anterior companheira da elite escocesa, e o seu filho Alexandre, ao saberem dos acontecimentos em Portugal, repudiaram o apelido SHARP, voltando a usar o aristocrático apelido escocês de BETHUNE.
♦
D. ANA FRANCISCA XAVIER DA GAMA LOBO (c. 1787), descendente da antiga família Gama Lobo de Olivença[27], agora viúva do marechal-de-campo o baronet Sir William Sharp (1729-1780)[28], que fora governador militar de Olivença (1762) e Brigadeiro de Infantaria (1764) sob as ordens do marechal-general conde de Lippe, então comandante do Exército Português[29], voltaria a refazer a sua vida com um casamento em segundas núpcias feito cerca de dez anos depois, do qual nasceram cinco filhos.
Olivença, Igreja de Santa Maria Madalena. |
Esta senhora, natural da freguesia de
Santa Maria Madalena em Olivença, a 21-VIII-1816, juntamente com os filhos sobrevivos
do seu segundo matrimónio[30],
habilitou-se a um padrão de juro real que
era pago pelo almoxarifado do Porto, o qual andava unido ao vínculo que
administrava[31].
JOÃO JOSÉ, o seu segundo marido, era neto paterno do bacharel FRANCISCO CAETANO DE VASCONCELOS E LUGO (c. 1730)[32], escrivão da Câmara de Ponta do Sol na ilha Madeira[33], baptizado na Santa Sé do Funchal, e posteriormente morador na freguesia da Encarnação em Lisboa onde casou a 9-III-1733 na Igreja de Nossa Senhora do Socorro com D. INÊS MARIA DE NORONHA ANGEL DE ELVAS CORONEL (f. 1787), natural da freguesia de São Cristóvão em Lisboa, falecida a 14-V-1787 na cidade de Beja.
Olivença |
Segundo
Frei ANTÓNIO ROUSADO (n. 1691), grande genealogista do seu tempo[39],
e uma das várias testemunhas no processo de D. FRANCISCO XAVIER para a Ordem de
Cristo a 4-II-1746, certificou a ilustre ascendência da linha varonil do
requerente, dos quais destacou dois antepassados: D. Pedro Pais Lobo (c. 1230),
senhor das Terras de Basto em tempo do rei D. Sancho II (1209-1248), e o 1.º
deste apelido; e o seu descendente por varonia Gonçalo Roiz Lobo,
alcaide-mor de Olivença que serviu o rei D. João I (1357-1433) o Mestre de
Avis.
D. FRANCISCO XAVIER casou com D. CLARA
EUGÉNIA LUÍSA FREIRE DE BRITO, natural da freguesia de São João Baptista de
Castelo de Vide em Portalegre; filha do brigadeiro de Infantaria e governador
de Olivença Manuel Freire de Brito (c. 1695)[40],
natural de Atouguia, o qual obteve várias tenças e o hábito da Ordem de Cristo
(1718)[41],
e foi casado a 12-IV-1719 na freguesia de São Lourenço em Portalegre com D.
Teresa Maria da Fonseca Ferreira, natural de Castelo de Vide.
Olivença. |
Vale de Prazeres, Solar Taborda / Pinto Castelo Branco (Qta. da Porta) |
D. ANA EMÍLIA era neta paterna de um Tomé
Rodrigues Taborda (n.1688), do qual houve vários homónimos, nascido a 18-X-1688
em Vale de Prazeres, Fundão, cavaleiro professo da Ordem de Cristo[48],
casado a 15-II-1707 com D. Maria Luísa Ricacho Taborda de Oliveira (n. 1695)[49]
nascida a 13-VII-1695 em Vale de Prazeres[50].
Fundão, Vale de Prazeres |
Vale de Prazeres, Monte da Touca. |
FRANCISCO SALVADOR era filho do
sargento-mor Cristóvão Leitão Taborda (n. 1670) nascido em 1670 em Vale de
Prazeres, “com dispensa em 4.º grau de
consanguinidade” para casar a 20-VII-1695 em Penamacor com D. Isabel
Taborda Botelho (n. 1776) nascida em 1676 em Penamacor.
D. TERESA LUÍSA era filha de João
Rodrigues Taborda (1660?-1729), sargento-mor das ordenanças de Castelo Novo e
Alpedrinha, do qual houve homónimos, nascido em 1660 (?) em Vale de Prazeres, terra
onde faleceu a 2-VIII-1729, e de sua mulher D. Maria Ricacho de Oliveira.
FRANCISCO AFRA (1788-1850) e D. ANA EMÍLIA TABORDA (n. 1783) tiveram dois filhos:
1.º − JOÃO AGOSTINHO VASCONCELOS VILAS BOAS
(1823-1862), nascido a 28-VIII-1823 e baptizado ao 6-X do mesmo ano em Vale de
Prazeres, freguesia onde faleceu prematuramente a 6-I-1862 na casa n.º 5 da Rua
Direita, solteiro, e “não recebeu os
Sacramentos próprios, porque a moléstia o não permitiu” – febre tifóide (?)[59].
Proprietário, frequentou a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (1842-1848),
na qual obteve o grau de Bacharel em 20-X-1847, e a Formatura de 26-V-1848.
2.º − D. JOANA ASSUNÇÃO VASCONCELOS NORONHA
VILAS BOAS (1825-1900), nascida a 20-IV-1825, foi baptizada a 12-V do mesmo ano
em Vale de Prazeres, onde faleceu já viúva a 3-VI-1900 quando contava 75 anos
de idade.
Foi a provável herdeira dos bens do irmão que incluíam a casa grande
da Rua Direita em Vale de Prazeres, localidade onde casou em 1862 com CARLOS DE
SOUSA PINTO ABREU CASTELO BRANCO PIMENTEL (1824-1894), aluno voluntário do 1.º
ano (1845-1846) da Faculdade de Matemática da Universidade de Coimbra, proprietário,
nascido a 13-XII-1824 na freguesia de São Tomé em Lisboa onde foi baptizado a
25-I-1815, tendo falecido em 1894 na sua casa da Rua Direita de Vale de
Prazeres onde sempre residiu.
Seu marido era um dos cinco filhos de TOMÁS TEOTÓNIO DE SOUSA PIMENTEL (1792-1872)[60], nascido em 1792 na freguesia de São João Baptista de Lobrigos, Santa Marta de Penaguião, e falecido já viúvo a 12-X-1872 na Rua de Santo Agostinho na freguesia de Santa Maria da cidade da Covilhã, tendo sido sepultado no cemitério público desta cidade na então cerca do antigo Convento de São Francisco (hoje Jardim Público da Covilhã), o qual foi Major com honras de Brigadeiro como oficial do Estado-Maior do Rei D. Miguel, e governador militar da Covilhã[61], cidade onde se radicou pelo casamento com D. ANA GUILHERMINA PINTO CALDEIRA CASTELO BRANCO, natural da freguesia de Santa Maria, Covilhã, filha de Manuel Caldeira Castelo Branco (n. 1765) nascido em 1765 na freguesia de Santa Maria, Covilhã, casado a 6-VIII-1791 em Peraboa, Covilhã, com D. Maria Angélica Pereira de Lima Abreu Castelo Branco Taborda (n. 1791), natural da Capinha, Covilhã; neta materna de António Pereira Pinto de Figueiredo Castelo Branco (dos Castelo Branco de Loriga) e D. Ana Angélica de Oliveira Taborda (de Vale de Prazeres).
Carlos de Sousa era neto paterno de RAIMUNDO JOSÉ PIMENTEL DE MESQUITA SOUSA CARVALHO FARIA DA FONSECA (c. 1812), que teve carta de brasão de armas a 11-V-1812, cujo teor desconhecemos[62], mas cujos apelidos SOUSA, FONSECA e CARVALHO, figuram no brasão da casa de Vale de Prazeres, o qual foi casado com D. Florência Violante Cardoso Osório.
Deste último casal, Carlos de Sousa
Pinto e Joana Assunção Vasconcelos, foi seu filho FRANCISCO AFRA DE SOUSA
VASCONCELOS (n. 1863), nascido a 24-I-1863 em Vale de Prazeres, onde foi
baptizado “em perigo de vida”, tendo recebido
os Santos Óleos a 23-III do mesmo
ano, apadrinhado por seu avô Tomás Teotónio, e pelo e filho deste o capitão
Frederico de Sousa Pimentel (f. 1872)[63],
natural de Penamacor, administrador do concelho do Fundão. Faleceu novo, em
data que desconhecemos.
Frequentou a Faculdade de Direito da
Universidade de Coimbra (1885-1890) na qual se matriculou a 12-X-1885, obtendo
o grau de Bacharel em14-VI-1889, e a Formatura em 27-VI-1890. Ainda vivia em Vale
de Prazeres a 19-IX-1899, data em que requereu ao Governo Civil de Castelo
Branco um passaporte para viajar para Espanha.
Uma vida desregrada, com gastos caprichosos, levou-o a delapidar grande parte da fortuna herdada o que contribuiu para a alienação desta sua casa e dos bens fundiários que detinha, tanto em Vale de Prazeres como em Pêro Viseu. Segundo a tradição local possuiu um dos primeiros automóveis de marca Richard que entrou em Portugal por terra.
Armas assumidas de Francisco Afra de Sousa Vasconcelos (n. 1863) |
FRANCISCO AFRA, quando contava 24 anos de idade, casou a
14-IV-1887 com sua prima direita D. MARIA DA LUZ PIMENTEL OSÓRIO DE VILHENA (1855-1939) de 32 anos, nascida a
15-I-1855 e baptizada em casa por necessidade.
Foi este casal de primos direitos que
pôs fim a esta grande casa, a qual estava na posse da família que a fundou.
D. MARIA DA LUZ (f. 1939), posteriormente à morte do
seu marido terá abandonado a casa de Vale de Prazeres que então foi vendida, assim como a Quinta da Nora no Fundão, indo residir na
freguesia de São Pedro da cidade da Covilhã onde faleceu a 6-VI-1939. Recebeu sepultura no jazigo de família no cemitério da freguesia de Pêro Viseu, terra de
onde era natural e onde ainda lhe restava algum património com origem no moragdio de Peroviseu[65].
Pedra tumular de D. Maria da Luz (f. 1939) |
Pêro Viseu, Mausoléu da Família Pimentel / Vilas Boas. |
D. MARIA DA LUZ, prima direita de seu marido, era filha do capitão Frederico de Sousa Pimentel (f. 1872), e de sua mulher D. Ana Augusta Pinto Tavares Osório, falecida em Pero Viseu (1908?), da família do mesmo nome que se estabeleceu na Capinha (Casa do Adro), em Vale de Prazeres (Solar Pinto Castelo Branco / Quinta da Porta), e em Pêro Viseu (Quinta do Crasto, e outras), nesta última freguesia com ligações aos morgados de Peroviseu[67].
Armas dos Morgados da Peroviseu. Mesa pintada da Casa de Vale de Prazeres. |
FRANCISCO AFRA (n. 1863) e D. MARIA DA
LUZ (1855-1939) tiveram um filho:
ÁLVARO VASCONCELOS DE SOUSA PIMENTEL
(1891-1937), nascido a 31-III-1891, falecido a 31-V-1937, casado com D. MARIA
LUCRÉCIA FERREIRA ROSADO. Este casal já não chegou a habitar a casa grande de Vale
de Prazeres, a qual, ao que sabemos, foi vendida, já Álvaro era adulto.
Tiveram geração (3):
1. – FREDERICO ROSADO DE SOUSA PIMENTEL (1923-1988),
nascido a 24-V-1923 em Nelas, Viseu, casado a 19-IV-1952 em Alter-do-Chão com
D. MARIA SOFIA CALDEIRA DE CASTEL-BRANCO DE TOVAR FARO (n. 1929) em São
Sebastião da Pedreira, Lisboa. Tiveram geração que seguiu os apelidos PEIXOTO
RODRIGUES, SOUSA PIMENTEL, e TRIGUEIROS ALVIM.
2. – D. MARIA CRISTINA ROSADO DE SOUSA
PIMENTEL (n. 1930), casada com ÁLVARO CALHEIROS PONCES DE OLIVEIRA PIRES
(1928-2000), nascido a 4-VI-1928 em Viseu, e falecido a 31-VII-2000 em Lisboa.
Tiveram geração que seguiu os apelidos ARRIAGA, CALHEIROS PONCES, PINTO BASTO, e
MAGALHÃES.
3. – MARIA LUCRÉCIA ROSADO DE SOUSA
PIMENTEL (n. 1931), nascida a 10-VIII-1931 em Nelas, Viseu, casada com CARLOS
JOSÉ DE MENDONÇA CABRAL PARREIRA DO AMARAL (n.1924). Tiveram geração que seguiu
os apelidos PARREIRA DO AMARAL, e REBELO DE ANDRADE.
♦
Família CARTULHO
A família fundadora desta casa, por dificuldades financeiras colocou-a à venda pelo que esta foi adquirida pela família CARTULHO já em plena República, no primeiro quartel de Novecentos. Os novos senhores da casa presumivelmente eram médios proprietários rurais estabelecidos há algumas gerações neta localidade.
Não conseguimos apurar a data exacta e
os intervenientes desta transacção, a qual se terá efectuado quando esta
família cruzou o seu destino com um filho de Bernardo Carneiro de Sousa e Faro
(1876-1952), 2º conde de Sousa e Faro, o qual foi Claudino Luís Bernardo Nobre
de Carvalho Carneiro de Sousa e Faro (1906-1985).
Vejamos.
CLAUDINO LUÍS BERNARDO NOBRE DE CARVALHO
CARNEIRO DE SOUSA E FARO (1906-1985) – filho primogénito de Bernardo de Sousa e
Faro (1872-1952), 2.º conde de Sousa e Faro –, veio a casar-se a 10-V-1945 em
Santa Maria Maior, Viana do Castelo, com D. MARGARIDA BRANCO DA SILVA NOGUEIRA
(1916-2005), descendente da família Cartulho de Vale de Prazeres, nascida
a 22-V-1916 em Nazaré, distrito de Leiria.
Foi este casamento celebrado em 1945 que
uniu os aristocráticos SOUSA e FARO (de Viana do Castelo), com os descendentes
dos CARTULHO (de Vale de Prazeres), cujos sucessores ficaram na posse da casa outrora
edificada pelos Afra Vasconcelos Vilas Boas.
A atrás citada D. MARGARIDA BRANCO, era
filha de JOÃO CARLOS DA SILVA NOGUEIRA (1872-1954), nascido a
26-III-1872 em Vale de Prazeres, Fundão, falecido a 20-V-1954 em Viana
do Castelo, cidade onde casou a 18-VII-1915 com D. MARIA MARTINS BRANCO (n.
1889), nascida a 18-5-1889 em Viana do Castelo.
JOÃO CARLOS (1872-1954), oficial da Marinha, era especialista em
Hidrografia e nessa qualidade foi autor de vários
levantamentos costeiros nas possessões ultramarinas portuguesas, com destaque
para a produção das cartas dos portos, barras e enseadas de Moçambique.
João Carlos da Silva Nogueira (1872-1954) |
João Carlos Nogueira, 1904?, na Canhonheira Limpopo. |
Era neto paterno de José Esteves
Cartulho (1812-1897)[69],
homónimo do seu avô materno, nascido a 22-VII-1812 na freguesia da Orca,
Fundão, que faleceu já viúvo a 24-II-1897 na Rua da Bica, n.º 13, em Vale de
Prazeres, quando contava 86 anos (filho de Manuel Rodrigues Chasqueiro e de sua
mulher D. Ana Gil Cartulho)[70],
o qual foi casado com D. Felicidade Valente (filha de João António Valente e de
D. Joana Inácia), moradores em Vale de Prazeres.
Era neto materno de Anacleto da Silva,
natural e baptizado no Fundão (filho de Anacleto da Silva Caharéis)[71],
e de sua mulher D. Piedade (?) Nogueira, natural do Lugar do Estreito, freguesia
de Vilar Barroco, concelho de Oleiros.
Dos herdeiros dos Cartulho, seus
proprietários durante parte do século XX, esta casa já passou a posse de outras
famílias.
João Trigueiros
24-Dez.-2020
___________
Notas:
[1] O nome
da família fundadora foi-nos sugerido pelo Professor Doutor Joaquim Candeias da
Silva, grande estudioso de temas do concelho do Fundão, o qual nos desafiou
para “recolher elementos sobre esta casa
e respectivo brasão”, repto este que foi aceite, do qual resultou a pequena
investigação que aqui damos conta.
[2] ÁLVARO
GONÇALVES TABORDA DE NEGREIROS (n. 1470), supostamente de Vale de Prazeres, segundo
alguns genealogistas era filho de
um tal João Rodrigues Taborda e de Inês Vaz, ao qual é atribuído a instituição
do morgadio e o título de 1.º senhor do Monte Taborda na contígua freguesia de
Mata da Rainha, assim como foi Senhor da Quinta e Casa que viria a ser chamada
de Vale de Prazeres – primitivo Solar [Taborda] Pinto Castelo Branco / Quinta
da Porta (?). Casou com JOANA TABORDA, da qual teve TOMÉ RODRIGUES TABORDA, o
qual viria a desposar uma MARIANA (OU MARIA) VAZ SARAFANA, de Alpedrinha, herdeiros
da Casa dos pais, ficando também 2.ºs Senhores do morgadio do Monte Taborda.
(in SILVA, Joaquim Candeias da, União de
Freguesias de Vale de Prazeres e Mata da Rainha (Monografia histórica).
[3]
Nesta família TABORDA a homonímia
e os casamentos cruzados dificultam muito a diferenciação dos seus elementos
dentro deste clã.
[4] O ESCUDO INGLÊS caracteriza-se por apresentar
uma "orelha" triangular em cada um dos bordos superiores. Este
formato começou por ser usado no século XVIII pelos nobres da Inglaterra para
se distinguir dos escudos plebeus.
[5] Um dos
defensores da legitimidade das armas assumidas, com a sua autoridade jurídica e
ao arrepio das convenções vigentes, foi o familiar do Santo Ofício e
desembargador ANTÓNIO DE VILAS-BOAS E SAMPAIO (1629-1701) que em 1676 publicou
com grande sucesso e sucessivas reedições (1708, 1727 e 1754) a Nobiliarchia Portugueza:Tractado da Nobreza
hereditária e politica Offerecido ao ex.mo sr. D. João da Silva, Marquez de
Gouvêa (Lisboa: Officina de Francisco Vilela, 1676).
No dizer de Miguel Metelo de Seixas (n. 1967),
«… o que transparecia da leitura integral da obra de Vilas-Boas e Sampaio era a
noção de que, mediante a aquisição de conhecimentos em armaria, qualquer um
podia gizar as suas armas, desde que tivesse direito a elas. E o autor
estava atento, ainda, aos efeitos legais que o uso de armas comportava: “Pelas
Armas se prova o dominio da Capella, sepultura, ou edificio, em que estaõ fixas
[…] E naõ lhas poderaõ tirar, nem enterrarse ahi outra pessoa. Dava-se, deste
modo, uma certa inversão na relação entre os armígeros e as suas insígnias: ao
passo que, para os oficiais de armas e para a Coroa, os indivíduos deviam fazer
prova do seu direito às armas e obter da autoridade idónea o respectivo
reconhecimento, para poderem fazer público uso delas, já para Vilas-Boas e
Sampaio, cuja obra peca por omissão em relação a esta matéria, o uso das armas
próprias de um indivíduo manifestavam e marcavam publicamente o seu domínio
sobre determinados bens patrimoniais, servindo mesmo de prova».
[6] Sobre este tema, veja: FIGUEIROA-RÊGO, João, A «Collecta Sumptuária» oitocentista: alguns
aspectos da sua controversa aplicação, Arquipélago – História, 2ª série,
VII (2003).
[7] Ibid.
p. 292.
[8] Tanto
na reserva do Museu Arqueológico do Fundão, como na Biblioteca Municipal da
Covilhã, ou no Museu da Guarda, há algumas destas pedras, as quais deveriam regressar
ao espaço público, recolocando-as nos locais de origem ou na sua proximidade.
[9]
ORTIGÃO, Ramalho, Obras Completas de
Ramalho Ortigão, Folhas Soltas: 1865-1915, Lisboa, Livraria Clássica
Editora, 1956, pp. 286-289.
[10] No sistema
de representação gráfica das cores e esmaltes da armaria: o VERMELHO é
representado graficamente por linhas verticais; o AZUL por linhas horizontais;
o VERDE por linhas oblíquas descendentes, de cima para a direita; a PÚRPURA por
linhas oblíquas ascendentes, de cima para a esquerda; o PRETO por reticulado
com linhas verticais e horizontais sobrepostas; o OURO por pontilhado e a PRATA
por uma superfície lisa.
[11]
DIMIDIADO, em heráldica, é o método resultante da combinação dois brasões de
armas, devido à falta de espaço. A dimidiação envolve colocar a metade direita
de um brasão de armas ao lado da metade esquerda do outro (partido), ou a
metade superior de um combinado com outro (cortado). Esta prática caiu em
desuso porque o seu resultado nem sempre é esteticamente agradável e, por
vezes, o resultado é confuso como é este o caso. As dimidiações são raras na
heráldica portuguesa, e este é um caso único que conhecemos nesta região.
[12] Estes
TOVAR provêm de um antepassado desta casa que foi D. FRANCISCO XAVIER DA SILVA
LOBO DE GONGORA [TOVAR] (n. 1706) que fez uma habilitação para a Ordem de
Cristo na qual vem mencionado o seu antepassado D. Diogo da Silva Gongora (c.
1654), do hábito da Ordem de Santiago que pertencia à família do sargento-mor
de Elvas DIOGO DE GONGORA E TOVAR (1666-1725) que foi casado com D. Maria da
Gama Abreu (f. 1663), falecida em Elvas com testamento, com ramificações em
Elvas, Évora e Olivença.
[13] Artes
– gramática, retórica e dialéctica.
[14] Não
serve os propósitos deste trabalho, e seria demasiado fastidioso, aqui dar
conta das muitas gerações que ligam os VILAS-BOAS de Vale de Prazeres ao
primeiro VILA BOA da cidade de Beja – Mestre MANUEL DE VILA BOA (f. 1546).
[15] D.
FRANCISCA SUAREZ DE TOLEDO VILLEGAS poderá pertencer à prestigiada e
proeminente família SUAREZ DE TOLEDO, de origem medieval.
[16] Esta
família CORONEL descende de TRISTÃO REIMÃO CORONEL que viveu em Elvas, neto de
FERNÃO PERES CORONEL, regedor de Segóvia (1492).
[17] ANTT,
Conselho da Fazenda, Justificações do Reino, Letra J, mç. 11, n.º 31.
[18]
ARQUIVO DISTRITAL DE PORTALEGRE, testamentos, Cx 10. – Neste testamento, nomeia
por testamenteira a sua mulher, deixando 10.000 réis de esmolas e 100 missas de
200 réis pela sua alma, assim como deixa a seu filho mais velho os vínculos que
administra, e a sua mulher a sua Herdade dos Passarinhos (Benavila,
Concelho de Avis?) que fazia parte da sua terça (quota disponível da herança).
[19] Em
1797, os espanhóis concentraram um grande número de tropas junto à fronteira,
dispostas a invadir Portugal caso o nosso país não cedesse às exigências da
França que era aliada dos espanhóis. Pretendiam estes que Portugal abandonasse
a sua aliança com Inglaterra e lhes fechasse os portos, o que não sucedeu.
[20]
ANTÓNIO LUÍS MARÇAL CARY (1747-1819) veio a ser brigadeiro dos Reais Exércitos
(26-III-1810).
[21] A
estas mortes prematuras, não serão alheios os inúmeros casamentos consanguíneos
havidos nas gerações anteriores, os quais se repetiram nalgumas das gerações
seguintes. A transmissão de doenças recessivas era potenciada por esta
endogamia que limitava a diversidade genética.
[22] Cremos
que este vínculo é o mesmo que teve a sua capela no Convento da Graça em
Lisboa, junto à sacristia da capela-mor, oposta às dependências da Irmandade do
Senhor dos Passos onde são visíveis vestígios de uma arcada e escadas que ligam
ao piso superior. Possui uma lápide sepulcral com a inscrição: «CAPELA DE LOPO
DUARTE XIMENES E JOANA DA VEIGA SUA MULHER E HERDEIROS MANDOU-A
FAZER O PADRE NICOLAU DA VEIGA XIMENES SEU FILHO EM CUMPRIMENTO DOS TESTAMENTOS
DOS DITOS SEUS PAIS CUJOS OSSOS PARA AQUI FEZ TRESLADAR COM OS DE MANUEL
FERNANDES E JOANA NUNES XIMENES SEUS AVÓS EM ESTE CONVENTO OBRIGAÇÃO
DE MANDAR DIZER NELA MISSA QUOTIDIANA POR SUAS ALMAS E OFÍCIO DE NOVE LIÇÕES NO
OITAVÁRIO DOS SANTOS PORQUE DEU D' ESMOLA 3O MIL REIS DE JURO A QUE ESTÁ
OBRIGADO ESTE CONVENTO E ASSIM 1O MIL REIS MAIS DE JURO PARA A FÁBRICA E AZEITE
DA LÂMPADA QUE SEMPRE NELA HÁ-DE ARDER FEZ-SE ESCRITURA NAS NOTAS DE VASCO DE
SAMPAIO A 15 DE JANEIRO DE 1627 ANOS».
[23] D.
DUARTE DA SILVA LOBO fez diligências para Familiar do Santo Ofício a 11-I-1774.
[24] Os
LAVRE eram uma família tradicional de militares de Olivença que nesta data aí
detinham o ofício de Escrivão de Órfãos.
[25] Nunca
foi encontrado nenhum assento de casamente de Sir William Sharp (1729-1780) com
Margaret Bethume.
[26] Por
morte de Sir WILLIAM SHARP (1729-1780), D. ANA FRANCISCA voltou a casar em
1787.
[27]
MORENO, Humberto Baquero, «Bandos Nobiliárquico em Olivença nos fins do século
XV» in Exilados, marginais e
contestatários na sociedade portuguesa medieval. Estudos de História,
Lisboa, Editorial Presença, 1990, p. 156-178. – As famílias dos GAMA e dos
LOBO, origem dos GAMA LOBO nos finais do século XV, pertenciam à pequena
nobreza oliventina de cavaleiros e escudeiros em ascensão social devido ao
desempenho de cargos e aos meios de fortuna que através deles angariavam. Este
clã era inimigo figadal da família MELO, os alcaides-mores de Olivença – um
deles Manuel de Melo (c. 1440), e seu irmão D. Rodrigo Afonso de Melo (c.
1430), 1.º conde de Olivença –, com a qual disputava a hegemonia através de
bandos organizados sob diversos pretextos, um dos quais o contrabando de gado e
de armas para Espanha, e se digladiavam pondo e o sossego desta vila em questão.
O bando dos GAMA LOBOS, entre 1489-1499, anos da maior violência, foi chefiado
pelo jovem VASCO DA GAMA (1469-1524), então com escassos vinte anos de idade,
cavaleiro e alcaide das sacas (alfândega) de Olivença e Terena e grande inimigo
do alcaide Manuel de Melo. Este famoso almirante, que descobriu o caminho
marítimo para a Índia, cujos biógrafos têm ignorado esta fase da sua juventude
onde já manifestava o seu temperamento irascível que conservou ao longo da vida
e que, que além de lhe causar alguns dissabores, o levaram a algumas atitudes
bárbaras e desnecessárias contra os povos da Índia.
[28] Sir WILLIAM
SHARP (1729-1780) nasceu a 28-I-1729 em St. Andrews, Fife, Escócia, e faleceu
13-II-1780 aos 51 anos em St. Marylebone, Londres, Inglaterra. O seu nome original
era WILLIAM SHARP, mas aparece em diversa documentação militar portuguesa com o
nome de GUILHERME XARPE. Pertencia à baixa nobreza inglesa (Baronet) e foi educado na St. Andrews
University, St. Andrews, Fife, Escócia, tendo lutado na Revolta Jacobita
(1745-1746) quando contava 16 anos de idade – na tentativa falhada para
reconduzir Jaime II de Inglaterra ao trono, após este ter sido deposto pelo
Parlamento –, tendo sido capturado pelos britânicos e condenado à morte
(recebeu o perdão do governo britânico em 1769), mas fugiu para a França em
1747, onde serviu o Exército Francês (1747-1761) como Capitão (1761), então
lutando contra a Grã-Bretanha na Guerra da Sucessão Austríaca, após o que
passou a Portugal. Terá sido um dos muitos oficiais estrangeiros trazidos pelo
conde de Lippe (1762), juntamente com dois batalhões suíços para servir
Portugal na luta contra o exército franco-espanhol. Foi Major do Exército
Português (1762), feito Coronel do 1.º Regimento de Infantaria (1763), e
nomeado Brigadeiro para o cargo de Governador da vila fronteiriça de Olivença
(1764).
Em gozo
de licença em Inglaterra conhece MARGARET BETHUNE (1729?-1791), com cerca de 40
anos e solteira, a filha mais velha e eventual herdeira de John Bethune
(1699-1779), 5º Laird de Blebo (St.
Andrews, Escócia) – grande proprietário de terras na Escócia –, e de sua
primeira esposa Janet Scrimgeour (1705?-1738), da qual Sir Sharp teve um filho
já nascido após seu retorno a Portugal: foi este o general ALEXANDER SHARP
BETHUNE (1771-1847), que nunca se habilitou ao título de 7.º Baronet de Sharp, e veio a renegar o
apelido paterno.
[29]
FRIEDRICH WILHELM ERNST ZU SCHAUMBURG-LIPPE (1724-1777), conhecido em Portugal
por Conde de Lippe – conde reinante de Eschaumburgo-Lipa –, foi um destacado
militar e político alemão que, a pedido do marquês de Pombal e por indicação do
governo inglês, esteve ao serviço do Exército Português então em franco
processo de decadência, para o reorganizar e preparar para a guerra quando os
espanhóis invadiram a fronteira do nordeste português. Esteve em Portugal por
duas vezes: a primeira vez entre 1762-64 e, posteriormente, entre 1767-68.
[30] JOÃO
JOSÉ (f. 1813) e de D. ANA FRANCISCA tiveram: 1.º - MARIA DE LURDES; 2.º - ANA
FRANCISCA, homónima de sua mãe; 3.º - INÊS JOSÉ; 4.º - FRANCISCO AFRA DE
VILAS-BOAS SOARES ANGEL D' ELVAS CORONEL D' ALMEIDA NORONHA (1788-1850); 5.º -
JOÃO ANTÓNIO DE VASCONCELOS VILAS-BOAS (n. 1790), marechal-de-campo, nascido a
21-IV-1790 e baptizado a 28-IV do mesmo ano na Igreja Matriz de Olivença, apadrinhado
pelo Ilustríssimo Senhor Dom Frei Manuel do Cenáculo de Vilas-Boas (1724-1814),
o notável bispo de Beja por procuração bastante ao Reverendo Reitor Domingos
Gomes de Carvalho (futuro Provisor do Bispado de Elvas); e 6.º - JOÃO ANSELMO
(n. 1789), nascido a 21-IV-1789.
[31] ANTT,
Conselho da Fazenda, Justificações do Reino, Letra A, mç. 4, n.º 56
[32] ANTT,
Desembargo do Paço, Leitura de bacharéis, letra F, mç. 3, n.º 34A
[33] ANTT,
Registo Geral de Mercês, Mercês de D. João V, liv. 20, f.47
[34] PEDRO
SOARES DE ALMEIDA VILHEGAS DE NORONHA E VILA BOA (1680-1735) era filho de
Jerónimo Soares de Vilhegas de Vila Boa e Noronha e de sua mulher D. Brites
Soares; neto paterno de Manuel Soares de Almeida de Vila Boa Vilhegas de
Noronha (f. 1657) e de D. Auta de Brito Caldeira; e neto materno de Manuel Cid,
natural de Sevilha, Espanha, e de D. Guiomar Soares – esta última era filha de
Vicente Soares de Vila Boa e de D. Inês Machado de Sotomaior; e neta paterna de
Manuel Suárez de Vila-Boa y Villegas, fidalgo da Casa Real, e de sua mulher D.
Guiomar Nunes Angel.
[35] D.
MARIA SOARES COUTINHO era filha de Gonçalo Soares Monteiro, correio-mor de
Guimarães, e de sua mulher D. Ignez Soares de Toledo.
[36] D.
FRANCISCO XAVIER DA SILVA LOBO DE GONGORA (n. 1706) era filho do então capitão
de Olivença D. Duarte da Silva e Abreu (c. 1680), natural da freguesia de
Alcáçovas, Elvas, casado em 1708 na freguesia de Santa Maria Madalena de
Olivença com D. Maria Lobo Frade (ou Fradessa), natural de Olivença; neto
paterno de D. Francisco da Silva e Gongora e de D. Brites de Abreu; e neto
materno do capitão Francisco Lobo Frade, falecido com testamento (16-XI-1701),
e de sua mulher D. Catarina Mendes, ambos naturais de Olivença.
[37]
Segundo certifica Fr. António Rousado, eremita de Santo Agostinho, na sua
habilitação para a Ordem de Cristo.
[38] ANTT,
Mesa da Consciência e Ordens, Habilitações para a Ordem de Cristo, Letra F, mç.
20, n.º 16.
[39] Frei
ANTÓNIO ROUSADO (n. 1691) nasceu em 1691 em Lisboa. Entre outras obras foi
autor de um manuscrito intitulado «Pomar Histórico, Cronológico e Crítico», que
em 1914 pertencia à biblioteca de Amadeu Teles da Silva de Afonseca Mesquita de
Castro Pereira e Sola (1874-1948), 2º conde de Castro e Sola.
[40] In ANTT, Mesa da Consciência e Ordens,
Habilitações para a Ordem de Cristo, Letra M, mç. 42, n.º 23; Registo Geral de Mercês, Mercês de D. João V,
liv. 20, f.211v. – MANUEL FREIRE DE
BRITO (C. 1695) era filho do capitão de infantaria DOMINGOS FREIRE DE BRITO,
natural de Lisboa, que serviu por 30 anos na Guerra da Restauração (de 1642 a
1675). Manuel Freire de Brito obteve uma tença de 12$000 rs e hábito da Ordem
de Cristo (1718), após o que foi sargento-mor de infantaria no Regimento de
Castelo de Vide (1720), onde foi administrador da Capela de Ana Vaz Roxo (1728).
[41] ANTT,
Registo Geral de Mercês, Mercês de D. João V, liv. 10, f.25
[42] Os
RICACHO eram aparentados com os GIRALDES, o que poderá justificar a inclusão
das armas dos ANDRADE na pedra de armas da casa de Vale de Prazeres, caso estas
armas não sejam dos TOVAR. Um destes Giraldes, muito provavelmente seu parente,
foi testemunha de baptismo de D. ANA DA CONCEIÇÃO TABORDA RICACHO DE OLIVEIRA
(n. 1783), a qual viria a ser mãe de D. JOANA ASSUNÇÃO VASCONCELOS NORONHA
VILAS BOAS (1825-1900). Prova da ligação destas famílias, nos finais do século
XVII, temos ainda um Domingos Geraldes Ricacho (c. 1674), tabelião e
capitão-mor de Idanha-a-Nova, casado com uma D. Isabel de Azevedo Sarafana, os
quais tiveram descendência a viver na Covilhã.
[43] JOSÉ
CALDEIRA DE ORDAZ QUEIRÓS (1775-1852), 2º barão de Castelo Novo.
[44]
FERNANDO AFONSO GIRALDES TUDELA DE CASTILHO seria um dos muitos descendentes da
Casa do Marquês da Graciosa (de Idanha-a-Nova) e da Casa dos Tudela Castilho
(de Castelo Branco e do Fundão).
[45] JOSÉ
JOAQUIM TABORDA DE NEGREIROS [GERALDES] (n. 1727) fez um processo de
justificação de nobreza em 1776, no qual acrescentou o apelido Geraldes, cujo
desfecho desconhecemos. – ANTT, Casa Real, Cartório da Nobreza, mç. 12, n.º 5.
[46] O
baptismo de JOSÉ JOAQUIM TABORDA DE NEGREIROS [GERALDES] (n. 1727) consta do
Livro de Registos Mistos de Vale de Prazeres (1660-1751), pp. 113v, 114.
[47] D.
JOANA RICACHO TABORDA DE OLIVEIRA, era irmã de D. ROSA ANGÉLICA BERNARDINA
JOAQUINA RICACHO TABORDA DE OLIVEIRA LEITÃO (n. 1744), nascida a 1-XI-1744 em
Vale de Prazeres, onde casou com ANTÓNIO JOSÉ PEREIRA PINTO DE FIGUEIREDO
CASTELO BRANCO (c. 1740), da família da Casa do Adro na Capinha, e do Solar Taborda
/ Pinto Castelo Branco / Quinta da Porta em Vale de Prazeres, Fundão, neto de
ANTÓNIO MENDES DE CASTELO BRANCO (n. 1625), familiar do Santo Ofício (carta de
26-IX-1659), capitão de infantaria auxiliar e monteiro-mor da Covilhã, ouvidor
das vilas de Loriga, Alvoco da Serra, Sandomil e Vila Pouca, morador na
Capinha, Fundão, ao qual foi passada carta de brasão de armas a 15-X-1781
(lisonja partida: na 1ª – partida de CASTELO BRANCO e PINTO, e na 2ª – cortada
de TABORDA e LEITÃO). D. ROSA ANGÉLICA BERNARDINA JOAQUINA RICACHO TABORDA DE
OLIVEIRA LEITÃO (n. 1744) teve Carta de Brasão de Armas passada a 15-X-1781
(lisonja partida: na 1.ª – partida de CASTELO BRANCO e PINTO, e na 2.ª –
cortada de TABORDA e LEITÃO).
[48]
MACHADO, Diogo Barbosa, Biblioteca Lusitana (LISBOA: por Francisco Luís Ameno,
1759), p.171.
[49] Os
RICACHO, e os TABORDA, eram duas antigas famílias terratenentes desta região.
Os
RICACHO já estavam no concelho de Idanha-a-Nova no século XVII, onde tiveram
algum destaque social, tendo-se ligado aos TABORDA DE OLIVEIRA LEITÃO que
também foram antepassados da ilustre e aristocrática família dos PINTO CASTELO
BRANCO, com ramificações em Vale de Prazeres (Solar Pinto Castelo Branco /
Quinta da Porta) e na Capinha (Casa do Adro).
Dos
TABORDA, conhecemos TOMÉ RODRIGUES TABORDA (n. 1650), capitão de Vale de
Prazeres, senhor do morgado da Gatuna (Monte da Gatuna, entre Atalaia do Campo,
Castelo Novo e Soalheira), casado com sua prima MARIA ESTEVES SARAFANA, os
quais foram antepassado do seu homónimo aqui citado, e de muitas outras
famílias aristocráticas e titulares com relevância social nesta região.
[50] Há
assentos paroquiais que dão esta D. MARIA LUÍSA RICACHO TABORDA DE OLIVEIRA (n.
1695) nascida na Quinta da Conceição no Monte da Touca, que era de seu pai.
[51] LEÃO
RODRIGUES CINZA (1636-1696), já viúvo de D. Margarida Ferreira (?), casou a 21-IV-1695
nas primeiras núpcias D. ANA PÓRCIA DE OLIVEIRA RICACHO (1667-1727), trinta
anos mais nova, natural de Idanha-a-Nova. Esta senhora, que logo ficou viúva,
sem filhos deste casamento, passou a segundas núpcias com JOÃO RODRIGUES
TABORDA (1660?-1729), nas terceiras núpcias deste, tendo por testemunhas o
capitão-mor de Idanha-a-Nova Manuel Álvares Rico (marido de D. Maria Vaz Nunes
Sarafana), Domingos Geraldes Ricacho.
Teve
filhos deste casamento, os quais terão herdado o Monte da Touca / Quinta da Conceição
que por casamento passou à família Taborda.
[52] MONTE
DA TOUCA, ou MONTE DA FONTE DA TOUCA, posteriormente designado por QUINTA DA
CONCEIÇÃO, foi de LEÃO RODRIGUES CINZA (1636-1696) que aí viveu e nela
instituiu um vínculo, certamente encabeçado pela respectiva Capela da Conceição
hoje desaparecida. Das edificações originais da Touca/Conceição, segundo deu a
conhecer o historiador Dr. Joaquim Candeias da Silva, há uma delas que
apresente uma verga de um portão com a seguinte inscrição já muito apagada: «Leão Roiz Cinza mandou fazer esta obra –
1676».
[53] PÓRCIA
ou ANA PÓRCIA, conforme os diversos assentos paroquiais que a mencionam.
Substituímos o apelido RICACHA, que nalgumas mulheres aparece nos assentos
paroquiais, pelo apelido RICAHO que é o apelido desta família.
[54]
FRANCISCO SALVADOR TABORDA XAVIER (1700-1773), nos livros de assentos de
casamentos de Vale de Prazeres, ainda solteiro, aparece como padrinho e
testemunha de um grande número de casamentos.
[55] O
capitão FRANCISCO SALVADOR TABORDA XAVIER (1700-1773) deixou expresso em
testamento que por sua morte se digam 336 missas por sua alma e pela dos seus
diversos familiares, e ainda “que no dia
do seu enterro se dêem aos pobres cinco moios de pão cozido [300
alqueires?], e outro tanto no dia do seu
ofício”, não deixando de fora de seus legados os inúmeros serviçais que
tinha, e pedindo que seu corpo “seja
sepultado na Igreja deste lugar em sepultura própria”.
[56]
Arquivos Paroquiais, Fundão, Vale de Prazeres, Livro de Registos Paroquiais
(1639-1772), pp. 44v-45.
[57] D.
TERESA LUÍSA RICACHO TABORDA OLIVEIRA (1709-1775) deixou no seu testamento que
por sua morte se dissessem 147 missas, e se “dessem aos pobres dois alqueires de pão cozido(…) e mais dois no dia do
sepultamento do meu corpo”, assim como contemplou os seus serviçais com
vários legados.
[58] A
antiga igreja matriz de São Bartolomeu de Vale de Prazeres encontrava-se já
muito arruinada por volta de 1790, pelo que foi demolida e substituída pela
actual, desaparecendo as sepulturas que nela estavam. Ao que se presume, do
anterior templo só se reaproveitou o pequeno campanário anexo junto à cabeceira
do anterior templo, pois o seu embasamento afigura-se mais antigo.
[59] Em
1862 grassou uma pandemia de febre tifóide em Portugal, a qual atingiu o distrito
de Castelo Branco.
[60] TOMÁS
TEOTÓNIO DE SOUSA PIMENTEL (1789?-1872), como militar no Batalhão de Caçadores
n.º 10 fez as campanhas de 1809-14 nas quais assistiu as batalhas do Buçaco
(1810), Salamanca (1812), Vitória (1813), e no assalto de San Sebastian (1813),
tendo sido gravemente ferido na passagem do Bidassoa (7-X-1813). Mais tarde foi
Major, com honras de Brigadeiro como oficial do Estado-Maior do Rei D. Miguel,
e governador militar da Covilhã.
Foi
irmão de outro militar, o primogénito JOSÉ DE SOUSA PIMENTEL DE FARIA
(1783-1847), 1º barão de Sanhoane (16-VII-1845), marechal-de-campo, general
comandante da 4.ª Divisão Militar, comendador das Ordens da Torre e Espada e
Conceição, cavaleiro da Ordem de São Fernando de Espanha, deputado (1840), casado
com sua parente D. Joana Perpétua de Sousa Pimentel (1775-1853), da qual teve
geração.
[61] Carta
de nomeação para Governador Militar da Covilhã: «Sua Exia. o Snr. General Póvoas Commandante em Chefe Militar das duas
Beiras, encarrega-me de fazer saber a V.Exas que em nome da Nação e da Rainha,
e na conformidade da authorisação da Suprema Junta do Governo do Reino, nomeou
interinamente a Thomáz Theotonio de Sousa Pimentel para Governador Militar
da Villa d Covilhã, e que por esta ocasião se ordenou a este Official, que
se entende-se com V.Exia. como lhe cumpre, e que organiza-se um corpo para a
guarnição da mesma villa, e operar segundo as circunstâncias o permittirem: o
que tudo tenho a honra communicar a V.Exia. da ordem do mesmo Snr. DEOS Guarde
a V.Exia. muitos annos. Quartel general no ? 19 de Janeiro de 1847. / O Chefe
do Estado Maior / João António Rebocho.»
[62] ANTT,
Casa Real, Cartório da Nobreza, Justificação de nobreza, mç 45, 1812.
[63]
FREDERICO DE SOUSA PIMENTEL (f. 1872), filho do major Tomás Teotónio de Sousa
Pimentel (1792-1872), foi casado com D. Ana Augusta Pinto Tavares Osório.
[64] Estes
AFRA DE SOUSA descendiam dos: ABREU, AFRA, ALMEIDA, ANGEL, ARAÚJO, BORJA,
BRITO, CALDEIRA, CARVALHO, CASTELO BRANCO, CORONEL, CORREIA, COUTINHO, D’ELVAS,
FARIA, FONSECA, FREIRE (D’ANDRADE?), GAMA LOBO, LANCASTRE, LUGO, MACEDO,
MENDONÇA, MENESES, MESQUITA, NORONHA, OLIVEIRA, PIMENTEL, PINTO, TABORDA,
SAMPAIO, SOUSA, VASCONCELOS, VILAS BOAS, etc.
[65] Os
apelidos de D. MARIA DA LUZ PIMENTEL OSÓRIO DE VILHENA (1855-1939) sugerem
ligações de parentesco com os últimos morgados
de Peroviseu, dos quais herdou bens fundiários na citada freguesia e em Vale de Prazeres.
[66]
Segundo apuramos junto de um seu bisneto, esta sua bisavó estava sepultada no
jazigo mas o chumbo da sua urna terá rebentado por três vezes. Por este motivo foi
trasladada para a terra, ao lado do citado mausoléu familiar, tendo novamente
mudado para defronte deste, aquando da doação do mesmo à freguesia de Pero
Viseu que nele instalou a capela funerária do respectivo cemitério.
[67] PÊRO
VISEU, antigamente grafava a sua designação por PEROVISEU, nome este que ainda
hoje designa um importante morgadio que teve a sua cabeça nesta localidade.
[68] JOÃO
CARLOS DA SILVA NOGUEIRA (1872-1954) assentou praça na Marinha em 1888, na qual
alcançou o posto de primeiro-tenente (1904), capitão-tenente (1915),
capitão-de-fragata (1917), capitão-de-mar-e-guerra (1930), e contra-almirante
(1934), passando à reforma com a
patente de Almirante (1942).
[69] JOSÉ
ESTEVES CARTULHO (1812- 1897) teria alguma relevância social em Vale de
Prazeres, pois aí aparece como testemunha de baptismo de várias crianças.
[70] MANUEL
RODRIGUES CASQUEIRO, natural da Orca, era filho de João Antunes Casqueiro e de
sua mulher D. Maria Madalena. Sua mulher D. ANA GIL CARTULHO era filha de José
Esteves Cartulho, homónimo de um neto, e de sua mulher D. Maria Gil, todos
naturais de Vale de Prazeres.
[71] ANACLETO
DA SILVA CAHARÉIS, natural do Fundão, bisavô materno do vice-almirante João
Carlos, um dos últimos desta família que residiu nesta casa na qual faleceu a
3-VIII-1983.
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