Covilhã, Rua do Senhor da Paciência, Solar dos Fragoso. |
João Manuel da Silva Figueiredo Fragoso, 25-VIII-1774. Esquartelado: I- Fragoso, II- Silva, III- Figueiredo, IV- Sousa (do Prado). |
O SOLAR dos FRAGOSO na Covilhã, localizado no início da estreita e
sinuosa Rua da Senhora da Paciência, defronte da fachada lateral
esquerda da Igreja de Santa Maria Maior[1], é uma grande casa cuja configuração actual datará dos primórdios do
século XVIII. Provavelmente é fruto da junção de outras casas mais
pequenas com ampliações sucessivas ao longo do tempo. Antes de ser dos
Fragoso, esta casa, ou parte dela, terá sido da família Sinel – de
Luís Romão Sinel? – que aí residiu em fins do século XVII[2]. Estes foram antepassados deste ramo da família Fragoso.
A sua falta de graciosidade resulta da sua implantação num terreno de
grande declive, e talvez dos estragos infligidos pelo Terramoto de
1755 na residência anterior que lhe terá dado origem[3].
Apesar da sua desfavorável inserção, esta casa foi erigida numa das
zonas mais nobres do burgo, à época em grande expansão populacional e
industrial, não obstante estar confinado pela cerca medieval, cujas
muralhas só começaram a ser demolidas em 1734 no reinado de D. João V
(1689-1750)
[4].
Largo da Igreja de Sta. Maria Maior, Solar dos Fragoso |
Uma das suas fachadas, a mais regular e simétrica, fica defronte para
o adro da Igreja de Santa Maria Maior, então a única grande igreja da
cidade, edificada num espaço de destacada centralidade social na
geografia urbana covilhanense, pois era neste terreiro que se reuniam
em tempos recuados (séculos XIII e XIV?) os homens-bons do Concelho
para tomar decisões e sanar os pequenos conflitos locais.
A Igreja de Santa Maria Maior resulta de sucessivas alterações e
reedificações da antiga capela de Nossa Senhora do Castelo (séc. XVI)
aí existente – feitas em 1627, 1667, 1758 (resultantes do Terramoto?),
1872/86 (configuração Barroca), 1899 (acrescentamento da torre), 1942
(revestimento de azulejos) – as quais certamente diminuíram o espaço
público à sua volta, reduzindo a largura da rua onde está o solar da
Família Fragoso que deste modo de viu acantoado.
Esta freguesia, outrora a mais populosa da cidade, era uma zona privilegiada da pequena urbe industrial, então procurada pela burguesia local para aí estabelecer as suas moradas à volta deste templo, o centro religioso de então, perto da Casa dos Ministros ou Casa dos Magistrados (segunda metade do séc. XVIII), e dos Paços do Concelho (1614), o centro político-administrativo no reinado de D. Filipe II (1578-1621) de Portugal, junto à Porta da Vila, então o principal acesso ao meio urbano intramuros.
Este casarão resultou de inúmeras intervenções ao longo dos séculos.
Nele adivinham-se sucessivas ampliações feitas a partir de uma
edificação inicial bem mais modesta e, devido ao seu abandono de
muitas décadas, apresenta actualmente um grande estado de degradação.
Solar dos Fragoso |
A sua fachada tortuosa, que se estende pela íngreme rua que lhe
dificulta o acesso, apresenta três mudanças de direcção em ziguezague
com ângulos quase rectos. Tem quatro panos de fachada com uma
configuração imprevisível, revelando falta de racionalidade e de
simetria nos respectivos vãos, resultando numa ausência de clareza
arquitectónica. No andar nobre, cuja fenestração é mais regular,
destacam-se as varandas de sacada com guardas de ferro.
Resta-nos saber se, devido ao abandono a que chegou este edifício, haverá alguma entidade pública ou privada disposta a investir na sua recuperação e manutenção para lhe conferir alguma nova funcionalidade.
Solar dos Fragoso |
A parte superior de um dos seus cunhais está armoriada com uma pedra
de armas lavradas em mármore claro de belíssima factura[5]. Foi este brasão que nos permitiu atribuir a posse da casa a esta
nobre família covilhanense, com a sua provável e remota origem na
região de Coimbra[6].
A família Fragoso já era conhecida na região da Covilhã na segunda
metade do século XVII, tendo hoje muitos descendentes que desconhecem
esta sua origem.
O seu brasão de armas ao estilo Barroco, está colocado de frente para
a fachada lateral de Santa Maria Maior, lavrado em mármore branco com
um escudo em cartela, encimado por um elmo de grades fechado e virado
à dextra, e sobre este o timbre.
Escudo esquartelado: I – FRAGOSO; II – SILVA; III – FIGUEIREDO; IV – SOUSA (do Prado). Timbre de FRAGOSO, que é um lobo passante de sua cor. Por Diferença ostenta uma brica de prata com um trifólio verde.
João Manuel da Silva de Figueiredo Fragoso, 25-VIII-1774. Esquartelado: I - FRAGOSO, II - SILVA, III - FIGUEIREDO, IV - SOUSA (do Prado). |
Descrição:
I –
FRAGOSO – De azul, com três sóis radiantes de ouro (poder,
liderança, magnificência);
II –
SILVA – De prata, com um leão de púrpura, armado e lampassado de
vermelho ou azul;
III –
FIGUEIREDO – De vermelho, com cinco folhas de figueira verde,
nervadas e perfiladas de ouro, postas em sautor;
IV –
SOUSA (do Prado) – Esquartelado: o 1.º e o 4.º de prata, com
cinco escudetes de azul postos em cruz, cada escudete carregado
de cinco besantes de prata, postos em sautor; o 2.º e o 3.º de
prata, com um leão de púrpura.
GENEALOGIA
Os FRAGOSO já existiam em Portugal no reinado de D. Dinis
(1261-1325), vivendo a maioria deles no Alentejo (de Portalegre a
Beja) onde um fidalgo de nome Duarte Fragoso era senhor de vários
vínculos[8].
FRAGOSO |
Posteriormente, no reinado de D. João III (1502-1557), passou a
Portugal PEDRO FRAGOSI, filho do doge de Génova OCTAVIANO FREGOSO
(1513-1515), cuja descendência aportuguesou este nome para FRAGOSO.
Na sua origem este nome genovês tinha algumas variantes conforme os
diversos ramos: FRIESCHI, FREGOSI, FREGOSO ou CAMPOFREGOSO.
Era uma família de mercadores proeminentes em Génova, os quais
durante várias gerações, nas longas guerras religiosas da Baixa Idade
Média, tomaram o partido dos Guelfos, apoiantes do papado[9]. Numa cidade, acirrada por ódios e por intrigas, este
posicionamento político e a sua intervenção em vários conflitos
armados, acabou por ditar a expulsão definitiva desta família da sua
cidade natal.
Santa Catarina de Génova (1447-1510) |
O primeiro doge nesta família foi DOMENICO DI CAMPOFREGOSO
(1370-1378), ao qual se seguiram muitos outros, alguns deles acabando
exilados em consequência de conflitos com a poderosa família ADORNO
que lhes disputava a primazia.
O último desta dinastia foi o doge OCTAVIANO FREGOSO (1513-1515) que
viria a ser despojado deste cargo e partiu para o exílio na comuna de
Urbino. Mais tarde, o seu filho PIETRO FREGOSE veio a acolher-se a
Portugal onde o rei D. João III (1502-1557) lhe fez algumas mercês[12].
A este doge ainda sucedeu ANTONIOTTO II ADORNO (1522-1527), o
causador da expulsão em 1528 das citadas duas famílias, em
consequência de um ataque de ANDREA DÓRIA (1466-1560) com uma esquadra
de mercenários. Este tomou a cidade de assalto, apoderando-se dos bens
destes dois clãs rivais. Feito Almirante da cidade-estado, deu-lhe uma
nova Constituição e ficou a vigiar e a influenciar o seu governo[13].
Génova, durante vários séculos, na Idade Média, teve o domínio do Mar
Mediterrâneo onde possuía várias ilhas, importantes portos, assim como
várias colónias no Médio Oriente[14]. Juntamente com Veneza dominou as relações comerciais com o Império
Bizantino apoiada numa grande frota naval. Porém, desperdiçou muito
tempo da sua secular existência em violentas guerras intestinas pelo
poder.
Das cerca de 28 famílias proeminentes, parte delas disputavam encarniçadamente o poder a partir dos seus feudos acastelados, recorrendo muitas vezes a exércitos de mercenários e às suas frotas armadas. Assim iam desbaratando a imensa riqueza adquirida no rendoso comércio marítimo e terrestre com o Oriente, cujo monopólio detiveram em conjunto com os venezianos até os turcos otomanos lhe porem termo, a partir do fim do século XV.
Génova, 1481 |
A oligarquia dirigente tentava a qualquer custo manter uma posição de primeiro plano, alcançando novos feudos e títulos nobiliárquicos que satisfizessem a sua ambição e vaidade pessoal, enquanto Génova entrava em declínio a partir do início do século XVI, quando começou a ser despojada da sua grandeza passada com perda da sua influência.
Por sua vez, a sua plebe indomável, conspiradora e agressiva,
guerreira por tradição que já vinha da Idade Média, mantinha-se numa
luta constante contra alguns membros poderosos da cidade, ao serviço
de quem lhe pagasse generosamente.
O único motivo de união entre o povo e a sua elite, foram as diversas
ameaças externas, por terra e por mar, que a
Sereníssima República de Génova sofreu ao longo de muitos
séculos. Fora isso, a classe dirigente guerreava-se em conflitos
fratricidas entre a velha nobreza fiel aos interesses espanhóis e do
papado, em contraste com a nova nobreza emergente afecta às ambições
dos franceses. Quando necessário, estas duas facções também
estabeleciam a paz entre elas, consolidada por laços matrimoniais de
conveniência, evitando assim o confisco dos bens e as perseguições.
No meio destas intrigas, muitos destes clãs familiares, por motivos
políticos e religiosos – entre Gibelinos e Guelfos –, iam
empobrecendo, tornando este território e as suas possessões numa preza
fácil para as diversas potências emergentes na Europa do século
XVIII.
Vários membros destas famílias patrícias, ao longo do tempo, acabaram
sendo expulsos de Génova, fugindo a cruéis ajustes de contas, ou
simplesmente cansadas da guerra; optando assim por uma existência
pacifica noutro país. O seu destino foi, regra geral, a França que
sempre teve ambições sobre este território onde tinha vários aliados,
assim como a Espanha e Portugal, cujos recentes impérios coloniais se
mostravam atractivos para os negócios dos mercadores genoveses.
Em Portugal, alguns deles, durante o século XVI e seguintes,
prosperaram no comércio, o qual – além da guerra – era o que de melhor
sabiam fazer.
Muitos imigrantes de origem genovesa, engrandeceram a pátria Lusa com
os seus sucessos, e qui acabaram nobilitados. São eles os ADORNO[15], os DÓRIA[16], os FRAGOSO e os SPÍNOLA[17], entre muitos outros de menor dimensão, quase todos eles aparentados
com vários doges e com os membros do Grande Conselho que os elegiam.
2. Giacomo Fregoso (1390-1391).
3. Pietro Fregoso, (1393)
4. Tomaso di Campofregoso (1415-1421) – 1.º reinado.
8. Lodovico di Campofregoso (1448–1450) – 1.º reinado.
# (1458–1461) – Génova foi ocupada pela França.
10. Spinetta Fregoso (1461).
11. Lodovico di Campofregoso (1461-1462) – 2.º reinado.
12. Paolo Fregoso (1462), arcebispo de Génova – 1.º
13. Lodovico di Campofregoso (1462) – 3.º reinado.
14. Paolo Fregoso (1462-1463), arcebispo de Génova –
15. Battista Fregoso (1478–1483).
Doge Octaviano Fregoso (1513-1515) |
Segundo a tradição genealógica, PIETRO FREGOSO escapou para Portugal
onde se pôs ao abrigo da família ADORNO. Era filho do doge OCTAVIANO
FREGOSO (1513-1515), um príncipe liberal e magnânimo no dizer dos seus
contemporâneos. Foi ele a origem deste ramo da citada família
portuguesa, a qual aportuguesou o seu apelido para FRAGOSO.
Este refugiado, que os seus biógrafos dizem ser originário de Milão,
aqui recebeu algumas mercês do rei D. João III (1502-1557).
Ao que parece casou em Chaves e teve filhos. Estes estiveram na origem de muitos dos núcleos desta família que se fixaram no Norte e Centro do país[19], e nada terão a ver com os Fragoso do Alentejo, aí estabelecidos desde tempos imemoriais.
Quiçá teve origem nesta família de Génova um dos ramos que veio a
fixar-se na Covilhã e, segundo presumimos, seria originária da região
de Coimbra.
Sucessão genealógica
1. FRANCISCO VAZ FRAGOSO (n. 1636) era membro de uma
família que à época seria numerosa na então
guimos entroncar neste ramo.
Este clã ascendeu à pequena nobreza covilhanense; quer por via da formação letrada dos seus mem-
bros, quer através de alguns vantajosos enlaces matrimoniais.
Capitão pago dos auxiliars da comarca de Coimbra[20], posteriormente residiu na Covilhã onde aos 33
anos de idade era Tabelião de Notas (Carta de 12-VI-1669)[21], provavelmente por sucessão neste ofício
das Sisas dos Panos (Carta de 11-XII-1670)[22], e ainda de Contador e Inquiridor da Covilhã (Carta de
16-I-1698)[23]. Também ocupou o cargo de provedor da Santa Casa da Misericórdia da Covilhã (1676-
-1677)[24].
Foi baptizado a 3-IV-1636 na já desaparecida Igreja de São Paulo da
Covilhã[25], apadrinhado por Francisco Borges e Pedro Machado, solteiros[26].
Era filho de Pedro Vaz Fragoso e de D. Bárbara Fernandes; neto paterno de Manuel Fragoso de Aguiar que foi cavaleiro fidalgo da Casa Real; e bisneto paterno de Pedro Vaz Fragoso, homónimo de seu avô.
Um seu bisneto, João Manuel (1745-1834), mais de um século depois veio a ser senhor deste solar e obteve Carta de Brasão de Armas a 25-VIII-1774, as quais colocou num cunhal da fachada desta sua casa.
Francisco
Vaz Fragoso (n. 1636) casou duas vezes:
As suas primeiras núpcias foram celebradas a 24-IX-1653 na Igreja de
Santa Maria da Covilhã, quando contava 17 anos de idade, com D. JOANA
COELHO FALCÃO, filha de João Falcão e de Francisca Ravasco (?), na
presença de João Francisco e Francisco Coelho[27]. Deste primeiro enlace não houve geração.
O seu segundo matrimónio realizou-se a 3-V-1662, quando contava 26
anos de idade, na citada Igreja de Santa Maria com D. ISABEL DA SILVA
FIGUEIREDO (c. 1662), com sua prima pela parte dos Fragoso; filha de
João da Silva [Fragoso] (c. 1646) que foi
Tabelião de Notas e Inquiridor da vila da Covilhã (Carta de
30-IV-1646)[28], ofício no qual lhe sucedeu este seu genro Francisco Vaz
Fragoso (n. 1636), e de sua mulher D. Maria de Figueiredo; neta
paterna de Manuel da Silva Fragoso[29], tendo por testemunhas do seu casamento Simão de Figueiredo,
tesoureiro, e Estevão Correia Xara (c. 1654)[30].
2. MANUEL DA SILVA FRAGOSO (n. 1663?), homónimo de seu bisavô materno, era natural e morador na
Solar dos Fragoso |
Iniciou o seu processo de habilitação à Leitura de Bacharel em Coimbra a 18-IV-1690, quando contava 27 anos de idade[31]. Foi Feitor Selador e Recebedor das Sisas dos Panos da vila da Covilhã (Carta de 8-III-1690)[32], ofício a que mais tarde renunciou para ser ocupado pelo seu filho mais velho Francisco da Silva (Alvará de 2-X-1718)[33].
Casou a 3-V-1683 na Igreja de Santa Maria Maior, na Covilhã, com D. LUÍSA DE SOUSA CORREIA (n. 1683), nascida a 3-V-1683 na Covilhã e uma de quatro filhos do capitão Luís Romão Sinel (II), natural de Lisboa, cavaleiro fidalgo da Casa Real, Pagador Geral da Província e lugar-tenente do alcaide-mor da Covilhã na qual foi “contratador da Fábrica e Manufacturas das Baetas e Sarjas da Covilhã” (1677)[34], casado a 30-VII-1699 no Teixoso, Covilhã, com D. Maria Correia de Almeida, natural de Penedono, Viseu.
Luís Romão Sinel (II), foi morador nesta casa – ou em parte dela (?) – a qual veio a pertencer aos Fragoso, sita à Rua da Paciência na Covilhã. Este era filho de Filipe Romão Sinel, cavaleiro fidalgo da Casa Real (26-V-1698)[35], e de sua mulher D. Maria Guiomar de Sousa, ambos naturais de Lisboa; neto do homónimo Luís Romão Sinel (I) e de D. Ana Gris, família de origem flamenga.
Filhos:
3. JOÃO DA SILVA DE FIGUEIREDO FRAGOSO (f. 1779), casado com D.
Brígida Joaquina de Pina Fragoso, que segue abaixo.
3. D. MARIANA (n. 1690), nascida a 10-XI-1690.
3. CRISTÓVÃO (n. 1696), nascida a 7-V-1696.
3. D. JOANA MARIA (n. 1697), nascida a
28-VIII-1697.
3. D. MARIA (n. 1699), nascida a 4-III-1699.
professo da Ordem de Cristo, vereador mais velho e juiz pela ordenação na mesma vila da Covilhã (1763).
Casou com sua parente D. BRÍGIDA
JOAQUINA DE PINA FRAGOSO (n. 1717), que nasceu a 15-II-1717
e
foi baptizada a 7-III-1717 na Igreja de São
João de Malta na Covilhã pelo Dr. Cristóvão Correia Barreto,
tendo por padrinhos Luís de Lemos, da
freguesia de São Martinho da Covilhã, e sua tia D. Brígida de
Pina, ambos solteiros.
Filhos:
4. JOÃO MANUEL DA SILVA DE FIGUEIREDO FRAGOSO (1745-1834), que segue abaixo.
4. D. ÂNGELA (n. 1748), nascida a 5-I-1748, foi baptizada a 18-I-1748 na Igreja de Santa Maria, tendo por padrinhos o capitão Luís Fragoso Homem, seu tio materno, e D. Gerarda Maria Inácia Monteiro com procuração a seu tio o Silvestre Monteiro de Sande e Sousa que tocou a baptizada[45].
4. D. MARIA LEONARDA DA SILVA FRAGOSO PINA (c. 1764). Casou a 16-VII-1764 na Igreja de Santa Maria da Covilhã com MANUEL JOAQUIM DA SILVA NOGUEIRA BOTELHO DE QUEIROZ em cerimónia realizada pelo reverendo Manuel Fragoso Homem[46], vigário da já desaparecida Igreja de São Bartolomeu da Covilhã. Seu marido era filho de Francisco Eduardo da Silva Proença, e de sua mulher D. Águeda Margarida Micaela Nogueira de Moura, da freguesia de Santa Maria Madalena da Covilhã, cuja igreja há muito foi demolida.
Houve também um ramo VAZ PROENÇA FRAGOSO na freguesia do Teixoso,
Covilhã, que por falta
de elementos não conseguimos entroncar[47].
Filho:
Prato armoriado, Loiça de Sacavém. (182 mm, séc. XII, finais). Escudo partido: FRAGOSO e SILVA. Diferença: Brica com um «F» (colecção particular) |
5. FRANCISCO EDUARDO DA SILVA FRAGOSO (c. 1785),
coronel, cujas datas de nascimento e morte desconhecemos.
Foi o representante da linha varonil deste ramo familiar por
morte do seu tio que foi o armigerado João Manuel da Silva
de Figueiredo Fragoso (1745-1834), cujo filho varão de nome
FRANCISCO (n. 1768) não lhe sobreviveu.
Obteve Carta de Brasão de Armas a 29-VIII-1785[48], registadono Cartório da Nobreza (liv. III, fl. 205 v). Escudo partido em
pala: I – FRAGOSO; II – SILVA[49].
Militar de carreira, assentou praça tardiamente a 2-II-1797 no posto de Tenente do 1.º Regimento de Milícias da Guarda, passando ao Regimento da Covilhã no qual foi sucessivamente promovida ao posto de Capitão (5-I-1808), Tenente-coronel (12-VII-1809), Coronel (2-IV-1821), como está expresso em documentação junta ao requerimento por ele feito a solicitar a mercê do hábito de uma das três principais ordens honorificas – Aviz, Torre e Espada, ou Conceição[50].
Participou nas três campanhas da Guerra Peninsular “sempre com a maior distinção”, no âmbito das quais esteve nas Linhas de Torres Vedras na
defesa de Vila Franca de Xira (1810), tendo ainda ido a Salamanca “com ordens superiores ao Quartel General” quando esta cidade foi ocupada pelas forças portuguesas
(1812).
Desconhecemos se terá casado.
4. JOÃO MANUEL DA SILVA DE FIGUEIREDO FRAGOSO (1745-1834)[51], natural da freguesia de Santa
Maria da Covilhã, senhor do Solar dos Fragoso que terá vindo à sua posse por herança de seus pais e
avós maternos que, por sua vez, o terão ganho da família Sinel que nele habitou, nomeadamente o seu
bisavô Luís Romão Sinel que foi lugar-tenente do alcaide-mor da Covilhã e “contratador da Fábrica e
Manufacturas” em 1677.
Solar dos Fragoso. |
Cartório da Nobreza (liv. II, fl. 29 v.), cujo escudo heráldico encastrou
num cunhal deste solar. Esquartelado de: I – FRAGOSO; II – SILVA;
III – FIGUEIREDO; IV – SOUSA (do Prado).
Aos 36 anos de idade habilitou-se à Leitura de Bacharel (1781)[52].
Por sucessão de seu pai, entretanto falecido em Abril de 1779, foi
senhor do ofício de tabelião da Covilhã (Carta de 7-XI-1781)[53].
Nasceu a 30-III-1745 na freguesia de Santa Maria Maior da Covilhã,
em cuja igreja recebeu o baptismo a 10-IV-1745, ministrado pelo padre Francisco Correia Xara de
Albuquerque, e apadrinhado pelo padre Manuel Fragoso Homem e por D. Maria Doroteia da Silva, ambos
tios do neófito.
Foi bafejado por uma vida longeva, pois veio a falecer 8-II-1834 aos 89 anos de idade na freguesia de
Santa Maria da Covilhã, cujo assento de óbito inclui o traslado do seu testamento ditado a 6-VII-1832
quando contava 87 anos de idade “temendo a aproximação da morte que he certa a todos os mortais e
incerta a hora della”.
Solar dos Fragoso |
Deixou o encargo total de 300 missas, das quais 200 por sua alma, e mais 100 por parentes já falecidos.
Legou ainda várias quantias em dinheiro a criados seus e a familiares, entre eles a sua sobrinha D. RITA AGOSTINHA DA SILVA FRAGOSO, assim como nomeou D. ANA BÁRBARA, a sua única filha so-
breviva, para sua universal herdeira e testamenteira.
Casou duas vezes.
O seu 1.º matrimónio foi celebrado com D. ANA BÁRBARA DA SILVA NOGUEIRA DE MOURA, natural da
freguesia de Santa Maria Madalena, cuja igreja há muito desapareceu; filha de Francisco Eduardo da
Silva Proença, natural da citada freguesia de Santa Maria Madalena, Covilhã, e de D. Águeda Margarida
Micaela Nogueira de Moura, natural da vila da
Pampilhosa[54].
Deste casamento teve um filho varão que faleceu em vida de seu pai pelo que não é menciona no res-
pectivo testamento, e a única filha herdeira que lhe sobreviveu e foi nomeada sua testamenteira.
O 2.º matrimónio foi celebrado com D. INÊS
DE MESQUITA (n. 1744), da qual não teve geração. Este con-
sórcio, talvez pela
nubente professar discretamente um credo religioso diferente – sua
família era de
origem flamenga (protestante
calvinista?)[55] –, “não foi feito segundo a Lei e costumes do Reino”, mas
“por contracto antenupcial sem comunicação dos bens”, segundo declara no seu testamento. Esta se-
nhora, com casa na freguesia do
Teixoso e rendimentos próprios, de um casamento anterior tinha um
filho de nome Francisco de Macedo.
da Costa Cabral que foi sargento-mor da Covilhã, e por sua parente
D. Maria Doroteia da Silva e Sousa, solteira, a qual era filha de Manuel
Era filha de Manuel Cardoso Coelho e de sua mulher D. Helena Filipa
Filhos do 1.º casamento:
5. D. ANA BÁRBARA DA
SILVA FRAGOSO (1767?-1847), a derradeira senhora da Casa dos Fragoso
nesta família, que por falta de descendência dos seus dois casamentos, assim
como de parentela
próxima, a legou a um afilhado por ela criado em sua casa.
Nasceu por
volta de 1767 na freguesia de Santa Maria da Covilhã.
Faleceu a 28-XII-1847 quando contava 80 anos “pouco mais ao menos”, na freguesia de Santa Maria da Covilhã, já viúva de um segundo
casamento, com testamento ditado a 23-XI-1847, o qual foi exarado junto ao respectivo assento de
óbito. Nesta sua última vontade, deixou o encargo de cerca de 500
missas: 100 por seu pai e mãe; 100 por seus avós paternos; 100 por
intenção de seus tios, tias “e de meus dois defuntos maridos”;
assim como muitas outras pelos santos da sua devoção. Legou várias
quantias em dinheiro e bens móveis – roupas e mobiliário – a várias
das suas afilhadas e criadas que serviam na sua grande casa. Duas
destas últimas foram contempladas com um “pinhal com seu terreiro do Sítio do Pedregal” em compensação dos seus serviços[57].
Deste testamento infere-se que, além do Pinhal do Pedregal, não teria um grande património imobiliário disponível para legar, por falta de bens livres, pelos mesmos estarem vinculados em morgado, o qual estava à beira da extinção por falta de herdeiros próximos dentro desta linhagem familiar.
Covilhã, Praça do Município (desaparecida). |
Nomeou o seu afilhado JOSÉ DOS SANTOS PINTO (c. 1847), residente na
sua casa, para seu universal herdeiro “em attenção aos serviços que me tem prestado, e pelo zelo e
fidelidade com que sempre me tratara”, razão pela qual lhe deixo “todos os meus bens móveis e tudo quanto se acha das portas a dentro
desta casa da minha residência”, assim como os bens “de raiz e todos os meos direitos e acções”, nomeadamente os direitos referentes à “causa da dissolução do vínculo de que sou a actual
administradora”[58].
Sabemos ter casado nas suas segundas núpcias com ANTÓNIO DE MIRANDA
BRANDÃO CASTELO BRANCO (f. 1830), falecido a 23-VI-1830 em Seia onde foi
“sepultado na Misericórdia”. Era o primogénito dos quatro filhos de José Bernardo de Miranda
Castelo Branco (c. 1750), natural de Midões, concelho de Tábua,
sargento-mor de Seia onde foi morador, e familiar dos Santo Ofício,
casado com D. Antónia Joaquina de Melo (e Távora), moradora em Seia,
cujos progenitores eram de Viseu.
Anexo:
«1214. João Manuel da Silva Figueiredo Fragoso, da vila da Covilhã, o armigerado, era filho de João da Silva de Figueiredo Fragoso, cavaleiro professo na ordem de Cristo, e de sua mulher D. Brígida Joaquina de Pina Fragoso, filha do capitão Luís Fragoso Homem, e de sua mulher D. Francisca da Fonseca, neto paterno de Manuel da Silva Fragoso, e de sua mulher D. Luísa de Sousa Corrêa, filha de Luís Romão Sinel, cavaleiro fidalgo da casa real, e lugar-tenente do alcaide-mor da mesma vila da Covilhã, o qual era filho de Filipe Romão, também cavaleiro fidalgo da casa real, e de sua mulher D. Maria Guiomar de Sousa, e neto de Luís Romão # bisneto o suplicante pela sua varonia de Francisco Vaz Fragoso, capitão pago dos auxiliares da comarca de Coimbra, e de sua mulher Isabel da Silva de Figueiredo, terceiro neto de Pedro Vaz Fragoso, e quarto neto de Manuel Fragoso de Aguiar, também cavaleiro fidalgo da casa real»[60].
Esquartelado: I – Fragoso; II – Silva; III – Figueiredo; IV – Sousa – Br. p. a 25 de Agosto de 1774. RCN, liv. II, fl. 29 v.»
In BAENA, Visconde Sanches de, Archivo Heraldico-genealogico, Lisboa, Typografia Universal, 1872, p.306.
Abreviaturas
AHG – Arquivo Heráldico-Genealógico, de Sanches de Baena
João Trigueiros
_______________________
* Expressamos aqui a nossa gratidão às Dras. Regina Alexandre e Cristina Caetano, da Câmara Municipal da Covilhã, que nos alertaram para a existência desta pedra de armas e a necessidade do seu estudo; assim como ao prestimoso investigador Dr. Manuel Guilherme Vasconcelos, ao qual ficamos a dever o incentivo e contributo inicial para esta pequena investigação.
A todos eles, o nosso Bem-Haja.
[1] A Igreja de Santa Maria Maior, é actualmente
designada apenas por Santa Maria.
[2] Segundo apurou o investigador
covilhanense Luiz Fernando Carvalho Dias. In DIAS, Miguel Nuno
Peixoto de Carvalho, Covilhã - Contributos para a sua História dos
Lanifícios XVI, blog “Covilhã – Subsídios para a sua História”.
Consultado em 21-12-2021. Disponível em https://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.com/2013/02/covilha-contributos-para-sua-historia.html
[3] É sabido que no Terramoto de 1755,
a Covilhã sofreu danos de monta. O castelo ficou em grande parte
destruído e parte das muralhas da vila ficaram danificadas. O seu
casario, apesar da falta de relatos, deve ter sofrido apreciáveis
danos.
[4] Nessa época, a antiquíssima
freguesia de São Martinho era a única que sabemos ficar fora da
protecção das muralhas medievais da cidade.
[5] Caso esta casa venha a ser
demolida, a sua pedra de armas deve ser protegida e encastrada o
mais próximo possível do local onde se encontra hoje, com a
indicação da sua origem e da família a que diz respeito, à
semelhança do que em tempos foi feito à pedra de armas da
desaparecida casa dos CUNHA MONTEIRO, situada na junção da
Travessa do Cimo com a Rua 6 de Setembro, não muito longe do local
desta morada da família FRAGOSO.
O mesmo
sugerimos para as diversas pedras de armas que estão a céu aberto
num pátio interior na Biblioteca Municipal da Covilhã, da notável
família PESSOA AMORIM, as quais deviam regressar ao local de
origem: o designado “Colégio das Freiras” (Doroteias), e a “Casa
Morão” (?), cuja famílias proprietárias (Campos Melo, e Mourão),
por laços de parentesco e por compra sucederam na posse das velhas
casas, sobre as quais reedificaram novas moradas. Esta família, de
letrados e nobres do século XVIII, militares e industriais têxteis
– com parentela nascida no Fundão e antepassada do grande poeta
Fernando Pessoa (1888-1935) – teve origem em Torres Novas, na
Covilhã, no Fundão, e em Castelo Branco, por onde espalhou a sua
descendência. Foram estes que, em consórcio com outros,
arremataram os contractos de exploração da “Real Fábrica de Panos”
da Covilhã e do Fundão em 1821.
[6] Na cidade de Coimbra, e nos seus
concelhos limítrofes, houve vários núcleos de dispersão destes
Fragosos que, aparentemente, não teriam ligações com os de origem
alentejana, apesar dos seus brasões de armas sejam os mesmos.
Curiosamente, estes deram sucessivas gerações de juristas que
deixaram rasto nos registos da Universidade de Coimbra.
[7] A Diferença e o Timbre, presentes
na pedra de armas, não constam da respectiva Carta de Brasão de
Armas passada a João Manuel da Silva Figueiredo Fragoso
(1745-1834). – Cf. BAENA, Visconde Sanches de, Archivo
Heráldico-Genealógico (Lisboa, Typografia Universal, 1872),
registo n.º 1214, p. 306.
[8] Desta família alentejana talvez
provenha um DIOGO FRAGOSO (c. 1482), Tabelião em Portalegre em
1482. (ANTT, Chancelaria de D. João II, liv. 6, fol.
26).
[9] GUELFOS – Inicialmente adeptos do
poder temporal do Papa, em oposição aos imperadores.
[10] DOGE – Chefe eleito das antigas repúblicas
marítimas italianas, nomeadamente Génova e Veneza, a partir de
1339. A república de Génova existiu desde o século XI até 1797,
ano em que mais uma vez foi invadida pelos exércitos
franceses.
[11] SANTA CATARINA DE GÉNOVA (1447-1510), a Santa
genovesa mais famosa da Itália, era a CATARINA FIESCHI (FREGOSO),
segundo Adorno Junior (“A trajetória da Família Adorno …”, p. 68),
filha do nobre Giacomo Fieschi e de Francesca di Negro. Fora
compelida a casar com o príncipe GIULIANO ADORNO, um jovem muito
rico e irresponsável, para selar a paz entre estas duas famílias
desavindas. A sua vida foi devotada ao serviço dos pobres e
doentes, em prol dos quais se desfez de todos os seus bens,
especialmente no apoio a leprosos e às vítimas das pestes entre
1497 e 1501, vivendo modestamente e executando os trabalhos mais
humildes. Após a sua morte a 15-IX-1510, o seu corpo incorrupto
está sepultado na igreja da Santissima Annunziata di Portoria,
actualmente conhecida como a Igreja de Santa Catarina de Génova.
[12] ZÚQUETE, Afonso Martins, Armorial Lusitano,
“Fragoso”, Lisboa, Zairol, 2000, p. 224.
[13] ADORNO JÚNIOR, Hélcio Luiz (2015), “A
trajectória da Família Adorno …”, Faculdade de Santa Lúcia,
Universitas, Ano 8, n.º 15, pp. 65-94. – Este panegírico da
família Adorno é preciso ser lido com alguma prudência, tanto por
exagerar os méritos destes, como por um ou outro erro
histórico.
Segundo este
investigador “Três irmãos da família Adorno, que haviam emigrado
da Itália para Portugal, chamados Giuseppe, Paolo e Francesco,
acompanharam a expedição de Martim Afonso de Souza ao Brasil, em
1540”, os quais aí iniciaram o “ciclo do açucar”, foram
bandeirantes e lutaram contra as pretensões francesas (pp.
72-78).
[14] A República de Génova detinha no Mediterrâneo
as seguintes ilhas: Córsega, Gorgona, Capraia, Quios e Samo. E
ainda a Crimeia (Sebastopol, Cêmbalo, Soldaia, Tana e Teodósia) e
territórios junto ao mar Negro (Samsun). Próximas de
Constantinopla, as cidades de Gálata e Pera; e na costa do
Tunísia, a ilha de Tabarca. Esta cidade-estado foi bem mais rica
do que Veneza e só a sua instabilidade política contribuiu de modo
decisivo para o seu fim.
[15] A família ADORNO pertenceu ao partido gibelino,
partidários do Imperador do Sacro Império Romano-Germânico contra
o Papado. Ao longo de duzentos anos mantiveram uma grande
rivalidade, cheia de conflitos armados, com a família FREGOSO,
estes do partido dos guelfos. Devido à sua grande rivalidade,
ambas as famílias acabaram expulsas de Génova e vieram a
refugiar-se em Portugal no reinado de D. João III (1502-1557), por
iniciativa de Andrea Dória (1466-1560) provavelmente com o intuito
de consolidar o seu poder trazer alguma paz à cidade, ao mesmo
tempo que se apropriou das suas gigantescas fortunas. Os Adornos
passaram á ilha da Madeira e ao Brasil onde prosperaram
impulsionado a agricultura e a refinação de açúcar.
[16] A família DÓRIA, com origens feudais na
Sardenha e em Génova, passou inicialmente à Ilha de Madeira no fim
do século XV onde se dedicou à produção do Açucar, ao que parece
no Machico em 1480. Outros passaram ao Brasil.
[17] Os SPÍNOLA era uma das grandes e ricas famílias
titulares de Génova, dando a essa república alguns dos maiores
militares do seu tempo. Perseguidos politicamente, passaram a
Espanha onde já tinham ligações familiares e grandes casas
titulares. Daqui, passaram a Portugal.
[18] PAOLO FREGOSO foi o maior aventureiro desta
família. Teve cinco filhos com duas mulheres e vários bastardos.
Foi arcebispo, cardeal, duas vezes papável, doge por três vezes,
homem de armas, pirata, e almirante da Santa Sé. Dele há um
romance histórico da autoria de VITO MOLINARI (“Paolo Fregoso,
genovese”, Gammarò edizioni, 2020), que nos dá um belo retrato
tendo por fundo uma Génova “violenta e cheia de contrastes que exalava um cheiro misto de
sangue e rosas”.
[19] Muitos destes Fragosos frequentaram a
Universidade de Coimbra, como consta pelos registos de alunos
desta instituição, assim como por documentação diversa existente
no Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Estes eram originários de
Viana, Braga, Sanfins, Aveiro, Avanca, Coimbra, Cela, Góis,
Trancoso, Manteigas, Guarda, Seia, Bendada (Sabugal), Teixoso,
Covilhã, Castelo Branco, etc.
[20] Segundo consta na Carta de Brasão de Armas de
seu bisneto JOÃO MANUEL DA SILVA FIGUEIREDO FRAGOSO (1745-1834). –
Cf. BAENA, Visconde Sanches de, Archivo Heráldico-Genealógico
(Lisboa, Typografia Universal, 1872), registo n.º 1214, p. 306. –
Sabemos que nos séculos XVII e XVIII, houve vários núcleos da
família Fragoso em diversos concelhos na região de Coimbra, os
quais frequentaram a respectiva
Universidade.
[21] ANTT, Registo Geral de Mercês, Mercês
(Chancelaria) de D. Afonso VI, liv. 9, f. 411. — As primeiras
escrituras feitas no Ofício de Francisco Vaz Fragoso datam de
1652, quando este tinha apenas 16 anos (?).
[22] ANTT, Registo Geral de Mercês, Mercês
(Chancelaria) de D. Afonso VI, liv. 19, f. 383v.
[23] ANTT, Registo Geral de Mercês, Mercês de D.
Pedro II, liv. 11, f. 254.
[24] DIAS, Miguel Nuno Peixoto de Carvalho, A
Misericórdia, uma Instituição de Solidariedade Social XXVII, blog
“Covilhã – Subsídios para a sua História”. Consultado em
21-12-2021. Disponível em https://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.com/search?q=Provedores+da+Santa
[25] A paróquia de São Paulo da Covilhã foi extinta
e anexada à de Nossa Senhora da Conceição no segundo quartel do
século XIX.
[26] ANTT, Livros Paroquiais, Covilhã, São Paulo, Mistos
(1598-1678), f. 27.
[27] ANTT, Livros Paroquiais, Covilhã, Santa Maria,
Mistos (1625-1663), f. 30.
[28] ANTT, Registo Geral de Mercês, Mercês da Torre
do Tombo, liv. 10, f. 21v-22.
[29] MANUEL DA SILVA FRAGOSO, de família nobre. – in
Pina, Manuel Cabral de Pina, Monografia manuscrita para a Academia
Real da História, século XVIII.
[30] ESTEVÃO CORREIA XARA (c. 1654), provedor da
Santa Casa da Misericórdia da Covilhã (1654-1655), habilitou-se à
Leitura de Bacharéis (1658), foi juiz de fora do Porto (1663),
após o que foi transferido para a Corregedoria de Lamego (1674).
Era filho de Manuel Correia e de sua mulher D. Maria Ravasco, neto
paterno do licenciado Vicente Estêvão Correia e de sua mulher D.
Joana Pais; neto materno do licenciado Manuel Ravasco, médico, e
de sua mulher D. Isabel Ferreira. Foi casado com D. Maria Coelho
“pessoa nobre desta vila”, e seria aparentado com os
Fragosos, tanto por parte dos Coelhos, como dos Correias.
[31] ANTT, Desembargo do Paço, Leitura de Bacharéis,
letra M, mç. 21, n.º 14. — A Leitura de Bacharéis é um processo
administrativo de habilitação para prover bacharéis em cargos de
magistratura. Dele fazia parte uma inquirição de testemunhas sobre
a sua vida e seus antecedentes familiares.
[32] ANTT, Registo Geral de Mercês, Mercês de D.
Pedro II, liv. 3, f. 369.
[33] ANTT, Registo Geral de Mercês, Mercês de D.
João V, liv. 10, f. 184.
[34] O contracto desta fábrica foi rematado no
Concelho de Fazenda por oito anos.
[35] FILIPE ROMÃO SINEL era irmão, entre outros, de
D. MARIA CORREIA ROMÃO SINEL que foi casada com JOÃO LEITÃO TELES,
familiar do Santo Ofício, o qual também veio a fazer parte da
sociedade que na Covilhã e em Manteigas tinha o contracto da “fábrica de manufacturas das baetas e sarjas” (Livro do tabelião do judicial Manuel Mendes do Vale, Covilhã,
1680, de fls 5 v. a fls 10).
[36] A escritura desta sociedade foi registada do
tabelião do judicial Manuel Mendes do Vale, da Covilhã, no Livro
de 1680, de fls 5 v. a fls 10.
[37] A concessão monopolista do “fabrico das Sarjas
e Baetas” na Fábrica d'El-Rei ou Fábrica Velha, terminou
inesperadamente em 1707. O fim deste projecto têxtil pioneiro
ficou a dever-se ao Tratado de Methuen, o qual determinou que “os
tecidos de lã inglesa fossem admitidos em Portugal com isenção de
direitos”, tal como à perseguição feita no mesmo ano pela
Inquisição aos cristãos-novos da Covilhã dos quais foram
encarcerados 18 negociantes, entre os quais se destacavam membros
das famílias Mendes, Mourão, Henriques, Fróis, Nunes e
Ferreiras.
Doze anos
depois, em 1719, D. João V confirmou a António Fróis Nunes, neto
de Jorge Fróis, o contracto de concessão celebrado em 1677 (ANTT,
Chancelaria de D. João V, L. 125, fls. 175 v). Mais tarde vieram a
suceder na exploração da Fábrica Velha: os Castro, os
Raposo e os Nunes de Sousa, e em 1845 no mesmo local foi fundada a
notável firma "Campos Melo & Irmão" que aí permaneceu
quase um século.
[38] A FÁBRICA VELHA, em meados do século XX, depois
de ter passado por várias famílias, já se encontrava-se na posse
da firma Campos Mello & Irmão que a ampliou com novos
edifícios ao longo da Ribeira da Carpinteira, tendo modernizado o
seu processo fabril.
[39] TEIXEIRA, André Da Silva, A Real fábrica da
Covilhã inserida no programa manufactureiro do 3º Conde da
Ericeira, Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas,
2016.
[40] ANTT, Registo Geral de Mercês, Mercês de D.
João V, Manuel da Silva Cardoso, liv. 10, f. 184.
[41] ANTT, Desembargo do Paço, Leitura
de bacharéis, letras I e J, mç. 37, n.º 10.
[42] ANTT, Registo Geral de Mercês,
Mercês de D. João V, liv. 34, f. 356v.
[43] ANTT, Registo Geral de Mercês de D.
José I, liv. 3, f. 461.
[44] ANTT, Conselho da Fazenda,
Justificações do Reino, Letra J, mç. 12, n.º 29.
[45] SILVESTRE MONTEIRO DE SANDE E SOUSA
(n. 1680), da Casa Cunha Monteiro da Covilhã, hoje desaparecida,
mas da qual ainda resta a sua pedra de armas, aí nasceu a
31-XII-1680 e foi baptizado a 16-I-1681 na igreja de Santa Maria,
apadrinhado por seu tio Francisco de Homem de Eça. Faleceu sem
geração, posteriormente a 27-V-1750, data em que ditou o seu
testamento no qual vinculou a parte que restava da
Quinta de Vale das Donas, no Tortosendo, acrescentando o
morgado que fora instituído pelo seu progenitor o Dr. Manuel Monteiro de Sande e Sousa (c. 1630-1695), natural de
Lisboa, casado com D. Maria de São José Teles de Eça (n. 1640),
natural da Covilhã.
[46] MANUEL JOAQUIM DA SILVA NOGUEIRA BOTELHO DE QUEIROZ era irmão de D. ANA BÁRBARA DA SILVA NOGUEIRA DE MOURA, a primeira mulher do armigerado JOÃO MANUEL DA SILVA DE FIGUEIREDO FRAGOSO (1745-1834), senhor da Casa dos Fragoso.
[47] Deste ramo do Teixoso, nesta família, conhecemos:
II. JOSÉ VAZ DE PROENÇA FRAGOSO, casado com JOSEFA TERESA DA FONSECA, os quais tiveram pelo menos dois filhos que foram: 1. – JOÃO VAZ DE PROENÇA FRAGOSO (c. 1768), casado a 13-VII-1768 na Igreja de Santa Maria da Covilhã com D. JOANA VICÊNCIA, ambos naturais do Teixoso; e 2. – MANUEL VAZ PROENÇA FRAGOSO (c. 1760), matriculado na Faculdade de Cânones em Coimbra a 1-X-1764, cuja formatura concluiu em 30-V-1770 (Actos n.º 104, fl. 105).
III. ANTÓNIO DA COSTA FRAGOSO, natural da mesma localidade, pai de JOÃO DA COSTA FRAGOSO (c. 1744), também matriculado na Faculdade de Cânones em Coimbra a 1-X-1744, na qual concluíu a formatura a 20-III-1752.
[48] ANTT, Casa Real, Cartório da Nobreza, mç. 21,
n.º 3.
[49] ANTT, Casa Real, Cartório da Nobreza, Processo
de Justificação de Nobreza para uso de Brasão de Armas, mç.
21.
[50] ANTT, Ministério do Reino, mç. 736, proc.
11.
[51] Também usou algumas vezes o apelido
SOUSA, certamente por dever de fazer jus às armas que lhe foram
passadas no 4.º quartel.
[52] ANTT, Desembargo do Paço, Leitura
de bacharéis, letras I e J, mç. 51, n.º 20
[53] ANTT, Registo Geral de Mercês,
Mercês de D. Maria I, liv. 1, número de ordem 127, f. 248
[54] Dados compilados a partir do
assento de baptismo de FRANCISCO (n. 1768).
[55] Muitas destas famílias de origem estrangeira
que ao tempo do Conde da Ericeira, e posteriormente do Marquês de
Pombal, vieram para Portugal trabalhar na indústria têxtil desta
região, eram de origem Irlandesa e Flamenga, tendo supostamente
continuado a professar discretamente em ambiente privado os seus
credos religiosos de origem.
[56] D. INÊS (n. 1744), foi a segunda deste nome,
pois, os seus progenitores já tinham dado o mesmo nome a outra
filha INÊS (n. 1738) nascida a 8-I-1738 e baptizada a 7-II-1738, a
qual, entretanto terá falecido.
[57] O Sítio do Pedregal fica junto à
actual linha de caminho de ferro e á estação ferroviária da
Covilhã.
[58] JOSÉ DOS SANTOS PINTO (c. 1847)
teve vários homónimos na freguesia de Santa Maria da Covilhã.
Destes conhecemos ANTÓNIO DOS SANTOS PINTO e sua mulher D. MARIA
RITA, jornaleiros, naturais da vila de Mangualde, concelho de
Viseu, residentes na Covilhã onde tiveram três filhos, um deles
JOSÉ DOS SANTOS PINTO (1861?-1897) que faleceu a 14-XII-1897 na
Rua de Santo Agostinho, na freguesia de Santa Maria.
Houve ainda, na mesma freguesia, outro homónimo que foi JOSÉ DOS
SANTOS PINTO (f. 1940?), industrial de têxteis e proprietário da
Fábrica de José da Cruz Fael, casado nas segundas núpcias de D. ISILDA LOPES (n. 1911),
viúva, nascida a 14-VII-1911 na Rua da Porta do Sol, na freguesia
de Santa Maria, Covilhã, os quais residiram na Rua Álvares Cabral
da mesma freguesia de Santa Maria e tiveram vários filhos. Foi
este o grande obreiro da construção do estádio de futebol do
Sporting Clube a Covilhã, para o qual contribuiu financeiramente,
e ao qual foi dado o seu nome –
Estádio José dos Santos Pinto.
[59] O assento de baptismo de FRANCISCO
(n. 1768), encontra-se em grande parte ilegível devido a repasses
de humidade.
[60] BAENA, Visconde Sanches de, Archivo Heráldico-Genealógico (Lisboa, Typografia Universal, 1872), registo n.º 764, p. 192.