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2011-02-13

José de Aragão da Costa Lacerda Victoria (1844-1908), 1.º Conde de Tondela

Aldeia Nova do Cabo, Fundão
Faia, Guarda
Sarnadas, Vila Velha de Ródão


José de Aragão da Costa Lacerda Vitória
(1844-1908), 1.ª Conde de Tondela
         
             JOSÉ DE ARAGÃO DA COSTA LACERDA VICTORIA (1844-1908), 1.º Conde de Tondela (Decreto de 23-II-1899), nasceu em 1844 na Quinta da Ponte, freguesia da Faia, concelho da Guarda, e faleceu a 8-VIII-1908 no átrio do seu solar em Aldeia Nova do Cabo  (Casa dos Aragões - Conde de Tondela), concelho do Fundão, assassinado a tiro de pistola pelo seu sobrinho Dr. Pedro Cabral de Aragão após uma violenta discussão na qual, segundo relatos da época, este lhe tentou extorquir uma grande soma de dinheiro a pretexto de pagar a honra de sua irmã, com a qual acusava o tio de manter uma relação amorosa[1].
Foi presidente da Câmara Municipal do Fundão e membro do Partido Regenerador, senhor da Quinta da Ponte junto à freguesia da Faia, concelho da Guarda, onde chegou a receber com uma grandiosa festa o Rei D. Carlos e a rainha D. Amélia, assim como da Casa Grande de Sarnadas, e do seu solar em Aldeia Nova do Cabo – ocupado na sequência da Revolução do 25 de Abril e sede da actual Junta de Freguesia – cuja Pedra de Armas, segundo informação que obtivemos, foi desmontada da fachada por um dos últimos herdeiros desta Casa e levada para outra casa dos herdeiros desta família[2].

        Era filho de PEDRO DE ARAGÃO DA COSTA SÁ VICTORIA (n. 1819), nascido  18-X-1819 na Quinta da Ponte, freguesia da Faia, que veio residir em Aldeia Nova do Cabo, Fundão, onde mandou edificar o seu solar em 1861 (Casa dos Aragões - Conde de Tondela), o qual é actualmente sede da respectiva Junta de Freguesia. 
Aldeia Nova do Cabo,
Casa dos Condes de Tondeda
(actual Junta de Freguesia)
Em Maio de 1810, pouco antes da 3.ª Invasão Francesa, com a patente de Coronel comandava o Regimento de Almeida. Foi fidalgo cavaleiro da Casa Real com 1600$000 réis de moradia (5-VI-1845)[3], e casou com D. MARIA MÁXIMA CORREIA DE MOURA TELES LACERDA LEBRIM E VASCONCELOS, senhora da Quinta de Freixo, em Serrazes, concelho de São Pedro do Sul, filha primogénita de António Correia Lebrim e Vasconcelos, senhor da Quinta de Beirós, fidalgo da Casa Real, e de sua mulher D. Maria Benedita de Moura Coutinho Teles de Sampaio.

       Era neto paterno de BARTOLOMEU DE ARAGÃO DA COSTA TAVARES E SÁ VASCONCELOS (1784-1848), 2.º Barão de Tondela (1824) pelo seu casamento e por Carta de 12-X-1824[4], comendador da Ordem de Cristo e coronel das Milícias da Guarda, nascido a 19-V-1784 em Trancoso, falecido a 12-VIII-1847 e sepultado no cemitério público da Faia. Este foi casado a 17-X-1817 com D. MARIA JOANA ROEDE DA VICTORIA (1882-1847), 2.ª Baronesa de Tondela (Dec. de 12-VIII-1825), nascida a 24-VII-1782, filha herdeira de António Marcelino da Victória (1750-1825), 1.º Barão de Tondela (Dec. de 3-VII-1823), fidalgo da Casa Real (1816), do Conselho de D. João VI, e do Conselho da Guerra, tenente-general, governador das Armas da Beira Alta e Baixa, assim como do Alentejo[5], e de sua mulher D. Catarina Vicência do Couto (1757-1819), que jaz na Sé de Viseu, filha do capitão de artilharia de Estremoz Manuel Rodrigues do Coito.

      Era neto materno ANTÓNIO CORREIA LEBRIM E VASCONCELOS, senhor da Quinta de Beirós, fidalgo da Casa Real, e de sua mulher D. MARIA BENEDITA DE MOURA COUTINHO TELES DE SAMPAIO.

 D. Maria Isabel Pereira
Rebelo da Fonseca
(f. 1906)
   Casou com D. MARIA ISABEL PEREIRA REBELO DA FONSECA (f. 1906), 1.ª Condessa de Tondela, herdeira de um imenso património em Sarnadas de Ródão, falecida a 15-IX-1906, filha do Dr. Manuel Luís Pereira Rebelo da Fonseca, senhor da Casa Grande de Sarnadas, na Rua da Torre da citada freguesia onde residiu, governador civil de Portalegre (1851) e de Castelo Branco (1851-52). 

Os condes de Tondela, não tiveram geração pelo que o seu património passou à posse do seu irmão mais novo que foi ANTÓNIO DE ARAGÃO DA COSTA LACERDA DA VITÓRIA, que residiu inicialmente na Guarda e posteriormente em Vila Velha de Ródão onde veio a falecer. Este foi casado em Castelo Branco com D. CARLOTA ODILA RIBEIRO, filha de um oficial do Exército cujo nome desconhecemos.
Deste casamento nasceram duas filhas: a 1.ª foi MARIA EMÍLIA FONSECA DE ARAGÃO E COSTA, casada com o Dr. LUÍS LAIA NOGUEIRA, do qual não teve geração, pelo que o seu património passou para a posse dos sobrinhos deste; a 2.ª foi CARLOTA FONSECA DE ARAGÃO E COSTA, falecida solteira.


     
     O Dr. MANUEL LUÍS PEREIRA REBELO DA FONSECA, senhor da Casa Grande de Sarnadas, era filho de Francisco Pereira Rebelo da Fonseca (n. 1745), bacharel formado em Direito, que sabemos ter sido juiz de fora de Santa Marta (1-XI-1789), juiz de fora dos Órfãos do Porto (28-V-1800), desembargador da Relação do Porto, sócio da Academia Real das Ciências, deputado em várias legislaturas, governador civil de Castelo Branco, e de sua mulher D. Francisca Tomásia da Fonseca de Novais (n. 1757).


 «D. Maria por Graça de Deus Rainha de Portugal e dos Algarves, etc. Faço saber aos que esta Minha Carta de Brasão de Armas de Nobreza e Fidalguia virem que o Dr. Francisco Pereira Rebelo da Fonseca Novais (n. 17..), actual Juiz de Fora da Vila de Santa Marta lhe fez petição dizendo, que pela sentença de justificação de sua Nobreza a ela junta (…) se mostra que ele é Filho legitimo do Doutor António Pereira Rebelo (n. 1681), natural de Vila Real, e de sua mulher D. Micaela Maria Caetana de Novais, natural de Canelas, Neto pela parte paterna de Domingos Pereira Bicudo e de sua mulher D. Bernarda Rodrigues Rebelo e pela paterna de José Alves de Novais e de sua mulher D. Joana Maria da Fonseca. Os quais seus Pais e Avós que foram pessoas muito nobres, legítimos descendentes das esclarecidas famílias dos BICUDOS, PEREIRAS, REBELOS e NOVAIS destes Reinos, e como tais se tratavam com cavalos, criados e todo o mais Estado próprio da Nobreza, servindo nas sobreditas vilas os primeiros e mais nobres lugares, (…), 1784»[6].

Brasão:
«Um escudo esquartelado: no primeiro quartel as armas dos Bicudos que são em campo verde hum ribeiro de água de prata e a azul em faixa no campo alto três pássaros bicudos de prata e no de baixo um carneiro do mesmo metal armado a vermelho. No segundo quartel as dos Pereiras são em campo vermelho e uma cruz de prata florida e vazio do campo. No terceiro: a dos Rebelos que são em campo azul três faixas de ouro cada uma com a sua flor de vermelho postas em banda. No quarto a dos Novais que estão em campo azul cinco novelos de fio de prata postos em santar, Elmo de prata aberto guarnecido de ouro, Paquife dos metais e cores das armas timbre dos Bicudos e um pássaro bicudo como os do escudo e por diferença uma bica de prata com «F» de preto, o qual escudo e armas poderá trazer e usar o dito Doutor FRANCISCO PEREIRA REBELLO DA FONSECA NOVAES ...»

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Pedra de Armas da Casa do Conde de Tondela.
(actualmente em Cascais)













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Notas:

[1]   O autor deste nefando crime, na sequência do seu acto tresloucado tentou suicidar-se desferido um tiro na própria cabeça, ao qual sobreviveu. 
[2]   Após ter sido desmontada, esta pedra de armas dos Condes de Tondela, passou por várias localizações encontrando-se hoje numa moradia desta família situada na Rua Sacadura Cabral, n.º 55,  em Cascais.
[3]   ANTT, Registo Geral de Mercês, D. Maria II, liv.24, fl.231-231v
[4]   ANTT, Registo Geral de Mercês, D. João VI, L. 19, fl. 107v.
[5]   ANTÓNIO MARCELINO DA VICTÓRIA (1750-1825), 1.º Barão de Tondela, descendia de uma família de militares: era neto paterno de Manuel da Victoria, capitão de Mazagão e Governador das Ilhas de Cabo Verde; bisneto paterno de D. Gabriel da Victoria, originário de Madrid e Governador das Torre do Outão no tempo de Filipe III. Do seu casamento em 1777 com D. CATARINA VICÊNCIA DO COUTO (1757-1719), teve: 1.º - CÂNDIDO BASILIO, tenente-coronel de Infantaria 10, falecido gloriosamente na batalha dos Pirinéus a 30-VII-1813; 2.º - MARIA JOANA ROEDE DA VICTORIA (n. 1782), 2.ª Baronesa de Tondela; 3.º - D. FRANCISCA JOAQUINA, casada em 1828 com Estevão César Portugal da Silveira Correia de Lacerda, Moço-Fidalgo e oficial do exército; 4.º - D. INOCÊNCIA ANGÉLICA, casada em 1830 com João Mário Portugal da Silveira Correia de Lacerda (f. 1831), irmão do anterior, que morreu fuzilado a 10-IX-1831 em Campo de Ourique, Lisboa, por ter tomado parte na revolta do seu regimento contra o Sr. D. Miguel; 5.º - D. MARIANA ISABEL (f. 1823); 6.º - D. EUSTÁQUIA MARIA (f. 1823).
[6]   GOODOLPHIM, Costa, Três Aldeias – Sarnadas, Aldeia Nova do Cabo, Aldeia de Joanes, Lisboa, Typographia Universal, 1904, pp. 18-21.