2015-07-19

Casa do Terreiro (Séc. XVII), Barreiros & Sá Pereira - Aldeia Nova do Cabo, Fundão


Largo da Igreja de Santa Cruz


Pedra de Armas de 
 Miguel Barreiros de Sá
(1605-1657),
Capela de S. Miguel Arcanjo,
Casa do Terreiro.







Aldeia Nova do Cabo, Casa do Terreiro.













         
            Brasão de:    MIGUEL BARREIROS DE SÁ (1605-1657), vigário de Aldeia Nova do Cabo.
            Forma:          Escudo português, esquartelado: o 1.º de PEREIRA – uma cruz forenciada
                                        e vazia; o 2.º de SÁ – Xadrezado, de cinco peças em faixa e seis em pala;
                                  o 3.º de PAIVA – três flores-de-lis alinhadas em contrabanda[1]o 4.º de
                                       BARREIROS – três contrabandas acompanhadas de nove estrelas de seis
                                  pontas, postas 1, 3, 3 e 2.
            Elmo:            De grades olhando à direita do escudo.
            Timbre:         Uma cruz florenciada e vazia, ladeada por duas asas, tirada das armas
                                       Pereira, encimada por um chapéu de abade, do qual pendem de ambos os
                                  lados cordões com seis borlas.
            Local:           Junto à porta lateral da capela de São Miguel Arcanjo, anexa à Casa do
                                 Terreiro.
            Data:            Século XVII – primeira metade (?).


         
Aldeia Nova do Cabo, Casa do Terreiro.

        
        Situada num desnível inferior de terreno, junto ao largo da igreja matriz de Aldeia Nova do Cabo, esta vetusta casa pertenceu a uma das mais notáveis famílias desta terra que muito contribuiu para o seu engrandecimento. Esta edificação é o resultado de alterações e acrescentos feitos no edifício original ao longo dos tempos. A sua designação é de Casa do Terreiro, devido à sua localização junto ao largo da Igreja Matriz.
      Tem anexa a não menos antiga capela de São Miguel Arcanjo, fundada pelo padre Miguel Barreiros (1605-1657), que nela instituiu um morgado e lhe anexou vários bens de raiz.

        Sob o brasão, gravado no mesmo bloco de pedra, ostenta a seguinte inscrição:

«MIGUEL BARR.OS  DE SAA VIGR.DESTA TERRA»

        Logo seguido do seguinte texto, gravado em letra de menor dimensão, num bloco de pedra que lhe terá sido justaposto a posteriori, aparentemente por seu sobrinho Afonso de Sá Pereira (c. 1656):

«E DELLA ME FVNDOV A SUA CVSTA ESTA CAPEELLA NO CA
BECO DO QVINTO NO ANNO 1657 [?]. PEDE HVM PATER NOSTER
SEV SOB.O  AFF.DE SAA PR.A  CAVALR.PFESO DA ORDEM D
NOSSO SENHOR IHSXP.COM 60. MIL REIS D TENÇA AFE-
TIVA EM CADA HVM ANNO NA ALFANDGA DA CIDAD
DO PORTO E FAMILIAR DO S.TO  OFF.A MVDOU E A REEDI
FICOV DO DITO SITIO A ESTE A SUA CUSTA NO ANNO
DE 1677 [?]. D LICENÇA DO ILL.MO  SENHOR D. MARTIM AFF.O
D MELLO BISPO DA GUARDA. PEDE HVUMA AVE M.A»[2].

        As datas mencionadas nesta inscrição são de leitura bastante difícil e vários estudiosos locais, talvez levados pelo intuito de engrandecer e recuar a antiguidade desta casa, terão feito uma interpretação errada. Senão vejamos: o vigário Miguel Barreiros de Sá (1605-1657), nunca poderia ter sido o instituidor desta capela na data de 1511, como adiante veremos, assim como o seu sobrinho Afonso de Sá Pereira (c. 1656), também não podia ter sido ele a mudar e a reedificar a capela em 1611.
Aldeia Nova do Cabo, Casa do Terreiro.
(foto antiga)
    Também sabemos que nunca poderia ter sido o bispo da Guarda D. Martim Afonso de Melo (f. 1684), mencionado na inscrição, a dar a licença para a sua reedificação, caso esta data seja de 1611, como erradamente vem sendo interpretada, pois este prelado só esteve à frente da citada diocese de 1672 a 1684, ano da sua morte.

     Por tudo isto somos levados a crer que a inscrição, gravada no segundo bloco de granito sob a pedra de armas, é apócrifa. Terá sido provavelmente feita muito posteriormente por um descendente destes com o intuito de perpetuar a memória destes dois personagens, sem ter o cuidado de investigar documentalmente as datas que menciona.
     Este lapso, na cronologia da citada inscrição, levou a que todos os investigadores que se debruçaram sobre a citada capela propagassem os mencionados erros de datação (1511 e 1611), por terem admitido a existência de mais do que um padre Miguel Barreiros de Sá[3]

BRASÃO
 Miguel Barreiros de Sá (1605-1657),
Escudo esquartelado: 1.º - PEREIRA,
2.º - SÁ, 3.º - PAIVA, 3.º - BARREIROS.
     Desta pedra de armas, em granito claro, não se conhece o alvará de concessão. Tem um escudo português esquartelado: o 1.º de PEREIRA (em campo vermelho, com uma cruz de prata florenciada e vazia); o 2.º de (xadrezado de prata e azul, de cinco peças em faixa e seis em pala); o 3.º de PAIVA (de azul, com três flores-de-lis de ouro alinhadas em banda)[4]; o 4.º de BARREIROS (de vermelho, com três bandas de prata, acompanhadas de nove estrelas de seis pontas, de ouro, postas 1, 3, 3 e 2)[5]. Elmo: de grades olhando à direita do escudo. Por Timbre: uma cruz de vermelho, florenciada e vazia, ladeada de duas asas de ouro estendidas, tirada das armas dos Pereiras.
     Sobre o timbre figura um chapéu de abade, do qual pendem de ambos os lados cordões com seis borlas, por estas armas pertencerem a um clérigo. Envolvendo o escudo, temos um paquife.


O DETENTOR DO BRASÃO
      A pedra de armas desta casa é do padre Miguel Barreiros de Sá (1605-1657), nascido em 1605, um dos três filhos de Cristóvão de Sá Pereira que foi casado com Ana Barreiros (n. 1590), nascida em 1590 em Aldeia Nova do Cabo. Era irmão de Manuel de Sá Pereira e de Cristóvão de Sá Pereira, este último pai e avô de dois familiares do Santo Ofício, homónimos.
     Foi nomeado para o cargo de vigário de Aldeia de Joanes em 1630, tendo falecido em 1657, pouco tempo depois de a 25-VII-1657 ter assinado, juntamente com outros familiares, a escritura da criação da igreja de Aldeia Nova, a qual resultou da ampliação de uma capela anterior que lhes pertencia[6]. Para esta nova igreja doaram uma antiga imagem de Nossa Senhora do Pé da Cruz, cujo pedestal tem uma legenda que em linguagem modernizada diz: «Miguel Barreiros, meirinho da Inquisição Coimbra a mandou fazer. 1576. Pede uma Ave Maria»[7].
     Este vigário adquiriu várias terras em Aldeia Nova com as quais, por disposição testamentária, instituiu à data do seu falecimento em 1657 o morgado de São Miguel, encabeçado na capela de São Miguel Arcanjo da Casa do Terreiro, com doze missas anuais, uma em cada mês.
       Temos que ter as devidas cautelas para balizar e biografar os diversos elementos desta família, pois ela teve ao longo dos tempos vários indivíduos homónimos, alguns dos quais terão casado mais do que uma vez, o que lança alguma confusão entre vários estudiosos e genealogistas por falta de dados fidedignos para os enquadrar devidamente.
     Quanto ao citado sobrinho Afonso de Sá Pereira (c. 1656), que “mudou e reedificou” a capela em 1677, temos que ter ainda mais cuidado, pois conhecem-se vários homónimos deste ao longo dos anos. Também aparecem outros com o nome de Manuel, todos eles acompanhados dos apelidos Sá Pereira.


          DADOS GENEALÓGICOS
BARREIROS 
(OLIVEIRA, SÁ PEREIRA e VASCONCELOS)

O apelido BARREIROS, usado por várias famílias sem um tronco comum, procede de diversas origens geográficas com esse topónimo[8].
Na Beira esta família notabilizou-se e deixou descendência. Um destes foi RUI BARREIROS (c. 1450), natural de Viseu, que casou duas vezes: a 1.ª com D. MARIA LOPES CASTELO BRANCO (c. 1450); a 2.ª com sua prima D. MARIA DE BARROS (1470), meia-irmã de João de Barros (1496-1570), o notável escritor e cronista das «Décadas da Ásia». Teve geração de ambos os casamentos, a qual propagou o apelido BARREIROS nesta região, tendo-lhe associado ao brasão da família BARROS que lhe vinha por via materna[9]. Esta apropriação de armas não é caso único, pois aconteceu noutras famílias.
Curiosamente nesta família houve dois irmãos que foram cónegos da Sá de Viseu, cujo Cabido detinha nesta região de Aldeia de Joanes algumas terras que emprazou a repovoadores com prováveis ligações a Viseu[10]Não sabemos ao certo, mas aqui deixamos nota da probabilidade da família destes dois irmãos Barreiros estar na origem da família que veio a fixar-se em Aldeia de Joanes e na então anexa Aldeia Nova do Cabo, no concelho do Fundão
A esta família vieram a ligar-se os Sá Pereira, os Cunha, e os Oliveira; estes últimos, provavelmente já aí estabelecidos desde tempos recuados. O seu sangue entrou em inúmeras ilustres casas do concelho do Fundão e, a parti daqui, propagou-se por toda a Beira Interior.
Devido ao desconhecimento de muitos dos registos paroquiais respeitantes aos biografados, assim como à existência de inúmeros homónimos nestas famílias, é por vezes bastante difícil discrimina-los, o que origina alguns erros e imprecisões involuntárias nesta resumida relação genealógica.

       Em Aldeia de Joanes, uma senhora desta família, D. BEATRIZ BARREIROS DE OLIVEIRA, teve um filho natural de JOÃO GOMES DA SILVA[11], cavaleiro da Ordem de Cristo. Falamos de D. Frei DIOGO DA SILVA (1485-1541), nascido em 1485 na Quinta do Outeiro de Cima – que por este facto se passou a denominar Outeiro do Bispo –, doutor em direito canónico e civil, conselheiro do rei D. João III (1521-1557), desembargador dos Agravos, bispo de Ceuta e Primaz de África (1534), nomeado no cargo de Inquisidor-mor pelo Papa Clemente VII – que viria a recusar –, assim como Arcebispo de Braga (1541), o qual terá diligenciado junto do rei que serviu, e na terra que o viu nascer, a fundação do Convento do Seixo (Provisão Régia de 23-X-1522). À influência de D. Beatriz, sua mãe, devido à sua ligação com a notabilíssima Casa dos Silvas[12], ter-se-á ficado a dever a proeminência que esta família gozou na região, assim como os cargos que alcançou.

       Apesar da família Barreiros já estar em Aldeia Nova em 1485, quando aí nasceu Frei Diogo da Silva (1485-1541), filho de Beatriz Barreiros, não nos é possível remontar a essa data com algum rigor a sucessão das suas gerações por falta de documentação[13].

Aldeia Nova do Cabo / Aldeia de Joanes,
Outeiro de Cima (ou do Bispo), Séc. XV.

D. Frei Diogo da Silva, 1541.
(Col. da Sé de Braga)















Vejamos:

1.         DIOGO BARREIROS (c. 1486), foi fidalgo da Casa Real que serviu muitos anos em África e esteve na
            tomada de Azamor (1486), tendo sido senhor das Terras de Lovoada em Aldeia de Joanes[14].
            Sabemos que, de uma senhora cujo nome desconhecemos, teve geração[15].
            Filho:
            2.        MIGUEL RODRIGUES BARREIROS (c. 1571), que segue.

2.         MIGUEL RODRIGUES BARREIROS (c. 1571), nasceu em Aldeia Nova do Cabo onde faleceu a 1-III-1595.
            Foi familiar do Santo Ofício (carta de 9-X-1571) e meirinho da Inquisição de Coimbra.
            Era sobrinho de Miguel Barreiros vigário da Comenda da Ordem de Cristo que tinha por cabeça a Igre-
            ja de São Pedro de Aldeia de Joanes, o qual adquiriu várias propriedades nos Quintos com as quais
            instituiu um vínculo encabeçado na capela de São Miguel que fica anexa à Casa do Terreiro.

O sítio dos QUINTOS deu origem ao Lugar dos Quinteiros com a sua capela de São Sebastião e respectivo cemitério, hoje desaparecidos, e onde está a actual Quinta dos Quinteiros.
O topónimo "Quintos", terá tido origem no pagamento do tributo do quinto, dos produtos produzidos pelos agricultores moçárabes aí estabelecidos, aos invasores muçulmanos, ou até, mais tardiamente, pelo pagamento desta colecta à posterior ordem do Templo pelo seu comendador ou donatário, o qual faria repercutir este encargo sobre os camponeses aos quais se concedia o arroteamento destas terras. 

            Casou com D. ANA SIMÃO (f. 1608) que faleceu a 21-IV-1608 em Aldeia de Joanes. Ambos foram sepul-
            tados no convento de Nossa Senhora do Seixo no Fundão.
            Filhos (5):
            3.       MIGUEL RODRIGUES BARREIROS (f. 1614?), homónimo de seu pai e um dos ancestrais desta
                     casa, casou por volta de 1572 com D. ANA DA CUNHA DE OLIVEIRA (c. 1572) em Aldeia Nova do
                     Cabo onde viveu e onde, juntamente com seu marido, aparece a 30-VIII-1601 como madrinha de
                     baptismo de uma menina à qual foi posto o nome de Isabel, filha de Domingos Luís e de Ana
                     Antunes.
                     Tiveram:
                     4.       ANTÓNIO RODRIGUES DE OLIVEIRA E CUNHA (f. 1655)[16], falecido a 30-IV-1655. Obteve
António Rodrigues de Oliveira.
Esquartelado: 1.º- OLIVEIRA,
2.º- CUNHA, 3.º- PROENÇA,
4.º- CASTELO BRANCO (1630)
                              Carta de Brasão de Armas no ano de 1630, esquarteladas
                              de OLIVEIRA, CUNHAPROENÇA e SILVA, como se men-
                              ciona na carta de brasão de armas passada ao seu fami-
                              liar Manuel Nunes de Oliveira (c. 1644)[17].
                             Casou com D. BEATRIZ FIGUEIRA DE CASTELO BRANCO,
                              filha de Pedro Figueira de Castelo Branco e de sua mu-
                              lher D. Maria Rodrigues[18], todos eles naturais de Aldeia
                              Nova do Cabo. 
                             Tiveram geração, a qual se aliou matrimonialmente a vári-
                              as famílias ilustres, entre as quais: os “Queiroz Pinto de
                              Ataíde Serpe e Melo"; os "Ataíde Pinto Mascarenhas" do
                              Visconde de Treixedo; os "Amaral Osório" da Casa de
                              Almeidinha; os "Ataíde de Tavares Morais da Cunha Osó-
                              rio" da casa da Muxagata; Viscondes de Rio Torto, etc.[19]
                              Filhos:
                              5.       D. CATARINA DE OLIVEIRA E CUNHA, casada com
                                        JOÃO DE SÃO NICOLAU DA FONSECA, senhor da Casa do Morgado de São Nicolau
                                        em Alcongosta.
                              5.       ANTÓNIO DE OLIVEIRA E CUNHA, o qual foi casado duas vezes: uma delas com
                                        D. ANA DA FONSECA, filha de Gonçalo Leitão da Fonseca (f. 1658) que foi alferes do
                                        então concelho do Rosmaninhal, no actual concelho de Idanha a Nova, e de D. Isabel
                                        de São Nicolau (f. 1646)Tiveram geração.
                              5.       MIGUEL DE OLIVEIRA E CUNHA (f. 1696?), licenciado, que foi pároco do Fundão
                                        (1670-1686).
                                        Por disposição testamentaria instituiu o Morgado de São Miguel (1689) a favor de um
                                        sobrinho-neto para este casar com uma prima, tendo por cabeça a capela de São
                                        Miguel anexa à Casa Oliveira da Cunha na qual colocou a sua pedra de armas, esquar-
                                        telada de CUNHA, OLIVEIRAPROENÇA[20].

Miguel de Oliveira e Cunha
(f. 1696?), Fundão.
Esquartelado: 1.º - CUNHA,
2.º - OLIVEIRA, 

3.º e 4.º - PROENÇA.

Fundão, Casa do Padre Miguel de Oliveira e Cunha (f. 1696).


                            5.       D. MARIA DE OLIVEIRA E CUNHA, casada com o capitão ANTÓNIO FIGUEIRA
                                      CASTELO BRANCO “o Gargana”[21], filho de Barnabé Figueira Castelo Branco e de
                                      D. Maria Rodrigues, família esta que tinha em Aldeia Nova do Cabo uma casa solaren-
                                      ga, armoriada, com a capela anexa de São Barnabé.
                                                Filho:
                                                6.       TEODÓSIO FIGUEIRA CASTELO BRANCO (c. 1697), bacharel pela Universidade
                                                          de Coimbra, familiar do Santo Ofício por carta de 8-VIII-1697, natural e morador
                                                          em Aldeia nova do Cabo[22]
                                                Casou com D. CATARINA FREIRE DA CUNHA, a qual era filha de Maria Freire da
                                                Cunha (n. 1628) e de Domingos Mendes de Castelo Branco.
                                      6.       D. ANA DE OLIVEIRA que veio a casar com JOÃO LOPES BICA.
 Miguel Rodrigues Oliveira (c. 1601)
Terciado em pala: 1.º e 2.º - PROENÇA,
3.º- OLIVEIRA (CBA 1630)
                     3.       MIGUEL RODRIGUES DE OLIVEIRA (c. 1601), o qual em 1601 
                               estava casado com D. LEONOR CRISTÓVÃO (f. 1640) natural
                               da freguesia do Alcaide e falecida a 6-V-1634 em Aldeia de
                               Joanes, ambas no concelho do Fundão.
                               Teve Carta de Brasão de Armas de PROENÇA e OLIVEIRA,
                               dada a 27-II-1630[23].
                               Tiveram:
                               4.       MIGUEL RODRIGUES DE OLIVEIRA (c. 1629), filho homó-
                                         nimo de seu pai, nascido em Aldeia Nova do Cabo e já
                                         falecido em Dezembro de 1668.
                                         Casou a 4-II-1629 em Aldeia de Joanes com D. MARIA
                                         ÁLVARES DA FONSECA, daí natural. Para casarem
                                         foram dispensados do parentesco em 4.º grau de  con-
                                         sanguinidade e tiveram três filhas, uma da quais com
                                         geração que deu origem aos GARCIA LOBO de Sandomil,
                                         concelho de Seia.
                               4.       DIOGO RODRIGUES DE OLIVEIRA, a quem sua mãe vinculou um olival em capela.
                               4.       D. MARIA BARREIROS (n. 1610) que foi baptizada a 23-V-1610 em Aldeia Nova do
                                          Cabo, onde faleceu antes de 1634. 
                     3.        D. ISABEL DE OLIVEIRA E CUNHA (c. 1589), que segue abaixo. 
                     3.       D. ANA RODRIGUES DE OLIVEIRA, a qual casou com MIGUEL NUNES natural da Aldeia Nova do
                               Cabo.
                               Teve, entre outros:                                
Manuel Nunes de Oliveira (c. 1644)
Terciado em pala: 1.º- OLIVEIRA,
2.º e 3.º- PROENÇA (CBA 1644)
                     4.        MANUEL NUNES DE OLIVEIRA (c. 1644) que foi morador
                               em Aldeia Nova do Cabo.
                               Como descendente legítimo dos Oliveira e Proença, obte-
                               ve Carta de Brasão de Armas com um escudo terciado
                               em pala de OLIVEIRA e PROENÇA, dada a 29-II-1644[24].
                              Casou com  D. ANA RODRIGUES DE PROENÇA.
                               4.       LOURENÇO BARREIROS DE OLIVEIRA (c. 1608)
                                         Obteve Carta de Brasão de Armas a 30-XII-1642, com um
                               escudo terciado em pala de PROENÇA e OLIVEIRA, e por
                               Diferença um cochim de ouro[25].
                                          Casou a 7-IX-1608 em Aldeia de Joanes com D. INÊS
                               FERNANDES ROL, tendo por testemunhas António Bar-
                               reiros, Bartolomeu Afonso e Diogo Barreiros.
                               Filho:
                               5.      PEDRO, baptizado a 22-IX-1619 em Aldeia Nova do Cabo, apadrinhado por Sebastião
                                        Fernandes e por D. Maria Fernandes sua tia materna.
Lourenço Barreiros de Oliveira
(c. 1608)
1.º e 2.º- PROENÇA,
3.º- OLIVEIRA,
Diferença: cochim de ouro
(CBA 1642)
           3.       D. MARIA BARREIROS DE OLIVEIRA E CUNHA (f 1655), faleci-
                     da em 1655. Foi dispensada do parentesco em 3.º e 4.º grau de
                     consanguinidade para casar em 1607 com seu primo MANUEL
                     FRANCISCO do qual não teve geração[26].

3.         D. ISABEL DE OLIVEIRA E CUNHA (c. 1589). Casou em 1589 com
            MANUEL SIMÕES[27].
 Tiveram:                                                         
            4.      D. ANA BARREIROS, que segue.

4.        D. ANA BARREIROS, a qual casou com CRISTÓVÃO SÁ PEREIRA,
           natural da Guarda, capitão de
           Aldeia Nova do Cabo, filho de Luís de Paiva e de D. Luísa de Sá.
           Tiveram:
           5.       MANUEL DE SÁ PEREIRA, que segue abaixo.
           5.       MIGUEL BARREIROS DE SÁ (1605-1657), vigário da comenda
                     da Ordem de Cristo que tinha por cabeça a Igreja de São Pedro
                     de Aldeia de Joanes.
                     Foi senhor da Casa do Terreiro que ostenta a sua pedra de armas na fachada lateral da respecti-
                     va capela de São Miguel, cuja data e documento de concessão se desconhece.
           5.       CRISTÓVÃO DE SÁ PEREIRA, casado com D. MARIA DE OLIVEIRA E VASCONCELOS,  natural
                     de Pêra Boa, concelho da Covilhã, filha de Manuel de Oliveira e Vasconcelos e de D.  Maria de 
                     Almeida.
                     Tiveram:
                     6.       CRISTÓVÃO DE SÁ PEREIRA, homónimo de seu pai, natural de Aldeia Nova do Cabo,                                        familiar do Santo Ofício por provisão de 10-VII-1676.
                     6.       D. SUSANA DA COSTA E VASCONCELOS (c. 1656), natural de Peraboa, concelho da Covi-
                               lhã, e moradora em aldeia Nova do Cabo, sendo sua mãe já defunta casou a 3-II-1656 na
                               Igreja Matriz de São Pedro de Aldeia de Joanes com seu primo AFONSO DE SÁ PEREIRA 
                               (c. 1674), o qual vai adiante.

5.        MANUEL DE SÁ PEREIRA, natural e morador em Aldeia Nova do Cabo, foi administrador do morgado
           de São Miguel. Distinguiu-se pelo heroísmo demonstrado em combate na guerra da Restauração, na
           qual, com a patente de Capitão, esteve na defesa do cerco das praças de Penamacor e do Sabugal e no
           socorro à praça de Idanha-a-Nova, além de outras acções importantes. 
           Casou com D. MARIA PEREIRA DO LAGO, natural de Guimarães, filha de Gonçalo Pires Pinheiro e de
           Joana Pereira do Lago.
           Tiveram:
           6.       ANTÓNIO DA COSTA, capitão de Infantaria que serviu no Brasil e aí se notabilizou na defesa de
                      Pernambuco contra os holandeses (1630?). Terá falecido num naufrágio quando regressava a
                      Lisboa de uma viagem ultramarina.
           6.       AFONSO DE SÁ PEREIRA (c. 1656), que segue abaixo.
           6.       JOÃO DE SÁ PEREIRA DO LAGO, comissário do Santo Ofício e vigário da cidade e da comarca
                     de Bragança (1712).

6.       AFONSO DE SÁ PEREIRA (c. 1656), natural de Aldeia Nova do Cabo. Foi familiar do Santo Ofício por
          carta de 25-VI-1674[28], e cavaleiro da Ordem de Cristo por mercê de 1675. Obteve uma tença no valor
          de 60.000 réis pelos serviços prestados por seu pai e seu irmão António da Costa nas guerras da Res-
          tauração. Terá sido ele o sucessor no Morgado de São Miguel que englobava o lugar dos Quinteiros
          em Aldeia Nova do Cabo.
          Casou a 3-II-1656 na Igreja Matriz de São Pedro de Aldeia de Joanes com sua prima D. SUSANA DA 
          COSTA E VASCONCELOS (c. 1656), natural de Peraboa, concelho da Covilhã, residente em Aldeia
          Nova do Cabo, filha de Cristóvão de Sá Pereira, que vai acima com o n.º 5.
          Tiveram:
          7.       AFONSO DE SÁ PEREIRA (c. 1688), que segue.

7.      AFONSO DE SÁ PEREIRA (c. 1688), homónimo de seu pai, natural e morador em Aldeia Nova do Cabo
         onde foi senhor do lugar de Quinteiros, e familiar do Santo Ofício em 1696.
                   Casou duas vezes[29].
                   As primeiras núpcias foram com D. TERESA MARIA DE BRITO, natural do Fundão, filha do desembar-
                   gador Manuel de Matos Freire e de sua segunda mulher D. Maria de Brito; neta materna de Francisco
                   Homem de Brito e de D. Isabel Henriques; irmã de Francisco Homem de Brito, juiz de fora de Pinhel.
                   As segundas núpcias foram com sua prima D. ANGÉLICA TERESA OSÓRIO DE VASCONCELOS, filha
                   de António Leite Pereira, cavaleiro da Ordem de Cristo e fidalgo da Casa Real, e de sua mulher D. Maria
                   Joana Osório de Vasconcelos (c. 1672), com a qual casou em 1672 na freguesia de São Paio, concelho
                   de  Guimarães; neta paterna de João Rebelo Leite, mestre de campo de Infantaria, e de D. Catarina
                   Pereira do Lago; e neta materna de Gonçalo Cardoso Osório e D. Catarina de Vasconcelos[30].
                   Filhos das segundas núpcias:
                   8.       D. MARIA ANTÓNIA DE SÁ, que segue abaixo.
                   8.       MANUEL DE SÁ PEREIRA (c, 1750), senhor do lugar dos Quinteiros, nomeado a 18-VIII-1750 para
                             o posto de sargento-mor das Ordenanças do Fundão, das quais era seu capitão-mor Henrique 
                             Rosalles Barreiros. Casou com D. MARIA PEREIRA DO LAGO.

          8.       D. MARIA ANTÓNIA DE SÁ que casou com LUÍS DE ARAGÃO DE MIRANDA o qual foi vereador da
                    Câmara da Guarda, filho de Pedro de Aragão Miranda e Sá, natural da Guarda, cavaleiro da Ordem de
                    São Tiago, familiar do Santo Ofício, sargento-mor da cidade da Guarda, e de sua mulher D. Clara Maria
                    de Vasconcelos.
          Tiveram:
          9.      PEDRO DE ARAGÃO MIRANDA SÁ E VASCONCELOS (f. 1793), que segue.

9.        PEDRO DE ARAGÃO MIRANDA SÁ E VASCONCELOS (f. 1793), fidalgo-cavaleiro da Casa Real, falecido
           a 31-IX-1793.
           Casou em 1779 com D. MARGARIDA FRANCISCA DA COSTA ROLIM DE ORNELAS (n. 1759), nascida a
           1-II-1759, filha de Bartolomeu da Costa Coutinho de Araújo Tavares, natural de Trancoso, mestre de
           campo de auxiliares em Penafiel, cavaleiro da Ordem de Cristo, familiar do Santo Ofício, e de sua mu-
           lher D. Margarida Rolim de Ornelas e Abreu, natural de Beijós, concelho de Carregal do Sal. 
           Tiveram:
           10.      D. MARIA ANGÉLICA LUDOVINA DE ARAGÃO E COSTA SÁ E ORNELAS (c. 1817), natural da
                      Guarda.
                      Casou a 30-VII-1817 na capela da Quinta da Ponte, freguesia da Faia, concelho da Guarda, com
                      JOAQUIM REBELO TRIGUEIROS MARTEL DA SILVA LEITE (1764-1830), nascido a 12-I-1764 e
Joaquim Rebelo Trigueiros
Martel da Silva Leite
(1764-1830)
Escudo esquartelado:
1.º- REBELO, 2.º- MARTEL,
3.º- TRIGUEIROS, 4.º- COSTA.
(Casa do Outeiro)
                      baptizado a 25-I-1764 em Idanha-a-Nova, apadrinhado pelo Dr. João
                      Cardoso Pinto Maldonado corregedor e juiz de fora de Castelo Bran-
                      co, e por sua irmã D. Joana Raimunda de Castilho e Costa, moradora
                      na vila do Fundão, por procuração a seu irmão António da Costa
                      Ferrão que foi juiz de fora de Idanha-a-Nova. tendo falecido a 1-II-1830
                      em Idanha-a-Nova; filho de Jerónimo Trigueiros Martel Rebelo Leite
                      (1716-1792), que nasceu a 30-IX-1716 em Idanha-a-Nova, onde foi
                      baptizado a 19-IX-1716, e de sua segunda mulher D. Maria Angélica
                      Marques Goulão (1725-1790), nascida a 19-XII-1725 e baptizada a
                      26-XII em Idanha-a-Nova, onde faleceu com testamento a 16-V-1790.
                      Seu marido foi senhor dos morgados de Idanha-a-Nova e do Outeiro,
                      este último em Aldeia Nova do Cabo / Aldeia de Joanes, no concelho
                      do Fundão. Foi admitido no Regimento de Cavalaria com o posto de
                      Cadete em 6-IV-1790 e nomeado a 22-XI-1808 para o posto de coronel
                      do Regimento de Milícias de Idanha-a-Nova.
                      Obteve Carta de Brasão de Armas por alvará datado de 8-VIII-1786,
                      com um escudo esquartelado de REBELOMARTEL, TRIGUEIROS
                      e COSTA. Faleceu a 1-II-1830 em Idanha-a-Nova.
                      Tiveram geração.
          10.       MARIA JOSÉ DE ARAGÃO COSTA TAVARES DE ORNELAS (c. 1800).
                      Casou com JOSÉ DE PINA CARVALHO FREIRE FALCÃO (c. 1800), fidalgo da Casa Real, filho de
                      Francisco Pina de Carvalho (c. 1775), escrivão da comarca da cidade da Guarda, e de sua mulher
                      D. Rosa Maria Falcão Freire.
                      Tiveram:
                      11.      D. MARGARIDA DE ASSIS PINA DE ARAGÃO E COSTA ORNELAS, natural da Guarda. 
                                 Casou a 24-VI-1841 em Vila Chã de Sá, concelho de Viseu, com HENRIQUE DE LEMOS
                                 SOUSA CARDOSO DE LOUREIRO (n. 1817), nascido a 31-VIII-1817 em natural de Vila Chã
                                 de Sá.
                                 Tiveram: 
                                 12.     HEITOR DE LEMOS E SOUSA CARDOSO DE ARAGÃO (1843-1916), que nasceu a
Viseu, Casa dos Lemos.
                                            13-XI-1843 em vila chã de Sá, Viseu, e faleceu a
                                            8-II-1817 na freguesia de Santa Maria, concelho
                                            de Viseu. 
                                            Bacharel em Direito pela Universidade de Coim-
                                            bra, foi juiz e ainda presidente da Câmara Muni-
                                            cipal de Viseu
                                            Foi senhor das quintas de Felgueira e de
                                            Galifões, assim como da "Casa dos Lemos" em
                                            Viseu.
                                            Foi casado com D. ANA CÂNDIDA DE JUSUS
                                            (1855-1945)da qual teve uma prole de sete filhos que propagaram o nome desta
                                             família.
                      11.      D. MARIANA ROSA PINA FREIRE DE ARAGÃO (c. 1825), casada a 18-IX-1847 em Sebal,
                                 concelho de Condeixa-a-Nova, com FRANCISCO MARIA DE MATOS MASCARENHAS DE
                                 MANCELOS (n. 1800), nascido a 24-XII-1800 em Anobra, concelho de Condeixa-a-Nova, o
                                 qual foi bacharel em Cânones pela Universidade de Coimbra, vindo a ser juiz de fora em
                                 Alter do Chão (1827-1834) e em Mangualde. Tiveram geração.
Vela, Casa dos Refóios (demolida),
1.º. Visconde da Vela.
                      11.      FRANCISCO DE PINA DE ARAGÃO E COSTA (c. 1825),
                                 natural da Guarda. Casou com D. MARIA DO CARMO
                                 DE ARAGÃO TAVEIRA, filha de José Taveira Franco
                                 Português, casado com D. Antónia de Aragão e Costa.
                                 Tiveram:
                                 12.      D. MARIA ADELAIDE TAVEIRA DE ARAGÃO E
                                            COSTA (1847-1916), nascida a 12-IV-1847 em
                                            Linhares, concelho de Celorico da Beira, e fale-
                                            cida a 1-IX-1916 na Guarda. 
                                             Casou com MENDO SARAIVA LOBO DA COSTA
                                             PEREIRA REFÓIOS (1845-1901)1.º visconde da
                                             Vela, nascido a 3-I-1845 em Mouraz, concelho de 
                                             Tondela, e falecido a 14-II-1901 na sua casa da
                                             freguesia da Vela, concelho da Guarda.
                                             Tiveram geração que seguiu os apelidos paternos.
          10.       BARTOLOMEU DE ARAGÃO COSTA TAVARES E SÁ (1784-1848), que segue.

Guarda, Faia, Quinta da Ponte.
10.       BARTOLOMEU DE ARAGÃO COSTA TAVARES E SÁ (1784-1848),
            2.º Barão de Tondela (1824) pelo seu casamento e por Carta de
            12-X-1824[31], comendador da Ordem de Cristo e coronel das
            Milícias da GuardaNasceu a 19-V-1784 em Trancoso, e faleceu a
            12-12-VIII-1847 tendo sido sepultado no cemitério público da Faia,
            concelho da Guarda.
            Foi herdeiro do solar da Quinta da Ponte na freguesia da Faia, e do
            lugar dos  Quinteiros em Aldeia Nova do Cabo.
            Casou a 17-X-1817 com D. MARIA JOANA ROEDE DA VICTÓRIA 
            (1782-1847), 2.ª Baronesa de Tondela (Dec. de 12-VIII-1825), nascida
            a 24-VII-1782, a qual era filha herdeira de António Marcelino da Victória (1750-1825)1.º Barão de
            Tondela (Dec. de 3-VII-1823), fidalgo da Casa Real (1816), dConselho do rei D. João VI, e do Conselho
             da Guerra, tenente-general e governador das Armas da Beira Alta e Baixa, assim como do Alentejo, e
            de sua mulher D. Catarina Vicência do Couto (1757-1819)
           Tiveram[32]:
           11.      PEDRO DE ARAGÃO DA COSTA TAVARES ROEDE DA VICTÓRIA (n. 1819), que segue abaixo.
           11.      D. CATARINA EMÍLIA (n. 1821), nascida a 7-VI-1821 e falecida solteira.
           11.      D. MARIA ANGÉLICA (n. 1823), nascida a 19-II-1823 e falecida solteira.

11.      PEDRO DE ARAGÃO DA COSTA TAVARES ROEDE DA VICTÓRIA (n. 1819), senhor da casa de Aldeia
           Nova e da Quinta da Ponte nqual nasceu a 18-X-1819.
         Aldeia Nova do Cabo,
 Solar do Conde de Tondela (1861)
           Em Maio de 1810, com a patente de Coronel e pouco antes da 3.º
           Invasão Francesa, encontrava-se a comandar o Regimento de
           Almeida.
           Fidalgo cavaleiro da Casa Real com 1.600$000 réis de moradia
           (5-VI-1845)[33], veio residir em Aldeia Nova do Cabo onde mandou
           edificar o seu solar em 1861, o qual é actualmente sede da Junta
           de Freguesia. 
           Casou com D. MARIA CORREIA DE LACERDA LEBRIM E VASCON-
           CELOS, senhora da Quinta de Freixo na freguesia de Serrazes, 
           no concelho de São Pedro do Sul, filha primogénita de António
           Correia Lebrim e Vasconcelosfidalgo da Casa Real e senhor da
           Quinta de Beirós, casado com D. Maria Benedita de Moura Coutinho
           Teles de Sampaio.
           Tiveram: 
           12.      BARTOLOMEU DE ARAGÃO DA COSTA TAVARES ROEDE DA VICTORIA (1840-1873),  que nas-
                      ceu a 22-V-1840 e veio a falecer prematuramente em Abril de 1833.
                      Casou com D. EMÍLIA PEREIRA REBELO DA FONSECA, filha de Manuel Luís Pereira Rebelo da
                      Fonseca, bacharel em Direito, e de D. Ana Pereira Torres; neta paterna de Francisco Pereira
                      Rebelo da Fonseca, juiz conselheiro e desembargador da Relação do Porto, assim como
                      governador civil de Castelo Branco
           12.      D. MARIA DA CONCEIÇÃO DE ARAGÃO DA COSTA TAVARES ROEDE DA VICTÓRIA (n. 1868),
                      nascida em 13-VI-1868 em Monforte da Beira onde foi baptizada a 24-VI-1868 pelo vigário João
                      dos Reis Barata. Faleceu solteira, sem geração. 
           12.      ANTÓNIO DE ARAGÃO DE LACERDA DA VICTÓRIA que residiu inicialmente na Guarda, e pos-
                      teriormente em Vila Velha de Ródão onde veio a falecer.
                      Casou em Castelo Branco com D. CARLOTA, filha de um oficial do Exército cujo nome desco-
                      nhecemos.
                                Tiveram:
                                13.      D. MARIA EMÍLIA FONSECA DE ARAGÃO E COSTA que foi casada com o Dr. LUÍS LAIA 
                                           NOGUEIRA, advogado em Castelo Branco, do qual não teve geração pelo que o seu
                                 património passou para a posse dos sobrinhos deste.
                                13.     D. CARLOTA FONSECA DE ARAGÃO E COSTA, falecida solteira.
                     12.      D. EMÍLIA DE ARAGÃO DA COSTA LACERDA DA VICTORIA (1843-1930), que segue abaixo.
                     12.      JOSÉ DE ARAGÃO DA COSTA LACERDA DA VICTÓRIA (1844-1908)1.º Conde de Tondela (Carta
                                de 23-II-1899), nasceu em 1844 na Quinta da Ponte, freguesia da Faia,  concelho da Guarda, e
                      veio a falecer assassinado no Verão de 1908 por um seu sobrinho no átrio do seu solar em Al-
                      deia Nova do Cabo, após uma violenta discussão em que lhe tentou extorquir uma grande so-
                      ma de dinheiro destinada a pagar a honra de sua irmã, com a qual acusava o tio de manter uma
                      relação amorosa, mas, na realidade a soma que este pretendia extorquir-lhe destinava-se ao
                      pagamento de elevadas dívidas ao jogo. 
D. Maria Isabel Pereira
Rebelo da Fonseca
(f. 1906),
1.ª Condessa de Tondela.
José de Aragão da Costa
Lacerda da Victória
(1844-1908),
1.º Conde de Tondela.
                      Presidente da Câmara Municipal do Fundão e
                      membro do Partido Regenerador, foi senhor da
                      Quinta da Ponte na qual chegou a receber com
                      uma memorável festa o rei D. Carlos, assim como
                      da Casa Grande de Sarnadas, e do seu solar em
                      Aldeia Nova do Cabo que foi alvo de ocupação
                      popular no 25 de Abril, e é actualmente sede da
                      junta de freguesia.
                      Casou com D. MARIA ISABEL PEREIRA REBELO
                      DFONSECA (f. 1906), herdeira de um grande
                      património em Sarnadas de Ródão, falecida a
                      15-IX-1906, filha do Dr. Manuel Luís Pereira Rebelo
                      da Fonseca, senhor da Casa Grande de Sarnadas
                      (Rua da Torre da citada freguesia) onde residiu,
                      governador civil de Portalegre (1851) e de Castelo
                      Branco (1851-52). Não teve geração, pelo que o
                      seu património passou à posse do seu irmão mais novo que foi António de Aragão.                  
D. Emília de Aragão da Costa
Lacerda Victória (1843-1930)
           12.       D. FILOMENA DE ARAGÃO DA COSTA CORREIA DE LACERDA DA
                      VICTÓRIA, casada com VIRIATO LUSITANO CABRAL DA FONSECA,
                      coronel de Infantaria.
                      Tiveram:
                      13.      PEDRO CABRAL DE ARAGÃO DA COSTA LACERDA
                                  VICTÓRIA.
                                13.       AGOSTINHO BARTOLOMEU CABRAL DE ARAGÃO
                                            Casou a 18-II-1919 em Viseu com D. MARIA ANA CORREIA DE
                                  LACERDA DE MELO PINTO, filha de António Cabral de Melo
                                 Pinto e de D. Maria Luísa Correia Lacerda de Azevedo e Lemos
                                  (n. 1864). Tiveram geração.
                      12.       D. EMÍLIA DE ARAGÃO DA COSTA LACERDA DA VICTORIA (1843-
                       -1930), falecida em 1930 com fama de esmoler. Foi, na sua família,
                        a derradeira residente da Casa do Terreiro.

___________

Notas:

[1]     As três flores-de-lis, no 3.º quartel dos Paivas, deviam estar alinhadas em banda e não em contrabanda, que é erro de representação por necessidade de algum enquadramento estético devido ao arredondado do rebordo inferior do escudo. As armas dos Barreiros, no 4.º quartel, também foram postas alinhadas ao contrário, pela mesma razão. Se estivessem sobre uma banda de ouro seriam da família Guarda. 

[2]     As datas que aparecem nesta inscrição serão provavelmente as que aqui propomos, e não 1511 (na primeira linha), e 1611 (na oitava linha), como até agora todos os autores propuseram devido à dificuldade de leitura das citadas datas.

[3]     O Professor Doutor Joaquim Candeias da Silva teve a amabilidade de nos alertar para este lapso na cronologia da capela de São Miguel Arcanjo, cujas datas não são muito visíveis.

[4]     Devido a razões estéticas e de espaço, as flores-de-lis estão em contrabanda.
[5]     Os Barreiros não têm armas próprias e usam as dos Barros, aos quais se uniram por casamento. Devido a razões estéticas e de espaço, foram estas armas ordenadas em contrabanda.

[6]     Cfr.  GOODOLPHIM, Costa – Três Aldeias, pp. 46-47, 55-56.

[7]     O meirinho Miguel Barreiros (c. 1571), a estar bem interpretada esta data, seria antepassado pelo lado materno (?) do vigário Miguel Barreiros de Sá (1605-1657).

[8]     Barreiro – terrenos argilosos de onde se extrai barro.

[9]     Armas dos Barros – De vermelho, com 3 bandas de prata, acompanhadas de nove estrelas de seis pontas, de ouro, posta 1, 3, 3 e 2.

[10]    Arquivo Distrital de Viseu, Livros de Recebimentos do Cabido da Sé de Viseu, ano de 1554, fl. 67.

[11]    João Gomes da Silva foi um dos irmãos de Rui Gomes da Silva, 1.º senhor da Chamusca e Ulme.

[12]    A Casa dos Silvas tem a sua origem medieval na arrogante Torre dos Silvas, nas margens do rio Minho, entre Valença e Vila Nova da Cerveira, que foi de D. Goterre Alderete da Silva, o progenitor da estirpe que veio a estar na origem das mais ilustres casas da nobreza de Espanha e de Portugal. Os de Aldeia de Joanes pertenciam ao ramo dos Silvas que foram, por esta época, senhores de Ulme e da Chamusca.

[13]    Os primeiros registos paroquiais de Aldeia de Joanes iniciam-se no ano de 1590, e os de Aldeia Nova do Cabo em 1616.

[14]    Este Diogo Barreiros era primo de Jorge Cabral, Senhor De Belmonte.

[15]   Algum tempo depois vamos encontrar um outro DIOGO BARREIROS (n. 1540?), cristão-velho e carniceiro de profissão com 40 anos de idade, natural de Aldeia de Joanes, que foi denunciado à Inquisição e preso em 1580. Nos autos do processo declara ser filho de MATEUS BARREIROS, já defunto, e de MARIA ÁLVARES, e casado com ANA ANTUNES, cristã velha, filha de ANTÓNIO AFONSO (?) e de JOANA ÁLVARES, ambos já defuntos. Diz também desconhecer o nome dos avós e ser irmão de PERO BARREIROS casado com ISABEL GONÇALVES, moradores no Lugar da Levada (Fundão), tendo ainda três irmãs: a 1.ª chamada ANA JOANA, solteira; a 2.ª é MARIA JOANA, casada “com um mancebo cujo nome ele não lembra” e morador em Aldeia de Joanes; a 3.ª LEONOR JOANA, solteira. Também declarou ter quatro (?) filhas e um filho de sua mulher, cujos nomes não conseguimos decifrar nos autos devido ao mau estado do documento.
Após a inquirição feita no Fundão pelo Inquisidor D. Marcos Teixeira das várias testemunhas da freguesia de Valverde onde terão ocorrido os factos incriminatórios, foi acusado e preso a 3-XII-1580 pela Inquisição de Lisboa sob a acusação de “proposições heréticas”, por ter dito que «que nem o papa, nem a cardeal, nem os clérigos, tinham poder para absolver (…) para casar com sua parenta (…) e que seria para levar dinheiro que se absolviam pelas Bulas do Papa e não ficavam absolvidos … ». Por estas declarações foi sentenciado em auto de fé de 01-IV-1582 com “abjuração de leve, cárcere e arbítrio, admoestado a não reincidir, penitências espirituais, pagamento de custas” (ANTT, Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa, proc. 3210).

[16]  Vários genealogistas acrescentam-lhe o apelido CUNHA, por via da sua carta de brasão de armas, mas não é claro que sempre o tenha usado.

[17]  Cfr. BORREGO, Nuno Gonçalo Pereira, op. cit., p. 324.

[18]  O s FIGUEIRA CASTELO BRANCO, da Casa e Capela de S. Barnabé – hoje designada de N.ª Senhora de Fátima –, em Aldeia Nova do Cabo, foi cabeça de um vínculo instituído nos finais do século XVII pelo Rev.º João Figueira Castelo Branco, prior do Souto da Casa (1675-1707), decerto em memória de Barnabé Figueira Castelo Branco, seu progenitor (f. 1659), falecido com testamento).

[19]  Cfr. MENDES, Nuno Canas, “Freires de São Gião” (Lisboa, 1994), pp. 107-108.

[20]  Também conhecida por Casa de D. Luís de Brito Homem, por este aí ter vivido.

[21]   MENDES, Nuno Canas, op. cit., pp. 107-108.

[22]  ANTT, Santo Ofício, Conselho Geral, Habilitações, Teodósio, mç. 1, doc. 8.

[23]    Cfr. BORREGO, Nuno Gonçalo Pereira, op. cit., p. 357. – Este autor refere que lhe foram atribuídas apenas as armas da família Oliveira, omitindo por lapso as dos Proenças, como já referimos em nota anterior.

[24]   Cfr. BORREGO, Nuno Gonçalo Pereira, op. cit., p. 324.

[25]    ANTT, Cartório da Nobreza, Maço 79; e BORREGO, Nuno Gonçalo Pereira, op. cit., p. 281. – Nesta carta de brasão é dado como filho de Ana da Cunha de Oliveira, prima de um António Rodrigues de Oliveira (o 1.º deste nome?) sem a indicação do nome do pai que o genealogista Manuel Rosado, reportando-se a um velho nobiliário diz ser Miguel Nunes de Aldeia Nova do Cabo.

[26]    Cfr. VASCONCELOS, Manuel Rosado Marques Camões e, op, cit., p. 42.

[27]    VASCONCELOS, Manuel Rosado Marques Camões e, “Oliveiras e Cunhas da Casa do Outeiro termo do Fundão”, v. 1, p. 161.

[28]    ANTT, Santo Ofício, Conselho Geral, Habilitações, Afonso de Sá Pereira, mç. 1, doc. 22.

[29]    ANTT, Santo Ofício, Conselho Geral, Habilitações, Afonso de Sá Pereira, mç. 2, doc. 34.

[30]  Loc cit.

[31]    ANTT, Registo Geral de Mercês, D. João VI, L. 19, fl. 107v.

[32]  GOODOLPHIM, Costa – Três Aldeias (Lisboa, 1903), pp. 61-63.

[33] ANTT, Registo Geral de Mercês, D. Maria II, liv.24, fl.231-231v

2015-05-10

Os PAIS, na origem dos CASTELO BRANCO.

   Morgado de Castelo-Branco-o-Novo
  (Pirescoxe, Santa Iria da Azóia, Loures)

Pedra de armas dos CASTELO BRANCO,
Castelo/ Paço de Santa Iria de Azóia.
(Reserva do MNAA, Lisboa)

                       Brasão de:   NUNO VAZ DE CASTELO BRANCO (f. 1447).
                       Forma:         Pedra de armas rectangular (620 x 980 mm), em pedra calcária, com
                               moldura de meia cana, perfilada de dois filetes e chanfro interior. 
          Escudo:       Boleado em bico, disposto ao balão, com um leão rampante pleno de
                                            campo, sem indicação gráfica de metais e esmaltes.
                       Elmo:           De justa de duas peças: calote e cara, sem viseira. Colocado de perfil
                                            e coberto de mantelete curto, de duas pontas. Sobre o elmo uma
                               barretina, em lugar do virol.
                       Timbre:        Penacho de cinco plumas, seguras no pé por um anel.
                       Local:          Incorporado na Reserva do Museu Nacional de Arte Antiga (Secção de
                               Escultura, n.º 20). Veio do Castelo/Paço de Pirescoxe, Santa Iria da Azóia,
                               Loures.
          Legenda:    De ambos os lados do timbre, em caracteres góticos com capitular:
                                           «Cas/tel b r/anco./ho novo.»
                      Data:            Século XV (meados).



Castelo/Paço de Pirescoxe, Santa Iria da Azoia, Loures.
      

Afonso IX, rei de Leão.
(Iluminura)
     As famílias PAIS e CASTELO BRANCO andaram aparentadas desde tempos recuados. A primeira destas terá dado origem à segunda, a qual usou um escudo de armas com um leão rampante, alusivo à bravura militar ou à sua origem leonesa.
O apelido PAIS, como patronímico de Paio, é usado por muitas famílias, as quais não tendo origem num tronco comum, terão diversas representações heráldicas. Um dos primeiros e mais destacados deste apelido foi o cavaleiro PEDRO PAIS DA MAIA (c. 1147) que foi alferes-mor do rei D. Afonso Henriques (1109-1185) até à derrota deste rei no cerco de Badajoz (1169) pelas tropas do rei de Leão (D. Fernando II)[1], ao serviço do qual passa a exercer o mesmo cargo de alferes-mor que ainda ocupava em 1186 (Machado, 1977, 2.º, 89). Desconhece-se o brasão de armas deste notável homem da corte e da guerra, que certamente o teria obtido ou assumido ao serviço do rei de Leão e, nesse caso, poderia ser um leão, símbolo deste reino.
      
Armas dos PAIS

   Uma das origens da família PAIS está em PAIO RODRIGUES DE VALADARES (c. 1210) que usava as seguintes armas: de prata, com nove lisonjas de veirado de azul e de vermelho, apontadas e firmadas nos bordos do escudo; por Timbre traziam um pavão de sua cor. Outros Pais usavam estas mesmas armas com diversas variantes nas suas metais esmaltes (Zúquete, 1961: 415).

     A origem dos CASTELO BRANCO, a partir da família PAIS, ter-se-á ficado a dever a VASCO PAIS [DE CASTELO BRANCO] (c. 1350), descendente das notáveis linhagem dos Eris de Baião e dos Paiva de Riba-Douro, alcaide-mor de Monsanto (1377), da Covilhã onde tinha muitas propriedades, e de Monforte, ao qual rei D. Pedro (1357-1367) «lhe fez mercê do lugar de Castelo Branco», do qual tirou o apelido que acrescentou ao seu nome e transmitiu aos seus filhos (Gaio, IV, 1992: 218).
Armas dos Castelo Branco,
Livro da Nobreza, fl. 12v.
     De Vasco Pais descende GONÇALO VAZ DE CASTELO BRANCO (c. 1386)[2], o qual teve uma activa vida militar ao serviço do D. João I (1357-1433) nas guerras que este travou contra Castela, as quais lhe valeram a obtenção da “honra” do Sobrado e dos direitos reais de Paiva (15-IV-1386)[3], assim como obteve as alcaidarias de Moura e de Castelo Branco (Silva, 1999; 148-149). Já com alguma idade participou na conquista de Ceuta (1415), à qual levou sete dos seus vários filhos que aí se distinguiram e, por esse facto, tornaram-se proeminentes em honras e cargos de relevo (Silva, 1999: 148-149)[4]Estes viriam a perpetuar nas suas descendências o apelido Castelo Branco.

     Um filho deste último que foi NUNO VAZ DE CASTELO BRANCO (c. 1415-1447), do qual há vários homónimos, juntamente com seu pai e irmãos tomou parte na conquista de Ceuta (1415) onde viria a ser armado cavaleiro pelo Infante D. Duarte, o qual o viria a fazer vedor da sua fazenda e lhe aforou terras em Monsanto e Medelim (1436)[5], no distrito de Castelo Branco. Faleceu em 1447.
Morgado de Castelo-Branco-o-Novo,
Santa Iria da Azoia, Loures.
Após esta gloriosa jornada de África, deixou a Beira Baixa e veio para Lisboa onde instituiu a 31-X-1422 o MORGADO DE CASTELO BRANCO-O-NOVO (Castelo/Paço de Pirescoxe, 1442) na antiga localidade de Pero Escouche, junto a Santa Iria da Azoia, com o claro objectivo de perpetuar obrigatoriamente o nome e a «honra» dos Castelo Brancos, “trazendo as armas direitas sem outra mistura nem diferença”. È por esta razão que os condes de Pombeiro e os marqueses de Belas, que vieram a suceder neste morgadio, usavam como armas um escudo pleno com o leão rampante dos Castelo Brancos, em detrimento de um escudo esquartelado com outras armas de família.
     Os bens com os quais constituiu este vínculo provinham da sua mulher D. JOANA JUZARTE, ainda viva em 1440, rica viúva de DIOGO AFONSO ALVERNAZ (c. 1387), sobrejuiz del`rei D. João I entre 1387 e 1409 e senhor do Paço de Pero Escouche que já existia como casa dos Alvernazes, certamente com uma configuração arquitectónica bem mais modesta da que atingiu com a família Castelo Branco que lhe sucedeu e o instituiu para cabeça do seu morgado (Castelo Branco, 1990: 37-48). 
Armas dos ALVERNAZ,
Livro da Nobreza, fl. 31v.
        Os Alvernazes eram uma antiga família alentejana com origem em Beja[6], a qual começou a distinguir-se na Baixa Idade Média e veio a adquirir poder económico e a ocupar cargos de relevo na justiça e na governação da cidade de Lisboa por via da sua formação letrada (Martins, 1997: 9-41). 
     DIOGO AFONSO ALVERNAZ (c. 1387), o detentor do Castelo/Paço de Pirescoxe, anterior à fundação do morgado dos Castelo Branco, era filho de Afonso Martins Alvernaz, “o Velho”, magistrado da cidade de Lisboa e de Coimbra, e um dos que ajudou o mestre de Avis (futuro D. João I) na defesa de Lisboa por altura do cerco que lhe foi imposto pelas tropas do rei de Castela D. Juan I, em 1384, segundo refere Fernão Lopes na sua «Crónica de El-Rei D. João I» (1450). Foi criado por seu amo Gil Afonso, escrivão da Casa do Cível (Martins, 1997: 35-36). Do seu casamento nas primeiras núpcias de JOANA JUZARTE, nasceram três filhos: Tomás, Inês Dias, e Joana.
Tomás, o mais velho, viria a casar por volta de 1416 com Leonor Vaz de Castelo Branco, nascendo deste casamento a filha Violante.

Castelo/Paço de Pirescoxe, Santa Iria da Azoia, Loures.
     Este NUNO VAZ, segundo uma escritura de doação de 1-II-1421 existente no Mosteiro de Chelas, era irmão de D. LEONOR VAZ DE CASTELO BRANCO, então viúva de TOMÁS AFONSO ALVARNAZ, filho de Diogo Afonso Alvernaz (c. 1387), a qual, pela citada escritura, faz a seu irmão «livre e pura doação e acesom entre vivos» de todos os seus bens herdados de seu marido e filha — que revogaria após a morte de citado Nuno Vaz —, tudo isto em troca de uma pensão, vindo a professar no Mosteiro de Chelas do qual foi prioresa (Castelo Branco, 1990: 40, 42).   
Mosteiro de Chelas (Gravura antiga)
    Sobre este vínculo recaiam obrigações pias para com o mosteiro feminino de Chelas (convento de São Félix e Santo Adrião de Chelas) situado à saída de Lisboa, onde algumas filhas e viúvas dos Castelo Brancos professaram e foram prioresas. 
     Os administradores deste vínculo tinham a obrigação de usar o nome e o brasão de «Castelo Branco», o qual figurava numa monumental pedra de armas quatrocentista que estava à entrada deste morgado e acabou por ser apeada e incorporada na Reserva do Museu Nacional de Arte Antiga (Secção de Escultura, n.º 20) quando este paço entrou em ruína e parte da sua cantaria foi furtada para reutilização em edificações feitas à sua volta. Na sua origem teria uma extensão territorial muito apreciável com uma edificação acastelada ao centro, delimitada a Sul pela margem do rio Tejo, como se depreende de um inventário feito em 1868, no qual se refere que o respectivo castelo já estava em ruínas.
     NUNO VAZ não teve filhos e nomeou para suceder deste vínculo um sobrinho que foi «o primeiro filho barom lidimo de lopo vasques de castellobranco, alcaide de moura», o homónimo Nuno Vaz de Castelo Branco, do qual descendem os condes de Pombeiro e marqueses de Belas (Castelo Branco, 1990: 37-48).

Castelo/Paço de Pirescoxe, Santa Iria da
Azoia, Loures (Vista lateral)
     Na posse deste vínculo viria a suceder-lhe, muito mais tarde, um sexto-neto que foi D. PEDRO DE CASTELO BRANCO (1620-1675), 1.º visconde de Castelo Branco (25-IX-1649), 1.º conde de Pombeiro (6-IV-1662), capitão da Guarda Real de D. João VI, e herdeiro da casa de seus pais, o qual foi casado duas vezes, com geração do 2.º matrimónio com D. LUÍSA PONCE DE LEÃO (1623-1707), fidalga castelhana, dama da rainha D. Luísa de Gusmão, e depois camarista da infanta D. Catarina que foi rainha da Grã-Bretanha. Deste 2.º matrimónio nasceram três filhos.


José Luís de Vasconcelos
e Sousa (1740-1812),
1.º Marquês de Belas,
6.º Conde de Pombeiro.
D. Maria Rita de Castelo Branco
Correia e Cunha (1769-1832),
1.º Marquesa de Bela,
6.ª Condessa de Pombeiro,
14.ª Senhora do Morgado de
Castelo Branco.
     Uma trineta deste último casal, sucessora neste morgado, foi D. MARIA RITA DE CASTELO BRANCO CORREIA E CUNHA (1769-1832), 6.ª condessa de Pombeiro, 1.ª marquesa de Belas, a qual por morte de seu pai em 1784 ficou sendo a 17.ª senhora de Pombeiro, 14.ª senhora do morgado de Castelo Branco, 12.ª senhora de Belas, 12.ª senhora da Alcaidaria-mor de Vila Franca de Xira e dama de honor da rainha D. Maria I. Foi casada com D. JOSÉ LUÍS DE VASCONCELOS E SOUSA (1740-1812), 1.º marquês de Belas e 6.º conde de Pombeiro, título este que recebeu pelo seu casamento, assim como a administração da grande casa de sua mulher que incluía o morgado dos Castelo Branco, fidalgo da Casa Real, desembargador dos Agravos da Casa da Suplicação, Conselheiro de Estado e Embaixador de Portugal em Londres, o qual era filho dos 1.ºs marqueses de Castelo Melhor. Curiosamente este casal teve um trineto que foi D. Manuel de Vasconcelos e Sousa (1910-1978), casado em 1943 com D. Maria Belarmina Franco Pinto de Castelo Branco (1905-1980), na Capinha, Fundão, matrimónio este que uniu os VASCONCELOS aos CASTELO BRANCO da Beira, estes últimos provavelmente descendentes de João Pais do Sabugal (séc. XIII), repovoador da Capinha, onde tinham a grande Casa do Adro que era herança da família PAIS.
D. António Maria de
Castelo Branco Correia e
Cunha Vasconcelos e Sousa
(1785-1834),
2.º Marquês de Belas,
7.º Conde de Pombeiro,
15.º Senhor do Morgado de
Castelo Branco.

     O filho herdeiro deste casal foi D. ANTÓNIO MARIA DE CASTELO BRANCO CORREIA E CUNHA VASCONCELOS E SOUSA (1785-1834), 2.º marquês de Belas7.º conde de Pombeiro15.º senhor do morgado de Castelo Branco por sucessão de sua mãe a 3-V-1832, entre vários outros vínculos que possuía, alcaide-mor de Vila Franca de Xira, capitão da Guarda Real dos Archeiros, ajudante de ordens do infante D. Miguel e brigadeiro do Exército. Casou em 1803 com D. CONSTANÇA MANOEL (1780-1834), 2.ª filha dos 3.ºs marqueses de Tancos. 

     Deste casamento nasceram cinco filhos, entre os quais D. JOSÉ INÁCIO DE CASTELO BRANCO CORREIA E CUNHA VASCONCELOS E SOUSA (1807-1867), 8.º conde de Pombeiro, 16.º senhor do morgado de Castelo Branco, entre vários outros vínculos, oficial de cavalaria do Exército. Foi sempre fiel ao partido legitimista de D. Miguel, e por isso não quis receber o título de marquês de Belas das mãos dos liberais, pelo que se assinava sempre conde de Pombeiro e senhor de Belas. Este foi casado em 1835 com sua prima D. MARIA FRANCISCA LUÍSA DE SOUSA (1815-1897), filha dos 2.ºs marqueses de Borba, da qual teve nove filhos.

     Destes, o filho sucessor nos títulos foi D. ANTÓNIO DE CASTELO BRANCO CORREIA E CUNHA VASCONCELOS E SOUSA (1842-1891), 9.º conde de Pombeiro, 3.º marquês de Belas, foi oficial-mor honorário da Casa Real, oficial de Cavalaria, e cavaleiro tauromáquico amador. Casou duas vezes: as 1.ªs núpcias foram com D. JÚLIA DE OLIVEIRA PIMENTEL (1840-1874), da qual teve três filhas; passou a 2.ªs núpcias com D. MARIA DA PIEDADE CORREIA DE LACERDA LEBRIM (1857-1925), da qual teve mais quatro filhos. A sua descendência entrou em diversas casas titulares, entre elas destacamos a dos Condes de Penalva d’Alva com as suas raízes na cidade da Covilhã e um solar armoriado na freguesia da Fatela, no concelho do Fundão.

D. António de Castelo Branco
Correia e Cunha Vasconcelos
e Sousa (1842-1891),
9.º Conde de Pombeiro,
3.º Marquês de Belas.
Castelo/Paço de
Pirescoxe, vista do
pátio interior,
parede com as armas
dos Castelo Branco.



Castelo/Paço de Pirescoxe, vista do
 pátio interior, parede com armas dos
Castelo Branco (alto-relevo).
     
     Em Maio de 1863 foi publicada a «Carta de lei pela qual ficam desde já abolidos todos os morgados e capelas actualmente existentes no continente do reino, ilhas adjacentes e províncias ultramarinas e declarados alodiais os bens de que se compõem».
     Esta legislação pôs fim aos senhorios e vínculos desta casa titular, pelo que o morgado de Castelo Branco terminou aqui o seu percurso de vários séculos na posse de um único administrador que nesta data era o já citado D. JOSÉ INÁCIO DE CASTELO BRANCO CORREIA E CUNHA VASCONCELOS E SOUSA (1807-1867), 8.º conde de Pombeiro, 16.º senhor do morgado de Castelo Branco, falecido cerca de quatro anos depois.
No ano seguinte à sua morte, em 1868, é feito o inventário dos vínculos do condes de Pombeiro para se proceder à sua divisão, por iniciativa de seu filho D. ANTÓNIO DE CASTELO BRANCO CORREIA E CUNHA VASCONCELOS E SOUSA (1842-1891), 9.º conde de Pombeiro, no qual vem referenciada «a quinta denominada de Castelo Branco na freguezia de Santa Iria, Concelho de Vila Franca, chamado o Morgado de Castelo Branco, que se compõe de hum castelo em ruinas, algumas arribanas, lagar d’azeite, grande estenção d’olivedo, terras de semeadura, lezíria, marinha, pastagens».
Passados dezasseis anos, em 1886, a viúva e seus filhos põem à venda a «Quinta do Castelo», a qual é adquirida por Maria Amélia da Assunção Carvalho pela quantia de quinhentos e dez escudos. 
Daqui até ao nossos dias, foi o destino que conhecemos ... Prosseguiu o seu estado de ruína, até quase nada sobrar ... Os terrenos deste extenso morgado foram engolidos na voragem da urbanização desenfreada, sem gosto e sem critério, como vem sendo regra nas terras lusas...


Palácio dos Conde de Pombeiro,
Largo do Conde de Pombeiro, Lisboa.
(actual Embaixada de Itália)
Palácio dos Conde de Pombeiro,
Largo do Conde de Pombeiro, Lisboa.  Vista lateral.
(actual Embaixada de Itália)


















Brasão do
Marquês de Belas.
(Castelo Branco)
Quinta e Casa do Marquês de Belas,
Belas, Sintra.
















Armas dos Castelo Branco, Castelo/Paço de
Pirescoxe, Santa Iria da Azóia, Loures.
     O TIMBRE destas armas é bastante curioso. Em vez de um leão rampante como competiria aos Castelo Brancos, é constituído por um penacho de cinco plumas aparentemente seguras na sua base por um anel.
Para esta família de cavaleiros que batalharam nas conquistas de África e do oriente, seria mais adequado o tradicional leão (usado pelos Castelo Brancos), símbolo da força, da bravura e da nobreza.
Segundo distinta investigadora Theresa Maria Schedel de Castell Branco, este timbre remete-nos para a união dos “cinco” irmãos desta família que estiveram na tomada de Ceuta (Castelo Branco, 1990: 46,47), porém, outros investigadores com créditos firmados, mencionam que Gonçalo Vaz de Castelo Branco (c. 1386) levou a Ceuta “sete” dos seus muitos filhos (Silva, 1999: 148-149). Aqui registamos esta desconformidade e, sem querermos polemizar a questão, não podemos deixar de conjecturar, e aqui deixar expresso, que pensamos ser este timbre de plumas uma alusão à sua origem longínqua que entroncava na notável família PAIS, onde um dos seus ramos usava um pavão emplumado como timbre.








Cavaleiro Templário.
     Sempre duvidamos das versões correntes e desencontradas sobre origem da heráldica dos Castelo Branco. 
Á falta de documentação que esclareça cabalmente quando este apelido, e o respectivo escudo de armas (com um leão rampante), foi usado pela primeira vez, fomos procurar respostas para esta questão. Apesar da controvérsia, iremos aqui tentar dar breves achegas para o esclarecimento desta dúvida.
     O nome da então vila de Castelo Branco  Castelo dos Brancos, isto é, dos monges templários do manto branco, em nossa opinião, – nome que surge documentalmente em 1213 no foral que lhe foi dado pelo mestre templário Pedro Alvites (f. 1223), a qual, até aqui era designada por Vila Franca da Cardosa. Os grandes "rivais" dos templários era a Ordem dos Hospitalários (de Malta) que usavam sobre a armadura um manto preto, o que levaria as camadas populares as designá-los por brancos (Templários) e pretos (Hospitalários de Malta), estes últimos também implantados na Covilhã.

     
Cavaleiro Templário (de branco),
Cavaleiro Hospitalário (de preto).

Quanto ao apelido desta família, o Armorial Lusitano no título dos Castelo-Branco, refere que não se sabe ao certo a sua origem, apontando para o reinado de D. Afonso III (1248-1279) o aparecimento do primeiro a usar este nome que foi MARTIM DE CASTELO-BRANCO (c. 1255) que vivia na citada vila, onde era figura de relevo (Zúquete, 1961: 150).
     O Archivo Heráldico-Genealógico remete o seu aparecimento para um pouco mais tarde, afirmando que foi no reinado de D. Dinis (1279-1325) que esta família começou a ser conhecida nesta então vila (Baena, 1872, Vol. II: XVIV). É por esta altura que vemos aparecer JOÃO DE CASTELO BRANCO (c. 1285), Alvazir desta vila que em 1287 promoveu um tratado entre os seus moradores e os Templários que eram os senhores de Castelo Branco. O mesmo foi vereador da Covilhã, e teve um filho que foi VASCO PAIS DE CASTELO BRANCO, segundo consta no Geneall[7].

Representação Heráldica de
 João Pais do Sabugal (Séc. XIII),
 com um escudo contendo
 o leão rampante  da família
 Castelo Branco.
Casa do Adro, Capinha, Fundão.
      Como se vê os dois apelidos (Pais e Castelo Branco), andavam ligados desde tempos recuados e devem-se ter unido em várias gerações. 
     Esta família originalmente tinha o apelido PAIS – que viria a deixar cair –, ao qual acrescentou o de CASTELO BRANCO, referente os seus domínios territoriais.
Os Castelo Branco descendiam dos Pais, e as suas armas (escudo com um leão rampante) já eram usadas por estes, como se constata na representação heráldica que por nós já foi atribuída a João Pais do Sabugal (séc. XIII), o repovoador da Capinha. O leão poderia ser no escudo de armas dos PAIS uma alusão a estes terem servido os reis de Leão.



       Veja sobre JOÃO PAIS DO SABUGAL:
       «CASA DO ADRO - Capinha, Fundão. / Representação Heráldica de
       João Pais do Sabugal / Idade Média (Século XIII)». «EBVROBRIGA»,
       n.º 8 (2015), pp. 73-90, Museu Arqueológico Municipal José Monteiro,
       Rua do Serrão n.º 13-15, 6230-418 FUNDÃO, Tel: 275 774 581


Bibliografia

BAENA, Sanches de (1872), "Archivo Heráldico-Genealógico". Vol. I e II. Lisboa.
CASTELO BRANCO, Theresa M. Schedel (1990), “A Pedra d’Armas de Castelo Branco, o Novo”, in Arquivo Municipal Alfredo Pimenta, Boletim de Trabalhos Históricos, vol. XLI, 36-48. Guimarães: Arquivo Municipal Alfredo Pimenta.
GAIO, Manuel José da Costa Felgueiras (1992), "Nobiliário das famílias ilustres de Portugal" 12 Vols. Braga: Carvalhos de Basto.
MACHADO, José Carlos L. Soares (2004), "Os Bragançãos – História Genealógica de uma Linhagem Medieval. Lisboa.
MARTINS, Miguel Gomes (1997), “Os Alvernazes: um percurso familiar e institucional entre finais de Duzentos e inícios de Quatrocentos”. Cadernos do Arquivo Municipal, 6. Lisboa.
SILVA, Joaquim Candeias; e CASTELO BRANCO, Manuel da Silva , (1999) “A Beira Baixa na expansão Ultramarina”. Belmonte.        
ZÚQUETE, A. E. M. (1961), "Armorial Lusitano". Lisboa: Editorial Enciclopédia.

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Notas:
[1]   Tendo o rei português D. Afonso Henriques ido em socorro de Geraldo Geraldes «o sem pavor» que se encontrava numa situação difícil a sitiar Badajoz, foi surpreendido pela chegada de reforços do rei de Leão, seu sogro, nas mãos dos quais caiu prisioneiro, após encetar uma fuga em que ocorreu um acidente no qual partiu o fémur direito. A sua libertação só foi obtida a troco de um resgate e da entrega das praças de Trujillo, Cáceres e Montánchez, as quais estavam na posse de Portugal. Este acontecimento pôs fim á sua carreira militar, por não poder voltar a montar, assim como levou à substituição de vários dos principais dignatários da Corte do rei português.

[2]    GONÇALO VAZ DE CASTELO BRANCO (c. 1386) teve vários homónimos o que causa alguma confusão aos genealogistas no apuramento dos seus traços biográficos.

[3]    IAN/TT, Chancelaria de D. João I, Liv. 1, fl. 174.

[4]   Nem todos os estudos genealógicos que abordam este GONÇALO VAZ DE CASTELO BRANCO (c. 1386) são concordantes no número de filhos que ele levou à conquista de Ceuta (22-VIII-1415).

[5]   IAN/TT, Chancelaria de D. Duarte, Liv. 1, fl. 226 v.

[6]  A família ALVERNAZ — ou ALBERNAZ, como também grafou o nome —, tem as suas primeiras referências documentadas na Baixa Idade Média, na pessoa de Martim Peres Alvernaz e seu filho Gil Martins Alvernaz, os quais adquiriram propriedades em Beja, assim como venderam ao rei no ano de 1287 várias propriedades que possuíam em Almodôver. Passaram a Évora, e depois a Lisboa onde se ligaram aos Cogominhos e fundaram uma capela na Sé de Lisboa com uma arca funerária armoriada de ALVERNAZ e COGOMINHO. Em princípio do século XIV já faziam parte da elite urbana desta cidade, na qual alguns membros desta família ocuparam cargos de relevo, o que lhes valeu terem sido oficiais concelhios, juízes e corregedores do rei, cargos reveladores da sua importância social. Na primeira metade do século XV, passam aos Açores e fazem parte dos povoadores do Faial.