2012-03-12

Casa do Adro (Oliveira Leitão) - Souto da Casa, Fundão

Souto da Casa, Adro da Igreja Matriz

Origem dos
Trigueiros Leitão,  Correia de Castro  &  Castro Serra

Souto da Casa, Casa do Adro.


Souto da Casa, Casa do Adro.

Souto da Casa,
Casa do Adro

















Oliveira
         Na sucessão da roda das gerações, e mais precisamente no ano de 1646, aparece referenciado no Souto da Casa, freguesia do concelho do Fundão, um tal DOMINGOS DE OLIVEIRA (n. 1639) que era oriundo da contígua Aldeia Nova do Cabo e descendente dos conhecidos OLIVEIRA e PROENÇA, pois era neto materno de BALTAZAR DE OLIVEIRA e de D. ISABEL NUNES PROENÇA, os quais vinham de uma antiga família de lavradores abastados que ascenderam a cargos relevantes no âmbito regional e estão na origem de diversos fidalgos de cota de armas com ligações a algumas casas ilustres do concelho do Fundão.
Este DOMINGOS DE OLIVEIRA sobe a encosta Norte da Serra da Gardunha até à serrana freguesia do Souto da Casa para aí casar a 2-XII-1666 com D. CATARINA ROSQUILHA, aí supostamente residente.
Deste casamento, entre os anos de 1669 a 1681, nasceu a filha Maria, e dois filhos varões que foram o Domingos e o João
A filha casou por sua vez com um Matias Fernandes Lagarto natural do Souto da Casa, do qual teve quatro rebentos entre 1705 e 1721, e entre eles um Agostinho que seguiu o apelido materno de OLIVEIRA que transmitiu à sua descendência. 
Os Fernandes Lagarto, posteriormente vieram a casar com os Oliveira Leitão da Casa do Adro, como veremos.
Até prova em contrário, é esta a origem dos Oliveiras que até hoje houve no Souto da Casa[1] .
Não sabemos ao certo o que terá levado este DOMINGOS de Aldeia Nova, terra de solos mais férteis, até ao Souto da Casa para casar com a sua mulher CATARINA em 1666, mas deduzimos que esta pequena aldeia estava em expansão económica por esta altura. Data desta época (1690) a reconstrução da Igreja Matriz (orago de São Pedro) que ficava contígua à CASA DO ADRO, igreja esta que posteriormente a 1960 teve obras de ampliação que lhe acrescentaram duas naves laterais que a fizeram quase encostar à fachada traseira da citada casa.

Leitão
Quanto aos LEITÃO que habitavam esta pequena freguesia, sabemos que alguns deles tiveram ligações familiares com o concelho de São Vicente da Beira, não enjeitando a possibilidade da sua origem estar em BARTOLOMEU VAZ LEITÃO, casado com D. ISABEL FERNANDES MAGRO, da qual teve: GASPAR VAZ LEITÃO, prior em São Vicente da Beira; CRISTÓVÃO VAZ MAGRO; D. FAGUNDA VAZ LEITÃO e D. CATARINA VAZ LEITÃO.
Hipoteticamente poderá estar neste ramo um dos antepassados da família OLIVEIRA LEITÃO do Souto da Casa, a qual usou por mais de uma vez o nome de baptismo BARTOLOMEU. Alguns destes durante o século XVIII vieram para esta aldeia, originários do concelho de São Vicente da Beira, como se constata em diversos registos paroquiais dessa época.
Muitas vezes nestas famílias os filhos segundos não podiam concorrer ao grosso da herança paterna por imposição das regras de sucessão nos morgados que só beneficiavam os filhos varões primogénitos. Por este facto ficavam com parcos meios de subsistência, tendo que procurar noutras actividades (religiosas, militares, etc.), ou noutras paragens, a possibilidade de adquirir terras para recomeçar a vida, assim como alianças matrimoniais que lhes permitissem manter um padrão de vida semelhante ao que usufruíram nas respectivas casas paternas.

Estes dois apelidos – OLIVEIRA e LEITÃO –, bastante comuns em toda a Beira Interior desde os alvores do século XIV, vieram a unir-se no Souto da Casa, em meados da segunda metade do século XVIII, tendo aqui atingido algum destaque social durante o séculos XIX e parte do século XX.

Souto da Casa 
         Esta pequena aldeia, ao contrário de muitas outras terras do concelho do Fundão, nunca terá conhecido a instituição de bens vinculados ou de morgados, assim como nunca teve vetustas casas senhoriais, pelo que a propriedade fundiária se foi pulverizando, chegando ao século XX já muito dividida.
Souto da Casa, Igreja Matriz. 
       Invernos gélidos, assim como a relativa pobreza dos solos situados em terrenos alcantilados, tornaram a vida deste povo laborioso bastante dura e frugal.
       Por volta de 1758 o Souto da Casa contava 203 fogos com um total de 700 pessoas (Memórias Paroquiais de 1758), número que foi oscilando através dos tempos.
       O auge populacional foi em 1820 (2.050 habitantes), no advento da revolução liberal. Em 1890, por altura da Tomada do Carvalhal, baixou o número de habitante (1.395); para em 2001 baixar novamente para um dos seus mínimos (984), à semelhança do que acontece por todo o interior, devido à demanda dos grandes meios urbanos.
Apesar da diminuta população, tinha na sua periferia seis capelas, reveladoras da religiosidade deste povo.
No Souto da Casa dos séculos XVII e XVIII, não são conhecidas personagens de grande relevância, nem habitações que sobressaísse do casario tradicional. Esta aldeia era apenas um microcosmo auto-suficiente que produzia quase todos os bens essenciais à vida da comunidade, vendendo para fora, quase sempre através de diversas feiras francas do concelho, os excedentes que produzia. Tinha uma pequena feira anual de São Lourenço a 10 de Agosto.
À semelhança das outras aldeias deste concelho, tinha os seus moleiros, os ferreiros que faziam basicamente alfaias agrícolas, o ferrador, alguns carpinteiros, marceneiros, carvoeiros, alfaiates, ganhões, assim como assalariados rurais que em muitos casos também agricultavam o seu próprio quinhão de magras leiras.
A produção agrícola principal estava centrada na produção de batata, centeio, trigo, milho, grão-de-bico, fruta, mel, castanha, azeite de qualidade superior e algum vinho; sendo estas três últimas produções as mais rentáveis da freguesia, o que justificava então a existência de alguns lagares artesanais.
Os mais afortunados tinham pequenos rebanhos de cabras e ovelhas, algum gado suíno, e o que lhes permitia produzir lã, carne e leite.
Os recursos florestais de castanheiros, carvalhos e pinheiros, árvores mais comuns em épocas recuadas, estavam na posse de pouquíssimos proprietários mais afortunados.
Tinha quatro ribeiras, nas quais havia diversas azenhas de moer pão que outrora era muito apreciado pela sua qualidade.  
À sua volta havia grandes soutos de castanheiros centenários, os quais foram dizimados a partir de 1820 pela «praga da doença da tinta», causando uma das maiores crises económicas da sua população.
A «castanha pilada» obtida e conservada pelo método ancestral de secagem no fumo, devido ao seu elevado valor nutricional foi uma das bases da alimentação dos mais pobres em períodos de carência de outros alimentos. Estas eram assadas na lareira, ou consumida em sopas onde eram misturadas com leite.

 Casa do Adro ou do Passadiço

         A inicial morada de casas dos OLIVEIRA LEITÃO foi conhecida por CASA DO ADRO, devido ao facto de no início do século XIX estar isolada do restante casario com as suas quatro fachadas desimpedidas para o adro da igreja. A partir de 1872 ficaria também conhecida pela designação popular de CASA DO PASSADIÇO em resultado da ligação aérea que foi feita por cima da “rua chamada da Igreja”, para a unir com uma outra casa da mesma família que lhe ficava fronteira.  

Casa do Adro (1940)
Souto da Casa, Casa do Adro e anexos.

        











 


         Era uma típica e singela casa de aldeia, constituída por dois pisos com altos e baixos e um torreão recuado sobre um telhado de quatro águas, que, após sair da posse da família original em 1975, acabaria por ser completamente descaracterizada e adulterada arquitectónicamente.
        Em complemento a esta, e atravessando o adro da igreja em direcção a Norte, havia o chamado “quintal da casa”, confrontando por todos os lados por ruas públicas, no qual havia a habitação dos antigos feitores ou capatazes, incluindo a cocheira, cavalariça, casa da tulha para a azeitona; tudo isto para apoio agrícola desta casa cujas propriedades contavam mais de uma trintena no ano de 1910, quando foram divididas entre dois herdeiros. A produção de azeite e vinho eram as suas actividades principais, arrendando-se a terceiros a exploração das terras de cultivo.
      Ficou a dever-se a JOAQUIM AUGUSTO DE OLIVEIRA LEITÃO (1854-1909), oficial da Arma de Cavalaria, o grande incremento desta casa agrícola no tocante à produção de azeite, que só não foi mais longe porque a morte o surpreendeu prematuramente.
Serviço de jantar da Casa do Adro,
com monograma «O.L.».
      Devido à sua carreira militar, o seu património agrícola era gerido por feitores dos quais se destacou António Narino, que vemos lançar no «Livro de Despesas da Casa (1884-1892)», no mês de Fevereiro de 1885, referente à colheita da azeitona desse ano o pagamento de 204 homens (a 140 réis) e 120 mulheres (a 60 réis). Em 1892 faz uma relação dos 20 rendeiros da Casa, entre os quais figuram: João Lourenço, António Cabanas, Manuel Laranjo, Manuel Lourenço, … Francisco, António Peralta, Joaquim da Carlota, José Pinto, José Aranha, Constantino Polana, Ana dos Santos, José Torrão, Manuel Ribeiro, António Joaquim, etc. 
Monograma «OL» - Oliveira Leitão.
      Sob a administração do feitor seguinte João Figueira de Barros, o «Livro de Receitas e Despesas (1897-1902)», quanto à colheita da azeitona, regista em Janeiro de 1900 o pagamento a 207 homens (a 160 réis) e 179 mulheres (a 60 réis); mencionando ainda, em Janeiro de 1902, o pagamento da “Contribuição predial e industrial de 3 azenhas e lagar” no total de 39:155 réis, e “Congruas paroquiais de Souto da Casa, Aldeia Nova e Telhado”, onde detinha propriedades, num total de 3:240; assim como de 1906 a 1908, são lançadas várias verbas relativas a despesas na pedreira, que presumimos estarem relacionadas com a edificação da casa nova de janelas ogivais (posterior Casa Correia de Castro). 


Vejamos a sucessão genealógica desta família: 

1.    BARTOLOMEU LEITÃO (1750?), casou com D. MARIA DE OLIVEIRA DAS CANDEIAS (n. ?)ambos naturais
      do Souto da Casa, no concelho do Fundão, onde eram proprietários rurais, e aos quais se ficou a dever a
      união dos apelidos OLIVEIRA e LEITÃO que transmitiram à sua descendência.
      Filhos:
      2.1.   JOSÉ AGOSTINHO DE OLIVEIRA LEITÃO (n. 1770)que segue abaixo.
      2.2.   D. ROSARIA DE OLIVEIRA LEITÃO, que foi madrinha de seu sobrinho Bartolomeu em Junho de 1800.
             
2.    JOSÉ AGOSTINHO DE OLIVEIRA LEITÃO (n. 1770) , nasceu no Souto da Casa onde foi proprietário agrícola
        juiz de Vintena (1826)[2]. 

            Durante um pronunciamento absolutista contra a Carta Constitucional a que se seguiram vários desacatos no Souto da Casa a 16 e 17-XII-1826, obrigaram-no a dar início a um processo judicial pelo facto de familiares seus – Daniel de Oliveira Leitão e sua mãe D. Eugénia Maria da Trindade – terem sido vítimas de uma instigação por parte de alguns populares a que lhe “matassem toda a sua família, e com especialidade a Daniel Oliveira Leitão F.º da D.ª viúva [?] p.r serem todos constitucionais. Estes acontecimentos levaram à intervenção do Marechal Conde de Vila Flor que ordenou o apuramento das responsabilidades “fazendo prender e processar os autores”, assim como sequestrar os bens dos três principais culpados que foram Gabriel Ramos, António Serra e Manuel Ramos Malhão, os quais fugiram desta freguesia (in José Alves Monteiro, Ao Redor do Fundão,  Lisboa, C.M.F., 1990, pp. 312-313).

     Casou a 20-IV-1791 no Souto da Casa com a sua prima D. EUGÉNIA MARIA DA TRINDADE DOS SANTOS
     LAGARTO (n. ?), daí natural, filha de José Fernandes Lagarto e de D. Maria dos Santos, moradores no Souto
     da Casa, dos quais é trineto o Dr. Alfredo Mendes Gil (1894-1971), médico, natural de  Silvares, radicado no
     Fundão e avô dos actuais GIL GARCEZ[3].
     Para casarem foram dispensados "em terceiro e quarto grau de consanguinidade, cujo lhes provinha do pai
     da contraente ser consanguineo da mai do contrahente José Agostinho" (sic). Ambos já eram falecidos em
     Dezembro de 1842 quando o seu filho Bartolomeu de Oliveira Leitão (1800-1883) fez a sua escritura notarial
     de esponsais.
     Filhos:
     3.1.   DANIEL DE OLIVEIRA LEITÃO[4].
     3.2.   D. MARIA DE OLIVEIRA LEITÃO (f. 1858), que faleceu a 3-VIII-1858 no Souto da Casa, solteira, sem ge-
              ração.
     3.3.   D. ÂNGELA BENEDITA DE OLIVEIRA LEITÃO (1798?-1848), falecida a 16-VIII-1848, no Souto da Casa.
             Solteira, sem geração.
     3.4.   BARTOLOMEU DE OLIVEIRA LEITÃO (1800-1883), filho varão primogénito, que segue abaixo.
     3.5.   D. EUGÉNIA EMÍLIA DE OLIVEIRA LEITÃO (n. ?), falecida no Souto da Casa. Solteira, sem geração.
     3.6.   D. ANA ROSA DE OLIVEIRA LEITÃO (n. ?). Casou a 26-II-1824 no Souto da Casa com António Leonardo
              Duarte Borges, filho de Dâmaso António Duarte Borges, da freguesia do Castelejo, e de Rosário Dias
              Gomes, da freguesia do Freixial, ambas no concelho do Fundão.
     3.7.   DÂMASO ANTÓNIO DE OLIVEIRA LEITÃO (n. ?), que seguiu a vida religiosa e foi pároco na aldeia de
             Escarigo (1859-1880), no concelho do Fundão, e na Aldeia de João Pires (1883-1900?), no concelho de
             Penamacor, onde faleceu. Era proprietário agrícola na freguesia do Souto da Casa, cujos bens viriam
             a ser-lhe comprados em 1890  por seu sobrinho Joaquim  Augusto de Oliveira Leitão.

3.   BARTOLOMEU DE OLIVEIRA LEITÃO (1800-1883), senhor da Casa do Adro, nasceu a 17-VI-1800 e foi ba-
     ptizado a 24-VI-1800 na Igreja do Souto da Casa pelo padre António Damas, apadrinhado por (...) e Rosária
     de Oliveira, tendo por testemunhas José Mendes Castanheira Fortunato Proença.
     Faleceu a 22-XI-1883 “na sua casa da rua Direita desta freguesia do Souto da Casa (…), casado, proprietá-
     rio (…) o qual fez testamento e deixou um filho …”
     Foi oficial da Arma de Cavalaria, na qual atingiu a patente de Major. Assentou praça a 31-VI-1823, após a
     Vilafrancada, no Regimento de Cavalaria n.º 11 que estava sediado em Castelo Branco. Ainda na qualidade
     de Cadete (1825) obteve a medalha de “Fidelidade ao Rei e à Pátria. Salientou-se na luta contra o pronun-
     ciamento absolutista entre 1826-28, o que levou à apresentação, em seu nome, de uma petição para a sua
     promoção por serviços prestados "contra os inimigos da Pátria, com valor e honra distinguindo-se em al-
     gumas diligências arriscadas [por] ter andado com o seu regimento no ataque e resistência, que se opôs
     aos rebeldes a favor da causa legitimista d’El-Rei o senhor D. Pedro, e da Pátria" quando surpreendeu
     guerrilheiros armados dos facciosos, dos quais prenderam mais de trinta em uma ocasião.
     Em consequência do seu alinhamento contra o pronunciamento absolutismo, é "perseguido e preso pelo
     governo usurpador [de D. Miguel (1828-1834)] foi solto a 24-VII-1833 e apresentou-se logo no regimento" de
     Belém, após a entrada triunfal em Lisboa do exército libertador (liberal) que abriu as portas dos presídios
     militares[5].
     Após a sua libertação foi combater pela causa da liberdade até ao termo da guerra civil em 1834.
     Em 1841 presta serviço no Regimento de Cavalaria n.º 8 em Castelo Branco onde faz a campanha contra a
     revolta da Patuleia (1846-47) que pôs a Beira Baixa a ferro e fogonomeadamente a "guerrilha do Fabião da
     Barroca"[6] que em Junho de 1846 ocupou o concelho do Fundão e, segundo um relatório do governador
     civil do Distrito de Castelo Branco, fez desta zona “uma espécie de república da Cova da Beira.
     Em 1851 é promovido à patente de Capitão, e em 1859 passa à reserva com o posto de Major.
     Após a sua atribulada vida militar que o levou a vários anos de prisão (1828?-1933) devido às suas convic-
     ções liberais, quando libertado e retornado ao regimento de Castelo Branco (1841), nessa altura já com 41
     anos de ida, faz uma escritura de esponsais a 15-XII-1842 em São Vicente da Beira com sua futura mulher
     D. MARIA CALDEIRA DE MEIRELES, de 25 anos de idade, natural de Aldeia Nova do Cabo, Fundão, filha
     de João da Costa Matos já falecido, e de sua mulher D. Joana Caldeira de Meireles natural de Aldeia Nova 
     do Cabo. No clausulado desta escritura são acautelados os bens de ambos os signatários, a favor das res-
     pectivas famílias, caso algum deles morra antes de terem herdeiros. 
     Em 13-VIII-1857 adquiriu para sua residência uma casa com um logradouro situada no Adro da Sé em Cas-
     telo Brancoquando se encontraria já separado de sua mulher.
     De 1836 a 1861 faz diversas aquisições de terras no Souto da Casa, algumas delas a familiares.
     Em 18-IX-1873 obtém autorização para construir um passadiço que liria igar a sua CASA DO ADRO a uma
     outra que lhe fica fronteira, por cima da então “rua da Igreja”. 
     De D. ANA RITA DOS SANTOS, que segundo alguma documentação existente é natural da Foz da Moura,
     freguesia de Pomares, concelho de Arganil, teve o filho ilegítimo e herdeiro que foi Joaquim Augusto de
     Oliveira Leitão (1854-1909), que segue, perfilhado por sua mãe a 29-XI-1879, a qual era filha de João Hipóli-
     to e de sua mulher D. Maria Rita[7].
     Filho:
     4.   JOAQUIM AUGUSTO DE OLIVEIRA LEITÃO (1854-1909), que segue.

4.   JOAQUIM AUGUSTO DE OLIVEIRA LEITÃO (1854-1909), senhor da Casa do Adro, foi baptizado a 18-II-1854
     em Castelo Branco. Faleceu “pelas oito horas da manhã” do dia 8-VIII-1909 no Souto da Casa, tendo sido
     aí sepultado no jazigo de família que ele próprio mandou edificar em memória de sua mulher. 
     oficial da Arma de Cavalaria, iniciou a carreira militar como aspirante do Regimento de Cavalaria n.º 2 em
     Lisboa no ano de 1876.
     Esteve sucessivamente ao serviço dos regimentos de Lisboa (1876, 1894, 1898 e1902), Castelo Branco
     (1880 e 1888), Viseu (1886), Évora (1886, 1891-1892), Porto (1893-1894), Estremoz (1896-1898, 1906), Cha-
     ves (1897), Benavente (1905), e por fim em Loulé (1907). Em 1894 era adjunto da Secretaria de Estado dos
     Negócios da Guerra e pertencia ao Estado-maior de Cavalaria.
     A 5-III-1908, logo após o bárbaro regicídio de D. Carlos, foi sucessivamente promovido aos postos de Major
     Tenente-coronel, passando antecipadamente à reserva quando contava 54 anos de idade e 32 de serviço
     activo, e certamente desgostoso com o rumo que o país levava.


Maria Libéria Trigueiros
(1856-1907)
Joaquim Augusto de Oliveira Leitão
(1854-1909)
  

























     Foi senhor de uma grande casa agrícola com várias propriedades nas contíguas freguesias do Souto da Ca-
     sa, Freixial e Aldeia Nova do Cabo, no concelho do Fundão, às quais acrescentou algumas outras que foram
     herdadas por sua mulher.
     De 1873 a 1890 adquiriu várias parcelas de terreno para aumentar as propriedades existentes, assim como
     a 16-II-1895 compra várias propriedades no Souto da Casa ao seu tio o padre Dâmaso António de Oliveira
     Leitão (n. ?), no sítio das Alminhas, dos Bastos, da Senhora do Rosário e da Estalagem, tornando-se, à
     época, um dos maiores proprietários agrícolas desta freguesia.
     Na capela do S. Sebastião do Souto da Casa havia uma imagem deste mártir que saia em procissão com o
     tronco cingido por uma faixa de seda vermelha com borlas nas pontas, a qual fazia parte do seu fardamen-
     to militar de gala e foi oferecida ao citado Santo por um seu bisneto quando cessou a actividade desta ca-
     sa agrícola nos anos setenta do século passado.
     Em substituição da velha Casa do Adro, encontrava-se a construir uma casa mais ampla moderna, com
     janelas ogivais em cantaria, num terreno situado perto da capela de São Gonçalo (actual Rua Dr. Eduardo
     Correia de Castro), segundo consta num documento de partilhas entre os seus filhos, no qual é menciona-
     da esta propriedade “com as paredes incompletas de uma casa” (fachada da frente e duas laterais), que
     então ficou por concluir devido ao falecimento prematuro de sua mulher, a que se seguiu a sua própria
     morte. Esta casa em construção viria a ficar em partilhas para a sua filha D. Judite, que a adoptaria para
     sua morada, após a conclusão da sua edificação.
Maria Libéria Trigueiros
e Joaquim Augusto de Oliveira Leitão (1882)
       Casou a 28-IX-1882 na freguesia de São Silvestre em Escalos de
     Baixo, no concelho de Castelo Branco, com D. MARIA LIBÉRIA
     TRIGUEIROS (1856-1907)proprietária, nascida no ano de 1856
     no Sabugal onde o seu pai era então juiz, tendo falecido repenti-
     namente ás sete horas da manhã” do dia 13-IX-1907 no Souto
     da Casa. Foram testemunhas deste matrimónio José de Melo
     Geraldes Bartolomeu de Oliveira Leitão.
     Sua mulher D. Maria Libéria era filha de João Teles Trigueiros
     (1822-1886), proprietário e juiz desembargador da Relação de
     Lisboanascido a 20-III-1822 em Escalos de Baixo, Castelo
     Branco, e aí baptizado 7-III-1823 na Igreja de São Silvestre,
     apadrinhado por Simão Trigueiros do Rego Martel (n. 1798) e
     por D. Doroteia Trigueiros Martel (n. 1803)tendo falecido a 19-IX-
     -1886 “pelas três horas da manhã” na sua casa do Largo do Cal-
     vário em Aldeia Nova do Cabo, Fundão; casado a 26-VIII-1850 em
     Escalos de Baixo com D. Carolina Cândida Geraldes de Melo
     (1837-1915)nascida 18-I-1836 em Almeida, tendo falecido pelas
    “vinte e uma horas” do dia 18-II-1915 na sua casa da Rua do Eiró,
     na freguesia de Escalos de Baixo onde foi sepultada no jazigo de
    seu genro capitão António Augusto de Azevedoa qual era proprietária agrícola nas contíguas fregue-
     sias de Aldeia de Joanes e Aldeia Nova do Cabo onde tinha uma casa alpendrada na esquina oposta à
     Capela do Calvário, e uma outra em Escalos de Baixo na Rua do Eiró, na qual faleceu já viúva, deixando
     uma herança de 18 prédios agrícolas aos seus herdeiros[8].
     D. Carolina  Cândida era filha natural de José António Geraldes de Melo Coutinho (f. 1841)[9], tenente do
     Regimento de Infantaria n.º 21 (1833) que, à data do nascimento da sua filha, prestava serviço na Divisão
     Auxiliar a Espanha sediada em Almeida, natural de Aldeia Nova do Cabo, falecido solteiro a 12-VII-1841 em
     em Castelo Branco onde foi sepultadoe de D. Maria da Encarnação dos Anjosnatural do Porto; neta pa-
     terna de Manuel António Geraldes Leitão Coutinho de Melo (n. 1766), nascido 28-IV-1766 em Aldeia Nova
     do Cabo[10]proprietário nessa freguesia e em Idanha-a-Nova, descendente dos morgados dos Geraldes
     que deram origem à casa dos marqueses da Graciosa em Idanha-a-Nova, casado com D. Angélica Locádia
     de Oliveira Fonseca Coutinho Botelhonatural de Penamacor[11]e neta materna de José Joaquim Gon-
     çalves natural de Santo Tirso, e de sua mulher D. Maria José natural do Porto.
     Sua mulher D. Maria Libéria era neta paterna de Nicolau Teles Nunes Guedelha (1788-1862)[12], natural de
     Escalos de Baixo, proprietário, capitão do Regimento de Milícias de Idanha-a-Nova, tenente-coronel de
     uma Companhia de Granadeiros, e vereador da Câmara de Castelo Branco (nos anos de 1825, 1836, 1848-
     -49, e 1852-53), casado com D. Mariana Bárbara Trigueiros Martel (1794-1880), natural de Idanha-a-Nova,
     irmã de Joaquim Trigueiros Martel (1800-1892), 1.º Conde de Castelo Branco, general da Arma de Cavala-
     ria, Par do Reino, e um dos heróis das Campanhas Liberais.
       Fihos:
       5.1.    D. JUDITE TRIGUEIROS LEITÃO (1885-1947), a qual, pelo seu casamento deu origem ao ramo fami-
               liar dos CORREIA DE CASTRO que vai no §:1.
        5.2.   JOÃO JOSÉ TRIGUEIROS LEITÃO (1889-1958), representante da varonia desta casa, origem do ramo
              TRIGUEIROS LEITÃO que segue abaixo.


Trigueiros Leitão

Souto da Casa

5.2.  JOÃO JOSÉ TRIGUEIROS LEITÃO (1889-1958), era filho varão primogénito do tenente-coronel Joaquim
       Augusto de Oliveira Leitão (1854-1909) e de sua mulher D. Maria Libéria Trigueiros (1856-1907), foi o su-
       cessor na posse da Casa do Adro. 
       Nasceu pelas nove horas da manhã” do dia 31-VIII-1889 no Souto da Casa, e aí foi baptizado a 28-XI do
       mesmo ano, apadrinhado por seu tio e irmã, o Doutor José Maria Telles Trigueiros de Mello, viúvo, delega-
       do do Procurador Régio da Comarca de Almeida, onde reside, e D. Judithe Trigueiros Leitão, solteira”, ten-
       do o padrinho sido representado por Alfredo Simões Ramos, estudante, solteiro, o qual viria a ser um pres-
       tigiado médico na cidade do Porto, filho de José Ramos Proença Saraivanatural do Souto da Casa.
       Faleceu “ás oito horas” do dia 21-V-1958 no Souto da Casa, onde foi sepultado no jazigo de família. 



João José Trigueiros Leitão e chofer, 1909.
João José Trigueiros Leitão (1889-1909).



 








     








       Ainda novo foi herdeiro de metade do património da Casa do Adro que lhe coube em partilhas, e ao longo
       da sua vida residiu em Alpedrinha, no Palacete do Século na Av. 5 de Outubro em Lisboa, na sua Quinta
       da Murteira em Tomar, e por fim na Casa do Adro na freguesia do Souto da Casa.
       Com 20 anos de idade, órfão de pais e já herdado, veio residir para Lisboa onde frequentou os meios boé-
       mios da época, e onde abriu um «Bureau d’Affaires» (Rua do Carmo, 60, 2.º), no qual se dedicou a várias
       actividades financeiras, tais como a “Compra e venda de propriedades (…) de papéis de Crédito do Esta-
       do, Bancos e Companhias. Empréstimos hipotecários e consignações de rendimentos. Descontos
       de Letras”, etc.


João José Trigueiros Leitão
 (1889-1909), 1910.
Georgina de J. Monteiro 
(1892-1975), 1910.


   
       Casou civilmente a 2-VI-1917 na freguesia de São Sebastião da Pedreira em Lisboa com D. GEORGINA DE
       JESUS MONTEIRO (1892-1975), proprietária na Castanheira do Ribatejo e em Lisboa, nascida a 6-VII-1892
       na Quinta das Amendoeiras, freguesia de Cadafais, no concelho de Alenquer, falecida a 23-XI-1975 na fre-
       guesia de São Jorge de Arroios em Lisboa, e sepultada no cemitério público da Castaheira do Ribatejo.
       Posteriormente ao seu casamento civil, veio a casar pela igreja a 22-VII-1928 na igreja matriz do Souto da
       Casa, apadrinhada por seu cunhado Eduardo Antunes Correia de Castro, médico, e por sua irmã Judite
       Trigueiros Leitão,
Georgina de Jesus Monteiro, 1906?
residentes no Souto da Casa.
 
       Sua mulher era filha de Diogo Monteiro (1854-1928), lavrador, nascido
       a 17-I-1854 em Castanheira do Ribatejo, Vila Franca de Xira, onde foi
       baptizado 9-II-1854 e apadrinhado por D. Diogo José Ferreira de Eça 
       Meneses (1772-1862)3.º Conde da Lousã, e de sua mulher D. Maria de
      Jesus (1864-1944) com a qual casou a 30-IX-1891 na igreja de N.ª Sra.
      da Assunção em Cadafais, concelho de Alenquer,  a qual nasceu a
      26-XI-1864 na freguesia do Vau, concelho de Óbidos, tendo falecido
      a 30-X-1944 em Castanheira do Ribatejo onde ambos residiam no                Largo do Terreiro; neta paterna de Manuel José Monteiro e de sua
      mulher D. Gerarda Maria, ambos naturais da Castanheira do Ribatejo;
      e neta materna de José Francisco Figueira, proprietário, natural do
      Vau, concelho de Óbidos, e de sua mulher D. Ana de Jesus, natural
      da freguesia da Serra do Bouro, concelho das Caldas da Rainha, am-
      bos moradores no Vau. 
      Filho único:
      6.   JOAQUIM MONTEIRO TRIGUEIROS LEITÃO (1918-1974), que segue.




João José Trigueiros Leitão, Georgina de Jesus Monteiro,
e seu filho Joaquim Monteiro Trigueiros Leitão;
Figueira da Foz, 1920.
Georgina de Jesus Monteiro
e João José Trigueiros leitão,
1917.
















João José Trigueiros Leitão,
seu filho 
 Joaquim Monteiro Trigueiros Leitão,
e sua mulher Georgina de Jesus Monteiro; 
Fundão, 3-V-1947.



6.   JOAQUIM MONTEIRO TRIGUEIROS LEITÃO (1918-1974), herdeiro da Casa do Adro (ou do Passadiço), nas-
      ceu “ás quatro horas” do dia 20-III-1918 no Palacete do Século [13], na freguesia de São Sebastião da Pe-
      dreira em Lisboa, e falecido a 4-10-1974 no Fundão. 
Joaquim Monteiro
Trigueiros Leitão
 (1918-1974), 1973.
Ana Vaz Ferreira
(1917-2010),
2006.
Foi proprietário agrícola e funcionário de uma instituição bancária. Como jogador de futebol amador vestiu camisola de algumas equipas regionais, tendo ficado célebre nos anos 30 em Castelo Branco ao serviço da Associação Académica Albiscastrense com o nome de Joaquim Trigueiros
Residiu, entre várias outras localidades, em Lisboa, no Souto da Casa e no Fundão.
Casou a 3-V-1947 no Fundão com D. ANA VAZ FERREIRA (1817-2010), que aí nasceu a 8-XII-1917, e  onde veio a faleceu a 27-V-2010, tendo sido sepultada no jazigo de família no cemitério público do Souto da Casa. 
Sua mulher era um dos oito filhos de Manuel Vaz Ferreira (1886-1951), comerciante e proprietário, nascido a 10-XI-1886 e baptizado a 7-XII-1886 na igreja de Santa Maria Madalena na
     freguesia do Peso, concelho da Covilhã, e falecido a 7-X-1951
      no Fundão, onde casou a 3-X-1912 com D. Maria da Piedade Carrolo (1882-1965)[14], que nasceu a 10-VIII-
      -1882 na citada cidade do Fundão onde veio a falecer7-XII-1965, e onde residiu na Praça do Município
      (Casa São Pedro / Casa Vaz Ferreira) e na sua Quinta do Vale.
Ana Vaz Ferreira, e Joaquim M.
Trigueiros Leitão, 1947?
      Era neta paterna de Manuel Joaquim Vaz (1833-1924)lavrador, o qual fale-
      ceu 20-XII-1924 no Fundão, e de sua mulher D. Rufina Ferreira, ambos na-
      turais do Peso; e neta materna de Manuel Gonçalves Carrolo (1829?-1892),
      o qual casou a 27-II-1867 no Fundão com D. Maria Cândida da  Costa São
      Pedro (n. 1852?)de onde ambos eram naturais.
      Era bisneta paterna de Joaquim Vaz de Carvalho (n. 1799) [15], nascido a
      1-III-1799 na freguesia do Pesinho, concelho da Covilhã, que foi casado a
      11-VIII-1822 no Peso, com D. Jerónima Valente (n. 1802)[16]; e bisneta ma-
      terna de José Gonçalves Carrolo (f. 1871) e de sua mulher D. Maria Andrade
      (1791?-1871)ambos naturais do Fundão. 
      Filho: 
       7.  JOÃO JOSÉ FERREIRA TRIGUEIROS LEITÃO (n. 1950), que segue.

7.   JOÃO JOSÉ FERREIRA TRIGUEIROS LEITÃO (n. 1950) que na sua família
      foi o último herdeiro da Casa do Adro (ou do Passadiço). Encontrando-se
      esta casa desabitada, foi alvo de várias tentativas de ocupação popular na
      sequência da revolução de 25 de Abril de 1974, após a morte repentina e
      prematura de seu pai, logo seguida do falecimento de sua avó paterna que
      estava residindo na Castanheira do Ribatejo de onde era natural, aconteci-
      mentos estes que acabaram por levar à alienação da velha Casa do Adro que então saiu da posse da
      família fundadora.
 Armas de João José Ferreira
Trigueiros Leitão.
Esquartelado: 1º- PEREIRA, 2º- REGO, 
3º- MARTEL, 4º- TRIGUEIROS.
Timbre: PEREIRA.
(Alvará do C. N., 25-III-1992, reg. n.º 1339,
Liv. 2, Fls. 8 v.)
Nasceu a 6-III-1950 na cidade de Castelo Branco e foi registado no Fundão. Licenciado em Artes Plásticas-Pintura pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa, diplomado em  Conservação e Restauro de Pintura pelo Instituto José de Figueiredo, e mestre em Museologia e Património pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas - Universidade Nova de Lisboa, foi professor do ensino oficial.
Por alvará do Conselho de Nobreza teve cota de armas com um escudo esquartelado de PEREIRAREGO, MARTEL e TRIGUEIROS. Por diferença pessoal um crescente de prata, e timbre de PEREIRA (Alvará do C.N., L. 2, Fls. 8 v., reg. n.º 1339, de 25-III-1992).          
Casou civilmente a 22-IV-2006 no Fundão nas segundas núpcias de D. MARIA DO CARMO LUCAS DE FIGUEIREDO (n. 1962)nascida a 16-XI-1962 em Belém, Estado do Pará, no Brasil. É psicóloga Clínica e Organizacional pelas Faculdades Integradas C. Moderno, da Universidade Federal do Ceará, e pelo Conselho Regional de Psicologia da 4a. Região (Minas Gerais e Espírito Santo), e ainda pela Faculdade de Psicologia e de  Ciências da Educação da Universidade de Lisboa em 11-V-2006. É ainda membro efectivo da OPP - Ordem dos Psicólogos Portugueses.

Maria do Carmo Lucas de
Figueiredo (n. 1962), 2006.
João José Ferreira Trigueiros
Leitão (n. 1950), 2010.
      Sua mulher é filha de Themistocles Augusto Araújo de
      Figueiredo (1930-2022), nascido a 18-12-1930 em Belém,
      Estado do Pará, Brasil, e falecido a 6-IX-2022 em Belo
      Horizonte, Estado de Minas Gerais, engenheiro Civil e
      Naval pela Universidade Federal do Pará, alto funcioná-
      rio da ENASA - Empresa de Navegação da Amazónia, e
      ainda da CDP – Companhia da Docas do Pará, assim 
      como construtor civil que desenvolveu uma intensa
      actividade na região de Belém do Pará, o qual foi casa-
      do civilmente a 18-VIII-1956 em Belém do Pará com
      D. Maria do Socorro de Pina Lucas (n. 1930), professora
      normalista, nascida a 25-XII-1930 em Capanema, Estado
      do Pará, Brasil, e naturalizada portuguesa[18]. Residen-
      tes em Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, Brasil.
      D. Maria do Carmo Lucas de Figueiredo é neta paterna de Carlos Dillon de Figueiredo, médico dentista em
      Belém, cujo ramo materno é de origem irlandesa, e de sua mulher D. Maria Araújo, de origem brasileira; e
      neta materna das segundas núpcias de José dos Santos Lucas (1889-1940)[19], nascido a 16-IX-1889 na
      freguesia da Ajuda em Lisboa, emigrado para o Brasil onde se estabeleceu em Belém como comerciante e
      importador de produtos europeus de qualidade, tendo falecido inesperadamente no ano de 1940 no Rio de
      Janeiro na sequência de uma vulgar cirurgia, e foi sepultado em Belém do Pará; o qual foi casado com
      D. Maria do Carmo de Moura Pina (1891-1960), nascida a 23-X-1891 em Loriga, no concelho de Seia, e veio a
      falecer a 22-X-1960 em Belém, Estado do Pará, no Brasil, onde residiram.
      Era bisneta paterna de Benjamim Lucas que foi casado com D. Maria da Conceição dos Santos, ambos de
      Loriga, no concelho de Seia, os quais emigraram para o Estado do Pará, no Brasil; e bisneta paterna de
      António de Moura Pina e de D. Maria Luís de Moura, ambos naturais de Loriga.


§: 1
Correia de Castro
Souto da Casa


Souto da Casa, Casa Correia de Castro, Casa Nova (das Janelas Ogivais) 

5.1.   D. JUDITE TRIGUEIROS LEITÃO (1885-1947), filha do oficial da Arma de Cavalria  Joaquim Augusto de
       Oliveira Leitão (1854-1909) e de sua mulher D. Maria Libéria Trigueiros (1856-1907), foi herdeira de metade
       dcasa agrícola de seus pais. 
       Nasceu “pelas seis horas da manhã” do dia 23-XI-1885 na casa de seu avô no Largo do Calvário em Aldeia
Souto da Casa, Casa Correia de Castro,
 
Casa Nova
 (das Janelas Ogivais)
       Nova do Cabo, concelho do Fundão, onde foi baptizada a 13-XII-1885,
       tendo por padrinhos o Doutor João Telles Trigueiros, natural de Esca-
       los de Baixo, e D. Carolina Giraldes de Mello Trigueiros, natural de Al-
       meida”, e por João Teles Trigueiros tocou com procuração João António
       de Melo, solteiro.
       Faleceu a 27-XII-1946 no Souto da Casa, onde foi sepultada no jazigo de
       família no cemitério público desta freguesia.
       Por partilhas feitas com seu irmão João José coube-lhe a "casa nova"
       (de janelas ogivais), ainda em construção nas imediações da capela de
       São Gonçalo do Souto da Casa (na actual Rua Dr. Eduardo Correia de
       Castro), cuja edificação concluiu para sua residência.      
       Casou a 14-VII-1910 na freguesia do Souto da Casa, pouco tempo antes da implantação da República, com
       EDUARDO ANTUNES CORREIA DE CASTRO (1880-1946), médico pela Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, 
       nascido a 16-II-1880 em Alpedrinha, concelho do Fundão, e aí baptizado a 30-III-1880, apadrinhado por
       seus tios, os irmãos José Correia de Castro e D. Maria Justina Correia de Castro, ambos solteiros. 
       Faleceu a 27-XII-1946 na Casa dos Correia de Castro (das Janelas Ogivais) no Souto da Casa, onde foi
       sepultado no jazigo de famíliaEra filho único de Eduardo Antunes de Figueiredo (f. 1880), proprietário, 
       falecido a 4-I-1880 em Alpedrinha, e de sua mulher D. Joaquina Correia de Castronatural de Alpedrinha; 
       neto paterno de José Atunes de Figueiredonatural de Alpedrinha, e de sua mulher D. Ana Maria do
       Espírito Santo, natural do Alcaide, concelho do Fundão; e neto materno de António Carlos Correia, natural
       de Alpedrinha, e de D. Belisanda Rosa da Silvanatural da Lousa, concelho de Castelo Branco.

Eduardo Antunes Correia de Castro
 (1880-1946), 1910.
Judite Trigueiros Leitão
(1885-1947), 1910.












      



           



       Seu marido foi administrador do Concelho do Fundão em 1918, assim como «venerável dirigente do triân
       gulo n.º 156» da Maçonaria.
       Além do exercício da medicina, foi grande proprietário agrícola e olivicultor, tanto em Alpedrinha como no
      Souto da Casa, tendo em ambas as localidades lagares próprios para a produção de azeite, assim como
      grandes casas situadas em arruamentos aos quais viria a ser dado o seu nome. 
       Filhos: 
Casamento de Maria Libéria Trigueiros Leitão
de Castro, e Aníbal Rebordão; 1940.
       6.1.   D. MARIA LIBÉRIA TRIGUEIROS LEITÃO DE CASTRO (1911-
              -1940), nascida a 16-IX-1911. Casou a 16-IX-1940 com ANIBAL
               REBORDÃO, vindo a falecer pouco depois do seu casame-
               nto. Sem geração.
       6.2.   D. MARIA DA CONCEIÇÃO TRIGUEIROS LEITÃO DE CAS-
               TRO (1917-1999)que pelo seu matrimónio deu origem ao
               ramo CASTRO SERRA de Alpedrinha, o qual segue abaixo
               no §: 2. 
       6.3.   FERNANDO TRIGUEIROS LEITÃO DE CASTRO (1924-1959),
               varão primogénito e herdeiro da Casa Correia de Castro (das
               janelas ogivais)nascido a 14-VIII-1924 e falecido em 1959 no
               Souto dCasa, onde foi sepultadoCasou com D. ETELVINA
               MESQUITA (f. 1986)nascida a 14-III-?, falecida a 10-II-1986 no
               Souto da Casa onde foi sepultada no cemitério público.  
               Filha única:
               7.   D. MARIA LIBÉRIA MESQUITA DE CASTRO (n. ?), nasci-
                     da 11-XI-?, foi a herdeira da Casa dos Correia de Castro
                    (das Janelas Ogivais) no Souto da Casa, na qual reside.
                    Professora do ensino oficial e proprietária agrícola. Casa-
                    da, com geração.


§: 2 
Castro Serra
Alpedrinha

Alpedrinha, Casa Trigueiros Leitão Castro Serra
(desaparecida num trágico incêndio a 6-I-2019).

6.3.    D. MARIA DA CONCEIÇÃO TRIGUEIROS LEITÃO DE CASTRO (1917-1999), nascida a 28-V-1912 em Alpe-
       drinha, no concelho do Fundão, onde veio a falecer a 20-XII-1988.
       Era filha de D. Judite Trigueiros Leitão (1885-1947), e de Eduardo Antunes Correia de Castro (1880-1946),
       no §:1 (5.1).
       Casou com seu parente ANTÓNIO MENDES LEITÃO SERRA (1912-1993), médico, proprietário agrícola,
       nascido a 28-V-1912 no Souto da Casa, no concelho do Fundão, e falecido a 25-VII-1993 em São João do
       Estoril, concelho de Cascais, tendo sido sepultado no cemitério público de Alpedrinha.


Maria da Conceição Trigueiros Leitão de Castro
 (1917-1999).
Dr. António Mendes Leitão Serra
(1917-1988)























       Filhos (10):
       7.1.  D. MARIA MANUELA TRIGUEIROS DE CASTRO SERRA (n. 1940), nascida a 29-II-1940 na freguesia
              do Souto da Casa, no concelho do Fundão, funcionária do Centro Regional da Segurança Social de
              Lisboa.
              Casou a 23-IX-1967 em Alpedrinha com CARLOS ALBERTO BARATA COELHO DE ALMEIDA (n. 1935)
              nascido a 11-XII-1935, funcionário de uma companhia de transportes aéreos.
              Filhos:
              8.1.  D. MARIA FILOMENA CASTRO SERRA COELHO DE ALMEIDA (n. 1968), nasceu a 22-VI-1968.
                     Licenciada em Arquitectura pela Faculdade de Arquitectura de Lisboa, profissionalizou-se como
                     docente do ensino oficial pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade
                     de Lisboa.
                     Casou a 29-VI-96 na freguesia dos Anjos em Lisboa com NUNO ALEXANDRE ALMEIDA CAROLA
                     MARQUES DE MOURA (n. 1966), nascido a 19-I-1966 em Lisboa.
              8.2.  PEDRO MIGUEL DE CASTRO SERRA COELHO DE ALMEIDA (n. 1970), nasceu a 26-III-1970.
                      Licenciado em Engenharia Informática. Casou a 29-VI-96 na Basílica da Estrela em Lisboa com ...
Dr. António Mendes Leitão Serra, e sua
mulher D. Maria da Conceição Trigueiros
Leitão de Castro, rodeados de 8 filhos;
Alpedrinha, 1955?
      7.2.  D. MARIA LIBÉRIA TRIGUEIROS VAZ SERRA (1941-1999), nasceu a
              24-XI-1941 na freguesia do Souto da Casa, concelho Fundão.
              Faleceu repentinamente a 27-XII-1999 na casa dos seus pais em
              Alpedrinha onde se encontrava por motivo do falecimento de sua
              mãe, e em cujo cemitério público foi sepultada.
              Licenciada em Farmácia pela Faculdade de Farmácia da Universi-
              dade de Coimbra, exerceu funções no Hospital de Santa Maria. 
              Casou na cidade de Lisboa com MÁRIO LOURENÇO FRANCISCO
              MACHADO E BRAGANÇA (1938-1988)engenheiro civil pelo Insti-
              tuto Superior Técnico, nascido 23-VI-1938 em Goa, Índia Portu-
              guesa, residente em São João do Estoril,  concelho de Cascais,
              onde faleceu a 27-I-1988.
              Filhos:
              8.1.  D. JOANA LACXIMI VAZ SERRA E BRAGANÇA (n. 1970), nas-
                      ceu a 17-V-1970. Casou a 27-XI-1994 com NUNO GRAVACHO
                      (n. ?). Divorciados, com geração.
              8.2.  FILIPE ANDRÉ TRIGUEIROS VAZ SERRA E BRAGANÇA (n. 1974), nasceu a 15-III-1974.
       7.3.  D. MARIA TERESA TRIGUEIROS DE CASTRO SERRA (n. 1943), nasccida a 30-VI-1943 no Souto da
              Casa, Fundão. Funcionária do Centro Nacional de Pensões em Lisboa.
              Casou a 3-V-1968 na Real Basílica da Estrela em Lisboa com JOSÉ AUGUSTO CARNEIRO DA COSTA
              DEITADO (n. 1945), nascido a 15-VIII-1945 na freguesia de Santa Isabel, em Lisboa. Seu marido é licen-
              ciado em Engenharia Informática pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de
              Lisboa, pós-graduado em Organização e Métodos pelo Instituto Politécnico da Universidade de Milão,
              mestre em Informática pela Universidade de Columbia - USA e doutorado em Gestão das Ciências da
              Informação pela mesma Universidade, assim como licenciado em Ciências Sociais e Políticas pelo
              Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de  Lisboa. Foi ainda depu-
              tado à Assembleia Constituinte da 1.ª à 3.ª Legislativas (1975-1980) pelo Partido do Centro Democrá-
             tico Social de que foi fundador, assim como vereador na Câmara Municipal de Lisboa (1980-1982).
              Filhos:
              8.1.   SOFIA DE CASTRO SERRA COSTA DEITADO (1968-1995), nasceu na freguesia de São Sebastião
                      da Pedreira, em Lisboa, e faleceu a 31-III-1995 num acidente de viação na freguesia de Perdigão,
                      no concelho de Castelo Branco. 
              8.2.   PEDRO RICARDO DE CASTRO SERRA COSTA DEITADO (n. 1972), nasceu a 20-III-1972 na fregue-
                      sia de São Sebastião da Pedreira, em Lisboa. Licenciado em Informática de Gestão pela Universi-
                      dade Lusófona de Humanidades e Tecnologia, e em Estatística e Gestão da Informação pela
                      Universidade Nova de Lisboa.
       7.4.   FERNANDO ANTÓNIO TRIGUEIROS DE CASTRO SERRA (n. 1945), nascido a 29-XI-1945 no Souto da
               Casa. Professor do ensino oficial.
               Casou com D. CIDÁLIA MARIA DE Ó ROMA (n. 1949), nascida 29-VII-1949 na freguesia de São Paio,
               no concelho de Gouveia, professora do ensino oficial. Residentes no Fundão. 
               Filhos:
               8.1.   TIAGO DO Ó ROMA DE CASTRO SERRA (n. 1982), nascido a 18-VIII-1982 em Alpedrinha, conce-
                       lho do Fundão.
               8.2.   FREDERICO DO Ó ROMA DE CASTRO SERRA (n. 1983), nascido a 2-XII-1983 em Alpedrinha.
       7.5.   D. MARIA JUDITE TRIGUEIROS DE CASTRO SERRA (1948-1991), nasceu a 25-VI-1948 em Alpedrinha,
               e faleceu prematuramente a 5-IV-91 no Fundão, onde residia e onde foi educadora de infância.
               Casou com JOSÉ HENRIQUES TOMÉ ABRANTES (n. 1948), nascido 14-XII-1948 no Fundão, licenciado
               em  Ciências Políticas Ultramarinas e professor do ensino oficial.
               Filhos:
               8.1.   NUNO FILIPE DE CASTRO SERRA E ABRANTES (n. 1976), nascido a 10-V-1976 no Fundão.
               8.2.   DUARTE DE CASTRO SERRA E ABRANTES (n. 1978), nascido a 23-I-1978 no Fundão.
       7.6.   D. MARIA DE LURDES TRIGUEIROS CASTRO SERRA (n. 1949), nasceu a 17-XII-1949 em Alpedrinha,
               residente no Fundão. Licenciada em História, foi professora do ensino secundário.
               Casou com JOÃO AUGUSTO DA FONSECA RAMOS FERREIRA (1952-1994), médico no Hospital do
               dão, nascido a 24-II-1952 em Castelo Branco, e falecido a 16-VII-1994 num acidente de viação em Cas-
               tro Verde, foi sepultado no cemitério público do Fundão. Seu marido era filho de Augusto Ferreira
               (n. 1920), tenente-coronel, nascido 18-X-1920 em Segura, concelho de Idanha-a-Nova, e de D. Maria
               de Lurdes da Fonseca Ramos (1920-1984), nascida a 4-VI-1920 no Porto e falecida a 15-V-1984 num
               acidente de viação em Coruche.
               Filhos:
               8.1.   JOÃO MIGUEL TRIGUEIROS SERRA RAMOS FERREIRA (n. 1974), nascido a 20-XII-1974 na fre-
                        sia da Lapa em Lisboa. Licenciado em Engenharia de Produção Industrial. Casou 28-VI-2003
                        na freguesia de Milharado, concelho de Mafra, com D. CRISTINA ... Com geração.
               8.2.   D. RITA TRIGUEIROS SERRA RAMOS FERREIRA (n. 1976), nasceu a 6-XI-1976 na freguesia da
Eduardo Manuel Trigueiros
de Castro Serra (n. 1952)
                        Lapa em Lisboa. Licenciada em Psicologia.
       7.7.   EDUARDO MANUEL TRIGUEIROS DE CASTRO SERRA (n. 1952), nasceu
               a 29-VI-1952 em Alpedrinha, no concelho do Fundão, onde reside.
               É funcionário do Centro Regional da Segurança Social do Centro.
               Casou a 10-VI-1979 na Igreja de N. Sra. do Amparo em Benfica, Lisboa,
               com D. MARIA DO PILAR CALDEIRA DE BOURBON ALAVEDRA (n. 1954),
               funcionária da Santa Casa da Misericórdia de Alpedrinha, a qual nasceu a
               9-I-1954 na Covilhã, filha de Manuel Teixeira da Silva Alavedra (f. 1971) fa-
               lecido a 13-VII-1971 em Sintra, e de sua mulher D. Maria Helena Godinho
               Caldeira de Bourbon (n. 1919) nascida a 13-VIII-1918.
               Filha:
               8.     D. MARTA DE BOURBON ALAVEDRA DE CASTRO SERRA (n. 1981),
                       nascida a 15-VI-1981 em Alpedrinha, no concelho do Fundão.
       7.8.   D. LUÍSA MARIA TRIGUEIROS DE CASTRO SERRA (n. 1953), nasceu a
                25-VIII-1953 em Alpedrinha, concelho do Fundão. Educadora de infância.
               Casou com ANTÓNIO JOSÉ DE PINA SIMÕES PINTO (n. 1951), nascido a 1-XI-1951 na freguesia de
               Lapa do Lobo, no concelho de Nelas, onde reside no Solar dos Pinas.
               Filhos:
Dr. António Mendes Leitão Serra, com
D. Maria da Conceição Trigueiros Leitão
de Castro, e seus 10 filhos; Alpedrinha. 1964?
               8.1.   GUILHERME CASTRO SERRA TAVARES DE PINA (n. 1988),
                        nasceu a 3-I-1988.
               8.2.   AFONSO TRIGUEIROS DE CASTRO SERRA PINA (n. 1993),
                        nasceu a 16-X-1993.
       7.9.   D. MARIA DA CONCEIÇÃO TRIGUEIROS CASTRO SERRA (n. 1954),
                nasceu a 25-X-1954 em Alpedrinha, concelho do Fundão.
                Casou com FERNANDO JOAQUIM DE JESUS PIRES (n. ?), nascido
                a 1-IV-1963 em Castelo Branco. Divorciados.
                Filho:
                8.     BERNARDO TRIGUEIROS DE CASTRO SERRA DE JESUS
                        PIRES (n. 1988), nasceu a 12-VI-1988 em Alpedrinha, Fundão.
       7.10. LUÍS FILIPE TRIGUEIROS DE CASTRO SERRA (n. 1957), nascido a
                9-VIII-1957 em Alpedrinha, que foi desenhador projectista. Residiu
                em Lisboa, e posteriormente no Estado Maranhão, Brasil. Casado, sem geração.


 

JAZIGO DA CASA DO ADRO  OLIVEIRA LEITÃO
Cemitério Público do Souto da Casa, 1908

            Por altura do inesperado falecimento de D. MARIA LIBÉRIA TRIGUEIROS (1856-1907), seu marido JOAQUIM AUGUSTO DE OLIVEIRA LEITÃO (1854-1909) mandou edificar um jazigo em sua memória sobre a sepultura de seus pais, os quais já tinham sido transladados para aí vindos do antigo e desactivado cemitério que ficava no adro da Igreja matriz e era contíguo à Casa do Adro.


Cemitério Público do Souto da Casa,
«Jazigo Oliveira Leitão».
                       Uma inscrição reza:

  
«JAZIGO
DE
J. A. D’OLIVEIRA LEITÃO
À MEMÓRIA DE SUA SAUDOSA ESPOSA
M. LIBÉRIA TRIGUEIROS LEITÃO

1908»






Nele foram inumados por ordem cronológica:

1.    Bartolomeu de Oliveira Leitão (1800–1883) – no subsolo
2.    Ana Rita dos Santos (1817-1890) – no subsolo
3.    Maria Libéria Trigueiros Leitão (1856–1907)
4.    Joaquim Augusto de Oliveira Leitão (1854–1909)
5.    Maria Libéria Trigueiros Leitão de Castro (1891-1940)
6.    Eduardo Antunes Correia de Castro (1880–1946)
7.    Judite Trigueiros Leitão (1885–1947)
8.    João José Trigueiros Leitão (1889–1958)
9.    Joaquim Monteiro Trigueiros Leitão (1918–1974)
10.  Ana Vaz Ferreira Trigueiros Leitão (1917–2010)



Notas: 

[1]    Ver: http://joaotrigueirosheraldicaegenealogia.blogspot.com/2012/01/oliveiras-souto-da-casa-fundao.html
[2]  Estes oficiais de justiça, nas aldeias e lugares com mais de vinte vizinhos, eram recrutados entre os homens-bons de cada freguesia e eleitos pelas vereações camarárias, estando subordinados aos juízes de fora ou ordinários e julgando pequenos litígios entre os moradores do lugar, estando-lhes vedado as causas referentes a bens de raiz e crimes. O cargo foi extinto e substituído pelas Juntas de Paróquia criadas pelo Liberalismo.
[3]  José Fernandes Lagarto e Maria dos Santos, tiveram, entre outros: 1. EUGÉNIA MARIA DA TRINDADE LAGARTO DOS SANTOS, já mencionada; 2. JOANA BAPTISTA, casada a 2-VII-1787 com Custódio Antunes Serra Lagarto ; 3. Luísa dos Santos, casada a 18-XII0-1798, no Souto da Casa, nas segundas núpcias de José Victor Leitão; 4. RAFAEL FERNANDES LAGARTO, casado com Maria do Rosário, da qual teve José, Laura, e Joaquim (n. 9-III-1819); 5. MARIA DOS SANTOS, casada a 4-6-1781 no Souto da Casas com José Mendes dos quais foi trineto o distinto médico fundanense Dr. Alfredo Mendes Gil (1894-1971), nascido em Silvares, o qual foi avô dos drs. Fernando, António e Maria Amélia Gil Garcez.
[4]  Referido in José Alves Monteiro, Ao Redor do Fundão, Fundão, C.M.F., 1990, p.313
[5]  AHM, Processo Individual de Bartolomeu de Oliveira Leitão, caixa 1217
[6]  Fabião António Leitão, natural do Orvalho, viveu na Barroca, concelho do Fundão.
[7]  Cartório Notarial do Fundão, Livro de Notas n.º 22, Fl. 71.
[8]  Cartório Notarial do Fundão, Escritura de Partilhas dos Herdeiros de Carolina Cândida Geraldes de Melo (f. 1915), Livro de Notas n.º 116, Fls. 8.
[9]  José António Geraldes de Melo Coutinho (f. 1841), era irmão de Francisco António de Paula Geraldes de Melo Coutinho (c. 1805), nascido em Aldeia Nova do Cabo, casado com sua tia D. Maria Margarida Geraldes de Melo Cajado (n. 1775), nascida a 27-XI-1775 em Idanha-a-Nova.
[10]  Manuel António Geraldes Leitão Coutinho de Melo (n. 1766), era filho de Rodrigo Xavier Soares Correia de Melo, c.c. D. Joana Felícia de Oliveira Monteiro; neto paterno de Manuel Soares Correia, juiz de Fora de Penamacor, capitão-mor do Fundão, natural de Aldeia do Mato, Covilhã, casado em terceiras núpcias a 1-IX-1734 em Idanha-a-Nova D. Isabel Joaquina de Melo Geraldes Leitão (n. 1709), nascida a 2-XII-1709 em Idanha-a-Nova (filha de Manuel Geraldes Leitão, sargento-mor de Idanha-a-Nova, onde casou a 25-IX-1702 com sua parente D. Maria Marques da Cruz e Melo, nascida em 1680); neto materno do tenente João Martins Mouzinho, de Estremoz, e de sua mulher D. Bárbara da Cruz Oliveira e Cunha, de Aldeia Nova do Cabo, Fundão. – Cfr. Luís Bivar Guerra, A Casa da Graciosa, Braga, pp. 208-209.
Estes COUTINHO DE MELO  tinham, no início do século XVII, o seu solar de origem na Quinta de Darei – entre Mangualde e Penalva do Castelo – e eram fidalgos da Casa Real, como se pode ver na carta de brasão de armas passada em 23-IX-1786 a Francisco Camilo Geraldes de Melo Cajado (n. 1777), neto de Manuel Soares Correia, esquartelado com as armas de GERALDES, LEITÃO, MELO e COUTINHO.
Os GERALDES, existentes em Portugal desde a Idade Média, eram uma família de juristas e de militares com ramificações em Idanha-a-Nova, no Fundão, e noutras localidades das Beiras, onde já existiam no século XIV. Ligaram-se à ilustre família dos MELOS, no século XVIII, e deram origem aos GERALDES DE MELO, de onde procede o 1.º Marquês da Graciosa (1840). Outros, como os irmãos Lucas e Nicolau Geraldes, vieram de Florença, terra da sua naturalidade, e aqui tiveram grandes negócios e fundaram casas nobres no Largo do Correio, em Lisboa, tendo servido o Rei D. Manuel I com o seu dinheiro. Usaram o seguinte brasão de armas: de prata, com um leão de negro, coroado de ouro. São estas as armas ostentadas nos cunhais do solar dos Marqueses da Graciosa, em Idanha-a-Nova.
[11]  D. Angélica Locádia de Oliveira Fonseca Coutinho Botelho, era filha de João de Oliveira Fonseca, alferes de Granadeiros, e de sua mulher D. Cecília Liberata Botelho Coutinho, nascida na freguesia da Misarela, no concelho da Guarda. 
[12]  Os NUNES GUEDELHA eram uma família de lavradores, juristas e militares, já conhecidos desde o século XVI nos concelhos de Castelo Branco e de Idanha-a-Nova, nomeadamente na freguesia do Rosmaninhal. Destes destacamos Domingos Nunes Guedelha (c. 1640), alferes na praça militar de Monsaraz e capitão numa companhia do terço de infantaria auxiliar da comarca de Castelo Branco, notabilizando-se na Guerra da Restauração, na qual prestou serviço durante dezanove anos (1640-1659), salientando-se nas batalhas de Pedra Luz, Estorninho, Albergaria, Sarça, Moraleira, Vale Verde, Cheleiros e Salvaterra, tendo casado com D. Cecília Marques, da qual teve Pedro Nunes Guedelha (1659-1719), natural de Castelo Branco. Este último, com uma carreira pública relevante no reinado de D. João V, formou-se em Direito e foi Juiz de Fora de Mértola (1687), ouvidor de Vila Real (1691), superintendente dos descaminhos da administração do Tabaco do Algarve (1697), desembargador da Relação do Porto (1697), desembargador extraordinário da Casa da Suplicação (1705), ouvidor do Crime da Casa da Suplicação (1708). Durante cinco anos fez jornadas ao Peru e às Índias Ocidentais espanholas. Foi cavaleiro da Ordem de Cristo em 1621 e Instituiu um morgado em cuja sucessão nomeou o hospital da Misericórdia de Castelo Branco, terra onde casou com D. Agostinha Teles Barroso, filha de João Teles e de sua mulher D. Maria Barroso, ambos naturais de Castelo Branco. Falecida sua primeira mulher, casou em segundas núpcias com D. Brites Maria Pessoa de Vasconcelos Spínola, a qual em 1717 obteve uma tença de 60.000 réis. Fez testamento a 8-III-1717 e nomeou por testamenteiros sua mulher e Raimundo Manuel da Cunha, tendo falecido em 1719 na sua casa da Rua Nova de Jesus, em Lisboa.
[13]  O Palacete do Século, hoje já desaparecido, foi uma das primeiras moradias a ser edificada na Av. 5 de Outubro, por volta de 1910, quando esta foi rasgada.
[14]  D. Maria da Piedade Carrolo (1882-1965), também usou os apelidos Costa São Pedro, que constam nos respectivos assentos de casamento e de óbito. O falecimento de seus pais quando ainda tinha pouca idade, levaram a que fosse criada por uma senhora de apelido São Pedro, a que chamava tia, a qual, falecida solteira e sem herdeiros lhe deixou o património que possuía. Desta madrinha adoptiva tirou os apelidos, que acrescentou ao seu nome, costume este corrente na época.
[15]  Os VAZ, aqui mencionados, provêm de Diogo Vaz, natural do Paúl, concelho da Covilhã, casado com D. Ana Rodrigues, natural de Unhais da Serra, quanto aos CARVALHO provêm de D. Jacinta Dias de Carvalho (n. 1644), nascida a 1-IX-1644 no lugar do Carregal, freguesia de Dornelas, no concelho da Pampilhosa da Serra.
[16]  Jerónima Valente, que tinha mais sete irmãos, é filha de Manuel Álvares Valente (n. 1746), nascido a 2-IX-1746, no Peso, concelho da Covilhã, casado a 12-XI-1772(?), no Peso, com D. Isabel Maria (n. 1765), nascida a 21-II-1765 no Dominguizo, concelho da Covilhã.
Manuel Álvares Valente (n. 1746), era filho de José Antunes e de Maria Manuel; neto paterno de Domingues Duarte e D. Catarina Antunes; e neto materno de Manuel Alvares Valente e de D. Isabel Duarte, todos ele naturais do Peso.
D. Isabel Maria (n. 1765), era filha de José Francisco, natural da Póvoa Dão, freguesia de Silgueiros, concelho de Viseu, casado a 25-VII-1748 no Dominguizo com D. Maria Fernandes Mateus (n. 1727), nascida a 4-I-1727 no Dominguizo, ambos «tidos e havidos como Cristãos Velhos», como se menciona no assento de casamento; neta paterna de Francisco Pais e de D. Francisca Antunes; bisneta paterna de outro Francisco Pais e de Catarina António, todos da Póvoa Dão; e bisneta materna de António Antunes e de sua mulher D. Maria Francisca, todos da mencionada Póvoa Dão. Pelo lado materno é neta de Mateus Fernandes, natural do Pesinho, e D. Maria Esteves, natural do Ferro, no concelho da Covilhã; bisneta paterna de António Fernandes, natural do Pesinho, e de D. Maria Pires, natural de Cortes do Meio, concelho da Covilhã; e bisneta materna de Domingos Esteves Giraldo, e de D. Maria Esteves Serrano, ambos naturais do Ferro.
[17]  João José F. Trigueiros Leitão, teve cota de armas por deliberação do C.N. de 10-XI-1990 e respectivo Alvará de 25-III-1992 (Livro 2, Fls. 8 v., registo n.º 1339), com o escudo esquartelado de PEREIRA, REGO, TRIGUEIROS e MARTE, tendo por diferença pessoal um crescente de prata. 
[18]   Maria do Socorro de Pina Lucas (n. 1930), obteve a naturalização portuguesa 2006 no Consulado de Belém, Brasil, registada na Conservatória dos Registos Centrais em Lisboa sob o n.º C-33719/2006.
[19]  José dos Santos Lucas (1889-1940), natural de Lisboa, era filho de Benjamim Lucas (n. 1859?) e de D. Maria da Conceição dos Santos (n. 1856?), naturais de Loriga, foi um destacado comerciante de Belém do Pará (Casa Camarinha).

2012-03-11

SOUTO DA CASA (Real) - Origem Toponímica.


Souto da Casa


História
       A origem do Souto da Casa, uma pequena aldeia do concelho do Fundão que outrora pertenceu ao concelho de São Vicente da Beira, situada na vertente Norte da Serra da Gardunha, é para nós um enigma, assim como o surgimento do seu topónimo. Da sua fundação quase nada sabemos, a não ser que já existiria por aqui alguma população no reinado de D. João I (1357-1433). 
       O seu orago é de São Pedro e curiosamente foi a primeira paróquia do actual concelho do Fundão a proceder aos registos de baptismo e de casamento a partir de 1563, com duas ou três décadas de avanço sobre todas as outras freguesias do concelho, juntamente com Freixial dos Potes (ou da Loiça), que nesta época lhe estava anexa. 
Souto da Casa, Igreja Matriz.
       Provavelmente, e à semelhança de várias povoações desta região, terá sido antecedida de outros lugarejos implantados entre as penedias da serra (castros lusitanos?), cuja incómoda situação, aliada à pacificação dos tempos que já não requeriam tantos cuidados defensivos, acabaram por descer para lugares mais aprazíveis e próximos de melhores solos e recursos hídricos. Terá sido esta a origem dos povoadores desta simpática aldeia.
       Quanto ao nome Gardunha, ou Guardunha como também já se grafou, as opiniões divergem. Uma das primitivas designações era de Ocaia, como é designada parte desta serra nos forais mais antigos (Foral de Castelo Novo, 1195; Foral de Alpreade (Castelo Novo, 1202). A actual designação de Gardunha deriva da palavra árabe guarda/refúgio, nome tirado do facto de ter servido de refúgio a grande parte da população visigoda da cidade de Idanha (actual Idanha-a-Velha), para aqui fugida após a ocupação pelos invasores árabes em 713 com o possível intuito de nestes alcantilados relevos vir a oferecer resistência, à semelhança do que mais tarde viria a fazer Pelágio nas montanhas das Astúrias em 718.
Alguns dos herdeiros deste indómito povo visigodo, à mistura com os já longínquos descendentes dos anteriores castros lusitanos que por aqui havia (Taporos?), estarão na primitiva origem do caldeirão genético que produziu este povo que se reivindica de ser feito “da rama do castanheiro”.

O Souto da Gardunha
 Quanto ao topónimo, conhecemos as várias teses do seu aparecimento, porém estas explicações carecem de outros fundamentos.
Resumindo as interpretações que se afiguram mais credíveis à maioria das pessoas, segundo a tradição corrente, deve-se a origem desta terra ao facto de 
«…logo após o início da produção de castanha oriunda dos enormes soutos, surgiu uma casa agrícola com algum poder económico que logo se tornou um pólo de convergência para Povo que tanto necessitava de meios de subsistência. Deste modo, as pessoas que afluíam diariamente àquela casa para o desempenho da sua actividade laboral, passaram a referir que iam para a “casa do souto”. Mais tarde, certamente para evitar economia de tempo e de meios nas suas constantes deslocações, começaram a radicar-se à volta daquela casa.»

        Esta é a explicação “oficial” que vem mencionada no site da Junta de Freguesia do Souto da Casa. 
        Estarão correctas estas presunções? Talvez, em parte, mas com algumas achegas complementares...

Souto
     Os citados soutos, hoje quase inexistentes, tinham árvores que chegam a ultrapassar várias centenas de anos (excepcionalmente podiam durar mil anos), e vieram substituir com alguma vantagem parte dos carvalhos aí existentes, por estarem melhor adaptados aos solos e ao frio desta região. Estes soutos começaram a ser dizimados a partir de 1820 pela «praga da doença da tinta», causando uma das grandes crises económicas desta região.
  A economia local tirava desta floresta os principais meios de subsistência: os pastos onde o gado se alimentava das ervas e da abundante folhagem; o mato para fazer a cama aos animais e posteriormente o estrume para a fertilização das terras; lenha e carvão para combustível nos fornos e lareiras; as madeiras para construção das casas de habitação, mobiliário e alfaias agrícolas; o importante e abundante esparto (planta poácea) utilizado para fazer tapetes, vassouras, cordas, pequenas cestas, e por fim as seiras utilizadas para colocar a massa de azeitona (escapachar) em posição de ser espremida nas então usuais prensas de varas.
Castanheiro centenário da Gardunha.
       De todos estes produtos que o souto produzia em abundância, e do qual dependiam os povoados limítrofes, a CASTANHA era a rainha, pois tinha diversas aplicações alimentares. Seca em fumeiros (pilada), conservava-se por longos períodos de tempo e foi uma das bases da alimentação dos mais pobres em períodos de carência de outros alimentos, quando as restantes culturas se perdiam. Desta fazia-se uns magníficos caldos de leite ou de vinho, conforme o gosto e a idade dos destinatários.



O Topónimo
        A corte de D. Dinis, o Rei Lavrador, era itinerante e na sua azáfama guerreira e administrativa também passou pelo território da actual Beira Interior onde reconstruiu ou edificou alguns castelos, redistribuiu terras, promoveu a agricultura e fundou várias comunidades rurais assim como criou mercados e feiras francas; não perdendo de vista o intuito de aqui fixar população e aliviar-lhe a pobreza ancestral que nesta época era endémica. A carência de meios deste território pode ser ilustrada por uma lenda da época: foi um pouco mais a norte, no pátio do castelo da vila do Sabugal que segundo reza a tradição, aconteceu o famoso milagre das rosas tendo como protagonistas a Rainha Isabel, e o rei D. Dinis[1].
Souto da Casa
    O grande souto da Serra da Gardunha, segundo se deduz de alguma documentação medieval, foi plantado pelo Rei D. Dinis (1261-1325) em parte do terreno mais acidentado e pouco povoado desta serra, tendo chegado a ocupar uma faixa de 14 quilómetros de extensão.
     É sabido que nas inquirições de D. João I (1357-1433), mandadas fazer cerca de um século depois (por Provisão de 4-XI-1395) para demarcar este reguengo – terra incorporada no património real, pertença da Coroa ou da Casa Real –, «e outrosy [de] outras herdades se as El Rey hy avia», vêm referenciados vários topónimos relacionados com a área ocupada por estes soutos, tais como o Souto do Alcambar (Fundão) ou Souto de El-Rei (Tombo da Comarca da Beira, 1395).  
  À semelhança do que aconteceu noutros territórios do reino, parte das terras maninhas (incultas, sem dono) da Serra da Gardunha, foram mandadas arborizar pela Coroa, e passaram a constituir um reguengo.
Castanheiro
     Com o decorrer dos séculos, muitas destas terras foram paulatinamente subtraídas à sua posse original, tornando-se deste modo baldios ou logradouros comuns das comunidades que viviam à sua volta, ou apropriadas por senhores influentes. Isto terá resultado do jogo de interesses das diversas classes dominantes, assim como da impossibilidade de se administrar cabalmente todo um imenso património. Esta alienação era muitas vezes feita através de aforamentos ou emprazamentos à Igreja, às diversas confrarias religiosas; assim como pela sua apropriação indevida por casas senhoriais que, no caso vertente, não parece ter acontecido por estas paragens.
     Circundando este imenso património vegetal, já se tinham estabelecido algumas populações que vinham desenvolvendo as suas actividades económicas em simbiose com a Serra da Gardunha: falamos de São Vicente da Beira, Alcongosta, Alpedrinha e Castelo Novo, etc.
     Obviamente que a administração deste património florestal da Coroa (o Souto de El-Rei), dependia de diversos funcionários régios com as funções de couteiros ou mateiros, todos eles submetidos a um monteiro ou guada-mor à semelhança do que aconteceu no Pinhal de Leiria. Estes funcionários régios geriam o corte de madeira, a caça, o pastoreio, a amanho da terra, assim como administravam a fruição de todo este bem inestimável para a população local, evitando que estas terras viessem a ser subtraídos ao património real, como mais tarde veio a suceder.
    Devido aos desmandos e atropelos na exploração deste tipo de riqueza, o rei D. Fernando I (1345-1383), criou no século XIV o cargo de monteiro para a administração da caça nas matas reais, cujas funções se estendiam à vigilância do corte de madeira a todo aquele que não for morador ou lavrador de terras próximas.
     Para o estabelecimento destes oficiais administrativos do Souto de El-Rei, certamente exteriores às comunidades locais, terão sido edificadas em diversos locais da periferia desta mata, algumas granjas de apoio e modestas casas para sua residência. 
     Estas habitações, em confronto com as poucas choças de pastores e camponeses pobres que por aqui abundariam no fim da Idade Média, despertavam a admiração das populações locais que, pouco a pouco, se foram fixando nas suas imediações.
     Terá sido uma destas casas, destinada a algum serventuário da Coroa com relevo na hierarquia administrativa deste Souto (couteiro, mateiro, guarda-mor?), que certamente residiu por aqui, que veio dar origem à Casa do Souto, que veio originar o topónimo Souto da Casa, talvez com o significado hoje perdido de Souto da Coroa ou, se assim o quiserem Souto da Casa Real.
Com muito orgulho.
Um filho da “rama do castanheiro
          
           JT
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Apêndice:

Souto d’El Rei

Tombo da Comarca da Beira/Inquirição de D. João I, feita no Fundão,... elaborada em virtude de uma provisão régia de 1395, contém o traslado de forais e de direitos reais relativo” a várias terras, como Covilhã e seu termo.

     - Outrosy o dicto Roj perez chegou do fundom termo de couilhaa para saber e enquerer que erdades e direitos o dicto Senhor auia no dicto lugar e pera esto chegarom a elo presentes Gil Martinz juiz delegado em logo de Gonçale annes juiz em couilhaa e outosy viçente vaasquez procurador e vereadores de suso nomeados e giral perez e Rodidaluarez tabaliaes dessa mesma outrosy fez perante sy vjr viçente annes e Martim Afomso juízes do dicto logo do fundom E outrosy Joham Lourenço manposteyro do souto del Rey que chamam o souto do alcanbar da merçee e outro sy afonse annes e fernam dominguiz moradores no sobredicto logo e outrosy viçente anes frade da terçeira ordem morador na aldeya de Johane outrosy manposteiro do dicto souto dos quaees deu juramento dos sanctos auangelhos que bem e verdadeiramnete lhe disesem per onde partia o dicto souto do alcanbar e outrosy outras herdades se as de El Rey hi auia os quaees diserom pelo dicto juramento que o dicto souto per estes lugares adeante escritos.
- Parte o dicto souto pelo termo do souto da casa pellos castinhejros dos emforcados per onde see huu marco e como se vem per a aldeia de Johane parte com herdade dos Erees de peroboo e dj como vaj ao cortinhal do Ribeiro da azenha e di como parte jndo com souto dafonse annes da aldeia de Johane vjndo pêra o fundom E como parte pelo comaro das vinhas do souto da Ruva E dy como se vay a fonte frija e da dicta fonte como parte pelo souto de domingos de ferro E do dicto souto parte com herdade de domingos setenbris E dy como se vay ao pomar de Martim migez E dy pellos cassaes de visimo E dy como parte jndo dereito aos Abeyros dos picooes E da outra parte pela piçara jndo pelo Ribeiro ariba E dy vaise jndo açima ao monte e parte com a fregissia dalcongosta E dy como se vay dejgreia de sam gees E dj como se torna ao mouynho de Johane annes dalcongosta E dj como se vay pella Ribeira dalba pera hu luzem as augas E dy tornase pela cumiada serra da guardunha como se uem pelo Ribeiro do priono E parte com souto de parçaria E dy como parte com souto dantonio viçente E dy como se torna pelo carualhal de sam bras como parte com herdade dafonse anes menjnho E dy como parte com erdade de lourence annes da aldeia noua E dy como parte com erdade dherees de caluinho E dy como parte com souto que foy de vinas bertolameu E dy como se vaj direito ao souto que foy de Martim Johanes galinheiro E di como parte pelo souto do menjnho E dj parte com souto da eygreja da aldeia de Johanne E dy como se vaj direito ao souto da eygreia do souto da casa E dj como se vay juntar ao dicto marco primeiro escrito E per estas deuisooes he o dicto souto todo demarcado sobre sy sem auendo outros nem huus parte nem quenhom senom El Rey que he todo o dicto souto seu E no qual souto iazem e estam doze mojnhos na Ribeira que vem do alcanbar e destes moinhos som os oito mojnhos reparados e os quatro moinhõ som ribados E destes mojnhos pagam a Ell Rey o foro em cada huu anno v. quarteiros de pam pela medida velha em que monta çento e dez alqueires pela medida noua de çenteeo estes moinhos tragem por pertenças pomares e herdades e pagam por todo o dicto pam e dous capooes em cada huu anno herdeiros de stevam dominguiz dentro em este souto jaz huu casal dell Rey que traz açenço dalcangosta aforado que ha del de pagar o quinto do pam e o quinto das castanhas e do vinho e do linho e dos alhos e çebollas emprestados e huu par de capooes com xx ovos em cada huu anno dentro em este souto do alcanbar jazem herdades e a redor delle que os que procuram o dicto souto por Ell Rey dam a laurar por suas raçooes.
- Outrosy em este souto esta hua Ermjda que chamam Sancta Maria do seixo que hy adificou huu Ermitam que chamam Joham diaz e sem autoridade dell Rey que pera ele ouuese dom frey vaasco bispo da guarda du a dicta Ermida a huu clerigo e por quanto a dicta eygreja esta no limite dell Rey o dicto Roy perez fez em ella tomada pêra Ell Rey pera dar padroado dela a quem sua merçee for.
- outrosy em este souto de suso dicto iaz hua coyrela que traz fernam dominguiz da leuada e paga dela a ell Rey o quinto das castanhas e huu par de capooes em cada huu anno.
- Outrosy tragem herees de Martim afonso hua coyrela no dicto souto de que pagam o quinto das castanhas e huu capom em cada huu anno. 
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Cf.    Miguel Nuno Peixoto de Carvalho Dias e Maria do Céu Jordão Morais Carvalho Dia, Covilhã - Subsídios
         para a sua História»,
         In http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2012/12/covilha-os-tombos-iii.html



[1]    Na versão mais antiga deste milagre "levava uma vez a Rainha santa moedas no regaço para dar aos pobres (...) Encontrando-a el-Rei lhe perguntou o que levava,(...) ela disse, levo aqui rosas. E rosas viu el-Rei não sendo tempo delas" (Frei Marcos de Lisboa, Crónica dos Frades Menores, 1562).