2016-03-13

Manuel Roberto Leitão (c. 1640) - Castelo Novo, Fundão


                          Brasão de:   Manuel Roberto Leitão (c. 1640)
                          Forma:         Escudo terciado em pala: a 1.ª de LEITÃO – em campo de prata,
                                               com três faixas de vermelho; a 2.º de COSTA – em campo vermelho,
                                               com seis costas de prata, postas 2, 2 e 2; o 3.º de PINTO – em campo
                                               de prata, com cinco crescentes de vermelho, postos em sautor. 
                          Diferença:   Um trifólio de azul.
                          Local:          Castelo Novo, Fundão.
                          Data:           ?-IV-1640.


MANUEL ROBERTO LEITÃO (c.1640) obteve um brasão de armas com o escudo partido em três palas, de LEITÃO, COSTA e PINTO, tendo por Diferença um trifólio azul.
Foi-lhe concedido a 6-Abril-1640, ainda na vigência da ocupação filipina, do qual não se conhece a pedra de armas correspondente, e a sua divulgação ficou a dever-se a José de Sousa Machado na sua obra «Brasões inéditos» (Braga, A Folha do Minho, 1906, p. 125), que dele nos dá o seguinte resumo:

«MANOEL ROBERTO LEITÃO, morador no lugar da Soalheira, termo da villa de Castello Novo, capitão de Val de Prazeres e Cortiçada e guarda-mór, filho de Francisco da Costa Pinto e de sua mulher [A]Polonia Leitão, da vila de Castello Novo; bisneto de António da Costa; terceiro neto de João Pinto e de Catharina da Costa, que era filha de Luiz da Costa.
Partido em três palas: LEITÃO, COSTAS e PINTO. D[iferença] um trifólio azul.  B. p. … de abril de 1640. L. 1.º fl. 460 v.»



O detentor do brasão
O licenciado MANUEL ROBERTO LEITÃO (f. 1658?), à data da concessão destas armas, em Abril de 1640, residia na freguesia da Soalheira, então pertencente ao concelho de Castelo Novo, e actualmente integrada no concelho do Fundão [1].
Soalheira (antiga)

Foi capitão da aldeia de Vale de Prazeres e da sua anexa Cortiçada, que após a restauração (1640) foi uma das maiores e mais populosas freguesias do concelho (então de Castelo Novo) e veio a ter na parte mais alta do burgo um pequeno castelo, hoje desaparecido, do qual ficou memória consagrada na toponímia pelos nomes de Rua do Reduto e Rua da Torre.
A 3-IV-1640 – tal como o seu homónimo avô materno – era “tabelião do público judicial e notas de Castelo Novo”, onde terá falecido a 7-II-1658[2]. Ao que parece, nesta família ainda houve outro homónimo que ocupou posteriormente este cargo em 1664[3].

Castelo Novo.
Castelo Novo


Era filho de FRANCISCO DA COSTA PINTO, (f. 1639), natural de Torre de Moncorvo, distrito de Bragança, o qual durante muitos anos foi “tabelião do público judicial e notas de Castelo Novo”, terra onde veio a falecer a 28-VIII-1639, e onde casou com D. APOLÓNIA LEITÃO (f. 1668)[4], daí natural e já viúva em 1656[5], tendo falecido a 22-V-1668 em Castelo Novo.

Neto paterno de JERÓNIMO DA COSTA PINTO, guarda da mata de Roboredo junto a Moncorvo, rendeiro da almotaçaria de Torre de Moncorvo[6], com fama de cristão-novo, o qual foi casado com D. ANTÓNIA MANUEL; e neto materno do homónimo MANUEL ROBERTO LEITÃÕ (c. 1627), também ele tabelião do público judicial e notas de Castelo Novo, e de D. JULIANA RODRIGUES, natural da freguesia do Ourondo, concelho da Covilhã[7].


Casa do Serrão, Fundão.
Seu pai teve um neto homónimo que foi FRANCISCO DA COSTA PINTO (1641-1889), nascido a 12-V-1641 no Fundão, falecido a 15-VII-1689, casado em primeiras núpcias com D. Isabel Maria Pereira (filhos: Francisca e Teresa), e em segundas núpcias com Francisca Leonor de Bacelar Sotomayor (n. 1662), natural de Monção (filhos: Gonçalo, Duarte e Constança)[8], o qual foi fidalgo da Casa Real, capitão de cavalos arcabuzeiros, cavaleiro da Ordem de Cristo, e secretário do Desembargo do Paço, e proprietário do ofício de “escrivão das sisas gerais da vila do Fundão” (1669) no qual sucedeu a seu pai por trespasse de sua irmã Apolónia Leitão (freira). 
Este era um dos 10 filhos de Gonçalo Serrão de Azevedo (f. 1662), senhor da Casa do Serrão à Rua da Cale, no Fundão, a qual ostenta a sua pedra de armas, um dos mais belos escudos heráldicos desta região, casado com nas suas segundas núpcias com D. Juliana da Costa Pinto (f. 1679)[9].





Notas:

[1]   A SOALHEIRA pertenceu ao concelho de Castelo Novo até à sua extinção em 1835, passando então ao concelho de Alpedrinha que foi extinto em 1855, pelo que então passou para o concelho do Fundão, a que actualmente pertence.
[2]   Cfr. SILVA, Joaquim Candeias da, Concelho do Fundão – História e Arte»,  Vol. I,(Fundão, CMF, 2002), p. 187.
[3]   ANTT, Registo Geral de Mercês, Ordens Militares, liv. 5, f. 241.
[4]  APOLÓNIA LEITÃO (f. 1668), da qual há várias homónimas nesta família, aparece noutros documentos com o nome de APOLÓNIA LEITOA ROBERTA (f. 1668).
[5]   A descendência numerosa deste Francisco da Costa Pinto (f. 1639) e de sua mulher Apolónia Leitão (f. 1668), entre outros, usou os apelidos Costa Pinto, Costa Leitão, e Leitão Pimentel da Costa.
[6]   Almotacé / almotacel – antigo inspector dos pesos e medidas que fixava o preço dos géneros.
[7]  Cfr. SILVA, Joaquim Candeias da, «Subsídios para o enquadramento histórico da casa onde se encontra instalado o Museu Arqueológico José Monteiro», Revista Ebvrobriga, Museu José Monteiro, n.º 5 (Fundão, 2008), p. 56.
[8]   Inventário de bens de Francisco da Costa Pinto. Cfr. ANTT, Feitos Findos, Inventários post mortem, Letra F, mç. 102, n.º 3.   
[9]  GONÇALO SERRÃO DE AZEVEDO (f. 1662), das suas primeiras núpcias com D. Antónia Rodrigues (f. 1635), teve pelo menos mais 4 filhos. Quanto à sua mulher D. JULIANA DA COSTA PINTO (f. 1679) conhecemos-lhe vários irmãos: 1.º – Manuel Roberto Leitão (c. 1627), natural de Castelo Novo, casado com Maria de Matos, 2.º- .António da Costa Leitão (c. 1639), capitão, casado a 15-XI-1639 com D. Ana Fernandes, então viúva de Gregório Leitão, da qual teve Francisco da Costa Pimentel que foi ordenado padre; 3.º – D. Ana Leitão da Costa (c. 1633), que foi madrinha em Castelo Novo em 1633; 4.º – D. Maria (n. 1621), nascida em 1621; 5.º – D. Mariana (n. 1622), nascida em 1622; 6.º – D. Apolónia Leitão Pimentel da Costa (n. 1624), nascida a 26-X-1624, casada em segundas núpcias a 30-XII-1652 em Castelo Novo com o capitão Luís Freire de Andrade, do qual teve pelo menos seis filhos; 7.º – D. Isabel (n. 1632), que nasceu em 1632; 8.º – D. Maria da Costa (c. 1629), casada a 3-IV-1629 com Manuel Antunes de Melo da Fonseca, do qual teve pelo menos nove filhos. – Obs: parte dos dados desta nota foram obtidos devido à generosa colaboração do investigador Coronel Manuel da Silva Rolão, ao qual muito agradecemos.

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