Brasão de: Álvaro Xavier Fonseca Coutinho Póvoas (1772-1852).
Forma: Escudo partido em pala. A 1.ª pala cortada em faixa. O 1.º da primeira
metade da pala, e a 2.ª pala, em conjunto, são as armas de PROENÇA –
o primeiro destes de verde com uma águia bicéfala, e o segundo, de azul,
com cinco flores-de-lis postas em sautor; o 3.º, na 2.ª metade da 1.ª pala,
de COUTINHO – de ouro com cinco estrelas de cinco raios, postas em
sautor[1].
Elmo: De grades, representado de perfil e voltado para a direita do escudo.
Local: Arca funerária do General Póvoas, cemitério da Vela, concelho da Guarda.
Data: Posterior a 1852.
Origem da Família Póvoas
(1462)
A família PÓVOAS atingiu algum relevo social ao tempo de FERNÃO ANES DAS PÓVOAS (c. 1462), antepassado do General Póvoas, um mercador abastado que foi vereador da cidade do Porto, no qual morava na Rua Nova onde tinha casas aforadas por si (a 30-VII-1462) e por seu filho António Fernandes Póvoas (a 23-VIII-1470); os quais sabemos que eram vizinhos de João Privado (Santos, 2010: 98-100). Os nobiliários afirmam que os Póvoas descendem dos Privados cujas armas usaram, e deram muitos valorosos soldados e letrados que desempenhara cargos relevantes na governação de Portugal e do seu Império.
Na Sé da Porto, mais precisamente «no claustro velho junto à porta q vay pª o Terreiro do Pateo do Bispo», havia uma sepultura antiga com a inscrição «Aqui jaz Pedro Anes da Póvoas» e acompanhada das armas dos Privados (Gaio, 1992: Vol. VIII, 604).
Sabemos que este Fernão Anes das Póvoas (c. 1462), em 12-XII-1474 obteve licença do rei D. Afonso V (1438-1481) para comprar o senhorio da Cunha-a-Velha (Gaio, 1992: Vol. VIII, 604). Pelo seu testamento de 6-XII-1480, sabemos que foi «comerciante e vereador» e que instituiu por sua morte um legado ao Convento de São Francisco do Porto, provavelmente para aí receber sepultura[3].
Casou nas primeiras núpcias de D. ALDONÇA RODRIGUES (c. 1462), filha de Rui Dinis e de sua mulher D. Maria/Catarina Anes, após o que veio residir na já citada casa da rua Nova que lhe foi aforada a 30-VII-1462 devido a ter casado. Sua mulher herdou este foro de seu pai Rui Dinis, que por sua vez o tinha recebido em doação de sua tia D. Catarina Afonso Aranha (c. 1423)[4], à qual fora aforada a 8-XII-1423[5], quando já estava viúva de João Esteves Valença que foi vereador do Porto e contador do rei D. João I (1385-1433). D. Aldonça, em 21-II-1512, após ter enviuvado de Fernão Anes das Póvoas, vendeu este foro a João Sanches e a Isabel Brandão (Santos, 2010: 100).
Sabemos que tiveram um filho com o nome de ANTÓNIO FERNANDES PÓVOAS, herdeiro do senhorio da Cunha-a-Velha que vendeu a Rui Mendes de Vasconcelos a 12-XI-1499.
Catarina Afonso Aranha (c. 1423), a primeira detentora conhecida do foro da casa da Rua Nova, provinha de uma destacada família do Norte[6]. Era filha de Vasco Afonso Aranha, irmã de D. João Afonso Aranha (c. 1398) que foi Vedor da Fazenda e bispo do Porto (1408) [7], e neta paterna de Diogo Anes Afonso Aranha (c. 1340) que foi escrivão da Puridade e alferes-mor do rei D. Afonso IV (1325-1357), e de sua mulher D. Aldonça Viegas (Gaio, 1992: vol. I, 447, 454).
A medieva Rua Nova do Porto, onde a família Póvoas residiu, era naquela época uma das mais privilegiadas da cidade pelo que foi uma das preferidas da burguesia mercantil e da aristocracia portuense para aí edificarem as suas casas em terrenos cedidos em regime de aforamento perpétuo.
Começou por ser rasgada na última década do século XIV pelo rei D. João I (1385-1433) que lhe chamava «a minha Rua Formosa» e, posteriormente, passou a denominar-se Rua Nova – hoje Rua do Infante D. Henrique. Os terrenos que ocupava, segundo alguns investigadores foram «subtraídos à jurisdição Episcopal». Nela se concentravam preferencialmente os mercadores e ourives que eram «a elite burguesa da cidade» (Pizarro, 2010: 100, 104).
Paralela ao rio Douro, bastante larga e comprida para a época, estendia-se da Rua dos Mercadores até ao Convento de São Francisco, e viria a ser um dos centros da actividade administrativa e mercantil da cidade do Porto que naquela época vivia um pujante intercâmbio comercial com os países do norte da Europa. Nela estavam sediados, além do Convento de São Francisco e da Igreja de São Nicolau: os Armazéns Reais e a Casa da Moeda (depois Alfândega), a Bolsa dos Mercadores, e o Paço dos Tabeliães.
A família dos Póvoas, com origem na abastada burguesia mercantil da cidade e inserida no tecido autárquico, onde ocupava cargos, estabeleceu alianças matrimoniais vantajosas dentro do seu meio social. As suas ligações à pequena nobreza viriam mais tarde, e fora da cidade do Porto, pois esta estava impedida de residir no perímetro urbano da cidade, ou de nele permanecer por mais de três dias (carta de D. Fernando, 1374).
Mais tarde, veio a aliar-se a outras família notáveis, tais como os Fonsecas e os Coutinhos, pertencentes à fidalguia antiga que já era conhecida no tempo do Conde D. Henrique pela posse e senhorio de alguns coutos e honras[8].
Nos reinados dei D. Manuel I (1495-1521), e de D. João III (1521-1557), parte dos Póvoas vieram a estabelecer-se em Lisboa e noutras cidades do reino, nomeadamente na Beira Interior, tendo alguns deles ocupado prestigiados cargos. Foram militares no Oriente e no Brasil, almoxarifes e provedores mores da alfândega, cavaleiros-fidalgos da Casa Real, cavaleiros da Ordem de Cristo, assim como desembargadores da Casa da Suplicação e juízes da Coroa no Conselho da Fazenda.
Armas dos PRIVADOS. |
Apesar do seu elevado estatuto social, o apelido PÓVOAS, tirado por alcunha da uma origem geográfica que desconhecemos, nunca teve brasão de armas próprio. Por isso usaram no início as armas da família PRIVADO: um Escudo de ouro com quatro bandas de vermelho; por Timbre um grifo alado, de vermelho. Sabemos ter havido alguma proximidade (de parentesco) entre estas duas famílias na cidade do Porto, assim como nos Açores onde havia o ramo «PÓVOAS PRIVADO» nas Ilhas de São Miguel e Santa Maria, no alvor do século XVII. É conhecido um Diogo das Póvoas Privado (c. 1529), ao qual D. João III concedeu o brasão dos Privados, seus antecessores (26-VII-1529), conforme consta de um registo na Chancelaria de D. João III (liv. 17, fl. 91).
Outro ramo dos Póvoas, inicialmente estabelecido nas Beiras e fixado na cidade da Guarda, adoptaria as armas de uma das mais antigas famílias da região com a qual provavelmente seria aparentado. Falamos da família PROENÇA: escudo partido em pala; a 1.ª de verde com uma águia bicéfala de preto; a 2.ª de azul com cinco flores-de-lis de ouro postas em sautor; e por timbre uma águia de uma só cabeça, sainte, de negro.
Não se sabe ao certo a que título os Póvoas chamaram a si estas últimas armas, presumindo-se que não foram assumidas arbitrariamente; antes vieram por algum parentesco que a genealogia até hoje não conseguiu apurar. Várias alianças matrimoniais uniram os Fonsecas e Proenças, tanto na cidade do Porto, como nesta região, pelo que se afigura terem as armas dos Proenças passado à família do General Póvoas por via de sucessão.
Conhecemos um Diogo Moreira (c. 1584), natural do Porto, cavaleiro-fidalgo da Casa Real e chanceler da cidade, o qual por Carta de 8-II-1584 obteve um escudo esquartelado de: Campos, Moreiras, Fonsecas, e Proenças (Borrego, 2003: 113).
Estes dois apelidos já andavam ligados na Beira Interior desde a segunda metade do século XVI. Ficaram aqui conhecidos: João de Proença (c. 1580), casado com Catarina Osório da Fonseca (c. 1580); Antão Proença da Fonseca (c. 1580); e um dos mais prováveis de todos, Cristóvão de Proença da Fonseca (c. 1600), senhor da Quinta do Ortigal (freguesia do Telhado, Fundão), cujo solar, numa das suas fachadas ao lado da capela (1799?), ostenta as armas plenas dos Proenças. Todos terão tido geração que propagou estes apelidos e respectivas armas.
Álvaro Xavier Fonseca Coutinho Póvoas (1772-1856)
ÁLVARO XAVIER DA FONSECA COUTINHO PÓVOAS (1773-1852), o “General Póvoas” como ficou conhecido, foi um dos mais carismáticos militares miguelistas da região da Beira.
Álvaro Xavier Fonseca Coutinho Póvoas (1772-1856) |
Nasceu a 7-IX-1773 na cidade da Guarda onde foi posteriormente baptizado na Paróquia de Nossa Senhora do Mercado pelo Reverendo Dr. Manuel Tomé Belo e apadrinhado por seu avô materno Álvaro Xavier da Fonseca Coutinho (n. 1708), natural de Portalegre, tendo tocado com procuração o seu filho Francisco da Fonseca Coutinho (n.1751), e por testemunhas António José São Paio e Manuel Luís Ferreira da Fonseca[9].
Faleceu a 29-XI-1852, solteiro e sem filhos, «com todos os sacramentos» na casa da sua quinta da Vela, no concelho da Guarda, «e foi sepultado no primeiro de Dezembro do dito anno» no cemitério público, então no adro da Igreja[10]. Posteriormente os seus restos mortais foram transladados para um elegante mausoléu, esculpido em pedra calcária e composto por uma urna funerária, armoriada, colocada sob uma pequena cúpula apoiadas em pilaretes trabalhados, que um dos seus irmãos aí mandou erigir. Após a construção do novo cemitério o citado monumento foi destruído pela incúria dos homens, tendo passado para o novo cemitério público a pequena urna em pedra que fazia parte do citado conjunto[11].
Guarda, Casa dos Póvoas. |
Era o segundogénito de uma prole de nove irmãos, filho de ANTÓNIO MANUEL DAS PÓVOAS DE BRITO (n. 1719), fidalgo da Casa Real, juiz dos Órfãos da Guarda (28-IX-1751), cidade onde nasceu e foi baptizado a 19-V-1719, e onde veio a casar com D. MARIANA VITÓRIA DE CASTRO E SOUSA DA FONSECA COUTINHO (n. 1745), baptizada a 13-V-1745 na paróquia de São Martinho de Portalegre[12]. Tinham uma relação de proximidade, ou mesmo de parentesco (?), com o marquês de Pombal que foi padrinho de baptismo de alguns dos seus filhos.
Sua mãe, era um dos 17 filhos que seus pais tiveram.
Era neto paterno de MANUEL DAS PÓVOAS COUTINHO DE BRITO (n. 1685), natural da Guarda, fidalgo cavaleiro da Casa Real (9-VI-1690), filho de António das Póvoas e Brito (c. 1660) e de D. Isabel de Sousa Oliva (c. 1660)[13], casado com sua mulher D. LUÍSA MARIA DE MELO CORTE-REAL (c. 1690), natural da Guarda, filha de Álvaro Freire de Sousa (n. 1602), nascido a 22-IV-1602 em Abrantes, casado na Guarda com D. Maria de Morais.
D. ISABEL DE SOUSA OLIVA (c. 1660), juntamente com seu irmão o reverendo MANUEL DE SOUSA OLIVA, cónego da Sé da Guarda, instituíram um morgado com bens vinculados, do qual fazia parte o local onde veio a ser reedificada a Casa dos Póvoas, no largo da Sé da Guarda. Os terrenos foram comprados a José Figueiredo Falcão (da Vela) e a Pedro da Fonseca de Castro (de Lamêgo). O vendedor José Figueiredo Falcão (da Vela) era casado em segundas núpcias com D. Inês de Gusmão, filha de D. Catarina de Mendonça (da Covilhã) e de seu marido D. Pedro Chaves de Gusmão (c. 1670), fidalgo cavaleiro (16-II-1693), mestre de campo de Castelo Branco (Gaio, 1992: Vol. VII, 26-27), que por volta de 1684 e 1688 vemos vender várias terras em Idanha-a-Nova (AN/TT, Feitos Findos, Administração de Casas. Mç. 98, nº 23 e 34, cx. 99).
Guarda, Casa dos Póvoas. |
Portalegre, Casa dos Póvoas. |
Terá sido o avô do General Póvoas o responsável por uma das reedificações da Casa dos Póvoas no Largo Luís de Camões (vulgo Praça Velha), junto à Sé da Guarda, a partir do reaproveitamento de outras casas aí existentes, assim como lhe atribuímos a colocação da pedra de armas dos Proença ao estilo barroco que está encastrada num cunhal da casa. A mesma ostenta o monograma «MP» na porta central da varanda com uma colunata, supostamente alusiva a «Manuel das Póvoas».
No espaço que aparenta ter sido em tempos a entrada nobre da casa, localizado de frente para o largo da Sé – alterado numa das posteriores reconfigurações – encontra-se actualmente um estabelecimento comercial. Uma pedra embutida no interior da casa apresenta a data de «1867», que pensamos dizer respeito a uma das últimas campanhas de obras deste edifício que se percebe, pela sua volumetria, resultar do encastre de outras construções anteriores.
Álvaro Xavier da Fonseca Coutinho Póvoas (1773-1852) foi fidalgo cavaleiro da Casa Real (30-I-1782), cavaleiro da Ordem de S. Bento de Avis, comendador da Ordem de Cristo e da Torre e Espada, cruz de ouro da Guerra Peninsular. Era ainda Senhor das comendas de Santa Maria de Mirandela (29-XII-1821) e de Santa Maria da Covilhã (31-X-1825), ambas na Ordem de Cristo.
Matriculou-se na Universidade de Coimbra onde frequentou o curso de Direito durante dois anos, após os quais assentou praça em Cavalaria n.º 11 (28-VIII-1792), passando ao estudo da Matemática, cuja formatura concluiu em 1796.
Com nítida vocação para a carreira das armas, logo que terminada a formatura em Matemática (1796), à custa dos meios de fortuna postos à sua disposição pela família organiza uma companhia de cavalaria de que foi nomeado capitão, e da qual fazem parte mais dois dos seus irmãos: António da Póvoas de Brito Coutinho (n. 1776), que veio a ser Marechal de Campo do exército realista; e Francisco de Melo Póvoas de Brito Coutinho (n. 1777).
Foi promovido a Major no ano de 1803 e, poucos anos depois, durante a 1.ª Invasão Francesa, encontrando-se Portugal ocupado por Junot, foi por este enviado para França (1808) para se integrar na Legião Lusitana dos exércitos napoleónicos.
Retorna a Portugal um ano depois, com o exército invasor sob o camando de Soult, do qual desertou para passar ao serviço do exército anglo-luso que lutava contra os franceses na Península Ibérica.
Já reincorporado no Exército Português, é promovido a Tenente-coronel (1812) com o encargo de reorganizar o Regimento de Cavalaria n.º 7 (1812/1815), com o qual travou muitas acções da Guerra Peninsular, nas quais se distinguiu, recebendo pela sua bravura a Cruz de Ouro da Guerra Peninsular.
Foi promovido a Brigadeiro (1815), e depois a Marechal de Campo (13-V-1820), posto que ocupava quando ocorreu a Revolução Liberal do Porto que apoiou, após o que foi escolhido para deputado da ala conservadora às Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa (1820), com o fim de elaborar e aprovar a primeira constituição portuguesa.
Exerceu cargos de relevo, como o de inspector-geral da arma de Cavalaria e de inspector-geral das Ordenanças.
De formação conservadora e convicto servidor do Trono e da Pátria, após a Vilafrancada (1823), tornar-se-ia partidário indefectível da facção legitimista de Miguel I de Portugal que serviu sem hesitações até ao fim, contando com o apoio da facção mais conservadora da população da Guarda.
Gen. Póvoas, grande uniforme. |
Em Maio de 1828, por altura da revolta da guarnição do Porto contra D. Miguel, a primeira manifestação da Guerra Civil que lhe coube sufocar, marcha contra a Junta com 8.000 homens e vai encontrar as forças liberais comandadas pelo general Francisco Refóios – seu vizinho na casa da Vela – na Cruz de Mouroços, junto ao Vouga, fazendo várias investidas, após o que travou um combate mais a norte, o qual durou 9 horas e acabou por pôr Refóios em fuga em direcção ao Porto, completamente desmoralizado e perseguido de perto (Selvagem, 1931: 549).
É nomeado governador-militar da Beira Alta (1829) e foi-lhe dado o comando do exército que ele organizou com poucos meios e à pressa para os confrontos subsequentes, nos quais se revelou grande estratega. Os absolutistas – ou legitimistas, conforme a sua própria de definição – ficaram a dever-lhe várias vitórias que foram recompensadas com a sua promoção ao posto de Marechal.
Após ter derrotado os liberais comandados pelo Marquês de Vila Flor na Batalha de Souto Redondo (7-VIII-1832), na qual estes perderam toda a artilharia e ainda 1.000 homens[14], foi-lhe dado por D. Miguel o comando do exército realista (20-XII-1833), cargo do qual foi destituído após a derrota desastrosa que viriam a sofrer na Batalha de Almoster (18-II-1834), que deste modo os fez pender a guerra contra os partidários de D. Pedro[15]. Deixa toda a actividade política e militar e retira-se para a cidade da Guarda. Pouco tempo depois, a convenção de Évora Monte (27-V-1834), pôs fim a este dramático conflito.
Gen. Póvoas, condecorações |
Depois da Convenção de Gramido (29-VI-1847) que pôs fim à insurreição da Patuleia, recolheu-se na sua quinta da Vela, junto à Guarda, para aí terminar os seus dias.
Figura respeitada da sua época, recusa o título de conde da Vela que lhe foi oferecido, tanto pelo governo saído da Patuleia, como pelo posterior governo constitucional.
O seu nome viria a ser atribuído a uma das ruas que confrontam com o solar de família, numa das zonas mais nobres da Guarda, perto da Sé Catedral.
Os Póvoas do concelho da Guarda
Não se sabe com exactidão quando a família dos Póvoas se fixou no concelho da Guarda.
Sabemos que emergiram socialmente na cidade do Porto no século XV, após o que deram uma ramificação conhecida em Lisboa no século XVI, ao tempo dos reis D. Manuel I (1495-1521) e D. João III (1521-1557), a partir dos quais os vemos recompensados com alguns cargos na administração pública por mérito da sua formação letrada.
Quanto a Refóios, também teve direito a epítetos por parte dos seus adversários, dos quais se destaca o de “General dos burros”, como sobre ele escreveu o panfletário miguelista José Agostinho de Macedo.
Deduzimos que foi por via de alguns desse cargos ao serviço da Coroa – na administração judicial, na fazenda pública, e na guerra –, que o ramo de Lisboa se foi espalhando pelas Beiras e Alto Alentejo, onde fizeram algumas alianças matrimoniais vantajosas que contribuíram para aumentarem os meios de fortuna e consolidarem o seu prestígio social.
O primeiro dos Póvoas que encontramos na cidade da Guarda foi MANUEL DAS PÓVOAS COUTINHO DE BRITO (c. 1685), fidalgo da Casa Real, casado com D. LUISA MARIA DE MELO CORTE-REAL (c. 1690), natural da Guarda, cidade onde lhe nasceu o filho ANTÓNIO MANUEL DAS PÓVOAS DE BRITO (n. 1719), juiz dos Órfãos, casado com D. MARIANA VITÓRIA DE CASTRO E SOUSA DA FONSECA COUTINHO (n. 1745), de Portalegre.
Por esta altura terá começado alguma rivalidade entre a família PÓVOAS e os SARAIVA DE REFÓIOS, na disputa da proeminência social na Guarda. Ambas as famílias, segundo a tradição, seriam aparentadas – talvez pelo lado dos Proenças que terão estado no século XVI na origem de um Sousa Refóios e foram senhores da Quinta do Ortigal no concelho do Fundão[16] – com grande património e influência na Beira Interior. Estas duas famílias concorriam nas suas grandes casas, tanto na cidade da Guarda como na freguesia da Vela onde moravam lado a lado e onde tinham quintas e vínculos.
Vela, uma das casas da família Póvoas |
A guerra civil que rebentou entre os filhos de D. João VI fez com que alguns membros destas duas famílias continuarem de costas voltadas, abraçando partidos contrários e dando dois militares rivais que, apesar de vizinhos na Vela, se digladiaram nos campos de batalha, após o que regressaram a esta aldeia da Beira para o repouso merecido.
Pelo lado dos Póvoas perfilou-se o legitimista Álvaro Xavier da Fonseca Coutinho Póvoas (1773-1852). Da parte dos Saraiva Refóios avançou o liberal e maçónico Francisco Saraiva da Costa Pereira de Refóios (1779-1842), futuro Barão de Ruivoz (1835).
A rivalidade entre estes dois bravos guerreiros, durou até ao fim das suas vidas.
Vela, Casa dos Refóios, já desaparecida (com "o mouro" à beira do telhado) |
Após o fim da guerra civil, o vencedor Refóios mandou esculpir na embocadura da chaminé da sua casa da Vela (já demolida) uma grotesca escultura que representava o seu adversário, o qual “ardia” e deitava fumo sempre que se acendia a lareira – tudo isto à vista das janelas da casa do General Póvoas.
Parte do povo da Vela, talvez em apoio ao caudilho vencedor, chamava à figura da chaminé: «o mouro da Vela» ou «o turco», à revelia do ar bem-apessoado do General Póvoas que tinha olhos e cabelos claros, como se comprova por um retracto a cores que dele nos ficou.
Guarda, Vela, Casa dos Refóios.Quanto a Refóios, também teve direito a epítetos por parte dos seus adversários, dos quais se destaca o de “General dos burros”, como sobre ele escreveu o panfletário miguelista José Agostinho de Macedo.
Porém, o destino parece ter vingado as afrontas feita por Refóios – o mais novo dos dois adversários – que foi mandado chamar à presença do Divino dez anos antes do General Póvoas, depois de uma rancorosa velhice à vista do seu adversário.
A quinta do general Póvoas ainda subsiste na Vela, quanto à dos Refóios viu o seu solar destruído para dar lugar a um lar da terceira idade.
Foram ambos sepultados em dois túmulos – novamente a par um do outro – no antigo cemitério que rodeava a igreja da Vela.
Dos dois túmulos, só o do Póvoas subsiste, ainda que incompleto, no actual cemitério da freguesia.
Ao que parece a quinta da Vela veio a ser alienada nesta família por uma trineta do General Póvoas.
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O general Póvoas era acima de tudo um homem de convicções e de acção, ao qual as vaidades e honrarias áulicas não causariam particular satisfação.
Armas dos Póvoas, interior da Casa dos Póvoas na Guarda. Escudo de PROENÇA. |
Ele fazia parte de uma raça de gente de carácter que nesta época, muitas vezes em campos ideológicos opostos, lutaram e sofrerem por obediência a ideais que consideravam justos: não para deles tirarem proveito próprio, mas até, em muitos casos, sacrificando as respectivas fortunas que colocaram ao serviço das causas em que militavam.
A Àlvaro Póvoas, um dos nove filhos de seus pais, pouco lhe restado da parte que lhe coube da herança paterna, com a qual terá financiado o exército miguelista, e os voluntários da patuleia que ele próprio arregimentou. Como se presume, era um idealista voluntarioso que, nos seus ideais, empenhava os próprios recursos financeiros.
Após todas as lutas, das quais a maioria perdeu, retirou-se para a sua modesta casa da Quinta da Cerca na freguesia da Vela, onde veio a fechar os olhos, não satisfeito com o resultado das causas que abraçou, mas certamente tranquilo com a sua consciência.
Apesar de originário de uma família de preclara nobreza, nomeadamente pelo lado materno dos Fonsecas e Coutinhos, nunca sentiu a necessidade de se habilitar à atribuição de um brasão de armas como lhe competia.
As armas do seu túmulo da Vela são assumidas, e terão ficado a dever-se à iniciativa dos irmãos que lhe sobreviveram, os quais, deste modo, quiseram prestigiar a memória do beirão ilustre que a História – sempre escrita pelos vencedores – rapidamente deixou cair no esquecimento.
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Segundo a tradição, deve-se à sua iniciativa a reedificação do Palácio Póvoas no Largo do Rossio, em Portalegre, do qual se destaca um portal decorativo que está armoriado com um escudo heráldico ao estilo barroco.
Portalegre, casa dos Póvoas. |
Estas armas, caso tivessem sido da sua iniciativa como sustentam algumas opiniões, também seriam assumidas e são diferentes das que figuram na sua arca funerária do cemitério da freguesia da Vela, assim como as da Casa dos Póvoas na cidade da Guarda.
Não enjeitamos a hipótese de ali terem sido postas pelo General Póvoas, aquando da reedificação da casa, mas certamente vindas de uma casa anterior que pertencera a familiares seus.
A sua residência de Portalegre é um casarão oitocentista, erigido no local onde provavelmente existiu uma casa anterior dos seus antepassados – a família BRITO que nesta cidade teve algum relevo no século XVII e XVIII –, os quais ele quis homenagear com a colocação deste brasão.
No caso de serem armas do próprio General Póvoas, estas seriam assumidas, pois não se conhece o correspondente Processo de Justificação de Nobreza, formalidade esta que a família Póvoas sempre parece ter desprezado.
Apesar da falta da respectiva Carta de Brasão de Armas, e no desconhecimento dos esmaltes (cores e metais) que nele figuram, poderemos arriscar algumas sugestões de interpretação.
Quanto à sua forma, apresenta um escudo esquartelado:
Portalegre, Pedra de Armas da casa dos Póvoas. |
O 2.º quartel partido em pala. Na 1.ª da pala, aparentemente figuram as armas dos RANGEL (mal representadas) – de azul, com uma flor-de-lis de prata; bordadura de ouro, carregada de sete rmãs de verde, abertas de vermelho. Na 2.º da pala de SÁ (com imprecisões) – xadrezado de prata e de azul, de cinco peças em faixa e seis em pala.
O 3.º quartel, povavelmente de VELEZ (mal representadas) – de verde, com um castelo de prata, lavrado de negro, aberto de vermelho, acompanhado em ponta de uma cabeça de mouro, cortada em sangue, parte sobre a porta do castelo.
O 4.º quartel de MIRANDA – de ouro, com aspa de vermelho carregada de quatro flores-de-lis de verde.
Timbre do escudo: um leão do escudo de BRITO.
Este brasão dos Póvoas, cujo esquartelado ignora os notáveis Fonsecas e Coutinhos, parece remeter-nos para um 4.º avô do General Póvoas que foi ANTÓNIO DAS PÓVOAS, fidalgo da Casa Real, desembargador, juiz da Coroa, provedor da Alfândega de Lisboa, casado em Midões, concelho de Tábua, com D. LUÍSA DE MIRANDA, herdeira de um rico morgado que o seu pai lhe deixou “com a condição de usar ar armas e o apelido de Miranda”, da qual teve geração. Foi ao Brasil e aí de D. BRITES SOARES, teve uma filha bastarda que foi uma das antepassadas do General.
Este brasão dos Póvoas, cujo esquartelado ignora os notáveis Fonsecas e Coutinhos, parece remeter-nos para um 4.º avô do General Póvoas que foi ANTÓNIO DAS PÓVOAS, fidalgo da Casa Real, desembargador, juiz da Coroa, provedor da Alfândega de Lisboa, casado em Midões, concelho de Tábua, com D. LUÍSA DE MIRANDA, herdeira de um rico morgado que o seu pai lhe deixou “com a condição de usar ar armas e o apelido de Miranda”, da qual teve geração. Foi ao Brasil e aí de D. BRITES SOARES, teve uma filha bastarda que foi uma das antepassadas do General.
Ascendência do General Póvoas
1. FERNÃO ANES DAS PÓVOAS (c. 1462), citado anteriormente, origem da família Póvoas na cidade do Porto, que Felgueiras Gaio menciona sem referir o seu estatuto de mercador, nem dizer com quem casou (Gaio, 1992: vol. VIII, 604). Comprou o senhorio da Cunha-a-Velha e casou com D. ALDONÇA RODRIGUES (c. 1462), filha de Rui Dinis e de sua mulher D. Maria/Catarina Anes. Entre outros teve:
2. ANTÓNIO FERNANDES PÓVOAS, herdeiro do senhorio da Cunha-a-Velha que vendeu a Rui Mendes de Vasconcelos a 12-XI-1499. Vivei em Lisboa e casou com D. ISABEL DA MAIA (ou BRITO). Tiveram:
3. DIOGO FERNANDES DAS PÓVOAS (c. 1527), provedor mor da alfândega de Lisboa, cavaleiro-fidalgo da Casa Real de D. João III, cavaleiro da Ordem de Cristo, comendador do Ervedal, e de sua mulher D. MÓR PACHECO (f. 1565), falecida «dona veuva» a 9-VIII-1565 na freguesia da Sé em Lisboa, tendo deixado por seu testamenteiro o filho Francisco das Póvoas, provedor da Alfândega, o qual era casado com D. Luísa de Góis Trigueiros (C.1560), filha de António Trigueiros (c. 1500) e de sua mulher D. Joana de Góis (c. 1510) (Gaio, 1992: vol. VIII, 604-605; Prestage, 1924; vol. I, 129)[17]. Entre outros teve:
4. ANTÓNIO DAS PÓVOAS (c.1582), fidalgo da Casa Real (1551), comendador do Ervedal na Ordem de Cristo no concelho de Oliveira do Hospital, e juiz da Alfândega de Diu (1546). Fez três casamentos, o 1.º dos quais, contra a vontade de seu pai com D. MOR DE SEQUEIRA, de Tânger; o 2.º com D. FRANCISCA MACEDO, viúva de Gaspar da Cunha, senhor de Tábua; e o 3.º com D. LEONOR DE AZEVEDO, de quem teve:
5. ANTÓNIO DAS PÓVOAS, fidalgo da Casa Real, desembargador da Relação do Porto e da Casa da Suplicação, juiz da Coroa no Conselho da Fazenda, provedor da Alfândega de Lisboa, que foi ao Brasil e aí teve uma filha. Casou em Midões com D. LUÍSA DE MIRANDA, herdeira de um morgado de quatrocentos mil réis de renda que o seu pai lhe deixou “com a condição de usar ar armas e o apelido de Miranda” (Cfr. Gaio, Nobiliário, v. VII, «Mirandas», p. 418), da qual teve geração que viveu na Quinta do Paço do Lumiar, junto a Lisboa. No Brasil, de D. BRITES SOARES teve uma filha bastarda que foi:
6. D. LUÍSA DAS PÓVOAS, casada com ANTÓNIO DA FONSECA DE BRITO COUTINHO, desembargador, do qual teve:
7. ANTÓNIO DAS PÓVOAS DE BRITO (c. 1660), fidalgo da Casa Real, casado com D. ISABEL DE SOUSA OLIVA, da qual teve:
8. MANUEL DAS PÓVOAS COUTINHO DE BRITO (c. 1685), fidalgo da Casa Real, casado com D. LUISA MARIA DE MELO CORTE-REAL (c. 1690), natural da Guarda, da qual houve:
9. ANTÓNIO MANUEL DAS PÓVOAS DE BRITO (n. 1719), fidalgo da Casa Real (29-VII-1722), juiz dos Orfãos da Guarda (28-IX-1751), nascido a 19-V-1719 na cidade da Guarda, fidalgo da Casa Real, casado com D. MARIANA VITÓRIA DE CASTRO DE SOUSA COUTINHO (n. 1745), baptizada a 13-V-1745 em São Martinho de Portalegre. Sua mulher fazia parte da prole dos 17 filhos de Álvaro Xavier da Fonseca Coutinho (n. 1708), nascido a 7-III-1708 em São Martinho de Portalegre, onde foi escrivão da Almotaçaria (22-V-1754), casado nas suas segundas núpcias em Vila de Rei com D. Brites Leonor Margarida de Almada e Castro (n. 1726), nascida no Sardoal a 30-VI-1726 (filha de João de Andrade Freire de Mendonça (n. 1685), natural da Sertã onde foi baptizado a 26-II-1685, casado em São Vicente de Abrantes a 1-I-1716 com sua mulher D. Maria de Castro e Sousa).
Deste casamento teve 9 filhos, e entre eles:
Deste casamento teve 9 filhos, e entre eles:
10. ÁLVARO XAVIER DA FONSECA COUTINHO PÓVOAS (1773-1852), o General Póvoas como ficou conhecido. Nasceu a 7-IX-1773 na cidade da Guarda, e veio a falecer a 29-XI-1852 na freguesia da Vela.
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Bibliografia:
BORREGO, Nuno Gonçalo Pereira (2003), “Cartas de Brasão de Armas”. Lisboa: Guarda-Mor.
GAIO, Manuel José da Costa Felgueiras (1992), "Nobiliário das famílias ilustres de Portugal", 12 Vols. Braga: Carvalhos de Basto.
PRESTAGE, Edgal, e AZEVEDO, Pedro de (1924), “Registos parochiais de Lisboa, freguesia da Sé”, vol. I (1563 a 1569). Coimbra.
SANTOS, Maria Helena Pizarro Paula (2010), “A Rua Nova do Porto (1395-1520): Sociedade Construção e urbanismo”. Dissertação de Mestrado em História Medieval e do Renascimento apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
SOBRAL, Manuel Abranches (2004), “Ascendências Visienses”, 2.º vol. Porto.
PIZARRO, Helena (2010), “A Rua Nova na cidade do Porto entre os séculos XV e XVI: urbanismo, construção e sociedade “. In. Workshop de Estudos Medievais da Universidade do Porto, 2009–10, pp. 99-108. Universidade do Porto: Faculdade de Letras.
SELAGEM, Carlos (1931), “Portugal Militar”, Lisboa: Imprensa Nacional.
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Notas:
[1] Apesar do desgaste da pedra, ainda são visíveis as convencionadas representações gráficas das cores
e metais com os respectivos ponteados e tracejados, nas suas diversas orientações espaciais.
Notas:
[1] Apesar do desgaste da pedra, ainda são visíveis as convencionadas representações gráficas das cores
e metais com os respectivos ponteados e tracejados, nas suas diversas orientações espaciais.
[2] AN/TT, Leitura Nova, Além Douro, liv. 3, fls. 293-294; e liv.4 fls. 25v-27.
[3] Arquivo Distrital do Porto, “Tomo Primeiro Dos Títulos Das Capelas, e Legados Deste Convento de S. Francisco Da cidade do Porto”.
[4] Os ARANHA aparentemente vieram de França para a Espanha, após o que passaram a Portugal. Eram uma proeminente família do Porto ao tempo dos reis D. Dinis (1279-1325) e D. Afonso IV (1325-1357). Deles descendia Miguel de Vasconcelos (f. 1640), secretário de Estado (primeiro-ministro) da Duquesa de Mântua, o qual foi defenestrado no Paço da Ribeira em Lisboa pelos conjurados de 1640, que assim puseram termo à sua vida e à dominação filipina.
[5] Esta casa confrontava com um «Afons’Eanes, criado do Rei». Talvez o Afonso Anes Aranha (c.1390), irmão do Bispo do Porto.
[6] Catarina Afonso Aranha era senhora de um vasto património. O Rei D. Duarte I concedeu-lhe a 13-X-1434 «privilégios a ela e a seus caseiros, lavradores, mordomos e apaniguados» como tinha tido em vida do seu marido (AN/TT, Chancelaria de D. Duarte I, Liv. 3, fol. 36).
[6] Catarina Afonso Aranha era senhora de um vasto património. O Rei D. Duarte I concedeu-lhe a 13-X-1434 «privilégios a ela e a seus caseiros, lavradores, mordomos e apaniguados» como tinha tido em vida do seu marido (AN/TT, Chancelaria de D. Duarte I, Liv. 3, fol. 36).
[7] A 5-X-1435 é-lhe feito um aforamento de casas em Gaia, no qual se menciona que é «irmã do Bispo do Porto, moradora no Porto» (AN/TT, Chancelaria de D. Duarte I, Liv. 1, fol. 164).
[8] Os Coutinhos e os Fonsecas procedem de um tronco comum pelo que usam as mesmas armas que são cinco estrelas dispostas em sautor, diferindo estas no número de raios (7 para os Fonsecas, e 5 para os Coutinhos). Os timbres são diferentes. Os Fonsecas tiraram o nome da Honra de Fonseca, e os Coutinhos do Couto de Leomil que por ser pequeno em extensão se chamava “Coutinho”, alcunha esta que passou aos seus detentores. Por vezes os canteiros que fazem estas pedras de armas, por desconhecimento alteram o número de raios das estrelas, o que pode causar confusão na sua interpretação. O brasão do mausoléu do General Póvoas na vela tem estrelas de 5 pontas (Coutinhos), outro brasão equivalente a este e esculpido em baixo-relevo no tecto da capela interior da Casa dos Póvoas na Guarda tem estrelas de 6 pontas (Tavares?), o que é manifestamente um erro de representação.
[9] ADG, Reg. Paroq., Conc. Guarda, Paroquia de Nossa Senhora do Mercado, Reg. 122, Fls. 147v.
[10] ADG, Reg. Paroq., Conc. Guarda, Paróquia da Vela, Reg. 786.
[11] Lamentamos não se ter agido com algum bom senso, preservando no local este monumento, à semelhança do que se fez mais a norte na freguesia da Faia que, ao desmantelar o cemitério à volta da sua igreja, preservou um ou outro mausoléu de boa traça pertencentes a notáveis filhos da terra.
[12] A freguesia de São Martinho de Portalegre foi extinta em 1858.
[13] Não conseguimos apurar se é a mesma Isabel Oliva que obteve uma tença de 4$000 réis por Carta Padrão de 29-XI-1671 (NA/TT, Registo Geral de Mercês, D. Afonso VI, liv.14, fl.113).
[14] António José de Sousa Manuel de Meneses Severim de Noronha (1792-1860), 7.º Conde de Vila Flor, 1.º Marquês de Vila Flor (1827, e 1.º Duque da Terceira (1832), de juro e herdade, com Honras de Parente da Casa Real. Foi um dos grandes heróis Liberais, feito Marechal do Hexército, e por quatro vezes Presidente do Conselho de Ministros.
[15] Do lado dos liberais, estava o então jovem Major de Cavalaria Joaquim Trigueiros Martel (1801-1873) que viria a ser 1.º Conde de Castelo Branco (24-V-1870).
[16] Os Sousa Refóios, na sua Quinta do Ortigal, na freguesia do Telhado, concelho do Fundão, deixaram uma pedra de armas dos Proenças (também usada pelos Póvoas). Esta pedra, provavelmente datada dos finais do século XVIII, será alusiva a Simão Proença (c. 1570), casado com D. Isabel Saraiva da Fonseca (c. 1545), que pode indiciar uma origem comum às duas famílias, ou mesmo do seu neto Cristóvão de Proença da Fonseca (c. 1600), senhor da Quinta do Ortigal, casado na Guarda com Catarina Mendes de Carvalho (Gaio, 1992: Vol. IV, 60).
Ao certo nesta família, um dos primeiros que há memória foi AFONSO PROENÇA (c. 1536), cavaleiro fidalgo da casa do Cardeal-Infante D. Henrique, e seu meirinho das rendas dos contos de Alcobaça em 10-XII-1538 (Corpo Cronológico, Parte I, mc. 63, n.º 72), o qual teve Carta de Armas de sucessão de Proença dada em Évora a 20-IX-1536 ei registada na Chancelaria de D. João III, liv. 22, fl. 120v.
Coevo do anterior temos ainda BELCHIOR PROENÇA (c. 1542), escudeiro fidalgo da casa do Cardeal-Infante D. Henrique, o qual era de LUÍS PROENÇA, natural da Guarda, neto paterno de ANTÃO ALVES DE PROENÇA, e bisneto ÁLVARO DE PROENÇA, o mais antigo que se conhece deste ramo dos Proenças. Teve Carta de Brasão de Armas de sucessão dada em Lisboa a 19-VI-1542 (Chancelaria de D. João III, liv. 32, fl. 64).
[17] Com gralhas de “Figueiro” em vez de “Trigueiros”.
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