2011-04-09

Casa do Calvário (Séc. XIX) - Aldeia Nova do Cabo, Fundão.


Casa do Calvário - Aldeia Nova do Cabo, Fundão.


Sucessão genealógica na posse da casa:

1.     JOÃO TELES TRIGUEIROS (1822-1886), juiz desembargador e senhor da Casa do Calvário por presumí-
        vel herança do avô paterno de sua mulher que foi Manuel António Geraldes Leitão Coutinho de Melo
        (n. 1766).
João Teles Trigueiros
(1822-1886)
Nasceu a 20-III-1822 na freguesia de Escalos de Baixo, concelho de Castelo Branco, onde foi baptizado a 7-III-1823 na Igreja de São Silvestre, apadrinhado por Simão Trigueiros do Rego Martel (n. 1807) e por D. Doroteia Trigueiros Martel (n. 1803). Faleceu a 19-IX-1886 na sua casa do Largo do Calvário, em Aldeia Nova do Cabo, no concelho do Fundão.
Proprietário em Escalos de Baixo, onde tinha a sua residência principal, licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra a 14-VI-1848 e seguiu a carreira da magistratura[1].
Foi delegado do Procurador Régio e juiz em Loulé (1852), Ourique (1853), Sabugal (1854), Portalegre (1860), Celorico da Beira (1862), Sertã (1865), Fundão (1870), Coimbra (1875)[2], Viseu (1880), e por fim juiz desembargador da Relação de Lisboa.     
       Era filho de NICOLAU TELES NUNES GUEDELHA (1788-1862), nascido a 7-X-1788 na freguesia de Escalos de Baixo, concelho de Castelo Branco, onde faleceu a 18-IX-1862, proprietário e capitão do Regimento de Milícias de Idanha-a-Nova, atingindo o posto de tenente-coronel da Companhia de Granadeiros, vereador da Câmara de Castelo Branco (1825, 1836, 1848-49, e 1852-53), casado a 14-II-1820 com D. MARIANA BÁRBARA TRIGUEIROS MARTEL (1794-1880), nascida a 5-II-1794 em Idanha-a-Nova, onde foi baptizada a 17-3-1794, apadrinhado por Joaquim Trigueiros da Silva Leite, tendo falecido a 16-XI-1880 na freguesia de Escalos de Baixo, concelho de Idanha-a-Nova.               

          Era neto paterno de DOMINGOS NUNES GUEDELHA (1743-1794), homónimo de seu pai, nascido em
          1743 em Escalos de Baixo onde faleceu a 7-X-1794 (filho do capitão Domingos Nunes Barroso, casado
          em Escalos de Baixo com D. Cecília Marques), e de sua mulher em segundas núpcias (?) D. ANA DE
          SÃO JOSÉ TELES BARROSO, natural de Penamacor (filha do capitão Nicolau Teles e de D. Maria
          Esteves Barroso
).
          Neto materno de D. MARIA ANTÓNIA TRIGUEIROS MARTEL REBELO LEITE (n. 1770), nascida em 1770,
          filha de Jerónimo Trigueiros Martel Rebelo Leite (1716-1792), capitão do Terço de Infantaria Auxiliar de
          Castelo Branco (filho de Simão Rebelo Martel (1660?-1722), «escrivão do judicial de Juiz de Fora do
          Porto» por carta de 19-I-1689[3], cidade da qual também foi sargento-mor das Ordenanças e, posterior-
          mente, sargento-mor de Cavalaria de Penamacor, o qual foi casado com D. Isabel Trigueiros da Costa
          (1688-1768)nascida e falecida em Idanha-a-Nova), e de sua segunda mulher que foi D. Maria Angélica
          Marques Goulão (1725-1790), de Idanha-a-Nova (filha de Domingos Ambrósio (n. 1707)sargento-mor
         das Ordenanças de Idanha-a-Nova, e de sua mulher D. Maria Marques Goulão (n. 1697), natural de Esca-
          los de Cima); casada com JOÃO JOSÉ MARTINS PEREIRA DO REGO GOULÃO (n. 1758)capitão-mor
           das Ordenanças de Castelo Branco, que obteve brasão de armas por Carta de 20-III-1821 com um
          escudo partido em pala de PEREIRA e REGO[4]e foi membro do Conselho de Distrito de Castelo
          Branco, no qual tinha avultado património fundiário e diversas casas, nomeadamente em Idanha-a-
         -Nova, Sarnadas, e Alcains, localidade esta onde residia no Solar dos Goulões (actual Museu do Cantei-
          ro)[5]um dos mais antigos e belos exemplos da arquitectura solarenga de Alcains. 

Carolina Cândida Geraldes
 de Melo (1837-1915)
Cemitério de E. de Baixo,
Carolina Cândida (f. 1915).
Casou a 26-VIII-1850 em Escalos de Baixo com D. CAROLINA CÂNDIDA GERALDES DE MELO (1837-1915), nascida a 18-I-1836 em Almeida, falecida a 18-II-1915 na sua casa da Rua do Eiró em Escalos de Baixo, e sepultada no jazigo de seu genro o capitão António Augusto de Azevedo, proprietária nas freguesias de Aldeia de Joanes, Aldeia Nova do Cabo onde tinha uma casa alpendrada e de esquina junto à Capela do Calvário, e em Escalos de Baixo[6].
Sua mulher era filha natural perfilhada de José António Geraldes de Melo Coutinho (f. 1841)[7], natural de Aldeia Nova do Cabo, concelho do  Fundão, falecido solteiro a 12-VII-1841 em Castelo Branco, em cujo cemitério jaz, e de D. Maria da Encarnação dos Anjos, natural do Porto; neta paterna de Manuel António Geraldes Leitão Coutinho de Melo
         (n. 1766),
         nascido a 28-IV-1766 em Aldeia Nova do Cabo[8], proprietário nessa freguesia e em Idanha-a-Nova, des-
Escalos de Baixo, Casa Nunes Guedelha.
De Carolina C. Geraldes de Melo (f. 915)
         cendente dos morgados dos Geraldes que estiveram na origem dos
         marqueses da Graciosa em Idanha-a-Nova, e de sua mulher D.
         Angélica Locádia de Oliveira Fonseca Coutinho Botelho, natural de
         Penamacor[9]; neta materna de José Joaquim Gonçalves, natural de
        Santo Tirso, e de D. Maria José, natural do Porto.
         Tiveram: 
         2.      D. MARIA LIBÉRIA TRIGUEIROS (1856-1907) que nasceu em
                 1856 no Sabugal, tendo falecido a 13-IX-1907 na freguesia do
                 Souto da Casa, no concelho do Fundão. Casou com JOAQUIM
                  AUGUSTO DE OLIVEIRA LEITÃO (1854-1909), tenente-coronel
                 da Arma de Cavalaria, nascido a 10-II-1854 em Castelo Branco,
                 e falecido a 8-VIII-1909 na sua Casa do Adro no Souto da Casa.
                 Tiveram descendência que seguiu os apelidos Trigueiros Leitão, Leitão de Castro, e Castro Serra
         2.      D. CONCEIÇÃO TELES TRIGUEIROS GERALDES DE MELO, natural de Escalos de Baixo. Casou
                 com ANTÓNIO AUGUSTO DE AZEVEDO, capitão do exército. Sem geração, ambos faleceram em
                 Escalos de Baixo onde foram sepultados no jazigo de família no cemitério desta freguesia.
Peroviseu, Casa Caldas e Quadros.
         2.      D. RICARDINA TELES TRIGUEIROS (f. 1934) que veio a falecer
                 a 11-II-1934 na freguesia de Peroviseu, no concelho do Fundão.
                 Foi casada com CÉSAR AUGUSTO CALDAS E QUADROS (1866-
                 -1937)nascido a 27-VIII-1866 na freguesia do Castelejo, no
                 concelho do Fundão[10], filho de José de Matos Caldas e
                 Quadros, natural do Castelejo, casado com sua prima D. Maria
                 do Patrocínio Caldas e Quadros, natural de Peroviseu; neto
                 paterno de José de Matos, do Castelejo, e de sua prima co-irmã
                 D. Ana Bárbara Caldas e Quadros (n. 1787)nascida a 4-V-1787
                 em Alcongosta; neto materno de José Paulo Caldas (f. 1859), de
                 Peroviseu, que foi casado com sua prima co-irmã D. Leonarda
Cemitério de Idanha-a-Nova,
José de Melo Geraldes
Cajado (f. 1904).
                 Josefina Caldas e Quadros (n. 1791), nascida a 23-XII-1791 em Alcongosta.
                 César Augusto licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra
                 a 24-VII-1893 e foi conservador do Registo Civil do Fundão (1911-1936),
                 assim como proprietário na freguesia de Pêro Viseu onde veio a falecer
                 a 2-I-1937, sem filhos, na sua casa situada perto da igreja matriz, a qual
                foi posteriormente adquirida para aí ser instalada a Casa Paroquial.
         2.     D. MARIA DO CARMO TELES TRIGUEIROS MARTEL (f. 1936) nascida em
                Aldeia Nova do Cabo, no concelho do Fundão, tendo falecido em 1936 em
                Idanha-a-Nova. Foi casada com o seu primo JOSÉ DE MELO GERALDES
                CAJADO (f. 1904), proprietário em Idanha-a-Nova onde faleceu a 9-I-1904
                e foi sepultado no cemitério público em jazigo armoriado de GERALDES
                e MELO[11]; filho de Joaquim Cajado Geraldes de Melo (c. 1843), natural
                de Idanha-a-Nova, onde casou a 28-IX-1843 com D. Antónia Ludovina
                Leitãonatural de Pedrógão Pequeno (filha de António José Leitão casado
                com D. Maria Lopes Xisto, de Idanha-a-Nova).     

Maria do Carmo Teles
Trigueiros Martel (f. 1936)
Joaquim Cajado Geraldes de Melo
(c. 1843)
José de Melo Geraldes Cajado
(f. 1904)

              Tiveram:
              3.      D. MARIA ISABEL DE MELO GERALDES (n. 1874), nasceu a 29-VII-1874 em Idanha-a-Nova, onde
                      casou a 26-XI-1896 nas segundas núpcias de seu tio JOSÉ MARIA TELES TRIGUEIROS DE
                      MELO
(n. 1855), que segue mais abaixo.

              3.      D. MARIA ANGÉLICA DE MELO GERALDES (n. 1874), casada com FIRMINO ALVES PEREIRA.
                      Residiram em Penamacor.    
              3.       FRANCISCO DE MELO TRIGUEIROS (1875-1945), nasceu a 21-XI-1875 em Idanha-a-Nova onde
                      veio a falecer a 8-X-1945. Casou a 29-XI-1941 com D. MARIA JOSÉ DE AZEVEDO, natural de
                      Pedrógão.      
              3.      JOÃO DE MELO GERALDES TELES TRIGUEIROS (n. 1877), nasceu em 1877 em Idanha-a-Nova.
                      Casou em 1905 com D. MARIA CAROLINA SANCHES GOULÃO (n. 1885), nascida na freguesia da
                      Mata, Alcains, filha de António Sanches Goulão, natural de Alcains, e de sua mulher Antónia de
                      Carvalho Nevesnatural da Mata.  Tiveram quatro filhos, com numerosa geração que seguiu os
                      apelidos Trigueiros e Goulão de Melo
Ao centro: a mãe Maria do Carmo.
Da esquerda p/ a direita: as filhas
M.ª Isabel, M.ª Angélica, Margarida,
e um dos filhos.
               3.      JOAQUIM DE MELO GERLADES (n. 1877), nasceu a 20-V-1877
                      em Idanha-a-Nova. Casou a 20-IV-1929 na 7.ª Conservatória de
                      Lisboa com D. LUÍSA DOMINGUES TEIXEIRA, natural da fre-
                      guesia de Santa Isabel, em Lisboa.
             3.       JOSÉ DE MELO GERALDES TELES TRIGUEIROS (n.1879),
                      nasceu a 26-I-1877 em Idanha-a-Nova. Casou na freguesia
                      do Rosmaninhal, concelho de Idanha-a-Nova, com D. ISABEL
                      LOBATO CARRIÇO (f. 1933). Deste casamento nasceu em
                      1918 na freguesia de Monforte, no concelho de Castelo
                      Branco, um filho cujo nome desconhecemos.
        2.       D. MARGARIDA DE MELO GERALDES TRIGUEIROS (f. 1918),
                 falecida a 6-XI-1918 em Castelo Branco. Casou com JAIME DE
                 MATOS CALDAS E QUADROS.
                 Tiveram:
                 3.     LUÍS QUADROS.
       2.        JOSÉ MARIA TELES TRIGUEIROS (n. 1854), único filho varão, herdeiro da Casa do Calvário, que
                 segue abaixo.

Maria Carolina Sanches
Goulão (n. 1885)
João de Melo Geraldes
Teles Trigueiros (n. 1877)
2.      JOSÉ MARIA TELES TRIGUEIROS (n.1854),
        único filho varão que foi o herdeiro da Casa do
        Calvário em Aldeia Nova do Cabo, e da casa de
        Idanha-a-Nova. Nasceu a 31-VI-1854 em Aldeia
        Nova do Cabo onde recebeu o baptismo, tendo
        por padrinhos João António de Melo e D. Rita
        Leocádia Geraldes de Melo. Formado em Direito,
        foi delegado do Procurador Régio e juiz em
        várias comarcas, entre as quais a da Ilha de São
        Jorge nos Açores (1882), a de Almeida, e a de
        Almada (1888).
        Casou duas vezes.
        As suas primeiras núpcias foram com sua
        prima D. MARGARIDA DE MELO GERALDES,
        cuja progenitura desconhecemos, e a qual veio
        a falecer prematuramente sem geração. 
Idanha-a-Nova, casa de José Maria.
(edificada em 1894) 
        Passou a segundas núpcias com a sua sobrinha D. MARIA ISABEL
        DE MELO GERALDES, filha de sua irmã D. Maria do Carmo Teles
       Trigueiros, e de seu marido e também primo José de Melo Geraldes
       Cajado (f. 1904).
       Filha do 2.º casamento:
       3.      D. MARIA ISABEL GERALDES DE MELO TRIGUEIROS (1901-1975),
               que segue.

3.       D. MARIA ISABEL GERALDES DE MELO TRIGUEIROS (1901-1975),
         que foi
filha herdeira da Casa do Calvário em Aldeia Nova do Cabo.
         Casou com ISIDORO JOAQUIM FERREIRA PINTO (f. 1968), proprietá-
         rio agrícola em Idanha-a-Nova onde possuía a Herdade da Cachouça.
         Tiveram:
         4.     JOAQUIM ISIDORO PINTO. Casado. 
         4.     D. MARIA DORES MELO TRIGUEIROS FERREIRA PINTO, que segue. 

4.        D. MARIA DORES MELO TRIGUEIROS FERREIRA PINTO, herdeira da Casa do Calvário em Aldeia Nova
         do Cabo, entre várias outras na Idanha-a-Nova. Casou LUÍS FILIPE PINTO DA SILVAproprietário e enge-
         nheiro Civil pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa.
         Tiveram:
         5.      D. MARIA DE FÁTIMA TRIGUEIROS PINTO DA SILVA, casada com CARLOS MATOS DOS SANTOS,
                  economista. Divorciados.
                  Tiveram:
                  6.      MÁRIO FILIPE TRIGUEIROS MATOS DOS SANTOS.
         5.       LUÍS TRIGUEIROS PINTO DA SILVA (n. 1954), nasceu a 7-III-1954 na freguesia de São João de
                  Deus em Lisboa. Licenciado em Arquitectura pela F.A.U.L. Arquitecto e editor livreiro. 
         5.       D. LUÍSA MARIA TRIGUEIROS PINTO DA SILVA (n. 1960), nasceu a 16-XI-1960.
                  Licenciada em Arquitectura Paisagística pela Universidade de Évora. Casou a 19-XII-1990 com
                  ANTÓNIO MIGUEL FERREIRA LEITE PEREIRA DE MELO, empresário, nascido a 13-X-1960 em
                  Alcanhões, Santarém, filho de Manuel Leite Pereira de Melo, e de sua mulher D. Maria Teresa
                  d’Oriol Pena Ferreira. Divorciados.
                  Tiveram:
                  6.       D. MARIA TERESA TRIGUEIROS LEITE PEREIRA DE MELO (n. 1990), nascida 24-XII-1990.


_______________

 Notas:

[1]   João Teles Trigueiros (1822-1886), fez a primeira matrícula na Universidade de Coimbra a 20-X-1841, obteve o bacharelato a 23-VI-1845, tendo concluído a licenciatura a 14-VI-1848. 

[2]   Nesta cidade proferiu uma sentença que publicou com o título «Justificação da posse imemorial até 1833 do Paúl de Arzila no concelho de Coimbra; pelo Ex.mo Conde do Sabugal e Óbidos, e embargos contra ella deduzidos no Juízo de Direito da mesma Comarca / Coimbra 10 de Fevereiro de 1876» (Coimbra, Imprensa Literária, 1876).

[3]   IAN/TT, Registo Geral de Mercês, D.Pedro II, Liv. 5, fl. 18v.

[4]   IAN/TT, Cartório da Nobreza, Livro I, fl. 63 v. 
      As armas dos PEREIRAS são: Em campo vermelho, com uma cruz florenciada e vazia. Timbre: uma cruz de vermelho, florenciada e vazia, ladeada de asas de ouro estendidas. As armas dos REGOS, são: em campo verde, com uma banda ondada e aguada de sua cor, carregada de três vieiras de ouro. Timbre: uma vieira do escudo, entre duas plumas de verde, picadas de ouro. 

[5]   O Solar dos Goulões, actualmente classificado como imóvel de interesse público e uma das habitações dos primeiros Condes de Castelo Branco, tem anexa uma capela fundada na primeira metade do século XVIII, que já foi conhecida por diversos nomes: Capela de Nossa Senhora da Piedade, do Senhor das Chagas (devido a uma imagem religiosa que sangrou milagrosamente por diversas vezes em 1722), e actualmente como Capela de São Brás. Deve-se a sua construção à iniciativa expressa em testamento por D. Manuel Sanches Goulão (1677-1719), 6.º bispo de Meliapor em 1717, que faleceu num naufrágio junto ás ilhas de Angoxa, deixando várias fazendas vinculadas para sustento da citada capela e de um Hospital anexo que ainda funcionou por alguns anos. Nesta capela foram baptizadas, casaram, e estão sepultadas, sucessivas gerações de Goulões nascidas a partir de 1733. Encimando a porta principal podemos ainda ver esculpida uma mitra alusiva ao bispo que a fundou.               

[6]   Cartório Notarial do Fundão, Escritura de Partilhas dos Herdeiros de Carolina Cândida Geraldes de Melo (f. 1915), Livro de Notas n.º 116, Fls. 8 .

[7]   José António Geraldes de Melo Coutinho (f. 1841), era irmão de Francisco António de Paula Geraldes de Melo Coutinho (c. 1805), nascido em Aldeia Nova do Cabo, casado com sua tia Maria Margarida Geraldes de Melo Cajado (n. 1775), nascida a 27-XI-1775 em Idanha-a-Nova.

[8]   Manuel António Geraldes Leitão Coutinho de Melo (n. 1766), era filho de Rodrigo Xavier Soares Correia de Melo, c.c. D. Joana Felícia de Oliveira Monteiro; neto paterno de Manuel Soares Correia, juiz de Fora de Penamacor, capitão-mor do Fundão, natural de Aldeia do Mato, Covilhã, casado em terceiras núpcias a 1-IX-1734 em Idanha-a-Nova com sua mulher D. Isabel Joaquina de Melo Geraldes Leitão (n. 1709), nascida a 2-XII-1709 em Idanha-a-Nova (filha de Manuel Geraldes Leitão, sargento-mor de Idanha-a-Nova, onde casou a 25-IX-1702 com sua parente D. Maria Marques da Cruz e Melo, nascida em 1680); neto materno do tenente João Martins Mouzinho, de Estremoz, e de sua mulher D. Bárbara da Cruz Oliveira e Cunha, de Aldeia Nova do Cabo, Fundão. – Cfr. Luís Bivar Guerra, A Casa da Graciosa, Braga, pp. 208-209.
Estes COUTINHO DE MELO tinham, no início do século XVII, o seu solar de origem na Quinta de Darei – entre Mangualde e Penalva do Castelo – e eram fidalgos da Casa Real, como se pode ver na carta de brasão de armas passada em 23-IX-1786 a Francisco Camilo Geraldes de Melo Cajado (n. 1777), neto de Manuel Soares Correia, esquartelado com as armas de GERALDES, LEITÃO, MELO e COUTINHO.
Os GERALDES, existentes em Portugal desde a Idade Média, eram uma família de juristas e de militares com ramificações em Idanha-a-Nova, no Fundão, e noutras localidades das Beiras, onde já existiam no século XIV. Ligaram-se à ilustre família dos MELO, no século XVIII, e deram origem aos GERALDES DE MELO, de onde procede o 1.º Marquês da Graciosa (1840). Outros, como os irmãos Lucas e Nicolau Geraldes, vieram de Florença, terra da sua naturalidade, e aqui tiveram grandes negócios e fundaram casas nobres no Largo do Correio, em Lisboa, tendo servido o Rei D. Manuel I com o seu dinheiro. Usaram o seguinte brasão de armas: de prata, com um leão de negro, coroado de ouro. São estas as armas ostentadas nos cunhais do solar dos Marqueses da Graciosa, em Idanha-a-Nova.

[9]   D. Angélica Locádia de Oliveira Fonseca Coutinho Botelho, era filha de João de Oliveira Fonseca, alferes de Granadeiros, e de sua mulher D. Cecília Liberata Botelho Coutinho, nascida na freguesia da Misarela, no concelho da Guarda. 

[10]   ADCB, Paroquiais, Fundão/Castelejo, L. de 1866, n.º 31.

[11]   Este jazigo de granito claro, aparentando ser da segunda metade do século XIX, ostenta uma placa com o nome «JOSÉ DE MELO GERALDES», encimada pelo seguinte brasão de armas: Escudo partido em pala, de MELO e GERALDES; por Diferença uma brica com um crescente; Timbre de Geraldes.  

2011-02-13

José de Aragão da Costa Lacerda Victoria (1844-1908), 1.º Conde de Tondela

Aldeia Nova do Cabo, Fundão
Faia, Guarda
Sarnadas, Vila Velha de Ródão


José de Aragão da Costa Lacerda Vitória
(1844-1908), 1.ª Conde de Tondela
         
             JOSÉ DE ARAGÃO DA COSTA LACERDA VICTORIA (1844-1908), 1.º Conde de Tondela (Decreto de 23-II-1899), nasceu em 1844 na Quinta da Ponte, freguesia da Faia, concelho da Guarda, e faleceu a 8-VIII-1908 no átrio do seu solar em Aldeia Nova do Cabo  (Casa dos Aragões - Conde de Tondela), concelho do Fundão, assassinado a tiro de pistola pelo seu sobrinho Dr. Pedro Cabral de Aragão após uma violenta discussão na qual, segundo relatos da época, este lhe tentou extorquir uma grande soma de dinheiro a pretexto de pagar a honra de sua irmã, com a qual acusava o tio de manter uma relação amorosa[1].
Foi presidente da Câmara Municipal do Fundão e membro do Partido Regenerador, senhor da Quinta da Ponte junto à freguesia da Faia, concelho da Guarda, onde chegou a receber com uma grandiosa festa o Rei D. Carlos e a rainha D. Amélia, assim como da Casa Grande de Sarnadas, e do seu solar em Aldeia Nova do Cabo – ocupado na sequência da Revolução do 25 de Abril e sede da actual Junta de Freguesia – cuja Pedra de Armas, segundo informação que obtivemos, foi desmontada da fachada por um dos últimos herdeiros desta Casa e levada para outra casa dos herdeiros desta família[2].

        Era filho de PEDRO DE ARAGÃO DA COSTA SÁ VICTORIA (n. 1819), nascido  18-X-1819 na Quinta da Ponte, freguesia da Faia, que veio residir em Aldeia Nova do Cabo, Fundão, onde mandou edificar o seu solar em 1861 (Casa dos Aragões - Conde de Tondela), o qual é actualmente sede da respectiva Junta de Freguesia. 
Aldeia Nova do Cabo,
Casa dos Condes de Tondeda
(actual Junta de Freguesia)
Em Maio de 1810, pouco antes da 3.ª Invasão Francesa, com a patente de Coronel comandava o Regimento de Almeida. Foi fidalgo cavaleiro da Casa Real com 1600$000 réis de moradia (5-VI-1845)[3], e casou com D. MARIA MÁXIMA CORREIA DE MOURA TELES LACERDA LEBRIM E VASCONCELOS, senhora da Quinta de Freixo, em Serrazes, concelho de São Pedro do Sul, filha primogénita de António Correia Lebrim e Vasconcelos, senhor da Quinta de Beirós, fidalgo da Casa Real, e de sua mulher D. Maria Benedita de Moura Coutinho Teles de Sampaio.

       Era neto paterno de BARTOLOMEU DE ARAGÃO DA COSTA TAVARES E SÁ VASCONCELOS (1784-1848), 2.º Barão de Tondela (1824) pelo seu casamento e por Carta de 12-X-1824[4], comendador da Ordem de Cristo e coronel das Milícias da Guarda, nascido a 19-V-1784 em Trancoso, falecido a 12-VIII-1847 e sepultado no cemitério público da Faia. Este foi casado a 17-X-1817 com D. MARIA JOANA ROEDE DA VICTORIA (1882-1847), 2.ª Baronesa de Tondela (Dec. de 12-VIII-1825), nascida a 24-VII-1782, filha herdeira de António Marcelino da Victória (1750-1825), 1.º Barão de Tondela (Dec. de 3-VII-1823), fidalgo da Casa Real (1816), do Conselho de D. João VI, e do Conselho da Guerra, tenente-general, governador das Armas da Beira Alta e Baixa, assim como do Alentejo[5], e de sua mulher D. Catarina Vicência do Couto (1757-1819), que jaz na Sé de Viseu, filha do capitão de artilharia de Estremoz Manuel Rodrigues do Coito.

      Era neto materno ANTÓNIO CORREIA LEBRIM E VASCONCELOS, senhor da Quinta de Beirós, fidalgo da Casa Real, e de sua mulher D. MARIA BENEDITA DE MOURA COUTINHO TELES DE SAMPAIO.

 D. Maria Isabel Pereira
Rebelo da Fonseca
(f. 1906)
   Casou com D. MARIA ISABEL PEREIRA REBELO DA FONSECA (f. 1906), 1.ª Condessa de Tondela, herdeira de um imenso património em Sarnadas de Ródão, falecida a 15-IX-1906, filha do Dr. Manuel Luís Pereira Rebelo da Fonseca, senhor da Casa Grande de Sarnadas, na Rua da Torre da citada freguesia onde residiu, governador civil de Portalegre (1851) e de Castelo Branco (1851-52). 

Os condes de Tondela, não tiveram geração pelo que o seu património passou à posse do seu irmão mais novo que foi ANTÓNIO DE ARAGÃO DA COSTA LACERDA DA VITÓRIA, que residiu inicialmente na Guarda e posteriormente em Vila Velha de Ródão onde veio a falecer. Este foi casado em Castelo Branco com D. CARLOTA ODILA RIBEIRO, filha de um oficial do Exército cujo nome desconhecemos.
Deste casamento nasceram duas filhas: a 1.ª foi MARIA EMÍLIA FONSECA DE ARAGÃO E COSTA, casada com o Dr. LUÍS LAIA NOGUEIRA, do qual não teve geração, pelo que o seu património passou para a posse dos sobrinhos deste; a 2.ª foi CARLOTA FONSECA DE ARAGÃO E COSTA, falecida solteira.


     
     O Dr. MANUEL LUÍS PEREIRA REBELO DA FONSECA, senhor da Casa Grande de Sarnadas, era filho de Francisco Pereira Rebelo da Fonseca (n. 1745), bacharel formado em Direito, que sabemos ter sido juiz de fora de Santa Marta (1-XI-1789), juiz de fora dos Órfãos do Porto (28-V-1800), desembargador da Relação do Porto, sócio da Academia Real das Ciências, deputado em várias legislaturas, governador civil de Castelo Branco, e de sua mulher D. Francisca Tomásia da Fonseca de Novais (n. 1757).


 «D. Maria por Graça de Deus Rainha de Portugal e dos Algarves, etc. Faço saber aos que esta Minha Carta de Brasão de Armas de Nobreza e Fidalguia virem que o Dr. Francisco Pereira Rebelo da Fonseca Novais (n. 17..), actual Juiz de Fora da Vila de Santa Marta lhe fez petição dizendo, que pela sentença de justificação de sua Nobreza a ela junta (…) se mostra que ele é Filho legitimo do Doutor António Pereira Rebelo (n. 1681), natural de Vila Real, e de sua mulher D. Micaela Maria Caetana de Novais, natural de Canelas, Neto pela parte paterna de Domingos Pereira Bicudo e de sua mulher D. Bernarda Rodrigues Rebelo e pela paterna de José Alves de Novais e de sua mulher D. Joana Maria da Fonseca. Os quais seus Pais e Avós que foram pessoas muito nobres, legítimos descendentes das esclarecidas famílias dos BICUDOS, PEREIRAS, REBELOS e NOVAIS destes Reinos, e como tais se tratavam com cavalos, criados e todo o mais Estado próprio da Nobreza, servindo nas sobreditas vilas os primeiros e mais nobres lugares, (…), 1784»[6].

Brasão:
«Um escudo esquartelado: no primeiro quartel as armas dos Bicudos que são em campo verde hum ribeiro de água de prata e a azul em faixa no campo alto três pássaros bicudos de prata e no de baixo um carneiro do mesmo metal armado a vermelho. No segundo quartel as dos Pereiras são em campo vermelho e uma cruz de prata florida e vazio do campo. No terceiro: a dos Rebelos que são em campo azul três faixas de ouro cada uma com a sua flor de vermelho postas em banda. No quarto a dos Novais que estão em campo azul cinco novelos de fio de prata postos em santar, Elmo de prata aberto guarnecido de ouro, Paquife dos metais e cores das armas timbre dos Bicudos e um pássaro bicudo como os do escudo e por diferença uma bica de prata com «F» de preto, o qual escudo e armas poderá trazer e usar o dito Doutor FRANCISCO PEREIRA REBELLO DA FONSECA NOVAES ...»

____________________________

Pedra de Armas da Casa do Conde de Tondela.
(actualmente em Cascais)













_____________________________

Notas:

[1]   O autor deste nefando crime, na sequência do seu acto tresloucado tentou suicidar-se desferido um tiro na própria cabeça, ao qual sobreviveu. 
[2]   Após ter sido desmontada, esta pedra de armas dos Condes de Tondela, passou por várias localizações encontrando-se hoje numa moradia desta família situada na Rua Sacadura Cabral, n.º 55,  em Cascais.
[3]   ANTT, Registo Geral de Mercês, D. Maria II, liv.24, fl.231-231v
[4]   ANTT, Registo Geral de Mercês, D. João VI, L. 19, fl. 107v.
[5]   ANTÓNIO MARCELINO DA VICTÓRIA (1750-1825), 1.º Barão de Tondela, descendia de uma família de militares: era neto paterno de Manuel da Victoria, capitão de Mazagão e Governador das Ilhas de Cabo Verde; bisneto paterno de D. Gabriel da Victoria, originário de Madrid e Governador das Torre do Outão no tempo de Filipe III. Do seu casamento em 1777 com D. CATARINA VICÊNCIA DO COUTO (1757-1719), teve: 1.º - CÂNDIDO BASILIO, tenente-coronel de Infantaria 10, falecido gloriosamente na batalha dos Pirinéus a 30-VII-1813; 2.º - MARIA JOANA ROEDE DA VICTORIA (n. 1782), 2.ª Baronesa de Tondela; 3.º - D. FRANCISCA JOAQUINA, casada em 1828 com Estevão César Portugal da Silveira Correia de Lacerda, Moço-Fidalgo e oficial do exército; 4.º - D. INOCÊNCIA ANGÉLICA, casada em 1830 com João Mário Portugal da Silveira Correia de Lacerda (f. 1831), irmão do anterior, que morreu fuzilado a 10-IX-1831 em Campo de Ourique, Lisboa, por ter tomado parte na revolta do seu regimento contra o Sr. D. Miguel; 5.º - D. MARIANA ISABEL (f. 1823); 6.º - D. EUSTÁQUIA MARIA (f. 1823).
[6]   GOODOLPHIM, Costa, Três Aldeias – Sarnadas, Aldeia Nova do Cabo, Aldeia de Joanes, Lisboa, Typographia Universal, 1904, pp. 18-21.

2010-12-18

Afonso de Proença (c.1536) - Guarda



 Afonso Proença (n. 1469?), Guarda
     
Brasão de:     AFONSO DE PROENÇA (n. 1469?).
Forma:           Escudo partido em pala com as armas dos PROENÇAS: o 1.º de verde, com uma águia de duas cabeças, de negro, armada e membrada de ouro; o 2.º de azul, com cinco flores-de-lis de ouro, postas em sautor.
Diferença:     Uma brica de prata.
Elmo:             De prata aberto, guarnecido de ouro.
Timbre:          Meia águia de uma cabeça preta dos peitos para cima.
Paquife:         De ouro, verde e azul.
Local:            Conhecido documentalmente. Por Carta dada em Évora a 20-IX-1536. Reg. na Chancelaria de D. João III, L. 22, f. 120v.
Data:              Évora, 20-IX-1536.

 

BRASÃO

Brasão de AFONSO DE PROENÇA (n. 1469?), cavaleiro fidalgo da casa do cardeal-infante D. Henrique (15-12-1580).

Estas armas ostentam um escudo de campo partido em pala: o 1.º de verde, com uma águia preta bicéfala, armada e membrada de ouro; o 2.º de azul, com cinco flores-de-lis de ouro em aspa, e por diferença uma brica de prata. Elmo de prata aberto guarnecido de ouro, paquife de ouro verde e azul, e por timbre meia águia dos peitos para cima; com todas as honras e privilégios de fidalgo por descender da geração e linhagem dos Proença. Estas armas foram dadas em Évora a 20-IX-1536, registadas na Chancelaria de D. João III, liv. 22, fl. 120 v.

Genealogia de
Afonso de Proença (1469?)

AFONSO DE PROENÇA (n. 1469?), presume-se ter nascido por volta de 1469, ficando a dever a sua protecção ao cardeal-infante e depois rei D. Henrique (1512-1580) de cuja casa foi cavaleiro fidalgo, no desempenho de diversos cargos de mordomo, aposentador, assim como meirinho das rendas dos coutos de Alcobaça em 1538, como consta por vários documentos arquivados na Torre do Tombo[1].

A sua Carta de Brasão de Armas, muitíssimo parca em informações genealógicas, apenas refere que é filho de D. CATARINA PROENÇA. Ao que parece esta foi casada com ANTÃO LUÍS, como se infere da C.B.A. que foram atribuídas ao seu sobrinho Belchior, tendo havido quebra de varonia na linhagem dos Proença, como se verá a seguir.

Foi provavelmente tio de BELCHIOR DE PROENÇA (c. 1542)[2], escudeiro fidalgo do cardeal-infante D. Henrique (1512-1580), e guarda-roupa do príncipe do Piemonte[3], o qual também obteve uma Carta de Brasão de Armas de sucessão composto de um escudo de campo partido em pala: o 1.º de verde com uma águia de preto bicéfala arrmada de oiro; o 2.º de azul com cinco flores-de-lis de oiro em aspa, e por diferença um trifólio de oiro picado de vermelho. Elmo de prata aberto guarnecido de oiro, paquife de oiro e azul, e por timbre meia águia dos peitos para cima, de uma cabeça; com todas as honras e privilégios de fidalgo por descender da geração e linhagem dos Proença[4]. Armas dadas em Lisboa a 19-VII-1542, registadas na Chancelaria de D. João III, liv. 32, fl. 64.

Guarda, Sé.

O seu presumível sobrinho Belchior de Proença (c. 1542) era filho de LUÍS DE PROENÇA, natural da Guarda, segundo refere a sua carta de brasão de armas de seu filho (1542), que o genealogista Manuel Abranches Sobral diz no seu “Ensaio sobre a origem dos Proença” (Porto, 2010) ser LUÍS ÁLVARES DE PROENÇA (1470?-1541?)[5], fidalgo da casa do cardeal-infante D. Henrique (1512-1580) e seu guarda-roupa, nascido por volta de 1470 na citada cidade da Guarda e falecido posteriormente a 1571, do qual há vários homónimos nesta família o que dificulta a sua identificação. Era neto paterno de ANTÃO LUÍS DE PROENÇA, segundo diz a respectiva carta de brasão de armas, a qual nesta geração parece ter omitido uma quebra de varonia, segundo justifica o já citado genealogista Manuel A. Sobral, que diz este chamar-se apenas ANTÃO LUÍS, escrivão da corte dos reis D. João II (1481-1495) e D. Manuel I (1495-1521), casado com D. CATARINA DE PROENÇA (n. 1448?)[6]. Bisneto pelo lado materno, segundo Manuel A. Sobral, de ÁLVARO DE PROENÇA (1410?-1468?), vassalo da Casa Real, que foi criado de Diogo Lopes de Sousa (c. 1440)[7], e do infante D. Pedro (1392-1448) que acompanhou na batalha de Alfarrobeira onde este foi morto a 20-V-1449, passando posteriormente ao serviço do rei D. Afonso V (1448-1481) que a 28-V-1451 lhe perdoou a pena corporal e a infâmia por ter participado na batalha de Alfarrobeira ao lado do seu adversário D. Pedro, restituindo-lhe toda a honra e fama. 

O apelido PROENÇA, de origem toponímica, foi provavelmente tomado de Proença-a-Velha no distrito de Castelo Branco, localidade esta que poderá ter tirado este nome da Provença – província romana da Occitania, no sul de França –, provável origem de alguns dos seus povoadores que lhe teriam dado este nome em lembrança da sua origem geográfica, ao tempo da Reconquista cristã.

Esta família da Beira passou à cidade de São Paulo, no Brasil, onde ocupou diversos cargos na governação. Destes destacaram-se Paulo Proença (c. 1530) cidadão da Guarda, e de António Proença (c. 1540) cidadão de Belmonte e moço de câmara do Infante D. Luís que foi senhor de Belmonte, os quais ocuparam diversos cargos na governação do Brasil, espalharam com sucesso a sua descendência por toda esta colónia. 




Notas:

[1]     ANTT, Corpo Cronológico, Parte I, mç. 61, n.º 20, mç. 63, n.º 72,

[2]     BELCHIOR, em alguns documentos consultados, por erro, aparece grafado MELCHIOR. Sobre o enigma deste parentesco veja:  SOVERAL, Manuel Abranches Sobral, Ensaio sobre a origem dos Proença, Porto, 2010, p. 12. Disponível em: http://www.soveral.info/mas/Proenca.pdf  Acesso: 2018-11-14 

[3]   Em Portugal o guarda-roupa era um cargo honorífico subordinado ao mordomo-mor, geralmente atribuído à nobreza, com funções de responsabilidade pela conservação das roupas d’el-Rei, e de apoio e cooperação directa com pleno acesso aos seus aposentos privados.

[4]  BAENA, Visconde Sanches de, Archivo Heraldico-genealogico, Lisboa, Typografia Universal, 1872, p.102.              

[6]     SOVERAL, ibid.

[7]     DIOGO LOPES DE SOUSA (c. 1440), foi 1.º senhor de Miranda do Corvo, Mordomo-mor da Casa Real (18-11-1471), Senhor da Casa de Sousa, do Conselho dos reis D. Afonso V, D. João II e D. Manuel I, Alcaide-mor de Arronches, e Senhor do Julgado do Eixo.

Belchior Proença (c. 1542) - Guarda


Belchior de Proença (c. 1542), Guarda.

                      Brasão de:     BELCHIOR DE PROENÇA (1500?-1546?).
                      Forma:           Escudo partido em pala com as armas dos PROENÇAS: o 1.º de verde
                                             com uma águia de duas cabeças, de negro, armada e membrada de ouro;
                                             o 2.º de azul com cinco flores-de-lis de ouro, postas em aspa.
                     Diferença:      Uma brica de vermelho com um trifólio de ouro.
                     Local:             Conhecido documentalmente. Por Carta dada em Lisboa a 19-VII-1542. Reg. na
                                             Chancelaria de D. João III, L. 32, f. 64.
                     Data:               Lisboa, 19-VII-1542.




BRASÃO
Brasão de BELCHIOR DE PROENÇA (c. 1542)[1], escudeiro fidalgo da casa do cardeal-infante D. Henrique (1512-1580), o qual a 10-III-1540 lhe fez a mercê de 20 cruzados[2], assim como guarda-roupa do príncipe do Piemonte[3].
Estas armas ostentam um escudo de campo partido em pala: o 1.º de verde, com uma águia de duas cabeças, de negro, armada e membrada de ouro; o 2.º de azul, com cinco flores-de-lis de ouro, postas em aspa, e por diferença um trifólio de ouro picado de vermelho. Elmo de prata aberto guarnecido de ouro, paquife de ouro e azul, e por timbre meia águia dos peitos para cima, de uma cabeça; com todas as honras e privilégios de fidalgo por descender da geração e linhagem dos Proenças – Dadas em Lisboa a 19-VII-1542, registada na Chancelaria de D. João III, liv. 32, fl. 64.

Guarda-roupa do príncipe do Piemonte
D. Beatriz (1504-1538),
duquesa da Saboia.
Foi guarda-roupa do príncipe do Piemonte título privativo do filho herdeiro da Casa da Saboia –, como refere a já citada mercê de 1540, assim como a carta de brasão de armas que lhe foi passada em 1542.
Serviu, com sua mulher – cujo nome desconhecemos –, como guarda-roupa e camareiro da infanta D. BEATRIZ (1504-1538), duquesa consorte da Saboia, e após a sua morte em 1538 passou a servir o seu filho EMANUEL FILIBERTO (1528-1580), príncipe do Piemonte, que veio a suceder no ducado da Saboia por morte de seu pai CARLOS III (1486-1553)[4].
Em Novembro de 1537, foi contemplado no testamento da infanta portuguesa D. Beatriz (1504-1538), filha do rei D. Manuel I. Neste testamento é mencionado sob o nome italianizado de Melchiorre Provonez[5].

Casou e teve geração, segundo sabemos por uma carta existente na Torre do Tombo em Lisboa, datada de 28-VII-1547, da autoria de EMANUEL FILIBERTO (1528-1580) então com 19 anos e ainda príncipe do Piemonte, o qual príncipe já era órfão de mãe, estando o duque seu pai ainda vivo.
Nesta carta, dirigida ao seu tio o rei D. João III de Portugal, o citado príncipe expressa o grande apreço que tinha pela família Proença, servidores na corte de seus pais, e depois na sua. Nela refere a existência de um filho órfão de pai – sem mencionar o nome –, então com 15 anos de idade e a carecer de auxílio.
Começa por referir que «Belchior de Proença my camareiro veio pequeno de Portugal com La Infanta my senhora e madre», acompanhado de sua mulher, a qual diz ter sido moça de câmara, recentemente falecida, tendo deixando um filho de 15 anos para o qual ele pede a mercê de 50 cruzados por ano “que mandava pagar ao dito seu pai”… 

Nesta missiva, o príncipe Emanuel Filiberto, faz referências elogiosas ao falecido Belchior de Proença que, após a morte da duquesa sua mãe (1538), tomou para seu «camareiro, lo qual me há servido com muy  affection y trabajo, de manera que por sus merecimentos les causa di fazerle algum bien y recompensarlo de los serviçeos suyos, e de su muger, mas porque Dios há querido estos dias passados levarlo deste mondo / antes que do tempo el modo de satysfazer a el y a sua mulher como deseava, por las qualitades (…) Havendo my Senhora y madre encomendado mucho al Senhor Duque my padre, lo qual por ser (…) non sa podido saber todo lo que era su volontad / Sendo ele quedado um hilo de XV anos alqual no menos quiero que al próprio su padre. / tenendo compassion ala madre que queda muy desolada»(sic).
Este príncipe, acaba solicitando ao rei D. João III que, ao dito filho do falecido Belchior de Proença seja paga a «mercê de cinquenta cruzados por cada ano [que] mandava pagar ao dito seu pai, e toma-lo por seu moço de Câmara por respeito aos muitos serviços que o dito pai e mãe fez asua irmã infanta minha mãe e ao dito senhor duque meu pai e a mim», acrescentando ainda «os quais não tenho meios de satisfazer (…) pelas minhas poucas faculdades»[6]
Não conseguimos apurar qual foi o desfecho desta pretensão, nem o destino deste herdeiro da família Proença que, originária da Beira Interior em Portugal, foi servir a rica corte dos duques da Sabóia.

Genealogia de
Belchior de Proença (1500?-1546?)

A família Proença deve em grande parte da sua ascensão social à protecção do cardeal-infante D. Henrique (1512-1580).  

Era filho de LUÍS DE PROENÇA, natural da Guarda, segundo refere a sua carta de brasão de armas (1542), que o genealogista Manuel Abranches Soveral diz ser LUÍS ÁLVARES DE PROENÇA (1470?-1541?)[7], fidalgo da casa do cardeal-infante D. Henrique (1512-1580) e seu guarda-roupa, nascido na citada cidade da Guarda por volta de 1470 e falecido posteriormente a 1471.

Era irmão de AFONSO DE PROENÇA (n. 1469?), cavaleiro fidalgo da casa do cardeal-infante D. Henrique (1512-1580), e seu mordomo, o qual também obteve uma Carta de Brasão de Armas de sucessão dada em Évora a 20-IX-1536, registado na Chancelaria de D. João III, liv. 22, fl. 120 v.

Era neto paterno de ANTÃO LUÍS DE PROENÇA, segundo diz a respectiva carta de brasão de armas, a qual nesta geração parece ter omitido uma quebra de varonia, segundo o já citado genealogista Manuel A. Soveral, que diz este se chamar apenas ANTÃO LUÍS, escrivão da corte dos reis D. João II (1481-1495) e D. Manuel I (1495-1521), casado com D. CATARINA PROENÇA (n. 1448?)[8], esta sim uma Proença.

Bisneto (pelo lado materno, segundo Manuel A. Soveral) de ÁLVARO DE PROENÇA (1410?-1468?), vassalo da Casa Real, que foi criado de Diogo Lopes de Sousa (c. 1440)[9], e do infante D. Pedro (1392-1448) que acompanhou na batalha de Alfarrobeira onde este foi morto a 20-V-1449, passando posteriormente ao serviço do rei D. Afonso V (1448-1481)
Este Álvaro de Proença (1410?-1468?), era filho de AFONSO GONÇALVES (n. 1387?), escudeiro de Diogo Gomes da Silva (c. 1350), presumivelmente o 1º senhor da Chamusca, que terá sido o responsável por ter influenciado o estabelecimento da família Proença em Aldeia de Joanes, no concelho do Fundão.

Este escudeiro DIOGO GOMES DA SILVA (C. 1350), caso seja o que veio a ser 1º senhor da Chamusca, será o pai de RUI GOMES DA SILVA (C. 1400), 2º senhor da Chamusca, e de seu irmão JOÃO GOMES DA SILVA (o qual de Beatriz Barreiros de Oliveira, da Quinta do Outeiro em Aldeia de Joanes, no concelho do Fundão, teve o filho natural D. Frei Diogo da Silva, 1.º Inquisidor-mor).
Esta ilustre família da linhagem dos Silvas, uma das mais influentes na hierarquia nobiliária do reino e nas ordens militares (Cristo e Santiago), tinha na Beira Interior um apreciável património, nomeadamente em Aldeia de Joanes, no concelho do Fundão, onde estes Proenças se vieram estabelecer como grandes terratenentes, daqui espalhando a sua descendência por todo o concelho do Fundão

Príncipe do Piemonte / Casa da Saboia
O ducado de Sabóia-Piemonte englobava um importante conjunto de territórios dispersos junto às actuais fronteiras de França, Suíça e Itália, com uma população que então andaria à volta de um milhão de habitantes.
Na realidade o seu território compreendia os actuais departamentos franceses de Saboia e Alta Saboia e, ainda, a parte da região italiana do Piemonte, com um património imenso de palácios e fortalezas.
Era um território com uma situação simultaneamente privilegiada, mas politicamente muito instável, devido os interesses conflituantes de várias nações em guerra que rodeavam este ducado. Estava na posse de uma das mais antigas e prestigiadas famílias da antiga nobreza europeia que, por várias vezes, cruzou o seu destino com a família real portuguesa, através de matrimónios.
No ano de 1536, a Saboia foi invadida pelas tropas francesas de Francisco I, sob as quais colapsou totalmente, perdendo a maior parte dos seus estados e ficando apenas reduzida ao condado de Nice e ao Vale de Aosta. D. Beatriz veio a morrer prematuramente em Nice a 8-I-1538, dois anos depois desta derrota, quando contava 33 anos de idade.
Emanuel Filiberto (1528-1580)
O título de príncipe do Piemonte, era atributo do filho herdeiro do Duque da Saboia.
A cronologia diz-nos que, por esta altura, este título de príncipe pertencia a EMANUEL FILIBERTO (1528-1580), o “Testa de Ferro, devido à morte do então herdeiro do ducado que era D. Luís (1523-1536), seu irmão mais velho, o qual contava 13 anos de idade quando se finou prematuramente, passando o título a este irmão, seu sucessor.
Mais tarde, quando o príncipe Emanuel Filiberto contava 25 anos de idade, veio a suceder no ducado de Saboia (1553), por morte de seu pai o duque Carlos III (1486-1553), dito “o Bom”, assumindo então o poder num ducado ocupado militarmente e completamente devastado pela guerra, o qual, por via de uma aliança estratégica com Espanha, conseguiu recuperar em grande parte.

Curiosamente, Emanuel Filiberto (1528-1580), muito pouco tempo antes de morrer, foi um dos malogrados pretendentes ao trono de Portugal por oposição ao seu primo o rei Filipe II de Espanha (1517-1598), aquando da morte de seu tio o cardeal-infante D. Henrique (1512-1580) que reinou em Portugal a partir de 1578.
Carlos III (1486-1553),
Adicionar legenda
Era neto por via materna do rei D. Mamuel I de Portugal, e teve, como todos os outros candidatos ao trono português, um representante da sua efémera causa em Lisboa, antes da morte do Cardeal-Rei D. Henrique em 1580.
Foi o 3.º filho de CARLOS III (1486-1553), 9.º duque da Saboia (1504-1553), o qual casou em 1521 em Villefranche-sur-Mer (Sul de França, junto a Nice) com a infanta D. BEATRIZ (1504-1538), um dos nove filhos do casamento de D. Manuel I (1469-1521), rei de Portugal, com sua mulher D. Maria de Aragão (1482-1517). Por este casamento foi cunhado do imperador Carlos V (1500-1558)[10], casado com a infanta D. Isabel (1503-1539), também ela filha de D. Manuel I.
D. Beatriz (1504-1538), ao casar com o príncipe do Piemonte em 1521, levou consigo para a Sabóia um numeroso séquito de dezenas de oficiais e serviçais, dos quais faziam parte alguma nobreza do reino, da qual faziam parte várias senhoras e o ainda jovem Belchior de Proença que, após a morte de D. Beatriz, passou a fazer parte do séquito do seu filho Emanuel Filiberto (1528-1580)[11].




Notas:

[1]    BELCHIOR, em alguns documentos consultados, por erro, aparece grafado MELCHIOR.
[2]    ANTT, Corpo Cronológico, Parte I, mç. 67, n.º 38
[3]    Em Portugal o guarda-roupa era um cargo honorífico subordinado ao mordomo-mor, geralmente atribuído à nobreza, com funções de responsabilidade pela conservação das roupas d’el-Rei, e de apoio e cooperação directa com pleno acesso aos seus aposentos privados.
[4]    ANTT, Corpo Cronológico, Parte I, mç. 79, n.º 54 – Carta de Emanuel Filiberto, solicitando uma mercê a D. João III para o filho de Belchior de Proença. No ANTT o príncipe Emanuel Filiberto está mencionado erradamente com o nome de “Lambert de Saugre”, em vez de Filiberto da Saboia.
[5]    CLARETTA, Gaudenzio, Notizie storiche intorno alla vita ed al tempi di Beatrice di Portogallo, Turino, 1863, p. 103. Disponível em:  https://archive.org/details/bub_gb_j4T34mtOup0C/page/n113 Acesso: 2018-11-14
[6]    ANTT, Corpo Cronológico, Parte I, mç. 79, n.º 54.
[7]     SOVERAL, Manuel Abranches, Ensaio sobre a origem dos Proença, Porto, 2010, p. 12. Disponível em: http://www.soveral.info/mas/Proenca.pdf  Acesso: 2018-11-14
[8]    SOVERAL, op.cit, p. 12.
[9]     DIOGO LOPES DE SOUSA (c. 1440), foi 1.º senhor de Miranda do Corvo, Mordomo-mor da Casa Real (18-11-1471), Senhor da Casa de Sousa, do Conselho dos reis D. Afonso V, D. João II e D. Manuel I, Alcaide-mor de Arronches, e Senhor do Julgado do Eixo.
[10] CARLOS V (1500-1558) foi Imperador do Sacro Império Romano-Germânico. Herdeiro dos reinos de Castela, Aragão e Navarra, assim como da Casa da Áustria, dos Países Baixos, dos reinos de Nápoles e da Sicília, da Lombardia, do Franco Condado, do Ducado de Milão, de Artois e de terras do Novo Mundo conquistadas pela Espanha.
[11] ANTT, Corpo Cronológico, Parte I, mç. 79, n.º 54