2012-06-25

Capitão Manuel Vaz Moreno (1667-1730) - Idanha-a-Nova

Lápide armoriada
Convento de Santo António

Idanha-a-Nova, Convento de Stº. António,
Lápide do Capitão Manuel Vaz Moreno (1667-1730). 


Devido à amabilidade do Dr. Joaquim Baptista, ao qual estamos muito gratos, foi-nos enviada a reprodução fotográfica de uma «pedra existente na face leste da cisterna do Convento de Santo António» de Idanha-a-Nova, em cuja parede está embutida.
Contém uma intrigante representação heráldica, com uma legenda à volta do escudo, sob a qual está a data de 1686; conjunto este que está apoiado num baixo-relevo figurativo que representa um combate entre dois contendores.
Não obstante a falta de legibilidade, pelo desgaste do tempo, ainda é possível a interpretação deste enigmático conjunto.

Brasão
Pormenor
           Esta representação heráldica parece conter todos os elementos que lhe competem, porém de forma arbitrária e com uma notória irregularidade: o elmo, do qual sai o paquife, está colocado por cima do timbre (águia), e este por detrás do escudo, ao contrário da ordem habitual.
           Podemos observar que o seu escudo, curiosamente assenta sobre uma águia estendida, à laia de timbre, com a respectiva cauda a aparecer por debaixo do seu bordo inferior.
       O mesmo escudo carrega um castelo cuja figuração é pouco nítida quanto aos pormenores e está envolto por uma bordadura[1], a qual contem peças heráldicas (aspas?), ou uma inscrição que não se consegue decifrar. A citada bordadura pode significar diferença de filho segundo ou, em alternativa, indicar que estas armas vieram por via materna.
Envolvendo o exterior de ambos os lados do escudo, há uma legenda inscrita que o Dr. Joaquim Baptista ainda conseguiu ler: à direita do escudo «CON EL MORO BATALLE Y ESTAS ARMAS LE GANÉ», e à sua esquerda «(…) LA SALVDACION (…)».
       Sob o bordo inferior do escudo, figura um pequeno rectângulo com a data de «1686». Todo este conjunto, separado por uma barra horizontal, assenta num pequeno baixo-relevo onde estão representados dois cavaleiros apeados, com as respectivas montadas ao lado, os quais travam uma luta corpo a corpo.

Investigação heráldica
        Com os dados apurados, fomos à procura do provável autor deste pequeno monumento destinado a perdurar um qualquer memorável acontecimento da sua vida pessoal.
       O evento aqui celebrado tem a ver com uma luta – veja-se o baixo-relevo – contra os mouros (moro, como menciona a legenda), em que o seu autor venceu uma refrega que o celebrizou e motivou a atribuição do seu brasão, que é referida na frase «estas armas lhe ganhei», em 1686, segundo a data que vai inscrita.
Baixo-relevo inferior com dois cavaleiros
numa luta corpo a corpo.
   Ora sabemos que entre 1668 a 1704, houve um período de acalmia nas disputas entre os dois grande reinos peninsulares[2], pelo que o confronto ilustrado no baixo-relevo e referenciado na legenda «com el moro», datado de «1686» só poderia referir-se a qualquer recontro ocorrido no Norte de África, onde Portugal ainda ocupava algumas fortalezas com uma situação militar instável.
   Passamos em busca as ocorrências conhecidas desta época, à volta das praças-fortes portuguesas aí existentes e viemos constatar – com grande surpresa nossa – que no ano de 1686 houve um combate no enclave marroquino de Mazagão[3]. Esta fortaleza era, então, uma espécie de escola de guerra na qual se adestravam os militares portugueses, os quais, posteriormente, eram enviados para combater no Extremo Oriente e no Brasil.

       
       A chave da interpretação que nos pode conduzir ao autor deste conjunto, reside na peça heráldica do castelo que figura no escudo e indica o apelido do seu destinatário.
VAZ
MORENO
    Sucede que por via de algumas investigações genealógicas já feitas na zona da Idanha-a-Nova, conhecemos algumas das famílias aqui radicadas desde os fins do século XVI.
     A observação do castelo que figura no seu escudo, logo nos remeteu, erradamente, diga-se, para a família VAZ, faltando a identificação do seu destinatário associado à data de 1686.
     Neste brasão há uma incongruência que inicialmente nos confundiu: os VAZ, aqui supostamente representados, teriam por timbre um castelo, o que não é o caso deste brasão; o qual, em seu lugar, ostenta uma águia estendida que inicialmente consideramos um atropelo à forma correcta de blasonar as armas desta família.
    Os VAZ deram origem a destacados ramos familiares no distrito de Castelo Branco, tais como os Vaz Nunes (Idanha-a-Nova), os Vaz Preto Geraldes (de São Miguel de Acha e Idanha-a-Nova), e os Vaz de Carvalho (da Lousa e do Fundão)[4], entre algumas outras.

       A partir destes pressupostos, fomos encontrar em Mazagão o destinatário desta pedra gravada: falamos de MANUEL VAZ MORENO (1667-1730) que em 1688, após a sua chegada a esta praça-forte, logo participou num grande recontro com os mouros, no qual se distinguiu pela sua bravura.
Esta descoberta mudou radicalmente a interpretação que fizemos anteriormente, pois o citado brasão de armas, no desconhecimento do respectivo alvará de concessão, refere-se ao apelido MORENO.

As armas dos MORENO, em Portugal e em Espanha têm um castelo (como os VAZ) com duas águias estendidas sobre as torres das ilhargas que no caso vertente não estarão representadas por dificuldades de espaço. Neste brasão temos por timbre uma águia estendida (ao contrário dos VAZ que têm um castelo), o que reforça a nossa convicção de termos feito a atribuição correcta. 
   Em Espanha, as armas desta família têm basicamente a mesma configuração, porém com algumas variações de pormenor destinadas a distinguir os diversos ramos que foram divergindo ao longo dos tempos.
   Uma destas representações heráldicas espanholas é a que foi atribuída a JUAN MORENO y GUERRA, ao qual o Rei Felipe IV (III de Portugal) concedeu um brasão de armas contendo uma Bordadura de ouro com a legenda: «AVE MARIA GRATIA PLENA», tirada das armas dos Guerra.
Outra destas representações, a mais curiosa de todas, é a dos MORENO do Valle de Trasmiera (Cantábria, Espanha), que deram origem aos Moreno de Baeza e de outras localidades de Andaluzia, cujas armas ostentam uma enigmática legenda tomada do Cantar de los Cantares: «NIGRA SUM SED FORMOSA»  –  Sou negra, mas sou formosa[5].
A existir uma hipotética legenda na bordadura das armas do nosso MANUEL VAZ MORENO, lamentavelmente não a conseguimos decifrar ...
  
Capitão Manuel Vaz Moreno (1667-1730)
MANUEL VAZ MORENO (1667-1730) nasceu em 1667 em Mouriscas[6], no concelho de Abrantes, e faleceu em local desconhecido no ano de 1739 com 63 anos de idade. Era filho de MANUEL PIRES SOURÃO (ou MORENO)[7], e de sua mulher D. CATARINA DIAS (f. 1730) que faleceu em 1730[8].  
Os SOURÃO são uma pequena família do Alto Alentejo – assim como os MORENO –, que também se radicaram em Milhariças (Mouriscas Norte, Abrantes), onde fomos localizar um João Pires Sourão, e seu filho Tomé Pires Sourão; ambos nomeados em 1633 para o cargo de Juiz de Vintena[9]. Estes são, com toda a probabilidade, familiares do lado paterno do nosso herói de Mazagão, o qual pelo lado materno (VAZ?) terá presumivelmente ascendentes em Idanha-a-Nova.

Sabemos que já tinha duas filhas de um anterior casamento (em Idanha-a-Nova?) quando voltou a contrair matrimónio a 25-XII-1725 (?) no Rio de Janeiro, Brasil, com uma senhora da proeminente sociedade carioca daquela época que foi D. FELICIANA FAGUNDES (n. 1674) nascida a 7-VIII-1674 no Rio de Janeiro.
Sua mulher era um dos 6 filhos de Manuel Teles Barreto (1634-1707) nascido a 22-VIII-1634 no Rio de Janeiro, cidade onde faleceu a 13-XII-1707 com 73 anos[10], casado em 1663 com D. Isabel Fagundes (n. 1639?) nascida a 6-IV-1634 no Rio de Janeiro[11]; ambos herdeiros de proeminentes famílias do Rio de Janeiro. 
D. Feliciana Fagundes era neta materna de D. Petronilha Fagundes (1614?-1668), filha primogénita de quatro irmãos, e foi herdeira do Engenho da Lagoa – na actual Lagoa Rodrigo de Freitas – no Rio de Janeiro[12], casada com seu parente o capitão João Fagundes Paris (1605?-1662), nascido por volta de 1605 em Viana do Castelo, Portugal, e falecido a 20-VIII-1672 no Rio de Janeiro com 57 anos; e bisneta materna de Sebastião Fagundes Varela (1583-1639), natural de Viana do Castelo, Portugal, criador de gado e rico proprietário do Rio de Janeiro[13], cidade onde faleceu a 29-VII-1639 com 56 anos, e onde casou em 1613 com D. Maria de Amorim Soares (1592-1676), filha herdeira do Engenho da Lagoa, nascida a 15-V-1592 no Rio de Janeiro, e aí falecida em 1676 com 86 anos de idade, da qual teve 4 filhos.

Do casamento do capitão MANUEL VAZ MORENO (1667-1730) no Rio de Janeiro em 1825, aparentemente vantajoso do ponto de vista económico e social, não sabemos se houve geração. 
Sabemos sim, que este teve duas filhas, para as quais obteve uma tença de 4$000 rs por Alvará de 20-V-1722[14]. O nascimento destas, é anterior à data da realização deste consórcio no Brasil, e uma delas parece ter adoptado (?) o apelido Fagundes:
1.ª - D. ISABEL DE ASSUNÇÃO FAGUNDES (n. 1708?), nasceu a 26-V-1708, e por Carta de Padrão de 15-III-1723 obteve 28$000 rs de tença[15].
2.ª - D. CATARINA VAZ MORENO (1711-1787), a qual a 19-VI-1742 fez um requerimento onde afirma «ser viúva de António do Rego de Brito»[16] e solicita autorização «para se transportar para o Reino, onde desejava viver em companhia dos parentes que ali tinha»[17]. Paradoxalmente, neste mesmo ano (1742) é dada como tendo casado (segundas núpcias?) com FRANCISCO CORDOVIL DE SIQUEIRA E MELO (1707-1755), nascido em Irajá, o qual foi Provedor da Fazenda do Rio de Janeiro (Carta de 14-III-1743)[18]. Este era filho de Bartolomeu de Sequeira Cordovil (c. 1717), natural de Alvito, Évora, que por Carta de 28-I-1717 também foi Provedor da Fazenda, Vedor Geral e Contador da Capitania do Rio de Janeiro[19], cidade onde a sua família tinha grades alianças político-parentais na sociedade e na economia; senhor do Engenho dos Cordovil (posteriormente denominado de Engenho do Provedor da Fazenda Real), uma grande extensão de terras onde está situado o actual Bairro Cordovil[20], na Zona Norte do Rio.

Soldado mosqueteiro.
      MANUEL VAZ MORENO (1667-1730) foi mandado servir em Mazagão onde esteve por 15 anos (de 1-IX-1686 a 12-IX-1701), como «soldado Mosqueteiro[21], Atalaja do Campo e cavaleiro espingardeiro com seu cavallo e Armas» cobrindo-se de bravura e heroísmo. 
       Aí arribou no princípio de Setembro de 1686  a data referida da lápide em apreço  logo travando um duro e longo combate com os mouros em muito maior número, no qual se distinguiu pela sua grande bravura, não evitando com isso ter sido feito prisioneiro e ficado em Argel por dois anos. Regressado a Mazagão, esteve em todos os combates aí travados, nos quais se distinguiu pelo seu voluntarismo e bravura, tendo recebido ferimentos por inúmeras vezes. 
«… achandosse em todas as ocasiões de guerra que houve contra os Mouros, ajudando a matar hum a cativar quatro recebendo huma pelourada por huma ilharga de q esteve em perigo de vida descobrindo o seu posto donde lhe atirarão os Mouros muitas vezes, sendo apartado para as surtidas e armadilhas donde se matarão e cativarão muitos no anno de seis sentes outenta e seis foi captivo em Argel onde esteve hum anno e onze mezes.»

Mazagão (actual El Jadida).
      Durante estes 15 anos de serviço certamente terá vindo a Portugal, muito provavelmente em 1696, ano em que obtém como recompensa dos seus bons serviços uma Carta Padrão com o hábito de Cristo e uma tença de 8$000 rs (1-XI-1696)[22].
   Retornado a Portugal em 1701, possivelmente refugiou-se para descansar em Idanha-a-Nova, localidade onde teria parentes (?) e onde mandou lavrar a pedra em apreço com a memória do seu feito militar[23].
        O reconhecimento do mérito que demonstrou em Mazagão, ao serviço da coroa portuguesa, valeu-lhe diversas honrarias: por Alvará de 15-IX-1701, foi-lhe concedida a mercê de Escudeiro Fidalgo, acrescentado a Cavaleiro Fidalgo, num total de $750 rs de moradia por mês e 1 alqueire de cevada por dia[24].
Mas não descansaria por muito tempo este indómito soldado, pois, logo de seguida, estávamos a braços com a Guerra da Sucessão de Espanha que alastrou à colónia brasileira. Por carta patente de 11-II-1702, atendendo aos seus serviços, foi nomeado capitão da 4.ª companhia de infantaria, uma das cinco que se formaram para guarnecer a Colónia de Montevideu e a Colónia do Sacramento (actual Uruguai), então ameaçadas pelos interesses de Espanha, em cujos recontros (1704-1705) o nosso herói voltou a destacar-se.
Em data indeterminada (primeiro quartel de Setecentos?), sabemos que era «capitão de infantaria da praça do Rio de Janeiro», pois, nessa qualidade, fez um requerimento a pedir «licença para embarcar para o Reino, com sua família, porque achando-se muito decrépito, desejava que suas filhas menores entrassem para um dos conventos da Corte»[25]. Caso esse requerimento tivesse sido deferido, o que é muito provável, talvez viesse a falecer em Idanha-a-Nova, como parece indicar a lápide (?) em apreço ... Talvez o seu primeiro casamento tenha sido feito nesta cidade, onde teria interesses, daí o ter-se vindo a fixar nesta zona do país um pouco distante das Mouriscas, sua terra de origem.
A 1-IV-1723 obteve Alvará para que «vença o saldo do posto de Capitão»[26].

Relações familiares
O capitão MANUEL VAZ MORENO (1667-1730) relacionou-se com proeminentes famílias do Rio de Janeiro, pois era cunhado de D. Petronilha Fagundes (1671?-1717), neta da primeira deste nome, nascida a 26-VIII-1671 no Rio de Janeiro onde faleceu a 2-VIII-1717 com 45 anos e foi sepultada na igreja do Convento de Santo António, herdeira do citado Engenho da Lagoa, casada a 3-VII-1702 na capela de Nossa Senhora do Rosário da Lagoa com o capitão de cavalaria Rodrigo de Freitas Castro de Carvalho (1672-1748), nascido no ano de 1672 em Penacova, Guimarães, o qual já viúvo regressou a Portugal em 1717, e aqui faleceu em 1748 com 76 anos. 
       Deste último, o Engenho da Lagoa tiraria a actual designação de Lagoa Rodrigues de Freitas, uma das mais ricas e bonitas áreas do actual Rio de Janeiro onde estão situados os bairros Ipanema, Leblon, Jardim Botânico e Lagoa.
         Este casal teve um filho, que foi:
Rio de Janeiro, Lagoa Rodrigo de Freitas. 
     João de Freitas de Castro (n. 1704), baptizado a 27-VIII-1704 em Nossa Senhora da Candelária, no Rio de Janeiro, herdeiro do Engenho da Lagoa, casado nas primeiras núpcias de D. Leonor Maria de Melo Pereira de Sampaio (n. 1799), natural de Arcozelo, no concelho de Ponte de Lima. Deste casamento nasceram oito filhos[27], entre os quais o primogénito:
Rodrigo António de Freitas Castro e Melo (c. 1750), Cavaleiro Fidalgo (18-V-1791)[28], herdeiro do Engenho da LagoaLagoa Rodrigo de Freitas –, casado com D. Josefa Casimira Margarida do Amaral Menezes (f. 1797), falecida a 25-I-1797. Deste casamento nasceram cinco filhos, alguns dos quais supomos ter falecido prematuramente, pois a sua filha primogénita D. Maria Leonor de Freitas Melo e Castro (c. 1780), natural de Guimarães[29], e sua irmã D. Maria do Ó, no ano de 1813 eram as únicas herdeiras do que restava do Engenho da Lagoa, após a expropriação feita por D. João VI em 1808, como consta por uma justificação existente na Torre do Tombo:

«Autos da Justificação de D. ANA MARIA LEONOR DE FREITAS MELO E CASTRO, filha de Rodrigo de Freitas Melo e Castro e de D. Josefa Margarida de Melo e Meneses, natural de Guimarães», nos quais «A justificante, pretende receber um engenho denominado da Lagoa, situado próximo do Rio de Janeiro, que já seu pai herdara de seus avós, ou o seu valor obrigando-se a justificante a dar metade do seus valor a outra herdeira, sua irmã D. MARIA DO Ó»[30].

Engenho da Lagoa
(actual Lagoa Rodrigo de Freitas)
Rio de Janeiro
Lagoa Rodrigo de Freiras, pintura de 1904.
       Aquando da chegada dos Portugueses ao Rio de Janeiro, nos inícios de Quinhentos, o território do Rio de Janeiro, considerado virgem e sem cultivo, foi distribuído em sesmarias para a instalação de engenhos para o cultivo de cana-de-açúcar[31].

      As terras situadas nas margens da Lagoa (os actuais e elegantes bairros da Gávea, Jardim Botânico e Lagoa), terrenos de muito boa qualidade para a produção da cana-de-açúcar, eram habitadas pelos índios Tamoios que lhe chamavam Piraguá (água parada) ou Sacopenapan (caminho dos socós)[32].

Engenho da Lagoa,
Nossa Sr.ª da Cabeça (1603).
       António Salema (f. 1586), jurista formado em Coimbra, Governador e Capitão-geral da Capitania do Rio de Janeiro (1575-1578), obteve em sesmaria (1575) este território para aí instalar um engenho de açúcar, a que chamou Engenho D´El Rei. Não teve sucesso neste empreendimento e abandonou-o em 1578 quando do seu regresso a Portugal, não antes de tentar exterminar os índios Tamoios das aldeias indígenas da Lagoa, mandando espalhar nesta área roupas contaminadas com varíola para que estes fossem dizimados pela doença. 
 Engenho da Lagoa (interior).
Por arrendamento enfitêutico feito em 1598, passou para Diogo Amorim Soares (1542-?), escrivão da alfândega, do qual esta região tirou o nome de Lagoa de Amorim Soares. Este seu novo proprietário, que já tinha sido preso (1591) e condenado pala Inquisição de Lisboa sob a acusação de crime de heresia (1594) quando exercia funções em Salvador, acabaria por ser expulso da cidade do Rio de Janeiro por corrupção (1609), passando então o engenho ao seu genro Sebastião Fagundes Varela (1583-1639).  
      Esta mudança de dono alterou novamente a sua designação para Lagoa do Fagundes, o seu novo proprietário, o qual por volta de 1620 ampliou de tal modo as suas propriedades nesta área que acabou por ser proprietário de todas as terras que se estendem dos actuais bairros de Humaitá até ao Leblon, tornando-se um dos grandes latifúndios da periferia do Rio de Janeiro, constituído por 58 chácaras[33].
Casa sede do Engenho da Lagoa.
     A sua bisneta Petronilha Fagundes (1671?-1717), herdeira do engenho, casou-se em 1702 com o jovem oficial de cavalaria português Rodrigo de Freitas Castro de Carvalho (1672-1748), o qual enviuvou em 1717 e regressou a Portugal, deixando esta imensa propriedade nas mãos de seu filho João de Freitas de Castro (n. 1704), do qual passou a seu neto Rodrigo António de Freitas Castro e Melo (c. 1750); passando, deste ultimo, para diversos arrendatários.
    No início do século XIX, com a chegada da Família Real Portuguesa, o Príncipe Regente expropriou a 13-VII-1808 o Engenho da Lagoa para construir no local uma fábrica de pólvora e instalar o Real Horto Botânico (actual Jardim Botânico do Rio de Janeiro).
     Tempos depois, foram feitos sucessivos aterros às suas margens, os quais reduziram cerca de 1/3 a área ocupada pelo seu espelho de água de 2,2km2, permitindo assim o aparecimento de diversos novos bairros nas terrenos conquistados à água, tais como o rico Bairro da Lagoa. Apresenta uma superfície de 2,4 km2, e o seu diâmetro é de 3 km em sua maior largura.

Rio de Janeiro, Lagoa Rodrigo de Freitas.



Lagoa Rodrigo de Freitas, pintura de 1887.









Solar da Imperatriz
      Uma das mais emblemáticas edificações, outrora associada ao «Engenho de Nossa Senhora da Conceição da Lagoa», como também era conhecido, foi o seu solar: uma enorme e elegante construção de 1.450 metros de área útil.
Engenho da Lagoa, Solar da Imperatriz.
     Edificado por volta de 1750 para solar de um dos proprietários do engenho, é actualmente denominado Solar da Imperatriz, o qual em 1808, juntamente com o engenho, foi expropriado. No pavimento térreo tinha uma senzala[34], na qual eram mantidos os escravos da propriedade.
       O seu nome actual provém do facto Imperador D. Pedro I (1798-1834), Imperador do Brasil e Rei de Portugal, segundo tradição que parece ser duvidosa, a ter dado de presente à sua segunda mulher, a duquesa alemã Dona Amélia de Beauharnais Leuchtemberg (1812-1873).
       Depois de várias ocupações com diversas funcionalidades, e um longo abandono, foi restaurado e encontra-se muito bem cuidado, nele funcionando uma Escola ligada ao Jardim Botânico.

A família MORENO
(generalidades)
MORENO (Espanha)
     Os MORENO são uma antiga família nobilitada, cujo apelido provém de alcunha (cor trigueira). A sua origem está em Espanha, onde pertenceram à nobreza mais destacada daquele reino.
       No século XI havia um castelo em Trasmiera (Santander), o qual esteve na origem desta linhagem.
    Tiverem alguns dos seus primitivos solares em Castela e na Cantábria (Espanha), de onde passaram à Andaluzia (cidade de Baeza) e, mais tarde, às colónias dos dois reinos ibéricos (Brasil, Chile, Argentina, Venezuela, etc.) onde este apelido se encontra bem enraizado.
  Passaram também a Portugal por diversas vezes e fixaram-se predominantemente na província do Alto Alentejo, trazendo as seguintes armas: de ouro com um castelo vermelho, com duas águias estendidas de negro, pousadas sobre as torres laterais. Timbre: uma águia de negro estendida.
      Em Espanha, o escudo tem uma bordadura carregada de oito aspas[35], à semelhança do que aparenta o brasão de Manuel Vaz Moreno.

       O apelido MORENO foi também adoptado por judeus convertidos forçadamente à fé Cristã, a partir de 1497, dos quais muitos se fixaram no Alentejo.
       Alguns destes foram duramente perseguidos pela Inquisição na primeira metade do século XVII, sob repetidas acusações de «judaísmo, heresia e apostasia», pelo que partiram para Marrocos, e para o Brasil, a fim de se colocarem fora do alcance das devassas do Santo Ofício. Desta última diáspora familiar, ficaram conhecidos no Brasil: António Rodrigues Moreno (c.1639); Gabriel Moreno (c. 1653); Isaac Moreno (c. 1648); Jacob Moreno (c. 1635); Jacob Mathias Moreno (c. 1652); Mathatias Moreno, (c. 1638), que pertenceu à Sinagoga Tsur Israel, no Recife durante a ocupação Holandesa; Moisés Moreno (c. 1646); Mozes Moreno (c. 1654); Rachel Moreno (. 1638); Ribcah Moreno (c. 1641) e Sara Moreno (c. 1647). 
        
Dos inúmeros e destacados membros desta família, em Portugal, salientamos dois militares valorosos:

Cochim, Igreja de São Francisco.
       O Capitão LOURENÇO MORENO (1463?-?), nascido em Moura, no Alentejo, cerca de 1463, que serviu na Índia. 
        Em 1503, na sequência do ataque Samorim de Calicute, salientou-se na sua defesa, sendo então recompensado com o cargo de feitor de Cochim (1503) que assumiu a partir em1506, e de capitão, cargo este que exerceu de forma descontínua entre 1517-19.
       Adquiriu um vasto património e foi elevado por D. João III ao estatuto de fidalgo da Casa Real. Já idoso serviu como tesoureiro na Universidade de Coimbra.
       
       O Capitão MARTIM SOARES MORENO (1586?-1650), nascido em 1586 em Santiago do Cacém, Portugal, filho de Martim de Loures Moreno e Paula Ferreira Soares
Ceará, Forte de São Sebastião, 1613. 
       Ainda muito novo foi levado a Pernambuco por seu tio o sargento-mor Diogo de Campos Moreno que o mandou aprender a língua guarani, a qual acabou por dominar na perfeição, assim como os costumes dos índios com os quais conviveu na maior proximidade; conhecimentos estes que foram muito úteis para os colonizadores de então.
       Participou da expedição de Pêro Coelho ao Ceará (1603) e acabou por se tornar em 1612 o virtual fundador do estado do Ceará.
      Em 1611 foi nomeado capitão-mor do Ceará onde construiu, nas margens do Rio Ceará, o Forte de São Sebastião (actual Barra do Ceará) para defender a costa do Brasil contra os piratas franceses. Ao lado do forte, com o seu apoio foi edificada uma capela e os índios fundaram uma aldeia: o primeiro núcleo da futura cidade de Fortaleza.

«No anno de 1612 fiz um forte de madeira com suas guaritas e casas de soldados, dentro, e sua Ermida onde se diz Missa, e onde estão 20 soldados alli deixei já 10 ou 11 cazados com Indias e Mamelucas com muitos filhos.»
(Moreno, em Studart, 197; em Peixoto, 56).
  
Capitão-mor do Ceará
Martim Soares Moreno.
     No mesmo ano foi mandado reconhecer o Maranhão, ocupado pelos franceses. Na volta, entretanto, o seu navio foi atirado pelos ventos às Antilhas. 
       Em 1614 estava em Sevilha (Espanha), após o que, no ano seguinte, retornou ao Maranhão e aí expulsa definitivamente os franceses. 
     Em 1616 foi capturado e preso em alto mar por um navio francês, após violento combate em que levou uma cutilada no rosto e ficou sem uma mão. Levado para França, foi julgado e preso até 1618, ano em que foi repatriado.
      Em 1619 foi-lhe feita a mercê da capitania do Ceará, em atenção aos seus serviços, e nestas funções repeliu vários ataques Holandeses (1624-1625), os quais em 1630 acabariam por invadir Pernambuco. Batalhou, incansavelmente e com heroísmo contra os Holandeses em Recife e Olinda.
Nos anos seguintes, tomou parte na defesa da Paraíba e de Cunhaú (na capitania do Rio Grande).

Últimos anos
       Retornou definitivamente a Portugal em 1648, quando contava 62 anos de idade, após ter servido durante 45 anos nesta colónia.
Fortaleza, Iracema.
    Os serviços que o Capitão Moreno prestou nunca terão sido devidamente reconhecidos pela mãe pátria, apesar de ter sido uma figura mítica no Brasil.
Iracema, (de Jerónimo de Medeiros, 1884).
    O escritor José de Alencar (1829-1877) dedicou-lhe um dos maiores romances da literatura romântica brasileira: «Iracema, lenda do Ceará» (1865). Nele mitifica a vida deste aventureiro português que se apaixona «pela bela índia Iracema, a virgem dos lábios de mel e de cabelos mais negros que a asa da graúna», a qual inspiraria muitos artistas do romantismo brasileiro. 
    Esta obra literária é uma espécie de mito fundador da nação, no qual Iracema é uma espécie de vestal que detém um saber responsável pelo equilíbrio harmónico reinante entre seu povo e a terra.

Conclusão
       A interpretação e atribuição desta memória em pedra, colocada na cisterna do Convento de Santo António de Idanha-a-Nova (hoje propriedade particular), não oferece a menor dúvida, pois comemora a bravura demonstrada pelo seu destinatário: o Capitão MANUEL VAZ MORENO (1667-1730).
Idanha-a-Nova
       Dele, e da sua família, aqui deixamos algumas notas, porém com algumas reservas, pois, estas foram deduzidos a partir de diversas fontes de genealogia que não nos ofereceram total confiança. Lamentavelmente, faltou-nos o acesso a muitas fontes primárias de documentação.
      Tendo nascido em Mouriscas, concelho de Abrantes, muito nos surpreendeu a sua ligação com o Convento de Santo António de Idanha-a-Nova, no qual alguém (?) colocou esta memória para que os vindouros não se esquecessem dele.
       O facto de ter casado e ter pelo menos duas filhas desse casamento, antes das suas núpcias serôdias no Rio de Janeiro, ficamos com a suspeita dos seus progenitores, ou da sua anterior cônjuge, serem originários de Idanha-a-Nova onde ele próprio poderá ter servido militarmente à semelhança do que aconteceu com outros soldados originários de vários pontos do país que aí ocorreram para defesa da fronteira na guerra da Restauração, muitos dos quais vieram aí a casar e a estabelecer-se.
Quanto à implantação desta memória no citado convento, poderá dever-se ao facto de ter feito alguma doação para alguma das suas obras, ou para aí garantir sepultura, para si ou para a sua família, pois, ficamos com a suspeita de este ter falecido em Portugal.
Com os dados aqui deixados, compete a outros investigadores com mais perspicácia e disponibilidade de tempo, passarem a pente fino os arquivos paroquiais e a documentação existente deste convento, em busca de respostas para a explicação da insólita localização desta pedra.
Foi com imensa satisfação que abordamos este aparentemente indecifrável enigma heráldico – mais um –, cujo resultado nos deixou com a sensação do dever cumprido em relação a alguns pequenos mistérios da história local e das gentes que, com as suas acções, alicerçaram o nosso destino colectivo.


Documentos:

        Patente de MANUEL VAZ MORENO
Dom Pedro et.a faço saber aos q esta minha carta Patente virem, q tendo respeito a Manoel Vás Moreno me haver servido na Praça de Mazagão por espaço de quinze anos e doze dias continuados desde o princ.o de Sept.o de seis sentos outenta e seis até doze de Sept.o de setesentos e hum em praça de soldado Mosqueteiro, Atalaja do Campo e cavaleiro espingardeiro com seu cavallo e Armas achandosse em todas as ocasiões de guerra que houve contra os Mouros, ajudando a matar hum a cativar quatro recebendo huma pelourada por huma ilharga de q esteve em perigo de vida descobrindo o seu posto donde lhe atirarão os Mouros muitas vezes, sendo apartado para as surtidas e armadilhas donde se matarão e cativarão muitos no anno de seis sentes outenta e seis foi captivo em Argel onde esteve hum anno e onze mezes e tornando para a mesma Prassa serviu com seu cavallo e armas de cavaleiro e espingardeiro achando-se também hem outros choques que houve com os Mouros no anno de seis centos outenta e nove e na retirada q se fez sahir com o seu cavalo e armas vindo entre dous cavaleiros com muito risco da sua vida perdendo a sua espingarda ferindolhe o seu cavallo de huma pelourada com o qual gastou muito da sua fazenda e ultima mente estar servindo de soldado no terço de q he mestre de Campo o Conde de Monçanto e por esperar delle q em tudo o de q. for encarregado do meu serviço se houvera com satisfação conforme a confiança que faço de sua pessoa: Hei por bem de o nomear (como por esta nomeio) em o Posto de capp.am de quarta companhia de Infantaria das sinco q mandei formar de novo para guarniçam da Nova Collonia do Monte Vidio com o qual posto houvera o soldo que lhe tocar na forma das minhas ordens e gozara de todas as honrras, privilégios, liberdades, izengões, e franquezas q em resão delle lhe pertencerem do qual por esta o hir pormetido de posse Folio q mando ao meu gov.or da Capitania do Rio de Jan.o conheça o dito Manoel Vás Moreno por capp.am da dita companhia  e  como  tal  honrre e  estime  e deixe servir e exercitar o dito posto e haver o dito soldo e aos off.es e soldados  da dita companhia ordeno também  q  em tudo lhe obedeção e cumpram suas ordens por escrito e de palavra como devem e são obrigados e elle jurara em minha chans.a na forma custumada de q se fasa assento nas costas desta Carta Patente q por porfirmesa de tudo lhe mandei passar.
Por mim assinada e sellada com o sello grande de minhas Armas dada na cidade de Lx.a aos onze do mez de Março.
Manoel Pinh.o da Fon.a a fes.
Anno do Nassim.to de Nosso S.or Jhs Cristo de mil setecentos e dous.
O secret.o André Lopes do Lavra a fes escrever
                                                           ELRei
(Torre do Tombo, Chancelaria de D. Pedro II, liv. 62) 


MANUEL VAZ MORENO pede satisfação de seus segundos serviços 
Manoel Vás Moreno, fiho de Manoel Pires Sourão[36], natural das Mouriscas termo de Abrantes depois de despachado pellos primeiros serviços obrados na praça de Mazagão pellos quaes foi V. mag.de servido fazerlhe m.ce do habito de Christo com outo mil rs de tença e de por escudeiro fidalgo com quatro centos rs de moradia por mez e juntamente o acrescentou logo a cavaleyro fidalgo de com tresentos rs mais em sua moradia p.a mês 750 rs[37].
(Torre do Tombo, Códice 8, Mercês Gerai, 1T03, 1T30)[38] 




Notas:

[1]    BORDADURA – Peça colocada em volta do campo do escudo, limitada exteriormente pelos campos deste. ASPA – Peça em forma de X.
[2]    Período este balizado entre as guerras da Restauração (1640-1668) e da Sucessão de Espanha (1701-1714), na qual Portugal participou a partir de 1704.
[3]    MAZAGÃO foi a última das fortificações portuguesas em Marrocos, cuja ocupação chegou ao fim em 1769. A sua população foi transferida para a Nova Mazagão no estado de Amapá, na Amazónia, Brasil.
[4]    Nesta família destacou-se José Vaz de Carvalho (n. 1673), desembargador do Paço no reinado de D. João V.
[5]    Cantar de Salomão ou Cantar dos Cantares de Salomão, da Bíblia Hebraica, à qual se atríbuiem interpretações alquímicas e cabalísticas relacionadas com a Virgem Negra. 
[6]    Por vezes aparece citado Manuel Pires Soveral.
[7]    Em diversos documentos das cancelarias régias, referentes a seu filho, aparece com os apelidos SOURÃO ou MORENO, assim como SOUSA e SOVERAL, estes dois últimos estarão errados.
[9]    Joaquim CANDEIAS DA SILVA, Abrantes: A Vila e o seu tempo no tempo dos Filipes, (Lisboa: Colibri, 2000), p. 211.
[10]    Há um Manuel Teles Barreto (c. 1520-1588) que foi 6.º Governador-geral do Brasil durante o Domínio Filipino.
[11]    Deste casal nasceram: Antónia (n. 1664); João ((1665?-1701); Francisco (n. 1670?9; Petronilha (1671-1717); Feliciana (n. 1674); e Maria (n. 1680?).
[12]    Inicialmente o nome completo era de «Engenho Nossa Senhora da Conceição da Lagoa», edificado em 1575.
[13]    SEBASTIÃO FAGUNDES VARELA (1583?-1639), foi senhor de uma vasta sesmaria que adquiriu na Zona Sul do Rio de Janeiro – actuais bairros do Jardim Botânico, Ipanema, Leblon e Lagoa – que transformou no Engenho da Lagoa, o qual incluía duas importantes capelas: 1.ª - a Capela de Nossa Senhora da Conceição, que é a principal e a maior do engenho; 2.ª - a pequena Capela de Nossa Senhora da Cabeça (1603), pouco conhecida, mas uma das jóias do património do Rio. Esta área, adoptou, sucessivamente, os nomes das famílias que detiveram estes terrenos: Lagoa dos Fagundes, Lagoa de Manuel Teles, e o nome definitivo de Lagoa Rodrigues de Freitas. 
[14]    AN/TT, Registo Geral de Mercês de D. João V, liv. 13, fl. 504.
[15]    AN/TT, Registo Geral de Mercês de D. João V, liv. 13, fl. 504.
[16]    Há vários homónimos, mas parece ser o que foi capitão da Infantaria do Rio de Janeiro (c. 1724), cujos ascendentes serviram em Mazagão.
[17]    in. «Catálogo de documentos manuscritos avulsos referentes à Capitania do Rio de Janeiro», Brasil-Rio de Janeiro, Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa.
[18]    AN/TT, Registo Geral de Mercês de D. João V, liv. 32, fl. 60v.
[19]    AN/TT, Registo Geral de Mercês de D. João V, liv. 6, fl. 356.
[20]    A suas terras englobavam a Ponta do Lagarto e a ilha do Saravatá, que sofreram um aterro em 1989/90 após o que foi cortado pela «Linha Vermelha».
[21]    O MOSQUETE foi uma das primeiras armas de fogo dos soldados de infantaria entre os séculos XVI e XVIII. De carregar pela boca com pólvora e um projéctil, resulta da evolução do antigo arcabuz, semelhante a uma espingarda, porém muito mais pesado. Tinha um cano de um metro e meio, com má pontaria, precisando de ser apoiado no chão e accionado o disparo com uma mecha incendiária ou com “chaves de faíscas”, pelo que rapidamente entrou em desuso, sendo substituído pela espingarda.
[22]    AN/TT, Registo Geral de Mercês de D. Pedro II, liv. 10, fl. 304.
[23]    Um seu biografo, levanta a hipótese, de ter ido descansar para as Mouriscas.
[24]    NA/TT, Registo Geral de Mercês de D. Pedro II, liv. 10, fl.304.
[25]    in. «Catálogo de documentos manuscritos avulsos referentes à Capitania do Rio de Janeiro», Brasil-Rio de Janeiro, Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa.
[26]    AN/TT, Registo Geral de Mercês de D. João V, liv. 13, fl. 516.
[27]    Quatro deles seguiram a vida religiosa em Portugal.
[28]    AN/TT, Registo Geral de Mercês de D. Maria I, liv. 26, f. 241v.
[29]    Esta senhora teve filhos. 
[30]    AN/TT, Feitos Findos, Juízo da Índia e Mina, Justificações Ultramarinas, Brasil, mç. 25, n.º 6.
[31]    SESMARIAS – Terras incultas e abandonadas distribuídas a particulares para, neste caso, garantir a plantação açucareira na colónia; ENGENHO – Conjunto agro-industrial constituído por plantações, casa-grande, capela, senzala e a fábrica de açúcar. 
[32]    Socó – Ave pernalta que se alimenta de peixes e pertence à família das garças.
[33]    Chácara – Quinta. Habitação campestre, perto da cidade.
[34]    Senzala – Habitação de escravos negros
[35]    BORDADURA – peça colocada em volta do campo do escudo, limitada exteriormente pelos campos deste. ASPA – Peça em forma de X.
[36]    O apelido Sourão, usado por seu pai, é o que consta deste Alvará. 
[37]    AN/TT, Registo Geral de Mercês de D. Pedro II, liv. 10, fl. 304.
[38]    Publicado por João Manuel Maia Alves,  em  http://motg.blogs.sapo.pt/20742.html

2012-06-10

Castelo dos Trigueiros (1908), Fundão.

(Trigueiros Martel) 
Fundão, 1908


 Fundão, Castelo dos Trigueiros, 1908-1916.


História
       Esta singular casa acastelada, outrora na periferia do Fundão e actualmente integrada na sua malha urbana, é fruto do espírito do seu fundador: JOSÉ TRIGUEIROS DE ARAGÃO OSÓRIO MARTEL (1879-1963), monárquico convicto e o “Último Romântico” do Fundão que iniciou a sua edificação em 1908.

       O seu programa estético é aparentemente o resultado da evolução da arquitectura do neoclassicismo para as diversas formas do romantismo: neste caso influenciado no nacionalismo romântico que vinha do século anterior e era marcado por uma concepção saudosista da história.

         O Castelo dos Trigueiros, ou Castelo do Fundão como também ficou conhecido, é um revivalismo neo-romântico de inspiração medieval, o qual reflecte a busca dos elementos definidores da arquitectura de raiz eminentemente portuguesa: tema então em debate na sociedade portuguesa, desde os finais de oitocentos, por um amplo sector do pensamento estético português que não conseguia obter consenso.

     Situado então numa pequena quinta, outrora fora de portas e hoje muito diminuída pela expansão da malha urbana à sua volta, tem quatro pisos articulados entre três jogos de massas arquitectónicas, cercado de um logradouro ajardinado com uma capela anexa e um pequeno lago de inspiração romântica; tudo cercado de um pequeno muro de forma amuralhada ao qual encostam vários anexos para arrecadação e para morada dos criados da casa.

       Esta sua residência foi projectada e edificada pelo construtor diplomado Januário Martins de Almeida, autor de várias obras no distrito de Castelo Branco, especialmente nos concelhos do Fundão (foi ele que em 1923 propôs a edificação da actual Avenida da Liberdade que viria a ser construída três décadas depois) e da Covilhã, assim como se destacou por trabalhos feitos para a Câmara Municipal de Évora na segunda década do século XX.

Belmonte, Castelo da família Cabral.
       A sua rica decoração foi feita à base de azulejos e de pinturas murais interiores com os grandes temas da história nacional, tão ao gosto do romantismo.
       A tipologia da sua planta e a fachada principal tem algumas analogias com o Castelo dos Cabrais em Belmonte, dos quais José Trigueiros Martel descendia pelo lado materno, e ao qual foi certamente buscar a inspiração.

       Sabemos que a sua construção foi, à época, alvo de algumas críticas por parte de adversários ideológicos do seu fundador, o qual era um homem cordial e muito afável, alvo da consideração e da simpatia da generalidade da população local.


Fundão, Castelo dos Trigueiros (traseiras), 1916. (foto: ?)
Fundão, Castelo dos Trigueiros,
capela anexa
, 1916.
     

















O período da sua edificação, nos finais da monarquia, é visto como uma época de decadência na arquitectura. Desta visão inevitavelmente republicana, discordamos, pois consideramos ser um período de riqueza cultural devido ao confronto de ideias e de novas correntes estéticas[1]. Datam da mesma época algumas construções acasteladas em vários pontos da província e nomeadamente no Estoril e em Cascais, estas últimas classificados de “caricaturas de quanto de mau [se] fizera”, as quais nos remetem para uma cenografia do Renascimento italiano[2]: o que não foi o caso desta edificação no Fundão, que procura apenas valorizar com sobriedade as raízes nacionais.



O seu edificador
José Trigueiros de Aragão Osório Martel
(1879-1963)
José Trigueiros de Aragão
Osório Martel (1879-1963), 
1893?
     JOSÉ TRIGUEIROS DE ARAGÃO OSÓRIO MARTEL (1879-1963) era um dos 10 filhos de Jerónimo Trigueiros de Aragão Martel e Costa (1825-1900), 1.º Visconde do Outeiro e 1.º Conde de Idanha-a-Nova, e de sua mulher D. Maria Isabel Osório de Sousa Preto Macedo Forjaz Pereira de Gusmão (1834-1878) que foi a última morgada de Peroviseu.
      Nasceu a 7-VI-1879 no Fundão, onde residiu e faleceu a 23-VII-1963. 
    Foi presidente da Câmara Municipal durante o consulado de Sidónio Pais (1918), assim com de 1932 a 1934, e provedor da Santa Casa da Misericórdia.
     Sempre pautou a sua vida por sólidos princípios morais e cívicos, assim como uma grande delicadeza de maneiras perante toda a gente, com especial referência pelos mais humildes e desfavorecidos aos quais nunca recusava auxílio, segundo testemunho dos seus contemporâneos.
   Teve um papel de relevo no dinamismo cultural e social do Fundão, mas o seu temperamento idealista e romântico, valorizando pouco os valores materiais, levaram-no a descurar a sua vida financeira o que lhe acarretou algumas dificuldades.
     Casou 2 vezes.
José Trigueiros Aragão Osório Martel (1879-1963),
Chofer, e
D. Estela Meireles Pinto Barriga (1876-1918).
      As primeiras núpcias foram com D. ESTELA MEIRELES PINTO BARRIGA (1876-1918), nascida a 20-III-1876, e falecida prematuramente a 26-X-1918, sem geração, filha de Tomás de Aquino Coutinho Barriga da Silveira Castro e Câmara (1848-1916)[3], 2.º Visconde de Tinalhas (decreto de 9-XII-1887), moço fidalgo da Casa Real, vereador e presidente da Câmara Municipal de São Vicente da Beira, chefe local do Partido Regenerador, deputado, Par do Reino (1906), procurador geral do distrito de Castelo Branco, e de sua mulher e prima, com quem casou a 24-VII-1868, D. Maria José de Meireles Guedes Cabral (n. 1853).
       Falecida sua 1.ª mulher, passou a segundas núpcias a 19-III-1920, no Fundão, com D. MARIA GRACIOSA DA SILVEIRA E VASCONCELOS (n. 1897), nascida na citada cidade a 23-IV-1897, filha do Dr. Luís António Gil da Silveira, e de sua mulher D. Filomena Cândida Matos da Silveira
        Teve 6 filhos do 2.º casamento.


Sucessão genealógica do fundador do Castelo dos Trigueiros

José Trigueiros de
Aragão Osório Martel
(1879-1963).
1.        JOSÉ TRIGUEIROS DE ARAGÃO OSÓRIO MARTEL (1879-1963) tomou a iniciati-
           va da edificação deste Castelo a partir de 1908, com o apoio do seu sogro que
           foi Tomás de Aquino Coutinho Barriga da Silveira Castro e Câmara (1848-1916),
           2.º Visconde de Tinalhas.
           Casou duas vezes.
          O seu primeiro casamento foi com D. ESTELA MEIRELES PINTO  BARRIGA (1876-1918), a qual faleceu prematuramente, sem  geração.
Passou a segundas núpcias a 19-III-1920, no Fundão, com D. MARIA GRACIOSA DA SILVEIRA E VASCONCELOS (n. 1897).
Teve 6 filhos do 2.º casamento:
           2.        D. MARIA DO PILAR TRIGUEIROS DE MARTEL E VASCONCELOS (1821-
                    -1996) que nasceu a 28-V-1921 no Fundão, e faleceu em 1966. Solteira.
          2.        CARLOS NUNO TRIGUEIROS DE MARTEL E VASCONCELOS (1924-2012),
                    que segue abaixo.
2.        D. MARIA HELENA TRIGUEIROS DE MARTEL E VASCONCELOS (1926-1995), nasceu a 21-I-1926 no Fundão, e faleceu a 2-I-1995 em Cascais. Solteira.
2.       D. MARIA DE LURDES TRIGUEIROS DE MARTEL E VASCONCELOS (n. 1927), nasceu a 31-I-1927 no Fundão. Solteira.
2.      D. MARIA FILOMENA TRIGUEIROS DE MARTEL E VASCONCELOS (n. 1932), que nasceu a 19-V-1932 no Fundão.
Casou a 11-IX-1960 com ANTÓNIO ADÃO LEITE DE LIMA (n. 1926), nascido a 13-VII-1961 na freguesia do Rosário, concelho de Lagoa, na Ilha de São Miguel, nos Açores, filho de Manuel da Costa Lima e de sua mulher D. Maria dos Anjos Leite. Formado pelo Instituto Comercial de Lisboa, foi técnico de contas.
          Tiveram:
3.       MIGUEL TRIGUEIROS MARTEL LIMA (n. 1961), nasceu a 13-VII-1961 em Lagoa, na Ilha de São Miguel, nos Açores. Licenciado em Engenharia Civil pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa.
Casou a 21-VIII-1992 na capela particular do Castelo dos Trigueiros, no Fundão, com D. MARIA MARGARIDA DE LEMOS CANEDO GIESTAS (n. 1960), nascida a 30-I-1960 na freguesia das Mercês, em Lisboa, licenciada pela Faculdade de Ciências de Lisboa e doutorada pelo Instituto Superior Técnico, assistente de investigação no I.N.E.T.I.; filha de Manuel Joaquim Ferreira Giestas (n. 1925), natural de Vouzela, e de sua mulher D. Maria Luísa José de Queirós de Melo Sousa Canedo (n. 1926), natural da freguesia da Frazoeira, concelho de Ferreira do Zêzere.
          Tiveram:
 4.       D. CATARINA MARIA CANEDO GIESTAS DE MARTEL LIMA (n.  1993), nasceu a 18-VIII-1993 na freguesia de São Jorge de Arroios,  em Lisboa.
 4.       D. MARIA RITA CANEDO GIESTAS DE MARTEL LIMA (n. 1995),  nasceu a 23-VI-1993 na freguesia de São Jorge de Arroios, em  Lisboa.
 4.      FRANCISCO JOSÉ CANEDO GIESTAS DE MARTEL LIMA (n.  1997), nasceu a 23-VI-1997 na freguesia de São Jorge de Arroios, em  Lisboa.
                      3.         MARIA HELENA TRIGUEIROS MARTEL LIMA, (n. 1962), nasceu a 30-XII-1962 no Fundão.
                               Cursou Comunicação Social no IATA., e foi técnica de tráfego na TAP - Transportes Aéreos
                               Portugueses.
                                Casou duas vezes.
As primeiras núpcias foram celebradas civilmente a 6-IX-1990 na 10ª Conservatória de Lisboa, com GILBERTO TRINDADE MACEDO GOMES, do qual se divorciou por sentença de 25-II-1994.
As segundas núpcias foram celebradas a 28-I-1995 na freguesia de São João de Brito, em Lisboa, com MÁRIO JOAQUIM RAMOS GARCIA (n. 1946), nascido a 12-I-1946 na freguesia de Lavacolhos, concelho do Fundão, técnico de tráfego da TAP, filho de Joaquim Clemente Garcia, natural de Lavacolhos, e de sua mulher D Maria Arcelina Ramos, natural da freguesia de São Mamede de Recezinhos, concelho de Penafiel; neto paterno de Manuel Clemente Garcia e de sua mulher D. Mariana Rita; neto materno de Francisco Ramos e de Maria da Piedade.
Tiveram:
4.        D. MARIA BEATRIZ TRIGUEIROS DE MARTEL LIMA GARCIA (n. 1996), nascida a 25-IV-1996 na freguesia de São Sebastião da Pedreira, em Lisboa.
3.        D. MARIA ISABEL TRIGUEIROS DE MARTEL LIMA (n. 1965), nascida a 25-VI-1965 em Castelo Branco. Solteira, residente no Fundão.

2.       CARLOS NUNO TRIGUEIROS DE MARTEL E VASCONCELOS (1924-2012) nasceu a 31-VII-1924 no Fundão, e veio a falecer a 28-X-2012 em Queluz. Senhor de uma notável erudição, cultura e delicadeza de maneiras herdadas de seu pai, é licenciado em História e Filosofia pela Faculdade de Letras de Lisboa. Foi assistente de programas literários na antiga Emissora Nacional, professor do ensino oficial, e proprietário. Residente em Queluz. 
Casou a 29-III-1958 na Capela do Palácio de Queluz com D. MARIA ESTER GUERNE GARCIA DE LEMOS (n. 1929), nascida a 2-XI-1929 na Quinta da Granja, freguesia do Carvalhal, concelho do Bombarral, filha de Jaime Garcia de Lemos, oficial da Arma de Artilharia, natural da freguesia de Salvador, em Santarém, e de sua mulher D. Ester Guerne, natural da freguesia de São Pedro de Alcântara, em Lisboa; neta paterna de António Garcia, e de D. Amélia Augusta de Lemos; e neta materna António Joaquim Guerne, e de D. Amélia Barbosa.
Licenciada em Filologia Românica pela Faculdade de Letras de Lisboa, na qual foi assistente (1957-1974), e deputada à Assembleia Nacional (1965-1969). Foi assistente de programas literários na antiga Emissora Nacional, assim como escritora e ensaísta atenta aos problemas da juventude, tendo-se afirmado com duas obras: Rapariga (1949) e Companheiro (1960), esta última galardoada com o Prémio Eça de Queirós[4].  
          Tiveram:
3.       DIOGO NUNO TRIGUEIROS GARCIA DE LEMOS MARTEL (n. 1959), que segue abaixo.
3.     PAULO JOSÉ GARCIA DE LEMOS TRIGUEIROS DE MARTEL (n. 1964), nasceu a 25-I-1964 em Queluz. Licenciado em …., doutorado em Bioquímica pela Universidade Nova de Lisboa, investigador científico e professor da Unidade de Ciências Exactas e Humanas da Universidade do Algarve
3.     D. MARIA DA PIEDADE DE LEMOS TRIGUEIROS DE MARTEL (n. 1969), nasceu a 1-II-1969 em Queluz. Casou a 8-X-1994 com LUÍS MANUEL PERIQUITO FADISTA (n. .?).
                     Tiveram:
                     4.     GUILHERME TRIGUEIROS DE MARTEL FADISTA (n. 1996), nascido a 19-IV-1996 em Almada.
                     4.     ?
          3.        FILIPE CARLOS DE LEMOS TRIGUEIROS DE MARTEL (1971-?), nasceu a 7-IV-1971 em Queluz.
                    Faleceu num acidente de viação.

3.     DIOGO NUNO TRIGUEIROS GARCIA DE LEMOS MARTEL (n. 1959), nasceu a 15-I-1959 em Queluz. Licenciado em Engenharia Electrotécnica, é coronel da Força Aérea.
Casou a 30-III-1985 em Queluz com D. AURORA MARIA SILVEIRA TOMAZ (n. 1957), filha de Manuel Fernandes Tomaz (n. 1932), nascido a 3-VII-1932 em Pombal, tenente-coronel de Cavalaria, e de sua mulher D. Lília Ermelinda Flaviana América Picardo (1935-2009) nascida a 17-IV-1935 na freguesia de São Matias, Ilha da Piedade, em Goa, na Índia Portuguesa.
          Tiveram:
4.     D. ANA FERNANDES TOMAZ TRIGUEIROS DE MARTEL (n. 1988) que nasceu a 6-III-1988 na freguesia de São Jorge de Arroios em Lisboa. Licenciada em Direito.
4.     JOÃO FERNANDES TOMAZ TRIGUEIROS DE MARTEL (n. 1990) que nasceu a 2-II-1990 na freguesia de São Jorge de Arroios em Lisboa. Médico.
4.     D. INÊS FERNANDES TOMAZ TRIGUEIROS DE MARTEL (n. 1995) que nasceu a 19-VI-1995 em Castelo Branco. Licenciada em Educação de Infância.




 Notas:

[1]   A decadência veio a seguir com a bancarrota, com a perseguição da igreja que foi proibida de “exercer o ensino ou intervir na educação” e teve como consequência imediata o encerramento de muitas escolas, assim como a trágica entrada na 1.ª Guerra Mundial …

[2]   FRANÇA, José-Augusto, A Arte em Portugal no século XIX, vol. II (Lisboa, Bertrand, 1988), p. 168.

[3]   Tomás de Aquino Coutinho Barriga da Silveira Castro e Câmara (1848-1916), era filho de José Coutinho Barriga da Silveira Castro e Câmara (n. 1802), natural da Soalheira, Fundão, 1.º Visconde de Tinalhas por decreto de 10-X-1870, fidalgo cavaleiro da Casa Real, senhor dos morgados de Olhos de Água e de Alviela, casado  em 1843 com D. Maria Guilhermina Ribeiro Leitão.

[4]   Além destas obras, publicou vários trabalhos de ficção e de ensaio: «Mestre Chico Trapalhão», 1947; «D. Maria II, a Rainha e a Mulher», 1954; «A Clepsidra de Camilo Passanha», 1956; «Na Aurora da Nossa Poesia», 1956; «A Menina de Porcelana e o General de Ferro, 1957; «A Borboleta sem Asas», 1958; «Dezoito Anos», 1964; «A Rainha da Babilónia», 1964; «Gil Vicente Lírico», 1965; «Páginas de Eça de Queiroz», 1966; «Dezoito Anos», 1966; «No Centenário de Camilo Pessanha», 1967; «Luís de Camões», 1972; «Antologia Poética de Bocage» (introdução e selecção), 1972; «Elmanismo e Filintismo», 1972; «A Literatura Infantil em Portugal»; e «O Balão Cor de Laranja», 1982.