OLIVEIRA |
Forma: Escudo português. Em campo vermelho uma oliveira de verde,
arrancada de prata e frutada de ouro.
Timbre: A oliveira do escudo.
Este apelido bastante comum em toda a Beira Interior espalhou-se por todo o concelho do Fundão onde é conhecidos desde os alvores do século XIV, ligando-se à quase totalidade das linhagens das diversas casas solarenga mais antigas, nelas espalhando as suas vergônteas até aos nossos dias. Esta família é uma das principais famílias fundadoras deste concelho.
Os OLIVEIRAS eram originários da freguesia de Santa Maria de Oliveira, termo de Arcos de Valdevez, onde tinham o seu paço no qual provavelmente terá nascido de Pedro Oliveira, 1.º senhor do Morgado de Oliveira (fundado em 1306), o qual era um dos mais antigos de Portugal e veio posteriormente ter a sua sede no Alentejo.
No concelho do Fundão este apelido é bastante comum devido à sua antiguidade, e a sua hipotética origem está nas contíguas freguesias de Aldeia de Joanes e de Aldeia Nova do Cabo.
Um dos primeiros desta família, conhecido nesta região nos primórdios do século XVI, foi Pedro de Oliveira de Proença, 10.º neto de Rui Martins de Oliveira, do tronco dos Oliveira, o qual casou com ANA DE PROENÇA, irmã de BELCHIOR PROENÇA, moradores no Freixial. Foram pais de GASPAR PROENÇA casado com sua parente D. ANA DE OLIVEIRA, herdeira do Morgado das Grangeas em Aldeia Nova do Cabo, filha de DIOGO PAIS DA CUNHA (f. 1575) e de D. MARIA VAZ (f. 1549), os quais tiveram filhos que deixaram numerosa prole que esteve na origem Oliveiras que se espalharam nesta região.
Alguns deles tiveram Carta de Brasão de Armas e ligaram-se por casamentos às mais ilustres famílias, das quais destacamos as casas de Sarnadas (Condes de Tondela), do Outeiro (Condes de Idanha-a-Nova), do Morgado de São Nicolau (Alcongosta), dos Geraldes de Melo (Idanha-a-Nova e Aldeia Nova do Cabo), do Terreiro (Aldeia Nova do Cabo), dos Figueira Castelo Branco (Aldeia Nova do Cabo), dos Nogueira de Andrade (Fundão), dos Oliveira e Cunha (Fundão), dos Tudela Castilho (Fundão), do Salgueiro e das Quintãs (Viscondes do Sardoal), entre muitas outras por toda a Beira Interior.
Destes OLIVEIRAS destacou-se também nesta época D. BEATRIZ BARREIROS DE OLIVEIRA, supostamente nascida em Aldeia de Joanes, mãe de D. Frei DIOGO GOMES DA SILVA (1485-1541), 1.º Inquisidor Geral de Portugal (1531-1539), desconhecendo-se o nome do seu antepassado Oliveira, assim como a sua origem geográfica, já que os genealogistas e biógrafos do Inquisidor detiveram-se mais nos costados da família SILVA devido à sua proeminência social, pois provinham da velha linhagem da ilustre Casa dos Silvas, família de altos dignitários da corte e dos maiores terratenentes de Portugal cujos extensos domínios se estenderam até Aldeia de Joanes.
O mais antigo Oliveira que encontramos no Souto da Casa foi:
filho de SIMÃO RODRIGUES e de D. MARIA DE OLIVEIRA; neto materno de Baltazar de Oliveira e de sua
mulher D. Isabel Nunes Proença.
Casou a 2-XII-1666 no Souto da Casa, Fundão, com D. CATARINA ROSQUILHA, natural de Aldeia Nova do
Cabo, Fundão, filha MATEUS RODRIGUES ROSQUILHA e de D. MARIA NUNES.
Tiveram:
2. D. MARIA DE OLIVEIRA (n. 1669), que segue abaixo.
2. DOMINGOS DE OLIVEIRA (n. 1681), nasceu a 12-IX-1672.
2. JOÃO DE OLIVEIRA (n.1681), nasceu a 17-I-1681.
2. D. MARIA DE OLIVEIRA (n. 1669), nasceu a 29-IX-1669 no Souto da Casa, tendo casado com MATIAS
FERNANDES LAGARTO, filho de António Fernandes Lagarto, natural do Souto da Casa, e de D. Maria
Fernandes. Desta família é conhecido outro (?) António Fernandes Lagarto, casado em 1704 com sua
mulher D. Domingas Vaz, natural de São Vicente da Beira.
Tiveram:
3. MATIAS (n. 1705), nasceu a 26-X-1705 no Souto da Casa, Fundão.
3. DOMINGOS (n. 1713), nasceu a 27-XII-1713 no Souto da Casa, Fundão.
3. D. MARIA (n. 1718), nasceu a 26-VII-1718 no Souto da Casa, Fundão.
3. AGOSTINHO DE OLIVEIRA (n. 1721), que segue.
3. AGOSTINHO DE OLIVEIRA (n. 1721), nasceu a 5-V-1721 no Souto da Casa, Fundão, tendo casado com
D. MARIA PINHEIRO.
D. MARIA PINHEIRO.
Tiveram:
4. JOSÉ DE OLIVEIRA, o qual casou com D. JACINTA MARIA, filha de António Assunção e de D. Ana
Maria. Estes tiveram geração que propagou este apelido até aos nossos dias.
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As Terras de Oliveira
Se queres compreender qualquer coisa,
observa o seu
ínicio e o seu desenvolvimento
Aristóteles
Texto gentilmente cedido por
António Coutinho Coelho
No Dicionário de Américo Leal
encontramos mais de 300 lugares com o nome de Oliveira, no território português,
embora os possamos encontrar igualmente na Galiza. São, essencialmente, pequenos lugares mas também vilas e cidades
como Oliveira de Azeméis, Oliveira de Frades, Oliveira do Bairro, ou Oliveira
do Hospital.
"Oliveira", com variações
de grafia, como Olveira, Ulveira, ou Ovar, é um topónimo cuja origem se associa
à existência de um pântano ou de zona alagada. Uma "Ulveria",
deriva do latim ulvaria, solo pantanoso, terra de lameiro (local onde abunda a ulva,
alga palustre), nada tendo a ver com a árvore cujo fruto é a azeitona. Ulva
(Linnaeus 1753) e Ulvaria (Ruprecht 1850)
são dois géneros distintos de algas verdes da família Ulvaceae. As
terras de Oliveira, com efeito, estendem-se ao longo da bacia hidrográfica do
Vouga, uma bacia entre grandes serras, de um lado o Caramulo, o Karmel, a
montanha dos canaanitas e hebreus, e do outro a Gralheira, e que na sua parte
mais baixa se sabe ter já existido um lago, que terá sido a ulveria ou ulveira.
Oliveira passou a ser o modo mais fácil e generalizado de pronunciar ulveira ou
ulveria.
O rio Vouga era, em tempos antigos,
navegável em grande extensão e conhecido de fenícios e púnicos. Aí se
desenvolveram férteis terrenos agrícolas, o que se traduziu desde tempos muito
antigos numa significativa densidade populacional. Com um clima temperado, de
características quase mediterrânicas, poderemos até aí observar extensos e
magníficos laranjais.
O primeiro documento (que se
conhece) a dar notícia da existência das terras de Oliveira tem data de 922, e
faz parte da doação do rei Ordonho II, de Leão, ao bispo Gomado, de várias
terras ao Mosteiro de Crestuma (Castro de Uíma): ” E a Vila de Oliveira, com
a sua igreja de São Miguel com seus direitos e aumentos”. Sabe-se também da
doação do antigo Couto de Ulveira feita por D. Afonso Henriques aos
monges de Santa Cruz de Coimbra, em 1169 (Cf. Foral de Oliveira de Frades -
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, livro 3, maço 12, dos Forais Antigos, fls.
69-verso).
Sendo a terra rica, haveria de ter
necessidade de escoar os seus produtos. A feira surge, assim, como inevitável e
nada melhor para a sua localização que a antiga estrada romana que de Conimbriga
se dirigia a Cale. E, talvez em 910, com Afonso III, de Leão, surge num cabeço,
onde terá existido um santuário tribal, junto ao entroncamento com a estrada
para Viseu, uma das mais antigas feiras do território, que hoje é Portugal: a
feira de Santa Maria (Cf. José Mattoso – A Terra de Santa Maria na Idade Média,
ed. Castelo da Feira, 1993). E como onde surgiam feiras sempre surgiam judeus,
que prestes aí se instalavam, fazendo valer os seus excelentes dotes de
mercadores e comerciantes. Pouco mais tarde, surge outra feira, igualmente
importante, em Trancoso, logo adiante da nascente do Vouga, na Serra da Lapa,
em Sernancelhe.
São Miguel, o patrono de Israel é o
patrono e orago das ricas terras de Oliveira, o que é usual em terras de
cristãos-novos: “Naquele tempo levantar-se-á Mihael, o grande príncipe
celestial, o patrono dos filhos do teu povo” (Daniel: 12-1).
Junto a Romariz encontramos a
povoação de Goim. Goy (do hebraico גוי, plural goyim גויים) é a transliteração da palavra hebraica para nação ou povo, também utilizado pela comunidade
judaica para se
referir aos não judeus, ou gentios. E os gentios destas terras
elegeram como seu doce preferido, a fogaça, que nada mais é que uma adaptação
do chalat, o pão da bênção do Shabat judaico.
O rio Vouga que une as terras dos
interiores com as terras de fronteiras permeáveis ao mar. Terras onde existem
as tais Naves, as “nawes cannanitas”, que seriam as pastagens de um povo, em
grande parte dependente do pastoreio. Naves que vão desde o planalto da Nave
até às naves de Trancoso ou Sabugal e Almeida, e até essa curiosa Nave de Santo
António, na Estrela, em que se consagram as pastagens a Santo Antão, padroeiro
dos pastores. Santo António será, como em tantos outros locais, a
“cristianização” de um santo egípcio que lembrava mais Athon, que o santo
eremita. E tantas outras marcas canaanitas. Rio que segundo parece, os fenícios
tanto navegaram. E o barco moliceiro que tantas marcas fenícias tem…
Nomes que perduraram até hoje, pois
aos diversos colonizadores, o que menos interessava era o nome dos rios, das
terras, das aldeias. Mudá-los para quê? Os nomes dos sítios são estáveis como
as sociedades que os utilizam, e insubstituíveis porque são referências
indispensáveis à vida quotidiana.
Por todas estas terras de Oliveira,
a fogaça, o folar, a broa de pão de ló como dizem em Ovar, os caladinhos, que
se fazem pela Páscoa, sem fermento e sem leite, porque não podem os Judeus
comer carne e leite na mesma refeição. “Não comerás o cabrito com o leite de
sua mãe” (Deut: 14-21).
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