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2010-12-18

Afonso de Proença (c.1536) - Guarda



 Afonso Proença (n. 1469?), Guarda
     
Brasão de:     AFONSO DE PROENÇA (n. 1469?).
Forma:           Escudo partido em pala com as armas dos PROENÇAS: o 1.º de verde, com uma águia de duas cabeças, de negro, armada e membrada de ouro; o 2.º de azul, com cinco flores-de-lis de ouro, postas em sautor.
Diferença:     Uma brica de prata.
Elmo:             De prata aberto, guarnecido de ouro.
Timbre:          Meia águia de uma cabeça preta dos peitos para cima.
Paquife:         De ouro, verde e azul.
Local:            Conhecido documentalmente. Por Carta dada em Évora a 20-IX-1536. Reg. na Chancelaria de D. João III, L. 22, f. 120v.
Data:              Évora, 20-IX-1536.

 

BRASÃO

Brasão de AFONSO DE PROENÇA (n. 1469?), cavaleiro fidalgo da casa do cardeal-infante D. Henrique (15-12-1580).

Estas armas ostentam um escudo de campo partido em pala: o 1.º de verde, com uma águia preta bicéfala, armada e membrada de ouro; o 2.º de azul, com cinco flores-de-lis de ouro em aspa, e por diferença uma brica de prata. Elmo de prata aberto guarnecido de ouro, paquife de ouro verde e azul, e por timbre meia águia dos peitos para cima; com todas as honras e privilégios de fidalgo por descender da geração e linhagem dos Proença. Estas armas foram dadas em Évora a 20-IX-1536, registadas na Chancelaria de D. João III, liv. 22, fl. 120 v.

Genealogia de
Afonso de Proença (1469?)

AFONSO DE PROENÇA (n. 1469?), presume-se ter nascido por volta de 1469, ficando a dever a sua protecção ao cardeal-infante e depois rei D. Henrique (1512-1580) de cuja casa foi cavaleiro fidalgo, no desempenho de diversos cargos de mordomo, aposentador, assim como meirinho das rendas dos coutos de Alcobaça em 1538, como consta por vários documentos arquivados na Torre do Tombo[1].

A sua Carta de Brasão de Armas, muitíssimo parca em informações genealógicas, apenas refere que é filho de D. CATARINA PROENÇA. Ao que parece esta foi casada com ANTÃO LUÍS, como se infere da C.B.A. que foram atribuídas ao seu sobrinho Belchior, tendo havido quebra de varonia na linhagem dos Proença, como se verá a seguir.

Foi provavelmente tio de BELCHIOR DE PROENÇA (c. 1542)[2], escudeiro fidalgo do cardeal-infante D. Henrique (1512-1580), e guarda-roupa do príncipe do Piemonte[3], o qual também obteve uma Carta de Brasão de Armas de sucessão composto de um escudo de campo partido em pala: o 1.º de verde com uma águia de preto bicéfala arrmada de oiro; o 2.º de azul com cinco flores-de-lis de oiro em aspa, e por diferença um trifólio de oiro picado de vermelho. Elmo de prata aberto guarnecido de oiro, paquife de oiro e azul, e por timbre meia águia dos peitos para cima, de uma cabeça; com todas as honras e privilégios de fidalgo por descender da geração e linhagem dos Proença[4]. Armas dadas em Lisboa a 19-VII-1542, registadas na Chancelaria de D. João III, liv. 32, fl. 64.

Guarda, Sé.

O seu presumível sobrinho Belchior de Proença (c. 1542) era filho de LUÍS DE PROENÇA, natural da Guarda, segundo refere a sua carta de brasão de armas de seu filho (1542), que o genealogista Manuel Abranches Sobral diz no seu “Ensaio sobre a origem dos Proença” (Porto, 2010) ser LUÍS ÁLVARES DE PROENÇA (1470?-1541?)[5], fidalgo da casa do cardeal-infante D. Henrique (1512-1580) e seu guarda-roupa, nascido por volta de 1470 na citada cidade da Guarda e falecido posteriormente a 1571, do qual há vários homónimos nesta família o que dificulta a sua identificação. Era neto paterno de ANTÃO LUÍS DE PROENÇA, segundo diz a respectiva carta de brasão de armas, a qual nesta geração parece ter omitido uma quebra de varonia, segundo justifica o já citado genealogista Manuel A. Sobral, que diz este chamar-se apenas ANTÃO LUÍS, escrivão da corte dos reis D. João II (1481-1495) e D. Manuel I (1495-1521), casado com D. CATARINA DE PROENÇA (n. 1448?)[6]. Bisneto pelo lado materno, segundo Manuel A. Sobral, de ÁLVARO DE PROENÇA (1410?-1468?), vassalo da Casa Real, que foi criado de Diogo Lopes de Sousa (c. 1440)[7], e do infante D. Pedro (1392-1448) que acompanhou na batalha de Alfarrobeira onde este foi morto a 20-V-1449, passando posteriormente ao serviço do rei D. Afonso V (1448-1481) que a 28-V-1451 lhe perdoou a pena corporal e a infâmia por ter participado na batalha de Alfarrobeira ao lado do seu adversário D. Pedro, restituindo-lhe toda a honra e fama. 

O apelido PROENÇA, de origem toponímica, foi provavelmente tomado de Proença-a-Velha no distrito de Castelo Branco, localidade esta que poderá ter tirado este nome da Provença – província romana da Occitania, no sul de França –, provável origem de alguns dos seus povoadores que lhe teriam dado este nome em lembrança da sua origem geográfica, ao tempo da Reconquista cristã.

Esta família da Beira passou à cidade de São Paulo, no Brasil, onde ocupou diversos cargos na governação. Destes destacaram-se Paulo Proença (c. 1530) cidadão da Guarda, e de António Proença (c. 1540) cidadão de Belmonte e moço de câmara do Infante D. Luís que foi senhor de Belmonte, os quais ocuparam diversos cargos na governação do Brasil, espalharam com sucesso a sua descendência por toda esta colónia. 




Notas:

[1]     ANTT, Corpo Cronológico, Parte I, mç. 61, n.º 20, mç. 63, n.º 72,

[2]     BELCHIOR, em alguns documentos consultados, por erro, aparece grafado MELCHIOR. Sobre o enigma deste parentesco veja:  SOVERAL, Manuel Abranches Sobral, Ensaio sobre a origem dos Proença, Porto, 2010, p. 12. Disponível em: http://www.soveral.info/mas/Proenca.pdf  Acesso: 2018-11-14 

[3]   Em Portugal o guarda-roupa era um cargo honorífico subordinado ao mordomo-mor, geralmente atribuído à nobreza, com funções de responsabilidade pela conservação das roupas d’el-Rei, e de apoio e cooperação directa com pleno acesso aos seus aposentos privados.

[4]  BAENA, Visconde Sanches de, Archivo Heraldico-genealogico, Lisboa, Typografia Universal, 1872, p.102.              

[6]     SOVERAL, ibid.

[7]     DIOGO LOPES DE SOUSA (c. 1440), foi 1.º senhor de Miranda do Corvo, Mordomo-mor da Casa Real (18-11-1471), Senhor da Casa de Sousa, do Conselho dos reis D. Afonso V, D. João II e D. Manuel I, Alcaide-mor de Arronches, e Senhor do Julgado do Eixo.

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