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2016-12-06

Manuel da Cunha Taborda e Cruz (f. 1796), Castelo Novo - Fundão

Carta de Brasão de Armas de 1780

Manuel da Cunha Taborda e Cruz (f. 1796)

Brasão de:    Manuel Leitão da Cunha Taborda e Cruz (f. 1796).
Forma:           Escudo esquartelado: o 1.º de LEITÃO – de prata, com três faixas de vermelho; o 2.º de CUNHA – de ouro, com nove cunhas de azul em três palas; o 3.º de TABORDA – de vermelho, com cinco cadernas de crescentes de ouro; o 4.º de BEJA – de vermelho, com cruz de ouro cantonada de quatro flores-de-lis do mesmo.
Diferença:     Uma brica azul com um farpão de prata.
Elmo:             De parta aberto guarnecido de ouro.
Timbre:         Dos Leitões que é um leitão passante de prata, carregado de um filete de vermelho, em faixa. 
Local:            Conhecido documentalmente  (Castelo Novo, Fundão).
Data:             CBA de 29-IV-1780; Reg. no Cartório da Nobreza, Liv. 2, Fl. 239v.


MANUEL LEITÃO DA CUNHA TABORDA E CRUZ (f. 1796), juntamente com sua irmã D. ANTÓNIA JOAQUINA LEITÃO TABORDA, ambos naturais e residentes em Castelo Novo no concelho do Fundão, fizeram justificação de nobreza no ano de 1778 para se habilitarem aos res-pectivos brasões de armas.
MANUEL LEITÃO obteve a respectiva Carta de Brasão de Armas a 29-IV-1780[1], registada no Cartório da Nobreza (Liv. 2, fl. 239v) no reinado de D. Maria I (1734-1816).
Escudo esquartelado: 1.º - LEITÃO; 2.º - CUNHA, 3.º - TABORDA, e 4.º - BEJA.
Quanto à sua irmã ANTÓNIA JOAQUINA, desconhecemos a atribuição de qualquer brasão de armas.

Família Leitão
A família LEITÃO, originária inicialmente do Minho, a partir de meados do século XVI teve alguns importantes núcleos de dispersão territorial centrados nas localidades da Sertã, Vila de Rei, Oleiros, Pedrógão Grande, Idanha-a-Nova, São Vicente da Beira, Soalheira, Souto da Casa, Alpedrinha e Castelo Novo: terras onde estes se destacaram em alguns cargos e na administração local ou onde instituíram vínculos/morgados.
Castelo Novo, Casa da Câmara (Séc. XIV-XVI)
 e Pelourinho (Séc XVI).
A partir da vila de Idanha estes vieram a ligar-se às mais ilustres famílias das Beiras, tais como: os Sousa Refóios antepassados da Casa da Graciosa (Idanha-a-Nova); à Casa da Borralha que tem a varonia dos Leitão, descendentes de Martins Pires Leitão (Borralha, Sertã e São Vicente da Beira); à Casa Tudela Castilho (Praça Velha, Fundão); à Casa Feio de Andrade (Largo da Igreja, Fundão), à Casa dos Brito Homem (Alpedrinha); aos Taborda (Fundão e Alpedrinha); à Casa dos Alvaiázere (Aldeia Nova do Cabo); aos Caldeira (Alpedrinha); à Casa do Morgado de São Nicolau (Alcongosta); á Casa dos Leitões, de Silvestre Fernandes Leitão (Castelo Novo); à dos Achiolli da Fonseca (Oledo e Castelo Branco), e dos Trigueiros Frazão (Salgueiro e Quintãs), entre muitas outras da Beira Interior.

Um ramo destes, que está na origem dos Leitões de Castelo Novo, veio estabelecer-se em Idanha-a-Nova onde Afonso Vaz Leitão foi alcaide-mor desta vila no reinado de D. João I (1385-1433), e foi casado com D. Sancha Pires, da qual teve geração.

Vários Leitões destacaram-se em Castelo Novo durante o domínio filipino por aqui terem desempenhado o ofício de Tabelião: o 1.º - Manuel Leitão (c. 1491), escudeiro de Alpedrinha que veio a ser nomeado tabelião a 11-II-1496[2]; o 2.º - Domingos Leitão (c. 1591), nomeado por Carta de 6-XII-1591[3]; o 3.º - Álvaro Mendes da Cunha (Leitão) (f. 1624), nomeado a 26-III-1609 e falecido a 14-X-1624[4]; o 4.º - o Lic. Manuel Roberto Leitão (c. 1664), nomeado Tabelião a 15-III-1664[5], do qual há vários homónimos, parece que foi ele que obteve uma Carta de Brasão de Armas[6]; 5.º - Pedro Mendes Leitão, nomeado a 23-III-1641, faleceu a 23-III-1649[7].

Solar Silvestre Fernandes Leitão (1616)
Desconhecemos onde se localizava a sua residência, assim como a existência da respectiva pedra de armas, mas não rejeitamos a hipótese dos seus antepassados LEITÃO terem habitado uma casa anterior à qual foi acrescentada uma parte erudita que deu origem ao Solar Silvestre Fernandes Leitão que foi edificado em 1616 e é uma das mais belas casas senhoriais de Castelo Novo – o actual «Solar Dom Silvestre, sociedade de turismo e cultura, Lda.», vocacionado para o turismo de habitação.
Silvestre Fernandes Leitão (f. 1635), senhor de uma apreciável fortuna e detentor de escravos, era filho de Gonçalo Antão Leitão e de Isabel Fernandes; dois apelidos que andavam nos antepassados de Manuel Leitão. Desconhecemos a data do seu nascimento mas sabemos ter falecido já viúvo a 23-V-1635 e foi sepultado na “sua capela” na igreja matriz de Nossa Senhora da Graça. Foi casado em Castelo Novo em 1622 com D. Brites de Melo (f. 1630) que faleceu a 5-V-1630. Era “alferes da bandeira real de Castelo Novo” por alvará régio de 28-IV-1623[8].

Manuel Leitão da Cunha Taborda e Cruz (f. 1796)
Manuel Leitão parece ter ocupado alguns cargos de menor relevo na administração local, mas a sua subsistência devia provir essencialmente do rendimento de algumas produtivas propriedades agrícolas por si herdadas em Castelo Novo.

Sabemos ter desempenhado o cargo de vereador nos anos de 1792 e 1796, tendo falecido no exercício desta função autárquica a 15-I-1796[9].

A habilitação de Manuel Leitão a um brasão de armas é reveladora de alguém que se tratava nobremente e possuía alguma riqueza herdada.
Castelo Novo, Castelo.
Com esta sua pretensão visaria consubstanciar a sua afirmação aristocrática e a progressão social no seio de uma pequena nobreza local predominantemente constituída por magistrados concelhios, militares de carreira e abastados proprietários rurais. O sucesso económico deste grupo social, um pouco isolado no remoto interior do país e longe das benesses da corte, tinha por base uma periclitante economia agrária que então tentava emergir da crise económica do Antigo Regime que por etas paragens se fez sentir com elevados índices de mortalidade, assim como o terramoto de 1755 que provocou alguns danos.
A população de Castelo Novo no ano de 1758 estava em declínio e contava 180 fogos com cerca de 700 habitantes, um pouco abaixo de outras terras ao seu redor[10].

Dados genealógicos
MANUEL LEITÃO DA CUNHA TABORDA E CRUZ (f.1796) era filho legítimo de MANUEL LEITÃO DA CUNHA e de sua mulher D. MARIA DE BEJA TABORDA E CRUZ.

Pela lado paterno era neto de FRANCISCO CORDEIRO LEITÃO DA CUNHA VASCONCELOS que foi nomeado Mestre de Campo de Auxiliares, cargo que não chegou a exercer por entretanto ter falecido, e de sua mulher e parente (?) D. MARIA LEITÃO DA CUNHA, esta filha de MANUEL LEITÃO e de D. BRITES DOMINGUES, e neta FERNANDO LEITÃO; bisneto do doutor SEBASTIÃO LEITÃO DA CUNHA E VASCONCELOS que foi provedor de Viana e de sua mulher D. MARIA FERNANDES; trineto de PEDRO LEITÃO, o qual tem vários homónimos e foi comendador de São Vicente da Beira – descendente de outro Pedro Leitão que serviu em África no reinado de D. João II (1481-1495) – e de sua mulher D. FILIPA DE CEIA; tetraneto de GONÇALO AFONSO LEITÃO; e 5.º neto AFONSO VAZ LEITÃO[11], comendador e alcaide-mor de Idanha-a-Nova[12].

Pelo lado materno era neto de JOÃO RODRIGUES TABORDA [DA CRUZ] (n. 1678), nascido a 18-IV-1678 em Alpedrinha, casado a 15-I-1697 em Castelo Novo com D. MARIA BEJA (1661-1712)[13], nascida a 31-XII-1661 e falecida a 6-III-1712 em Castelo Novo, da qual houve várias homónimas; bisneto do homónimo JOÃO RODRIGUES TABORDA (c. 1620)[14], natural de Alpedrinha, e de D. MARIANA DA CRUZ (c 1615), natural de Alpedrinha, a qual por sua vez era filha de PEDRO FERNANDES DA CRUZ que foi cavaleiro da Ordem de Cristo e capitão-mor de Castelo Novo e Alpedrinha[15].


Anexos:

«Belém 14 de Junho de 1779 / Sentença de Nobreza de Manoel Leitão da Cunha Taborda e Cruz e D. Antónia Joaquina Leitão Taborda»[16]
Petição:
«Dizem Manuel Leitão da Cunha Taborda e Cruz e Dona Antónia Joaquina Leitão Taborda naturais e moradores na Vila de Castelo Novo Comarca de Castelo Branco que para bem da sua justiça e clareza da Sua ascendência e Nobreza querem Justificar em como são filhos Legítimos de Manuel Leitão da Cunha e de Maria de Beja Taborda e Cruz e Netos pela parte Paterna de Francisco Cordeiro Leitão da Cunha Vasconcelos e de Dona Maria Leitão da Cunha esta filha Legítima de Manuel Leitão e de D. Brites Domingues e Neta de Fernão Leitão Esta filha de Álvaro Mendes Leitão a quem se passou Brazão de Armas em mil seiscentos e vinte e cinco Bisnetos os Suplicantes pela dita Varonia do Doutor Sebastião Leitão da Cunha e Vasconcelos Provedor que foi de Viana e de Dona Felipa de Ceia Quartos Netos de Martim Leitão e de D. Maria de Carvalho ele filho de Pedro Leitão que Serviu em África no Reinado de El Rei o Senhor Rei Dom João Segundo [1481-1495] e foi Comendador de São Vicente da Beira Neto de Gonçalo Afonso Leitão que foi filho de Afonso Vaz Leitão e pela Materna São os Suplicantes Netos de João Rodrigues Taborda e de Dona Maria de Beja Bisnetos de outro João Rodrigues Taborda e de Dona Mariana da Cruz que era filha de Pedro Fernandes da Cruz cavaleiro da ordem de Cristo Capitão-mor das Vilas de Castelo Novo e Alpedrinha os quais seus Pais e Avós e mais ascendentes foram pessoas muito nobres Legítimos Ascendentes das Esclarecidas Famílias dos Apelidos dos Leitões Cunhas Vasconcelos Taborda e Beja deste Reino que vindo do Minho para Castelo Novo ali vieram e se aparentaram Com as Casas dos Costas e Pancas de que houve muitos Ramos todos dos Apelidos Leitões de berras [Bejas?] Mendes e Cunhas e Como Tais se tratarão Com Cavalos Criados e todos os mais Estado pertencente à nobreza servindo no Político e no militar os lugares e postos mais destintos do Governo em que em tempo algum cometessem Crime de Lesa-majestade Divina ou humana e como pretendem Requerer Brazão de Armas das Referidas Famílias de que descendem e devem primeiro justificar o Exposto Pede a Vossa Senhoria a merce de os admitir a justificar e justificado que seja lhes mande passar sua Sentença para Com ela Requererem o que lhes Convier a Respeito do seu Brazão de Armas e receber a merce …»[17].

Segue-se a justificação com o depoimento das testemunhas:
« … Justificação de Manuel Leitão da Cunha Taborda e Cruz e Dona Antónia Joaquina Leitão Taborda, aos dez dias do mês de Julho de mil setecentos e setenta e oito anos nesta cidade de Lisboa no meu escritório o Inquiridor deste Juízo João Crisóstomo dos Reis Tavares perguntou às Testemunhas que por parte do Justificante lhe foram apresentadas e seus nomes e ditos se seguem Cipriano António Rodrigues Neves o escrevi …»

Sentença, após a inquirição das testemunhas:
«Vistos estes autos Petição Justificativa dos Justificantes Manuel Leitão da Cunha Taborda e Cruz e Dona Antónia Joaquina Leitão Taborda e como estes mostraram serem filhos legítimos de Manuel Leitão da Cunha e de Maria de Beja Taborda e Cruz e Netos pela parte Paterna de Francisco Cordeiro Leitão da Cunha Vasconcelos e de Dona Maria Leitão da Cunha e pela materna de João Rodrigues Taborda e de outra Dona Maria de Beja[18] e que todos se trataram nobremente à Lei da nobreza sendo todos reputados por pessoas distintas e aparentadas com pessoas ilustres e descendentes das verdadeiras famílias de Leitões e Cunhas pela parte Paterna e pela Materna dos Tabordas e Cruzes e assim o julgo e os hei por habilitados para requererem os (sic) Seu Brazão de Armas para o que se lhe passe Sentença e paguem as custas (…) Lisboa de Setembro quinze de mil setecentos e setenta e oito [15-IX-1778] António de Sousa da Silveira (…)».

Certificado de Genealogia por Frei Martinho de São João Baptista, natural de Castelo Novo:
«Frei Martinho de São João Baptista lente jubilado em Teologia e Reitor do Colégio de São Paulo de Évora certifico, e atesto para constar aonde necessário for que Manuel Leitão da Cunha Taborda e Cruz e sua Irmã Dona Antónia Joaquina Leitão Taborda, naturais da Vila de Castelo Novo, foram sempre tidos e havidos, pela parte Paterna como filhos netos, e legítimos descendentes por linha directa e bastardia de Pedro Leitão que foi comendador de São Vicente da Beira; e pela Materna dos Tabordas de Proença que são os Chefe de todos os Tabordas que se acham estabelecidos em muitas terras daquela Comarca e fora dela com a diferença que todos os Leitões e Tabordas de Castelo Novo tem sempre conservado todo o esplendor de seus Avós e ilustres ascendentes; tanto na decência do tratamento como na escolha das alianças que tem contraído com as famílias mais nobres da sua Comarca; as quais todas lhe formam uma roda de parentes muito graves e honrados. Assim e também atesto que muitas vezes tem casado dentro das suas mesmas famílias com despensa em 3.º e 4.º grau de consanguinidade por se não afastarem do esplendor com que sempre se trataram o que tudo sei e atesto não somente por ser natural da dita Vila de Castelo Novo aonde me criei e tenho assistido por muitas vezes no espaço de sessenta e dois anos que tenho de idade; mas também pelo ouvir dizer a meus Pais e Avós, e por ver que na casa do dito Manuel Leitão se conservam ainda algumas propriedades nobres e rendosas havidas por herança do dito Pedro Leitão e João Rodrigues Taborda seus Avós, entre as quais é uma chamada a Varge do Comendador [Várzea?]; além de outros títulos e papéis que me seguram isto mesmo, e eu li por ocasião de um pleito que houve entre a sua e a nossa casa, entre os quais vi também uma nomeação de Mestre de Campo de Auxiliares em que foi provido seu Avô Francisco Cordeiro Leitão Vasconcelos, que não chegou a exercitar por ser aí falecido; além de todos os mais cargos honrosos que o dito Manuel Leitão tem sempre ocupado na sua terra e dos quais se tem algumas vezes escusado por não concorrer com pessoas de inferior qualidade, o que tudo sei e atesto pelo ouvir dizer e pelo pleno conhecimento que tive de seus Pais e Avós, e sendo necessário o juro in verbo sacerdotis[19] / Évora 1 de Abril de 1779. / Frei Martinho de São João Baptista
___________

Notas:

[1]     ANTT, Feitos Findos, Justificações de Nobreza, mç. 27, n.º 19.
[2]     ANTT, Chancelaria de D. Manuel I, liv. 32, fl. 130.
[3]     ANTT, Chancelaria de Filipe I, Carta.
[4]     ANTT, Chancelaria de Filipe II, liv. 6, f. 174v.
[5]     ANTT, Registo Geral de Mercês, Ordens Militares, liv. 5, f. 241v.  
[6]      Parece ter sido este MANUEL ROBERTO LEITÃO (c.1640) que obteve Carta de Brasão de Armas de LEITÃO, 
          COSTA e PINTO, tendo por Diferença um trifólio azul. Esta foi-lhe concedido a 6-Abril-1640, ainda na vigência
          da ocupação filipina, do qual não se conhece a pedra de armas correspondente (Braga, A Folha do Minho, 1906,
          p. 125)
[7]     SILVA, Joaquim Candeias – Concelho do Fundão História e Arte (Fundão, CMF, 2002), pp. 186-187.
[8]     SILVA, Joaquim Candeias – Op. cit., pp. 158, 159, 166.
[9]     ANTT, Desembargo do Paço, mçs. 1048 e 1050.
[10]   SILVA, Joaquim Candeias – Op. cit., p. 147.
[11]   BAENA, Visconde Sanches de – Archivo Heraldico-Genealogico (1.ª ed., Lisboa, Typographia 
         Universal, 1872), V. I, p. 491.
[12]   GUERRA, Luís Bivar – A Casa da Graciosa (Braga, 1965), p. 234.
[13]   ANTT, Registos Paroquiais, Castelo Novo, Casamentos 1, f. 34-35. – Esta Maria de Beja (1661-1712)
         teve várias homónimas.
[14]   Estes dois João Rodrigues Taborda, descendiam de um homónimo que era natural de Penamacor e
         esteve na conquista de Ceuta em 1415.
[15]   Sanches de Baena, Visconde, Op. cit; e Registos Paroquiais de Alpedrinha e de Castelo Novo.
[16]   NEVES (pseudónimo MAPONE), Manuel Poças das – Castelo Novo Estudos para uma monografia
        (Coimbra: 1975), pp. 55-59.
[17]   Actualizamos e corrigimos a grafia deste texto e dos seguintes.
[18]    Esta Maria de Beja (1661-1712), que teve várias homónimas, foi casada a 27-I-1697 em Castelo Novo
         numa das três núpcias de João Rodrigues Taborda (ANTT, Registos Paroquiais, Castelo Novo, 
         Casamentos 1, f. 34-35). 
[19]   in verbo sacerdotis – juramento feito pelas sagradas ordens que foram recebidas por um
         eclesiástico, pondo a mão direita sobre o peito.

2016-11-11

CASA SAMPAIO ROQUETTE - Castelo Novo, Fundão (Séc. XIX)


Castelo Novo, Casa Sampaio Roquette (Séc. XIX).

A CASA SAMPAIO ROQUETTE está situada à entrada do centro histórico de Castelo Novo, mais precisamente na confluência da Rua de São Braz com a Rua de Santana: dois dos mais antigos acessos a esta povoação de origem medieval que já foi sede de concelho[1].
Da antiga importância desta fascinante terra, ao longo dos séculos talhada no granito da Serra da Gardunha, além do que resta do seu castelo de origem templária, temos alguns edifícios públicos e capelas, assim como algumas grandes casas senhoriais e solarengas a atestar a grandeza do seu passado. Entre estas evidencia-se pela sua grande área edificada a contígua Casa Correia Sampaio da Quinta do Ouriço, e a adjacente e mais recentemente designada Casa Sampaio Roquette (denominação que lhe foi dada já no primeiro quartel do século XX): ambas anteriormente na posse da mesma família e apenas separadas pela estreita rua de Santana.


A CASA SAMPAIO ROQUETTE é um sóbrio casarão de linhas simples, implantado de frente para a Rua de São Braz, tendo um apreciável reduto nas suas traseiras.
Castelo Novo, Casa Sampaio Roquette.
De planta rectangular com uma cobertura de quatro águas e uma significativa volumetria, esta residência é composta por dois pisos demarcados por um friso em cantaria de granito. Na fachada principal, cada um dos pisos apresenta cinco vãos, tendo o andar térreo um balcão lateral alpendrado. Apresenta ainda duas portadas de entrada na fachada principal, as quais podem indiciar ter este edifício resultado da união de duas bem mais modestas habitações aí existentes desde tempos recuados, as quais foram reedificadas e unidas já nos finais do século XIX, dando origem ao actual casarão.
A antiguidade da casa, ou das casas que deram origem a esta, pode ser avaliada por um portado quinhentista que lhe fica próximo[2].
Na fachada que dá para a Rua de Santa Ana, apresenta um painel azulejar com figuração mariânica a condizer.

Origem e sucessão na posse da casa
Na falta de documentação fidedigna sobre a origem desta casa, apenas podemos fazer algumas deduções a partir do estudo genealógico da citada família Correia Sampaio, senhores da contígua Quinta do Ouriço, nos quais entroncam os proprietários da Casa Sampaio Roquette
Castelo Novo, Solar Correia Sampaio,
 Qta. do Ouriço
A origem dos dois casarões – o Solar Correia Sampaio (Quinta do Ouriço) e a Casa Sampaio Roquette – partiu de casas mais simples que foram sendo expandidas e beneficiadas ao longo dos séculos.

Uma das primeiras ampliações da casa rural que lhe terá dado origem, terá ficado a dever-se a MANUEL DA SILVA CABRAL (n. 1645) (III), homónimo de seu pai e avô, nascido a 29-V-1645 em Castelo Novo e aí casado a 29-V-1667 com D. MARIA FREIRE (f. 1699), irmã do corregedor de Castelo Branco Dr. Manuel Freire de Matos (f. 1684)[3]. Sem geração legítima do seu casamento, terá deixado estes bens a um afilhado de baptismo que foi Pedre Freire Corte-Real (n. 1676), certamente parente de sua mulher como indicia o apelido Freire que lhes é comum, pois é na sua descendência que anos mais tarde vamos encontrar estas propriedades.

Os antepassados de MANUEL DA SILVA CABRAL (n. 1645) (III) alcançaram alguma proeminência em Castelo Novo nos finais da dominação filipina, ou, mais provavelmente, após a Restauração (1640), o que os levou a reunir um apreciável património. Este era filho de outro MANUEL DA SILVA CABRAL (II) que foi casado com MARGARIDA DA SILVA E CUNHA.
Castelo Novo, 

Casa Sampaio Roquette (Séc. XIX),

pormenor da fachada lateral.
Como já foi dito, terá sido ele – ou o seu pai homónimo (?) – que ampliou parte da primitiva casa da Quinta do Ouriço, na origem uma pequena residência com capela anexa, a qual viria a dar origem ao actual Solar Correia Sampaio, resultante de sucessivos acrescentos pelos seus herdeiros que dispunham de um apreciável património de terras à sua volta, nos quais se incluía os terrenos da que viria a ser mais tarde Casa Sampaio Roquette.
Manuel da Silva Cabral (n. 1645) (III), a 22-XI-1695, por volta dos cinquenta anos de idade e provavelmente pelo facto de não ter filhos legítimos, vendeu algum do património que tinha fora de Castelo Novo ao capitão-mor de Idanha-a-Nova Francisco Marques de Andrade e a sua mulher D. Francisca Nunes Moucho[4].
Das cerca de dez propriedades que constam desta venda temos umas casas em Aldeia do Bispo no concelho do Sabugal; assim como diversas terras em Idanha-a-Nova, tais como no Pendricão (propriedade actualmente incorporada na malha urbana de Idanha onde ainda subsiste uma rua com este nome), em naves da Chachoresa (?), no Britorto (?), em Campo de Cima no caminho do Ribeiro do Oledo e folha do dito ribeiro[5], na lombada da Cardosa com um curral no Vale do Gamo (junto à Ribeira do Vale do Gamo, próxima da Zebreira)[6], a folha da Ribeira do Aravil nos Zebros (entre Zebreira e Monfortinho?), conforme consta por uma «Carta de Venda feita por Manuel da Silva Cabral e sua mulher Maria Freire …»[7].
Terá conservado na sua posse a Quinta do Ouriço – que então englobaria a casa hoje conhecida por Sampaio Roquette – a qual foi legada a um afilhado, parente de sua mulher (?).


PEDRO FREIRE CORTE-REAL (n. 1676), o presumível sucessor desta casa por herança do citado Manuel da Silva Cabral (n. 1645) (III), nasceu a 20-XII-1676 em Castelo Branco onde foi baptizado na igreja de Santa Maria do Castelo a 31-XII-1676, apadrinhado pelo já citado Manuel da Silva Cabral, de Castelo Novo, e por D. Maria da Cunha natural da Donas, Fundão; filho de Diogo Freire Corte-Real (1653-1681), cavaleiro fidalgo da casa Real, nascido a 10-III-1653 em Castelo Branco onde faleceu prematuramente a 26-IX-1681, casado a 27-X-1672 em Alpedrinha com D. Brizida de Almeida.
Matriculou-se em Leis na Universidade de Coimbra (1-X-1695), foi escrivão da provedoria da Comarca de Castelo Branco[8], e provedor da Misericórdia da mesma cidade (1707-1708), mestre de campo do terço de auxiliares de Castelo Branco[9], familiar do Santo Ofício (Carta de 7-I-1721)[10], assim como, pelo seu casamente, veio a ser senhor do grande prazo da Quinta de Corges na então periferia da Covilhã, junto à da ribeira do mesmo nome, por herança de seu pais.
Casou com D. FILIPA TERESA SERPA DA SILVA LOBO – ou Filipa Lobo da Silva –, da Covilhã, a qual, juntamente com o seu marido, criou um vínculo com o terço dos seus bens; filha de Diogo de Serpa da Silva (c. 1696), senhor do grande prazo da Quinta de Corges na Covilhã, familiar do Santo Ofício (Carta de 28-XI-1696), e de sua mulher D. Inês Tavares da Costa Lobo, ambos naturais da Covilhã.
Estes tiveram um filho que foi DIOGO JOSÉ FREIRE DE SERPA DA SILVA (c. 1770)[11], natural de Alpedrinha, capitão-mor de Castelo Novo e Alpedrinha (1770?), escrivão da Provedoria de Castelo Branco (Alvará de 24-II-1751)[12], casado em segundas núpcias com sua prima D. CATARINA DE SOUSA BOTELHO DE ALBUQUERQUE natural de Alpedrinha.

Destes últimos foi filha herdeira D. ANA LUÍSA DE ALBUQUERQUE DA SILVA FREIRE DE SERPE (1762-1802)[13], natural de Castelo Novo, onde herdou estas casas e terras, assim como do grande prazo de Corges na Covilhã.
Casou com FRANCISCO LOPES SARAFANA CORREIA DA SILVA SAMPAIO (1738-1803), herdeiro de vários morgados em Alpedrinha, Vale de Prazeres e Idanha-a-Nova[14], tendo mandado edificar o Palácio Sarafana / Palácio do Picadeiro em Alpedrinha (finais do Século XVIII). Este era filho de António Manuel Correia da Silva Sampaio (n. 1708)[15] que nasceu a 6-IX-1708 e foi baptizado a 3-X-1708 em Alpedrinha, filho segundo que veio a suceder na casa de seus pais e ainda solteiro foi soldado de Cavalos da Companhia de Belchior Pacheco da Gama[16], tendo casado a 14-IV-1753 com sua prima D. Maria Rita Freire Sarafana (n. 1713) nascida a 6-XII-1713 e baptizada a 20-XII-1713 em Idanha-a-Nova.

A este casal, detentor de uma grande fortuna, veio a suceder na posse deste património o filho ANTÓNIO MANUEL CORREIA DA SILVA SAMPAIO (c. 1788), homónimo de seu avô paterno e sucessor na casa de seus pais, fidalgo da Casa Real (Alvará de 19-XI-1823), comendador da Ordem de Cristo, coronel agregado do Regimento de Milícias de Idanha-a-Nova, cidade onde tinha a Casa Sarafana com a capela anexa do Sagrado Coração de Jesus, foi abastado proprietário do distrito de Castelo Branco. Desconhecemos o ano do seu nascimento mas sabemos ainda ser vivo em Junho de 1853 quando foi padrinho de baptismo do seu neto António Pedro Manuel que viria a ser 1.º visconde de Castelo Novo.
Casou com D. MARIA JOANA DE FIGUEIREDO COSTA SOTTOMAYOR (c. 1800)[17], filha de José Nicolau de Figueiredo da Costa Pegado, fidalgo da Casa Real, cavaleiro professo da Ordem de Cristo, abastado proprietário de Escalos de Cima, no concelho de Castelo Branco, onde era senhor do Solar dos Figueiredos que está armoriado de COSTA, FIGUEIREDO, PEGADO e SEQUEIRA, com a respectiva capela anexa de São Domingos[18], e de sua mulher D. Ana Victória Sottomayor, nascida na Casa da Quinta do Bravo, um morgadio situado na freguesia de Triana no concelho de Alenquer, o qual terá passado de seu irmão – que teve duas filhas, ambas casadas, sem geração –, para a sua descendência[19].
Este casal teve 8 filhos, sendo o sucessor:


FRANCISCO CORREIA DA SILVA SAMPAIO (c. 1815), natural de Escalos de Cima, licenciado, fidalgo cavaleiro da Casa Real, abastado proprietário nos concelhos de Idanha-a-Nova, Fundão e Alenquer, por sucessão na casa de seus pais.
Casou a 29-I-1851 no “Oratório do Palácio do Exmo. D. Pedro da Cunha Mendonça e Menezes” – o Palácio do Cunhal das Bolas ao Bairro Alto, casa do pai da noiva –, na freguesia das Mercês em Lisboa, com D. MARIA LEONOR DA CONCEIÇÃO DE MELO E CASTRO COSTA E SOUSA (1833-1855), nascida a 28-VII-1833 na freguesia das Mercês em Lisboa, e falecida a 15-VI-1855, antes de sua mãe D. Maria Rosa (f. 1884), pelo que não sucedeu nos morgados, os quais foram extintos em 1863, dispersando o seu património pelas restantes filhas sobrevivas. Sua mulher era a primogénita de três irmãs[20], filhas de D. Pedro José de Melo da Cunha de Mendonça e Meneses (1810-1866), baptizado a 18-III-1810 no Beato em Lisboa e falecido a 28-V-1866 em Alverca do Ribatejo, concelho de Vila Franca de Xira, o qual foi casado nas primeiras núpcias de D. Maria Rosa de Melo e Castro Costa Mendonça e Sousa (1811-1884)[21], senhora da Casa dos Melos e da Casa do Cunhal das Bolas (ao Bairro Alto) em Lisboa, e do Morgado de Alcube em Azeitão, nascida a 31-XII-1811 no Rio de Janeiro, e falecida a 28-I-1884 em São Vicente de Fora em Lisboa; neta paterna de D. Pedro de Melo da Cunha Mendonça e Meneses (1784-1644), 2.º marquês de Olhão, 2.º conde de Castro Marim, descendente por bastardia do rei D. João II (1475-1495)[22], e de sua mulher D. Mariana Francisca de Meneses da Silveira e Castro (1784-1816).

Com a abolição definitiva dos morgados e capelas pela Lei de 19-V-1863, os bens vinculados deste casal, em Castelo Novo, os quais incluiriam a Quinta do Ouriço e as respectivas casas anexas, começaram a dispersar-se pela sua numerosa descendência o que levou à pulverização do imenso património desta casa. Devido a este facto, é-nos difícil seguir quais foram os possuidores das diversas casas aí existentes.


A família ROQUETTE, que veio dar o nome a esta casa já no primeiro quartel do século XX, uniu-se à família CORREIA SAMPAIO por casamentos celebrados por dois irmãos Roquuette, de Salvaterra de Magos, casados com duas primas da família Correia Sampaio.

O 1.º destes matrimónios foi celebrado no ano de 1910 com uma bisneta dos anteriores – Francisco Correia (c. 1815) e  D. Maria Leonor (1833-1855) – de seu nome D. MARIA LEONOR CORREIA DA SILVA DE SAMPAIO DE MELO E CASTRO (1883-1913), a qual fazia parte de uma numerosa prole de 10 irmãos, nascida a 17-XII-1883 e baptizada a 27-XII-1823 na freguesia de Santos-o-Velho, em Lisboa; filha de António Pedro Manuel Correia da Silva Sampaio (1853-1921), 1.º visconde de Castelo Novo (Carta de 20-X-1870)[23], e de sua mulher D. Maria Luísa de Melo da Cunha de Mendonça e Meneses (1856-1929), nascida a 24-XI-1856 no Palácio de Xabregas (Olhão – Castro Marim)[24], e baptizada a 27-XI-1856 na Igreja de São Bartolomeu do Beato em Lisboa, tendo sido uma dos 15 filhos de D. José de Melo da Cunha Mendonça e Meneses (1809-1870), 4º Conde de Castro Marim, senhor da Casa dos Marqueses de Olhão, e de sua mulher D. Maria Rita Valésia da Silva Correia (1827-1916)[25].
Este casamento, celebrou-se a 1-X-1910 em Escalos de Cima nas primeiras núpcias de ANTÓNIO VIANA FERREIRA ROQUETTE (1884-1944), bacharel em Direito, nascido a 29-I-1884 na freguesia de Santa Isabel em Lisboa e aí falecido a 29-IV-1944, filho de José Ferreira Roquette (1850-1914), natural de Salvaterra de Magos, e de D. Sebastiana Viana da Silva Carvalho (1845-1937), natural de Lisboa; neto paterno de Luís Ferreira Roquette (n. 1823), 1.º Barão de Salvaterra de Magos, onde era grande proprietário rural. Não houve geração deste casamento.

O 2.º matrimónio que uniu estas duas famílias foi o de D. MARIA LEONOR CORREIA DA SILVA SAMPAIO (1887-1944), nascida a 16-XI-1887 e baptizada a 27-XI-1887 na Igreja de Nossa Senhora da Assunção em Cascais, tendo falecido a 19-III-1944 na Lapa, em Lisboa, filha de Pedro Correia da Silva Sampaio (1855-1915), senhor do Solar da Quinta do Ouriço em Castelo Novo e irmão de António Pedro Manuel Correia da Silva Sampaio (1853-1921), 1.º visconde de Castelo Novo.
Maria Leonor Correia da Silva
Sampaio (1887-1944)
José Viana Ferreira Roquette
(1886-1946)
Casou a 25-V-1914 em Cascais com JOSÉ VIANA FERREIRA ROQUETTE (1886-1946), engenheiro Civil e de Minas, senhor da Casa Roquette em Salvaterra de Magos, o qual nasceu a 25-II-1886 na freguesia de Santa Isabel em Lisboa, cidade onde residiu na Calçada das Necessidades, tendo falecido a 30-XI-1946 na freguesia da Lapa; filho de José Ferreira Roquette (1850-1914) que nasceu a 27-I-1850 em Salvaterra de Magos, e de sua mulher Sebastiana Cândida Viana da Silva Carvalho (1845-1937); neto paterno de Luís Ferreira Roquette (n. 1823), 1.º barão de Salvaterra de Magos, e de sua mulher D. Maria Isabel de Magalhães Araújo (n. 1830), natural de Lisboa; e materno de João António Sabino Viana (n. 1820), e de sua mulher D. Camila Adelaide da Silva Carvalho (n. 1817), natural do Porto, a qual por sua vez era filha do destacado José da Silva Carvalho (1782-1856), natural de São João das Areias, Santa Comba Dão, que foi um dos fundadores da associação revolucionária do Sinédrio na cidade do Porto que esteve na origem da revolução liberal de 1820, vindo a desempenhar vários e importantes cargos políticos no regime liberal.
Foi este casal que deu o seu nome à Casa Sampaio Roquette de Castelo Novo, por esta lhe ter pertencido.
Tiveram pelo menos 5 filhos, quatro deles com geração que seguiu os apelidos FERREIRA ROQUETTE, VARENNES DE MENDONÇA, CORREIA DA SILVA (viscondes de Paço de Arcos), MATOS CHAVES, e por fim TAVARES FESTAS os quais foram os herdeiros desta casa.
Entre estes cinco filhos, a sucessora na posse da Casa Sampaio Roquette foi D. MARIA LEONOR CORREIA FERREIRA ROQUETTE (1917-1995) que nasceu na freguesia da Lapa, em Lisboa, cidade onde faleceu na freguesia de Santa Maria dos Olivais.
Casou a 12-XII-1943 na Capela de Nossa Senhora dos Navegantes na freguesia da Lapa em Lisboa, com ALEXANDRE DE FIGUEIREDO TAVARES FESTAS (1915-1981), nascido a 11-VI-1915 na freguesia da Lapa, em Lisboa, e falecido a 3-I-1981 no Hospital de Santa Cruz em Carnaxide, o qual foi um dos quatro filhos de António Leão Tavares Festas (1860-1920), senhor da Quinta da Colmeosa no Couto do Mosteiro em Santa Comba Dão, jurista e deputado pelo Partido Progressista qua nasceu na Casa da Gândara em Vale de Remígio no concelho de Mortágua, e veio a falecer a 5-V-1920 na Lapa, em Lisboa, casado a 29-VII-1901 na capela da Colmeosa, Couto do Mosteiro, Santa Comba Dão com D. Maria Isabel de Figueiredo e Faro Themes (1875-1944), nascida a 30-IX-1875 em Avô, Oliveira do Hospital, e falecida a 4-VII-1944 na Lapa, em Lisboa.
Tiveram (3):
1.º MANUEL ROQUETTE TAVARES FESTAS: (n. 1945) que foi o herdeiro da Casa Sampaio Roquette, licenciado em Engenharia Mecânica pelo IST de Lisboa, nasceu a 6-IV-1945 em Lisboa, cidade onde casou na Igreja da Memória com D. LUISA MARIA FORTINHO DE SALDANHA E GOUVEIA, filha de João Pedro de Almada Saldanha Quadros e Gouveia (n. 1916), natural da Guarda. Tiveram geração.
2.º MARIA LEONOR ROQUETTE TAVARES FESTAS (n. 1952) que nasceu a 9-XII-1952 em Lisboa, casou a 1-I-1981 com JOSÉ EDUARDO DE AMORIM FERREIRA FRANCO (n. 1954), nascido a 18-II-1952 na freguesia de São Cristóvão e São Lourenço em Lisboa. Tiveram geração.
3.º ALEXANDRE ROQUETTE TAVARES FESTAS (n. 1958), licenciado em Ciências Históricas pela U.L. de Lisboa, diplomata de carreira, nasceu a 11-III-1958 em Luanda, Angola, tendo casado a 11-IX-1956 na freguesia das Mercês em Lisboa com D. MARA HELENA ABREU DE AZEVEDO MALHEIRO (n. 1956), licenciada e mestre em Literatura Comparada pela Universidade de Paris III, Sorbonne-Nouvelle, doutorada em Literatura Portuguesa pela Universidade Aberta, nascida a 22-IX-1956 na freguesia da Sé em Lamego, filha de Afonso Henriques da Fonseca de Azeredo Malheiro (n. 1927), licenciado em Direito, diplomata, nascido em 9-XI-1927 em Cambres, Lamego, e de sua mulher D. Maria Helena de Figueiredo Carmona Abreu Lopes (n. 1930), licenciada em Direito, nascida a 19-X-1930. Divorciados em 1994, tiveram geração.

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Notas:

[1]    A reforma territorial de 1835 extinguiu o concelho de Castelo Novo que foi anexado ao de Alpedrinha,
      o qual entretanto também acabou por ser extinto em 1855, passando a integrar o concelho do Fundão.
[2]    SILVA, Joaquim Candeias da, Concelho do Fundão – História e Arte», Vol. I, (Fundão, CMF, 2002), p. 160.
[3]    O Dr. MANUEL FREIRE DE MATOS (f. 1684), nasceu no Fundão em data que desconhecemos e veio a falecer a 24-VI-1684 em Santarém onde foi provedor desta comarca; filho de Simão Lopes Freire e de D. Brites de Matos. A sua descendência por diversos casamentos fixou-se em Salvaterra de Magos no distrito de Santarém, terra onde se destacava a família Roquette que aí era grande proprietária de terras.
[4]    FRANCISCO MARQUES ANDRADE (f. 1713?), capitão-mor de Idanha-a-Nova e 2.º administrador do morgado da Tapada do Alardo, nasceu depois da morte prematura de seu pai e terá falecido em finais de 1713 (?). Era filho único de Francisco Marques Giraldes e de sua mulher e prima D. Maria Nunes Giraldes, antepassado do 4.º marquês da Graciosa. Por documentação existente na Torre do Tombo, sabemos ter adquirido mais de cinco dezenas de propriedades no concelho de Idanha-a-Nova entre 1673 e 1710. Por testamento de 24-III-1708, existente no Arquivo da Casa Graciosa, instituiu com a terça dos seus bens um morgadio, no qual foi nomeada a sua filha D. Brites Maria de Andrade e Couto por escritura de dote de 20-I-1710, para esta casar (a 31-III-1712) com seu primo o Dr. Fernando Afonso Giraldes, 11.º administrador do Morgado dos Giraldes (que viria a ter um grande património de casas e terras dispersas por Idanha-a-Nova, Anadia, e Lisboa), e foram quintos-avós do 4.º marquês da Graciosa.   
[5]    Folha – porção de terreno destinado a culturas alternadas.
[6]    Lombada – encosta de um monte ou outeiro.
[7]    ANTT, Feitos Findos, Administração de Casas, mç. 99, n.º 5, .
[8]    ANTT, Registo Geral de Mercês, Mercês de D. João V, liv. 10, f.477v.
[9]    FALCÃO, Armando da Sacadura, Freires Côrtes-Reais, 2.ª edição (Lisboa, Universitária Editora, 2000), pp. 188-189.
[10]   ANTT, Tribunal do Santo Oficio, Conselho Geral, Habilitações, Pedro, mç. 18, doc. 383,
[11]   As primeiras núpcias de Diogo José Freire da Silva Serpa foram com sua prima D. Inês da Silva Pereira, da qual não teve geração.
[12]   ANTT, Registo Geral de Mercês de D. José I, liv. 2, f. 149   
[13]   D. ANA LUÍSA DE ALBUQUERQUE DA SILVA FREIRE DE SERPE (1762-1802)  era irmã de D. MARIA XAVIER FREIRE DE SERPA E SILVA casada a 30-VIII-1782 na igreja de S. Miguel de Castelo Branco com seu primo DIOGO DA FONSECA BARRETO DE MESQUITA, capitão-mor de Castelo Branco, senhor da Casa e Quinta da Devesa (actual Câmara Municipal de Castelo Branco), o qual não tendo filhos do seu casamento legitimo legitimou a filha D. Maria Guadalupe para lhe suceder no seu património, tendo esta casado com em 1809 com Francisco de Albuquerque Pinto Castro e Nápoles (1778.1858), 1.º Visconde de Oleiros.
[14]   FALCÃO, Armando da Sacadura, op. cit, pp. 188-189.
[15]  Optamos por grafar o nome de CORREIA em vez de CORRÊA que parece ter sido o nome usado originalmente.
[16]   BELCHIOR PACHECO DA GAMA (f. 1754) salientou-se na campanha da Sucessão de Espanha sob as ordens do general D. António Luís de Sousa (1644-1721), 2.º Marquês de Minas, o qual a 28-VI-1706 entrou em Madrid onde fez aclamar como rei de Espanha o arquiduque Carlos de Áustria com o nome de Carlos III.                 
[17]   D. MARIA JOANA DE FIGUEIREDO COSTA SOTTOMAYOR, no seu assento de casamento (Lisboa, Mercês, 29-I-1851) figura com o nome de D. MARIA JOANA DA COSTA DE SIQUEIRA.
[18]   O Solar do Figueiredos – ou Costa Pegado Figueiredo – em Escalos de Cima, também é conhecido por Solar dos Viscondes de Castelo Novo por estes aí terem vivido. É um belíssimo e típico solar da nobreza rural da Beira Baixa, com tectos em madeira pintados com as armas desta família, rodeado por uma quinta com árvores frondosas e cercada de altos muros.
[19] D. ANA VICTÓRIA SOTTOMAYOR era irmã de António Xavier Bravo Pereira do Lago, morgado do Bravo, o qual foi casado e teve duas filhas, ambas por sua vez casadas mas sem geração. Uma destas casou com Joaquim José Pereira de Sousa, padrinho de casamento do seu primo Francisco Correia da Silva Sampaio (n. 1815), ao qual passou o citado morgado dos Bravos cujas terras estão hoje urbanizadas.

[20]  Estas tiveram um irmão varão que foi D. Pedro da Cunha de Mendonça e Meneses(1835-1885), falecido criança.

[21]   D. MARIA ROSA DE MELO E CASTRO COSTA MENDONÇA E SOUSA (1811-1884), tendo enviuvado em 1866, voltou a casar em segundas núpcias a 23-I-1867 no oratório da sua casa à Rua Infante D. Henrique, em São Vicente de Fora, Lisboa, com Rufino António de Morais (1803-1887), lente da Universidade de Coimbra, apadrinhada por Bernardo de Sá Nogueira de Figueiredo (1795-1876), 1º marquês de Sá da Bandeira, e pelo major Sebastião do Canto e Castro Mascarenhas que foi ministro das Obras Públicas do governo de António José de Ávila (1868).
[22]   CANEDO, Fernando de Castro da Silva Canedo, A descendência Portuguesa de El-rei D. João II (Lisboa, Edições Gama.2006) vol. III, p. 66.
[23]   ANTT, Registo Geral de Mercês de D. Luís I, liv. 23, f. 157.
[24]   O PALÁCIO DE XABREGAS, ou PALÁCIO OLHÃO – CASTRO MARIM, designação tirada dos títulos nobiliárquicos dos seus proprietários em cuja posse esteve mais de 500 anos, é uma das mais antigas edificações palacianas de Lisboa, mandado construir pelo célebre navegador Tristão da Cunha (f. 1540). Após a morte do rei D. Manuel I, aqui veio morar a rainha D. Leonor e foi nesta grande casa que inicialmente se reuniram os fidalgos portugueses que conspiraram pela restauração da independência contra o domínio espanhol (1580-1640), ao tempo de Jorge de Mello, seu proprietário e um dos mais destacados conjurados de 1640.
A configuração actual deste palácio data do Séc. XVIII, com grandes alterações que lhe deram uma conformação barroca, com 14 janelas na fachada do andar nobre e 64 divisões decoradas com belíssimos azulejos historiados e frescos, dos quais se salientam os da Sala dos Conjurados e da Sala das Quatro Estações.
[25]   D. MARIA RITA VALÉSIA DA SILVA CORREIA (1827-1916) era filha de Vicente António da Silva Correia (f. 1848), por legitimação de 29-IX-1830 da Mesa de Desembargo do Paço.