2013-03-17

Casa do Outeiro (Séc. XIX) - Trigueiros Aragão, Aldeia de Joanes / Aldeia Nova do Cabo


Quinta do Outeiro
 Estrada de Aldeia de Joanes - Aldeia Nova do Cabo
(Fundão, Castelo Branco)


Pedra de Armas de
Jerónimo Trigueiros de Aragão Martel e Costa
(1825-1900)
1.º Visconde do Outeiro,
1.º Conde de Idanha-a-Nova
(Casa do Outeiro)




Aldeia de Joanes / Aldeia Nova do Cabo,
Casa do Outeiro (de Baixo)


                    

                    Brasão de:   Jerónimo Trigueiros de Aragão Martel e Costa (1825-1900), 
                                         1.º Visconde do Outeiro (1866), e mais tarde 1.º Conde de Idanha-a-Nova (1892).

Forma:        Escudo português, esquartelado.

O 1.º de REBELO – três faixas, cada faixa carregada de uma flor-de-lis, as três flores-de-lis alinhadas em banda; o 2.º de MARTEL – uma faixa e um chefe endentado de três peças, cada uma carregada de uma moleta; o 3.º de TRIGUEIROS – esquarteladas, apresentando o primeiro e o quarto com cinco espigas de trigo postas em sautor; o segundo e o terceiro com uma faixa; o 4.º de COSTA – seis costas, postas 2, 2 e 2.

Diferença:   Uma brica com um «J».

Coroa:       De visconde, com quatro pérolas grandes, estando três à vista, as quais alternam com pérolas menores, das quais duas são visíveis.

Timbre:       Um leopardo com uma flor-de-lis na testa, tirado das armas dos Rebelos.

Local:          Fachada de capela do Espírito Santo, anexa à Casa do Outeiro.

Data:           Carta de Brasão de Armas de 8-VIII-1786, passada a Joaquim Rebelo Trigueiros Martel Leite (1764-1830).

Estas armas com uma coroa de visconde foram usadas por seu filho Jerónimo Trigueiros de Aragão Martel e Costa (1825-1900), 1.º Visconde do Outeiro, e 1.º Conde de Idanha-a-Nova.


                                        

      
       
        Situada na velha estrada que liga Aldeia de Joanes a Aldeia Nova do Cabo, no concelho do Fundão, a Casa do Outeiro (de Baixo) fica na antiga estrema destas duas freguesias, sobre cujo limite de demarcação houve uma crispada disputa judicial entre as duas freguesias na qual venceu a tese que dá a Quinta do Outeiro como actualmente pertencente ao limite de Aldeia Nova do Cabo. Quanto a este diferendo, constatamos que vários assentos paroquiais referentes aos membros da família Trigueiros Aragão aí residentes no século XIX, dão esta casa como situada no limite de Aldeia de Joanes, contrariando a tese que venceu em tribunal ... 
Aldeia de Joanes / Aldeia Nova do Cabo,
Casa do Outeiro de Cima (ou do Bispo).
       Residência de campo da família Trigueiros Aragão, inicialmente fez parte de uma extensa propriedade que estaria vinculada em morgado e se estendeu até ao cume mais próximo da Serra da Gardunha. Desta se desanexou uma parcela para aí edificar o Convento do Seixo que foi fundado por iniciativa de D. Frei Diogo da Silva (1485-1541), nascido no antigo solar do Outeiro de Cima (ou do Bispo), datado do século XV, o qual ainda teima em estar pé apesar das mazelas próprias dos já longos séculos da sua existência.
       A propriedade inicial foi dividida pelo caminho que a atravessa em duas parcelas separadas – o Outeiro de Cima (ou do Bispo) e o Outeiro de Baixo – ambas pertencentes actualmente a dois ramos da já mencionada família.
      Anexa à Casa do Outeiro, existe a capela do Espírito Santo com uma pedra de armas de Jerónimo Trigueiros de Aragão Martel e Costa (1825-1900), encimada com uma coroa de visconde que há data lhe competia.
Casa do Outeiro de Baixo
       A Casa do Outeiro (de Baixo) terá começado por ser em tempos remotos um anexo agrícola da casa principal – o Outeiro do Bispo. Com a partilha da grande propriedade inicial em duas, e o decorrer dos tempos, foram-lhe feitas várias obras de beneficiação que lhe mantiveram as sua simplicidade rural. Foi-lhe acrescentada a capela do Espírito Santo, cujo orago tinha sede noutra capela totalmente arruinada na freguesia de Aldeia de Joanes, pelo que o seu proprietário Dr. Brás Leão de Oliveira da Fonseca (f. 1807), solicitou ao Bispo da Guarda a transferência do respectivo culto para a sua Casa do Outeiro.

Capela do Espírito Santo
(moderna)
       Esta capela foi em tempos um vínculo dos Oliveiras e Cunhas, do qual não se conhece o documento da sua instituição, mas ao contrário do que já foi escrito por alguns desavisados monografistas locais, manteve-se sempre na linhagem dos seus fundadores, os quais apenas foram mudando os seus apelidos devido a sucessivas alianças matrimoniais com outras famílias.
     Um dos últimos administradores deste vínculo nesta família Oliveira e Cunha – o citado Dr. Braz Leão de Oliveira da Fonseca –, passou-o a Joaquim Rebelo Trigueiros Martel (1764-1830), o qual era casado com D. Angélica Ludovina de Aragão Costa e Ornelas, uma descendente dos Oliveira e Cunha de Aldeia Nova do Cabo, assim como dos Sá Pereiras, senhores do lugar dos Quinteiros, na mesma aldeia[1].
       A Quinta do Outeiro, segundo a tradição tinha pertencido na sua totalidade a um bisneto de D. Afonso II, e foi berço de Frei Diogo da Silva (1485-1541), primeiro inquisidor-mor de Portugal pela Bula expedida a 17-XII-1531, o qual rejeitou este cargo, terminando os seus dias como Arcebispo de Braga[2].

BRASÃO
          Esta discreta pedra de armas é a mais antigas desta família na região da Beira Interior.
Brasão de Joaquim Rebelo
Trigueiros Martel Leite
(1764-1830).
        O escudo é esquartelado: o 1.º quartel de REBELOS (de azul com três faixas de ouro, cada faixa carregada de uma flor-de-lis de vermelho, as três flores-de-lis alinhadas em banda); o 2.º de MARTEL (de prata com uma faixa de vermelho e um chefe endentado de três peças da mesma cor, cada uma carregada de uma moleta de ouro)[3]; o 3.º de TRIGUEIROS (esquarteladas, apresentando o primeiro e o quarto de verde com cinco espigas de trigo de ouro postas em sautor; o segundo e o terceiro de vermelho com uma faixa de prata); e o 4.º de COSTA (de vermelho com seis costas de prata, postas 2, 2 e 2). Por diferença, uma brica de prata com um «J» de preto. Elmo: a três quartos de perfil, olhando à direita do escudo. Timbre: um leopardo com uma flor-de-lis na testa, tirado das armas dos Rebelos.
      Este brasão foi atribuído a JOAQUIM REBELO TRIGUEIROS MARTEL LEITE (1764-1830), por Carta de Brasão de Armas de 8-VIII-1786, registada no Cartório da Nobreza (Livro III, fl. 231 v.º) quando o suplicante contava apenas 22 anos de idade[4]. Está encimada por uma coroa de visconde, a qual indicia ter sido mandado lavrar em cantaria pelo seu filho JERÓNIMO TRIGUEIROS DE ARAGÃO MARTEL E COSTA (1825-1900), 1.º Visconde do Outeiro (1866), e mais tarde 1.º Conde de Idanha-a-Nova (1892).
      O citado escudo de armas armoria várias casas que na Beira Interior pertenceram aos condes de Idanha-a-Nova.
        Em Alcains temos uma destas pedra de armas sem a coroa de visconde – com uma troca das armas dos Martel que foram dadas no alvará de concessão[5]. Encontra-se no solar dos condes de Idanha-a-Nova que anteriormente pertenceu ao 2.º viscondes de Oleiros[6], do qual a sua filha D. Maria Rosalina de Albuquerque Mesquita Paiva e Castro (n. 1850) veio a casar com o Dr. Joaquim Trigueiros Pestana Martel (1835-1911), Par do Reino, Governador Civil e Presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco, filho dos primeiros condes de Castelo Branco. 
       Por compra ao 2.º conde da Azarujinha, também ele casado com uma filha do 2.º visconde de Oleiros, passou este solar à posse dos condes do 2.º Conde de Idanha-a-Nova que o remodelou e lhe colocou esta pedra de armas. Em frente deste solar a família veio a edificar outra casa mais confortável e moderna que ostenta o mesmo brasão.

Alcains, 1.º Solar dos Condes de Idanha-a-Nova
(anteriormente dos Viscondes de Oleiros)

Alcains, Pedra de Armasdo Solar
dos Condes de Idanha-a-Nova.

















Alcains, 2.º Solar Trigueiros Aragão
Casa de São Sebastião
(defronte do 1.º solar)
Alcains, 2.º Solar Trigueiros Aragão
Casa de São Sebastião
(entrada)









 
      Em Idanha-a-Nova havia outra pedra de armas igual, no 1.º solar que os condes de Idanha-a-Nova aí tiveram no Largo do Corso. Esta casa viria a ser alienada a terceiros por Joaquim Trigueiros Osório de Aragão (1867-1941), 2.º Conde de Idanha-a-Nova, e a pedra de armas, como era uso nestes casos, foi retirada para uma sua quinta em Estremoz que hoje pertence ao seu neto o diplomata Dr. José Luís da Silveira Charters Coelho Trigueiros de Aragão (n. 1920)[7].

Idanha-a-Nova, 1.º Solar dos Condes de Idanha-a-Nova

     Igualmente em Idanha-a-Nova temos uma outra destas pedras de armas no 2.º solar dos condes de Idanha-a-Nova, conhecido por Solar da Família Trigueiros de Aragão, situado na Rua Vaz Preto, n.º 59. Este pertenceu à família Vaz Preto e passou à família Trigueiros Aragão pelo casamento de D. Clara Maria da Fonseca Coutinho e Castro Refóios (1841-1902), natural de Castelo Branco[8], com João José Trigueiros Osório de Aragão e Costa (1870-1921), filho do 1.º Conde de Idanha-a-NovaMaria Clara já tinha casado em primeiras núpcias a 11-IV-1863 com Fernando Afonso Geraldes Vaz Preto (f. 1892), senhor deste solar. Como esta senhora não teve geração de ambos os casamentos o solar Vaz Preto de Idanha-a-Nova passou aos sobrinhos do seu segundo marido – os Trigueiros Aragão. Pertence actualmente a Jerónimo Portugal Trigueiros Aragão (n. 1941).

Idanha-a-Nova,
Pedra de Armas Trigueiros Aragão,
2.º Solar Trigueiros Aragão.

Idanha-a-Nova, 2.º Solar Trigueiros Aragão.
     

 

O DETENTOR DO BRASÃO
      JOAQUIM REBELO TRIGUEIROS MARTEL (1764-1830) nasceu a 12-I-1764 e foi baptizado a 25-I-1764 em Idanha-a-Nova, tendo por padrinhos o Dr. João Cardoso Pinto Maldonado, juiz de Fora de Alpedrinha e Castelo Branco, e D. Joana Raimunda de Castilho e Costa, moradora na vila do Fundão, por procuração a seu irmão António da Costa Ferrão, Juiz de fora de Idanha-a-Nova. Faleceu a 1-II-1830 em Idanha-a-Nova.
       Por sucessão, era senhor dos morgados de Idanha-a-Nova e do Outeiro, este último com sede na Casa do Outeiro[9]. Militar de carreira, foi admitido no Regimento de Cavalaria com o posto de Cadete em 6-IV-1790 e nomeado a 22-XI-1808 coronel do Regimento de Milícias de Idanha-a-Nova[10].
      Casou a 30-VII-1817 na Capela da Quinta da Ponte, na freguesia da Faia, concelho da Guarda, com D. ANGÉLICA LUDOVINA DE ARAGÃO COSTA E ORNELAS[11], natural da Guarda, filha de Pedro de Aragão Miranda Sá e Vasconcelos (f. 1793)[12], fidalgo-cavaleiro da Casa Real com solar na citada Quinta da Ponte[13], falecido a 31-VIII-1793, e de sua mulher D. Margarida Francisca da Costa Rolim de Ornelas (n. 1759).

DADOS GENEALÓGICOS
      Vejamos a sucessão genealógica da Casa do Outeiro, uma das raras casas deste concelho ainda na posse dos descendentes do armigerado:
1.   JOAQUIM REBELO TRIGUEIROS MARTEL LEITE (1764-1830) nasceu a 12-I-1764 Idanha-a-Nova, onde fale-
     ceu a 1-II-1830. Foi senhor do morgado da Casa do Outeiro.
     Ainda muito jovem teve Carta de Brasão de Armas a 8-VIII-1786 com escudo esquartelado de REBELO,
     MARTEL, TRIGUEIROS e COSTA[14], trazendo por Diferença uma brica de prata com um «J» de preto.
     Estas armas, encimadas por uma coroa de visconde, estão sobre a porta da capela da casa, pelo que se
     presume que terá sido o seu filho – o 1.º Visconde do Outeiro, e 1.º Conde de Idanha-a-Nova – a edificar a
     capela e a colocar nela as armas de seu pai.
     Era filho de Jerónimo Trigueiros Martel Rebelo Leite ou Toscano da Silva (1716-1792)[15], que nasceu a
     30-IX-171, capitão do Terço de Infantaria Auxiliar de Castelo Branco, falecido a 12-III-1792 em Idanha-a-
     -Nova, e de sua segunda mulher D. Maria Angélica Marques Goulão (1725-1790), nascida a 19-XII-1725 em
     Idanha-a-Nova, onde veio a falecer a 16-V-1790.
     Era neto paterno de Simão Rebelo Martel (n. 1690?), natural do Porto, residente em Idanha-a-Nova onde
     faleceu a 5-IX-1722, sargento-mor de Ordenanças do Porto e sargento-mor da Cavalaria de Penamacor,
     tomando parte na Guerra da Sucessão em Espanha pois “fora na expedição da Guerra da Catalunha”[16],
     casado com sua mulher D. Isabel Trigueiros da Costa (1688-1768), nascida a ?-XI-1688 em Idanha-a-Nova,
     onde faleceu a 15-II-1768; e neto materno de Domingos Ambrósio (n. 1707), sargento-mor das Ordenanças
     de Idanha-a-Nova, cidade onde nasceu a 8-VIII-1707, tendo casado a 21-I-1725 em Escalos de Cima com
     D. Maria Marques Goulão (n. 1697), nascida a 23-IV-1697 em Escalos de Cima, senhora de um morgado ins-
     tituído a seu favor por seus pais e um tio a 13-IV-1751 para casar.
     Era irmão de D. Maria Antónia Trigueiros Martel Rebelo Leite (n. 1770)[17], casada com João José Martins
     Pereira do Rego Goulão (n. 1758), que teve brasão de armas por carta de 20-III-1821, com um escudo parti-
     do em pala de PEREIRA e de REGO[18], e foi um dos grandes proprietários do distrito de Castelo Branco
     onde tinha avultado património fundiário e diversas casas, nomeadamente em Idanha-a-Nova, Sarnadas,
     Alcains, localidade esta onde residia no Solar dos Goulões[19], um  dos mais antigos exemplos da arqui-
     tectura solarenga de Alcains.
     Casou a 30-VII-1817 na Capela da Quinta da Ponte, com D. ANGÉLICA LUDOVINA DE ARAGÃO COSTA E
     ORNELAS, filha de Pedro de Aragão Miranda Sá e Vasconcelos (f. 1793), fidalgo-cavaleiro da Casa Real
     com solar na Quinta da Ponte[20], falecido a 31-VIII-1793, e de sua mulher D. Margarida Francisca da Costa
     Rolim de Ornelas (n. 1759).
     Tiveram:
     6.   JERÓNIMO TRIGUEIROS DE ARAGÃO MARTEL E COSTA, (1825-1900), que segue.

6.   JERÓNIMO TRIGUEIROS DE ARAGÃO MARTEL E COSTA (1825-1900), 1.º Visconde do Outeiro (17-VII-
     -1866), 1.º Conde de Idanha-a-Nova (17-VII-1892), fidalgo-cavaleiro da Casa Real. 
Jerónimo Trigueiros de Aragão
Martel e Costa 
(1825-1900),
1.º Visconde do Outeiro,
1.º Conde de Idanha-a-Nova.
     Nasceu a 17-VII-1825 em Idanha-a-Nova, e faleceu em 15-VIII-1900 no Fundão.
     Sucedeu na posse dos morgados de Idanha-a-Nova e do Outeiro (Aldeia de
     Joanes), entretanto extintos por força da Lei de 19-V-1863, o que obrigou à re-
     partição dos bens que lhes estavam vinculados entre os seus numerosos
     filhos.
     A ele se ficaram a dever as várias obras de beneficiação do seu património
     solarengo, assim como a edificação da nova capela do Espírito Santo no seu
     solar da Casa do Outeiro. Foi presidente da Câmara Municipal do Fundão.
     O nome do seu título foi atribuído a uma rua do Fundão, assim como a outra
     rua de Alcains.
     Casou a 22-IV-1850 na capela do Espírito Santo, anexa à Casa do Outeiro em
     Aldeia de Joanes, no concelho do Fundão, com D. MARIA ISABEL OSÓRIO DE
     SOUSA PRETO MACEDO FORJAZ PEREIRA DE GUSMÃO (1836-1878)nascida
     a 26-VIII-1836 na freguesia de Pêro Viseu, no concelho do Fundão, falecida a
     1-VIII-1878 e sepultada em campa armoriada no cemitério do Fundão.
     Sua mulher, herdeira dos morgados de Pero Viseu e Chãos, assim como dos
     padroados de Nossa Senhora da Consolação e de São Pedro de Catrão[21], era filha única de Diogo Dias
     Preto da Cunha Veloso Osório Cabral que teve carta de brasão de armas a 3-VIII-1791, esquarteladas de
     PretoCunha, CabraL Osório[22], e era Senhor dos morgados padroados já mencionados[23], e
     de sua segunda mulher com a qual casou a 27-IX-1820 e era D. Maria Justina de Macedo Pereira Forjaz de
     Azevedonatural do Fundão, a qual tinha a sua origem na Casa dos Macedos situada à Rua da Cale no
     Fundão.
     Tiveram uma numerosa prole (10):
     7.    D. MARIA DO CARMO OSÓRIO TRIGUEIROS DE MARTEL (n. 1858) nasceu a 30-V-1858 na Casa do
         Corso em Idanha-a-Nova. Faleceu solteira.
     7.    D. MARIA DA NATIVIDADE OSÓRIO TRIGUEIROS DE MARTEL (1861-1949).
         Casou com José de Figueiredo Pimenta do Avelar Frazão Castelo Branco (1858-1913), 2.º Visconde do
         Sardoal.
     7.    D. MARIA DA PIEDADE OSÓRIO TRIGUEIROS DE ARAGÃO (1863-1957), nasceu a 22-XI-1863 na Casa
          do Corso em Idanha-a-Nova, e faleceu a 1-XI-1962 no Estoril.
          Casou com o Dr. Manuel Victor Seabra Condedo qual teve duas filhas que faleceram sem geração.
     7.    D. MARIA DE LA SALETE TRIGUEIROS MARTEL (n. 1866) nasceu a 31-VII-1866 na Casa do Corso em
          Idanha-a-Nova, e faleceu solteira.
          Com a sua irmã D. MARIA ISABEL, numa das suas casas no Fundão, fundou a 1-XI-1947 uma obra be-
          nemérita a que deu o nome de «Lar D. Isabel Trigueiros» destinado a "abrigo para raparigas desampa-
          radas".
     7.    JOAQUIM TRIGUEIROS OSÓRIO DE ARAGÃO (1867-1941), 2.º Conde de Idanha-a-Nova, que segue
          abaixo.
     7.   JOÃO JOSÉ TRIGUEIROS OSÓRIO ARAGÃO E COSTA (1870-1921) nasceu a 7-I-1870 no Fundão e fale-
Cemitério do Fundão,
sepultura armoriada de
D. Maria Isabel de Aragão
Trigueiros Martel (1870-1960)
          ceu a 28-III-1921 em Escalos de Baixo, no concelho de Castelo Branco.
          Foi um distinto equitador e cavaleiro tauromáquico.
          Casou duas vezes, tendo tido geração do segundo casamento com D. Laura
          Cardoso de Almeida Aires Zuzarte Gameiro (1882-1948), nascida a 6-X-1882
          na freguesia das Mercês em Lisboa, e falecida a 16-I-1948.
     7.    D. MARIA ISABEL DE ARAGÃO TRIGUEIROS MARTEL (n. 1870), nasceu a
          20-X-1871, tendo falecido solteira a 19-VI-1960 no Fundão, em cujo cemitério
          foi sepultada em campa armoriada.
          Com a sua irmã D. MARIA DE LA SALETE, fundou em 1947 o já mencionado
          "abrigo para raparigas desamparadas".
     7.    JERÓNIMO JOSÉ TRIGUEIROS DE ARAGÃO MARTEL E COSTA (1873-1959)
           nasceu a 10-VII-1873 em Idanha-a-Nova, onde faleceu a 6-XII-1959.
           Casou com D. Maria Portas, da qual teve duas filhas falecidas sem geração.
     7.    JOSÉ TRIGUEIROS DE ARAGÃO OSÓRIO MARTEL (1879-1963) nasceu a
           7-VI-1879 no Fundão, onde veio a falecer a 23-VII-1963.
           Residiu no Castelo dos Trigueiros por si edificado nas primeiras décadas do
           século XX. Foi presidente da Câmara Municipal do Fundão e provedor da Santa Casa da Misericórdia.
           Casou duas vezes mas só teve geração das suas segundas núpcias celebradas a 19-III-1920 no Fundão
           com D. Maria Graciosa da Silveira Vasconcelos (n. 1897), nascida na citada cidade a 23-IV-1897.
     7.   ANTÓNIO TRIGUEIROS OSÓRIO DE ARAGÃO MARTEL (f. 1931) nasceu no Fundão, onde viria a
          falecer a 16-VII-1931. Casou D. Maria Carlota de Sousa Vahia (1902-1935), nascida em Lamego e falecida
          a 24-IX-1935 na freguesia de Aldeia de Joanes, concelho do Fundão, da qual teve geração.

7.   JOAQUIM TRIGUEIROS OSÓRIO DE ARAGÃO (1867-1941), 2.º Conde de Idanha-Nova, o qual nasceu a
     19-IX-1867 no Fundão, tendo falecido a 23-IX-1941 em Castelo Branco.
Joaquim Trigueiros Osório
de Aragão (1867-1941),
2.º Conde de Idanha-a-Nova.
     Foi um destacado lavrador da Beira Baixa onde possuía grandes propriedades
     agrícolas, dispersas por várias localidades, tais como Alcains, Mata, Vila Velha
     de Ródão, Idanha-a-Nova e Fundão.
     Deputado da Nação pelo círculo do Fundão em 1899, foi um dos mais influen-
     tes, prestigiados e íntegros políticos desta região. Figura saliente do distrito
     de Castelo Branco nos últimos tempos da Monarquia, travou duros combates
     com os demais partidos, obtendo grandes vitórias para o Partido Progressista
     do qual era um dos máximos expoentes regionais.
     Casou duas vezes.
     As primeiras núpcias foram celebradas a 10-XII-1888, em Idanha-a-Nova, com
     D. MARIA ANGÉLICA LEMOS TORRES COELHO (1872-1907), que nasceu a
     14-V-1872 em Coimbra, tendo falecido prematuramente em consequência de
     uma congestão pulmonar a 16-II-1907 em Alcains, onde o povo a cognominou
     de «Mãe dos Pobres»[24].
     As segundas núpcias foram com D. BERTA CORDEIRO CARDOSO (f. 1960),
     natural de Lisboa, onde veio a falecer a 1-III-1960, da qual não teve geração.
     Filhos do 1.º casamento:
     8.   JOAQUIM TRIGUEIROS COELHO DE ARAGÃO (1890-1937), herdeiro da Casa do Outeiroque segue
          abaixo.
António Trigueiros Coelho
de Aragão (1896-1976).
     8.   ANTÓNIO TRIGUEIROS COELHO DE ARAGÃO (1896-1976) nasceu a 1-II-1896
          em Alcains, e faleceu 30-III-1976 em Lisboa.
          Abastado proprietário agrícola, fez estudos de engenharia pelo Royal College
          of Science na School  of Technology da Universidade de Manchester, após o
         que se lançou numa intensa actividade industrial, à qual se ficou a dever os
          primeiros passos com vista ao desenvolvimento industrial de Alcains.
          A Casa do Povo de Alcains foi edificada por sua iniciativa oferecendo o terre-
          no, bem como o estádio de futebol de Alcains que tem o seu nome.
          Casou a 2-II-1918 na Quinta de São Mateus (contígua à Quinta da Ponte), na
          freguesia da Faia, concelho da Guarda, com D. Ana Augusta Portugal Lobo
         Teles de Vasconcelos (1895-1988)nascida a 22-III-1895 na Guarda, e falecida
          a 29-06-1988 na freguesia de São Mamede em Lisboa. Tiveram geração.
     8.   JOSÉ TRIGUEIROS COELHO DE ARAGÃO (n. 1897) nasceu a 4-II-1897 em
          Alcains.
Alcains, Palacete de São Pedro.
(actual Turismo de Habitação)
Foi senhor do palacete da Quinta de São Pedro em Alcains, que ele próprio projectou e construiu em 1921 (com o apoio de Eurico de Sales Viana, arquitecto albicastrense), destinando-a mais tarde a Casa de Saúde e de Repouso, estando actualmente vocacionado para o turismo de habitação.
Casou duas vezes.
As primeiras núpcias foram em 1919 com D. Maria Benedita da Silveira e Couto Charters de Azevedo (1898-1922), nascida a 29-XII-1898 em Lisboa, e falecida a 27-II-1922 na Casa do Corso em Idanha-a-Nova.
As segundas núpcias foram em 1945 com D. Adelaide Ferreira Campos
          Morais (n. 1907), nascida a 14-X-1907 na freguesia de Fão,  no concelho de
          Esposende. Teve descendência de ambos os casamentos.
     8.   MANUEL TRIGUEIROS COELHO DE ARAGÃO (1898-1960) nasceu a 17-XII-1898 em Alcains, e faleceu a
         21-XII-1960 em Castelo Branco. Residiu na sua casa na Praça do Município, no Fundão e na sua Quinta
         da Ordem em Vila Velha de Ródão. 
         Casou a 14-VII-1959, no Fundão, com D. Maria da Graça Guedes de Campos Rosado (1926-2005), licen-
         ciada em Medicina. Tiveram geração.
    8.    FRANCISCO (1903-1905), que faleceu a 7-I-1905, ainda criança com 15 meses de idade, numa casa da
          então Rua de São Sebastião em Alcains, tendo sido sepultado no cemitério público do Fundão.

8.    JOAQUIM TRIGUEIROS COELHO DE ARAGÃO (1890-1937) nasceu a 2-XI-1890 e faleceu a 29-VII-1937 em
      vida de seu pai, pelo que não esteve na posse da Casa do Outeiro.
     Casou a 14-VII-1915 com sua prima D. MARIA DA NATIVIDADE TRIGUEIROS DE FIGUEIREDO FRAZÃO
     (1891-1958), nascida a 7-II-1891 e falecida a 19-VII-1958, filha de José de Figueiredo Pimenta do Avelar
     Frazão Castelo Branco (n. 1858), 2.º Visconde do Sardoal, e de D. Maria da Natividade Osório Trigueiros
     de Martel (1861-1949) , filha do 1.º conde de Idanha-a-Nova.
     Tiveram:
     9.   JOAQUIM MARIA TRIGUEIROS COELHO FRAZÃO DE ARAGÃO MARTEL (1921-1982)2.º Visconde do
          Outeiro, e 3.º Conde de Idanha-a-Nova[25], que herdou a Casa do Outeiro. Nasceu a 16-IV-1921 no Fun-
          dão e faleceu em 1982.
          Casou a 5-V-1954 em Fátima com D. Leonor de Povoença Osório de Castro (n. 1933), nascida a 8-I-1933
          na freguesia da Sé em Lisboa, licenciada e mestre em Ciências Antropológicas e Etnológicas pelo Ins-
Quintãs, Casa das Quintãs,
(dos viscondes do Sardoal)
          tituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da UTL, professora
          universitária. Deste casamento não houve geração.
     9.   D. MARIA DE LA SALETE TRIGUEIROS COELHO FRAZÃO OSÓRIO
          DE ARAGÃO MARTEL (1924-2000)3.ª Viscondessa do Outeiro, e
          4.ª Condessa de Idanha-a-Nova[26].
          Nasceu a 13-V-1924 no Fundão e foi senhora da Casa do Outeiro
          por herança do seu irmão, assim como da Casa das Quintãs, ambas
          no concelho do Fundão.
          Faleceu a 7-II-2000 em Lisboa, solteira, e por disposição testamen-
          tária deixou diversos legados beneméritos a instituições de solida-
          riedade.
          O seu Solar das Quintãs foi legada ao povo desta localidade, e a Casa
          do Outeiro foi deixada ao seu afilhado e primo Jerónimo Portugal Trigueiros Aragão (n. 1941).


       JERÓNIMO PORTUGAL TRIGUEIROS ARAGÃO (n. 1941) foi senhor do 2.º solar da família Trigueiros de Aragão em Idanha-a-Nova[27], e da Casa do Outeiro em Aldeia Nova do Cabo, Fundão, esta última por herança de sua madrinha e prima D. Maria de La Salete Trigueiros Coelho Frazão Osório de Aragão Martel (1924-2000)3.ª Viscondessa do Outeiro, e 4.ª Condessa de Idanha-a-Nova.
Idanha-a-Nova,
2.º Solar Trigueiros Aragão.
    Nasceu a 16-XI-1941 na freguesia de São Sebastião da Pedreira, em Lisboa. 
      Era o terceiro filho de Joaquim Trigueiros de Almeida Osório de Vilhena de Aragão e Costa (1908-1976), nascido a 24-XI-1908 em Idanha-a-Nova, e falecido a 3-XII-1976 em Alcains, piloto aviador civil, bibliógrafo, colecionador de armas, senhor dos solares de Idanha-a-Nova e Escalos de Baixo, assim como da Casa de São Sebastião em Alcains, onde viveu, e de sua mulher e prima D. Maria Angélica de Portugal Lobo Trigueiros de Aragão (n. 1918), nascida a 26-X-1918 na Casa do Outeiro, filha de António Trigueiros Coelho de Aragão (1896-1976) e de sua mulher D. Ana Augusta de Portugal Lobo Teles de Vasconcelos (n. 1895).
       Era bisneto paterno de Jerónimo Trigueiros de Aragão Martel e Costa (1825-1900), 1.º Conde de Idanha-a-Nova.
     Casou 6-VIII-1976 na Igreja de Santa Maria, em Sintra, com D. MARIA DE FÁTIMA MATOS DE BRITO E ABREU (n. 1951), nascida a 13-V-1951 na freguesia da Ajuda, em Lisboa, filha de José César de Brito e Abreu (1907-1989), nascido a 17-III-1907 na Casa da Tapada, em Vale de Espinho, concelho do Sabugal, e falecido a 20-I-1989 em Lisboa, casado a 6-X-1935 na Praia da Granja, em Arcozelo, com D. Maria Manuela Cunhal Patrício da Cunha Matos (1908-2001), nascida a 23-VIII-1908 na freguesia de São Sebastião da Pedreira, em Lisboa, e falecida a 12-IV-2001.
         Do seu casamento tem duas filhas.



      DIOGO PORTUGAL TRIGUEIROS DE ARAGÃO (n. 1939), presidente do concelho de administração da «Fabrica Lusitana – Produtos Alimentares» em Alcains, é o presumível sucessor na representação dos títulos nobiliárquicos
       Nasceu a 2-XI-1940 na freguesia de São Sebastião da Pedreira, em Lisboa.  
      É filho primogénito de Joaquim Trigueiros de Almeida Osório de Vilhena de Aragão e Costa (1908-1976), nascido a 24-XI-1908 em Idanha-a-Nova, e falecido a 3-XII-1976 em Alcains, e de sua mulher e prima D. Maria Angélica de Portugal Lobo Trigueiros de Aragão (n. 1918), nascida a 26-X-1918 na Casa do Outeiro, filha de António Trigueiros Coelho de Aragão (1896-1976) e de sua mulher D. Ana Augusta Portugal Lobo Teles de Vasconcelos (1895-1988).
    Casou a 23-XII-1963 em Queluz com D. MARIA DA NAZARÉ FERREIRA INFANTE DA CÂMARA (n. 1943), nascida a 20-X-1943 na freguesia de Benfica, em Lisboa, filha de António Caetano Centeno Infante da Câmara (n. 1917), nascido a 6-VI-1917 na freguesia da Pena, em Lisboa, onde casou a 17-VIII-1942 na Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro com D. Berta Maria Melo Abreu César Ferreira (n. 1919), nascida a 24-XI-1919 na freguesia de Benfica, em Lisboa. Do seu casamento tem geração.



Carta de Brasão de Armas
de Joaquim Rebelo Trigueiros Martel Leite (1764-1830)

Carta de Brasão de Armas
por Alvará de 8-VIII-1786,
1.º - REBELO, 2.º - MARTEL,
 3.º - TRIGUEIROS, e 4.º - COSTA.
«Donna Maria p.r graça de Deus Raynha de Portugal e dos Algarves daq.m e dalem mar Mar em Africa Senhora de Guine, e da Conquista Navegação do Commercio da Ethiopia Arabia, Persia, e da India &tc. Faço saber aos que esta m.a Carta de Brazão de Armas de Nobreza, e Fidalguia virem q. Joaqim Rebello Trigueiros Martel Leite natural da Idanha a nova me fez petição dizendo q. pella Sentença de justificação de sua Nobreza a ella junta proferida e assignada pelo meu Dez.or Doutor Anacleto Joze de Macedo Portugal q. interinam.te serve pello Doutor Joze Antonio Pinto Doria Botto Corregedor do Cível da Corte e Caza da Suplicação sobscrito p.r Antonio Joze de Souza Escrivão do m.mo juizo, e pellos docum.tos incorporados nella se mostrava q. elle he f.o legitimo de Jeronimo Trigueiros Martel Rebello Leite Cap.m do Terço auxiliar da Comarca de Castello branco, e de sua mulher D. Maria Angelica Marques Gouloa. Neto pella p.te Paterna do Sarg.to Mor de Cavallaria Simão Rebello Martel Leite, e de sua mulher D. Izabel Trigueiros da Costa, e pella Materna Neto do Sarg.to Mor Domingos Ambrozio, e de sua mulher D. Maria Marques Gouloa. Os quais seus Pais, e Avós, e mais seus Ascendentes q. forão pessoas m.to Nobres descendentes das familias dos Apelidos de Rebellos, Martel, Trigueiros, e Costas deste Reyno, e como taes se tratarão, com Cavallos Creados e todo o mais tratam.to propio da Nobreza servindo no Politico, e no Militar os lugares e postos mais destintos do Governo, sem q. em tempo algum cometecem Crime de Leza Mag.e Devina, ou Humana pello q. me pedia p.or merce q. p.a memoria de seus Progenitores se não perder, e clareza de sua antiga Nobreza lhe mandasse dar uma Carta de Brazão de Armas das d.as familias p.a dellas tambem uzar na forma q. a trouxerão e forão concedidas nos d.os seus Progenitores. E vista p.r mim a d.a sua Petição, sentença, e docum.tos e de tudo me constar q. elle he descendente das mencionadas familias, lhe pertence uzar e gozar de suas armasseg.do o meu Regimento de Ordenação da Armaria lhe mandar passar esta m.a Carta de Brazão dellas na forma que aqui vão Brazonadas.
Devizadas e Illuminadas com cores e metais seg.do se achão Registadas no Livro de Registo de Armas da Nobreza e Fidalguia destes meus Reynos q. tem Portugal meu principal Rei de Armas a saber. Hum Escudo esquartellado: No primeiro quartel as Armas dos Rebellos q. são em campo azul trez faixas de ouro e trez flores de Liz vermelhas sobre ellas postas em banda: No seg.do quartel as de Martel em Campo da prata huma faxa vermelha, e o campo alto dentado de trez pontas vermelhas, carregadas de trez moletas, ou rozetas de esporas de ouro: No terceiro as dos Trigueiros q. são esquarteladas no primeiro em Campo verde cinco espigas de trigo de ouro em sautor, No segundo em Campo vermelho, huma facha de prata, e assim os contrarios: No quarto quartel as dos Costas em Campo vermelho seis Costas de prata firmadas e postas duas pallas. Elmo de prata aberto guarnecido de ouro. Paquife dos metais e cores das armas. Timbre dos Rebellos q. hei hum Leopardo de ouro armado de azul, com huma das flores de Liz do Escudo na testa, e p.ra diferença huma brica de prata com hum «J» de preto. O qual Escudo d´Armas poderá trazer, e uzar o d.to Joaq.m Rebello Trigueiros Martel Leite. Assim como as truxerão, e uzarão os d.os Nobres e antigos Fidalgos seus antepassados em tempo dos Senhores Reys meus antecessores e com ellas poderão entrar em Batalhas, Campos, Reptos, Escaramuças, d’exercitar todos os mais actos licitos da Guerra, e da Paz. E assim mesmo as poderá trazer em seus Firmais Aneis Senetes, e Devizas, pollas em suas Cazas Capellas, e mais Edificios, e deixallas sobre sua propria Sepultura, e finalm.te se poderá servir honrar gozar e aproveitar dellas, em todo e p.r todo, como a sua Nobreza convem. Com o q. quero, e me praz q. haja elle todas as honras, Previlegios Liberdades Graças Mercês Izencois e Franquezas q. hão e devem haver os Fidalgos, Nobres de antiga Linhagem, e como sempre de todo uzarão os d.os seus antepassados: pelo q. mando aos meus Dezembargadores, Corregedores, Provedores, Ouvidores Juizes, e mais justiças de meus Reynos, e em especial os meus Reys de Armas Arautos e passavantes, e a quaisquer outros officiais, e pessoas a q.m esta mi.a Carta for mostrada, e o conhecim.to della pertencer q. em tudo lha cumprirão, e guardem, e fação inteiram.te cumprir e guardar, como nella e contem, sem duvida nem embargo algum q. em ella lhe seja posto p.r q. assim he M.a M.ce. A Raynha nossa Senhora o mandou p.r Joze Bravo Escudeiro Cavalleiro de sua Caza Real, e seu Rey de Armas Portugal. 
Frey Manoel de S.to Antonio Silva da Ordem de S. Paulo a fez em L.a a os oito dias do mez de Agosto do anno do anno (sic) do nascim.to de nosso Senhor JEZUS Christo de mil setecentos oitenta e seis “Eu Bernardo Joze Agostinho de Campos Escrivão da Nobreza a fiz Registar e assigney” / Bern.do Joze Agost.o de Campos»[28].

  

Processo de Justificação de Nobreza (autos)
de Joaquim Rebelo Trigueiros Martel Leite (1764-1830)



                                                                                      A.N.T.T., Cartório da Nobreza
                                                                                      Processo de Justificação de Nobreza (Autos)
                                                                                      Maço 22, Doc. 15

Lisboa, 8 de Agosto de 1786

[p. 1]
            Lx.a 1786
                                                                           Nobreza   J                                     L.º 3.º A F. 231

Autuação de huma Petição

Sentença e máis Documentos
de Joaquim Rebello Trigueiros
Martel Leite para haver de se
lhe passar um Brazão de Ar-
mas  // —— // —— //

Escrivão Bernardo
José Agostinho de Campos
// —— // —— //

[p. 2]
Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil settecentos oitenta e seis annos, aos Vinte e nove dias do mez de Julho nesta Cidade de Lisboa e Escriptorio da Nobreza me foi dada a Petição Sentença e máis Documentos de Joaquim Rebello Trigueiros Martel Leite com Despacho nella proferido pelo Rey de Armas Portugal, e por parte do sobredito me foi pedido lho Autuasse e desse a sua devida execução para o efeito de se lhe passar hum Brazão de Armas por este Juizo da Nobreza, o que tudo aqui a authuei em Cumprimento do Despacho posto na dita Petição: Eu Bernardo José Agostinho de Campos que o escreveu.// —— //

[p. 2 v.]
Diz Joaq.m Rebello Trigueiros Martel Leite n.al de Idanha-a-Nova f.º leg.mo de Jerónimo Trigr.os Martel Rebello Leite cap.ão do Terso Auxiliar da Com.ca de Castello Br.co e de sua m.er D. M.ª Angélica Marques Gouloa: Neto Paterno do Sarg.to Mor de Cavalaria Simão Rebello Martel Leite, e sua m.er D. Izabel Trigu.os da Costa, e p.la Materna Neto do Sarg.to Mor Dom.os Ambrozio, e de sua m.er Maria Marques Gouloa q. elle sup.e tem justificado na Correição do Cível da Corte a sua Nobreza e Fidalguia e como tal lhe pertence uzar das Armas dos seus Apelidos.

Sua (?) M.de seja servido m.dar que Autuada esta p.lo Escr.m da Nobreza se lhe fação concluzos os Autos p.ª lhe deferir o q. for servido. (assin.)

´´Autuada pelo escrivão da Nobreza e feito o deposito do estillo tornem conclusos p.ª deferir Lx.ª 30 de Julho de 1786

Brabo´´

[p. 3]
Lisboa
Sen.ça Cível de Justificação de
Nobreza a favor de Joaquim Re-
bello Trigueiros Martel Leite
            Donna Maria por Graça de Deus Raínha de Portugal e dos Algarves daquem e dalem mar em Affrica Senhora da Guiné e da Conquista Navegação e Comercio da Ethíopia Arabia Percia e da India. A todos os Corregedores Provedores Ouvidores Julgadores Juízes Juistiças Offeciais e máis Pessoas destes meus Reinos Domínios Conquistas e Negócios de Portugal a todos aquelles a quem

[p. 3 v.]
a onde e perante quem e a cada hum dos quais esta prezente minha Carta de Sentença Cível de Justificaçam de Nobreza rezumida e extrahida de huns autos em forma foi aprezentada a verdadeiro conhecimento della com Direito directamente deva e haja de pertencer e o seu devido assento inteiro Cumprimento e Real execuçam outro sim della e com Ella da minha parte se pedir e requerer por qualquer via modo forma maneira razam que seja e ser possa. Façovos a saber a todos em geral e a cada de hum de vós em particular em vossas jurisdições em esta minha Corte muito nobre e sempre leal cidade de Lisboa. Juizo da Correiçam de Cível da Corte na Caza da Supplicaçam e della perante Mim e de meus Dezembargadores.
[p. 4]
E a meu Dezembargador Corregidor de Cível da mesma Corte por quem esta passou e vai assinada se trataram ordenaram correram por ela cessaram e ultimamente afinal por elle foram vistos examinados e sentenciados huns autos de causa e matéria Cível de autuação de huma petiçam para a Justificaçam de Nobreza de Joaquim Rebello Trigueiros Martel Leite este sobre e em razam do contheudo escripto e declarado em os sobreditos autos de que de tudo ao díante que lhe dei cursso desta dita Minha Carta de Sentemça Cível de Justificaçam de Nobreza se hirá fazendo máis longa expressa e declarada mençam pelles sobreditos autos e termos delles se via e mostrava logo a seu principio que sendo no Anno do Nascimento de
(Autuaçam)

[p. 4 v.]
Deus Nosso Senhor Jesus Christo de mil Setecentos e oitenta e seis annos aos vinte e oito dias do mes de Abril do dito anno nesta cidade de Lisboa no meu escriptorio por parte do Supplicante me foi dada a petiçam a adiante que autoei e se segue e eu António Joze de Souza o escreví. ´´Segundo he o que assim tam somente se conthinha e era contheudo escripto e assim declarado em a sobredita autoaçam a qual com o dito se acha assim feita e conthinuada nos autos destes Processo por princípio delles e da petiçãm de que nella se faz menção ao seu verdadeiro theor hé o da maneira seguinte
(P. am)
´´Diz Joaquim Rebello Trigueiros Martel Leite natural de Idanha a nova que para bem de sua Justiça abona como de Sua pessoa

[p. 5]
Nobreza e Fidalguia requerer o brazam de armas gentilicias das familias de seus apellidos de que procede lhe he necessario justificar neste Juízo comprovativo da Nobreza em como he filho legítimo de Jerónimo Trigueiros Martel Rebello Leite Cappitam do Terso auxiliar da Comarca de Castello Branco e de sua mulher Donna Maria Angélica Marques Gouloa. Neto pella parte paterna do Sargento Mor de Cavallaria Simão Rebelo Martel Leite e de sua mulher Donna Izabel Trigueiros da Costa. Pella materna que he Neto do Sargento Mor Domingos Ambrozio e de sua mulher Donna Maria Marques Goulão. Os quais Seus Pais e Avós e os máis Seus Antepassados que foram pessoas muito Nobres Legítimas
[p. 5 v.]

Descendentes das Famílias dos apellidos de Rebello Trigueiros Martel e Costas deste Reino e como tais se trataram com cavallos criados e todo o máis tratamento proprio da Nobreza servindo no político, e no militar os lugares e postos máis destintos do Governo sem que em tempo algum cometesse crime de Leza Magestade dívina ou humana elle que pede a vossa Senhoría seja servido admitir o Supplicante a Supplicar o que expoem e provado que seja pellas certidoes que tambem apresentará julgalo descendente das referidas famílias e mandar lhe passar senttença na forma de Estillo e receberá merce segundo he o que assim tam somente se conthinha e era contheudo deferido

[p. 6]
e assim declarado em a sobredita petiçam a qual como dita he se acha assim feita e della consta tivesse sido aprezentada ao Dezembargador Corregidor de Cível da Corte Joze Antonio Pinto Donas Boto e por Elle deferida com hum despacho do theor seguinte
(D.º)
´´ustefiqua Boto´´ (sic) que tendo este dito despacho assim dado e proferido na referida petiçam teve ella sido autoada e em cumprimento e por bem do mesmo despacho della sido admitido o Supplicante a justificar e se lhe ouvessem judicialmente inquerido e perguntado algumas testemunhas que troussera a Juízo e da Justificaçam que com ellas fizera o seu verdadeiro theor he o da maneira seguinte
(Justificação)
´´Justificaçam de nobreza de Joaquim Rebello Trigueiros

[p. 6 v.]
Martel Leite´´ Apresentada aos sinco dias do mes de Maio de mil setecentos e oitenta e seis annos nesta cidade de Lisboa no meu escríptorio pello Inqueridor deste Juízo foram perguntadas as testemunhas que por parte do Justificante foram aprezentadas e seus ditos e nomes se seguem. Eu António Joze de Souza o escreví.
(Test.ª)
´´Testemunha´´ Joze António Freixo de Miranda solicitador da Fazenda das Tres Ordens Millitares e morador a Anunciada Freguezia de Sam José da cidade de sinquenta annos pouco máis ou menos Testemunha Jurada aos Santos Evangelhos e do costume disse nada ´´Petiçam folhas´´ E perguntado pello contheudo na petiçam do justificante Joaquim Rebello Trigueiros Martel

[p. 7]
Leite disse que o conhesse muito bem e sabe que he natural de Idanha nova filho legítimo de Jerónimo Trigueiros Martel Rebello Leite Capittam do Terso auxiliar da Comarca de Castello Branco e de sua mulher Dona Maria Angélica Marques Goulloa e Neto pella parte paterna do Sargento Mor de Cavallaria Simão Rebello Marques digo Simão Rebello Martel Leite e de sua mulher Donna Izabel Trigueiros da Costa. E pella materna Neto do Sargento Mor Domingos Ambrozio e de sua mulher Donna Maria Marques Goulloa. Os quais todos elle testemunha conhece e conheceu menos o Avou paterno mas sabe que elle era huma das pessoas

[p. 7 v.]
mais principais e da mesma famíllia e da Província do Minho de onde descendía. Dís elle testemunha que todos os máis declarados se trataram e tratam a Lei da Nobreza com Estado e tratamento que se declara na mesma petiçam e nunca ouvío dizer que algumas destas pessoas fosse comprehendida em Crime de Leza Magestade dívína ou humana e máis não disse e assignou com o Inqueridor. António Joze de Sousa a escreví ´´ Joze António Freixo de Miranda´´ Estanislau Vicente Rodrigues
(Tet.o)
´Testemunha´´Acta de Domingos José Marques Goullam Esteves Beneficiado na Collegiada de Arroncches morador na Rua Direita de Santa Izabel de idade de trinta annos

[p. 8]
pouco mas ou menos Testemunha Jurada aos Santos Evangelhos e do costume disse ser parente em tersseiro grau do Supplicante mas que diria verdade. ´´Petiçam folhas´´ E perguntado pello contheudo na petiçam do justificante Joaquim Rebello Trigueiros Martel disse que em razam do parentesco que tem com o mesmo Justificante sabe he natural de Idanha a nova e filho legítimo de Jerónimo Trigueiros Martel Rebello Leite Cappitam do Terso auxiliar da Comarca de Castello Branco e de sua mulher Donna Maria Angélica Marques Gouloa. Neto pella parte paterna do Sargento mor de Cavallaria Simão Rebello

[p. 8 v.]
Martel Leite e de sua mulher Donna Izabel Trigueiros da Costa e pella materna he Neto do Sargento mor Domingos Ambrozio e de sua mulher Donna Maria Marques Gouloa e supposto não tivesse conhecimento dos Avós paternos nem dos Avou (sic) materno e so sim o tivesse da Avó materna sabe que todos elles se trataram sempre á Lei da Nobreza e igualmente se tratam os Pais do mesmo Justificante que ainda sam vivos e que todos sam pessoas muitos nobres e descendentes Legítimos das Famíllias dos Apellidos de Rebello Trigueiros Martel e Costas deste Reino e se trataram e tratam na forma que se declara na mesma petiçam servindo

[p. 9]
empregos políticos e millitares e os postos máis destintos do governo sem que lhe conste que em tempo algum cometessem crime de Leza Magestade Dívina ou Humana e máis não disse e assignou com o Inquiridor e eu Antonio Joze de Souza o escreví o Benefeciado Domingos Joze Marques Goulão Esteves´´ Estanislau Vicente Rodrigues. ´´O Padre Frei Manoel do Coração de Jezus Relligioso da Tersseira Ordem da Penitencia e morador no seu Convento de Jezus de idade de trinta e oito annos pouco máis ou menos Testemunha Jurada aos Santos Evangelhos e do costume disse nada ´´Petiçam folhas´´ E perguntado pello contheudo na petiçam

[p. 9 v.]
do Supplicante Joaquim Rebello Trigueiros Martel Leite disse que em razam de ter delle conhecimento sabe que he natural da Idanha a nova e filho ligítimo de Jerónimo Trigueiros Martel Rebello Leite Capittam do Terso auxiliar da Comarca de Castello Branco e de sua mulher Donna Maria Angélica Marques Gouloa Neto pella parte paterna do Sargento Mor de Cavallaria Simão Rebello Martel Leite e de sua mulher Donna Izabel Trigueiros da Costa. E pella materna Neto do Sargento Mor Domingos Ambrozio e sua mulher Donna Maria Marques Gouloa e suposto não tivesse conhecimento dos Avós paternos do Justificante mas tam somente dos maternos sabe que todos elles

[p. 10]
se trataram e tratam a Lei da Nobreza servindo os postos e lugares máis destintos do governo e que eram pessoas muito nobres e descendentes das famílias declaradas na mesma petiçam e que tiveram o tratamento que nella se declara, nem lhe consta que fossem comprehendidos em crime Leza Magestade devina ou humana e máis não disse e assignou com o Inqueridor e eu Antonio Joze de Souza o escreví´´ Frei Manoel do Coração de Jezus ´´ Estanislau Vicente Rodrigues. Segundo he o que assim tão somente se conthinha e era contheudo escripto e assim declarado em a sobredita Justificaçam do Supplicante a qual como dito e sendo assim feita e conthinuada

[p.10 v.]
nos autos de que esta emmanam. Logo a elles foram juntos por parte do mesmo os documentos do theor seguinte
(Docum.os)
´´Instrumento dos testemunhos tirados judicialmente em publica forma a favor do Justificante ­Joaquim Ribeiro (sic) Trigueiros da Silva Leite desta vílla de Idanha a nova.´´ Saibam quantos este publico Instrumento de Testemunhas tiradas judicialmente em publica forma ou como em direito milhor dizer se passar e máis valler. Vír em que sendo no anno do Nascimento de Nosso Senhor Jezus christo de mil setecentos e setenta e cinco annos aos vinte e nove de Dezembro do dito anno nesta vílla de Idanha a nova no escriptorio de mim escrivam

[p. 11]
aparesseu prezente Joaquim Rebello desta Vílla e por elle me foi aprezentada a petiçam adiante junta com o despacho na mesma posta do Doutor Juíz de Fora José Pinheiro de Azevedo e Silva requerendome com ella se desse inteiro cumprimento de Justiça de que fizesse termo da aprezentaçam e eu Joze Marques Cardozo que escreví e assignei´´ Joze Marques Cardozo ´´Diz Joaquim Rebello Trigueiros da Silva Leite desta vílla que para bem de sua Justiça preciza justificar neste Juízo o seguinte ´´Item que Elle Supplicante he filho legítimo de Jerónimo Trigueiros Martel Toscano Silva actual Cappitam de Infantaria auxiliar do Terso desta Comarca

[p. 11 v.]
e de Donna María Angélica Gouloa da mesma vílla. Item que he Neto pella parte paterna de Simão Rebello Martel Sargento Mor das Brigadas do Regimento da Cavallaria da Praça de Pennamacor hoje de Castello Branco natural da cidade do Porto e de Donna Izabel Trigueiros desta redicta vílla ´´Item que he Neto pella parte materna de Domingos Ambrozio Sargento Mor das Ordenanças da referida Vílla e de Donna Maria Marques Gouloa natural do lugar de Escalos de Sima termo da cidade de castello Branco ´´Item que he segundo Neto pella parte paterna de António Rebello Martel e de Donna Urssula da Silva Toscano da cidade do Porto, de Jorge Trigueiros

[p. 12]
da Costa da cidade de Coimbra e de Donna Izabel Nunes Calvo desta vílla ´´Item que he segundo Neto pella parte Materna de Domingos Ambrozio Cappitam das Ordenanças desta Villa e de sua mulher Donna Leonnor Fernandes da mesma vílla, de Domingos Vas Ratto do sobredito lugar de Escallos de Sima e de sua mulher Donna Maria Marques Gouloa do lugar de Alcains termo da cidade de Castello Branco. Item que elle supplicante he aparentado na Província do Minho pella via paterna com pessoas de compelída nobreza igualmente nos soburbios de Coimbra em cuja cidade serviram de vereadores seus Ascendentes e parentes collaterais ´´Item que Elle Supplicante he tambem aparentado

[p. 12 v.]
nesta comarca com pessoas de conhecida nobreza e por tal he reconhecido na mesma achandosse com tratamento destincto servido de criados e cavallos como pessoa das principais desta vílla pello que ´´Pede a Vossa Merce Senhor Doutor Juiz de Fora a Merce de admetillo a Justificar e mandar sellado Instrumento em forma e receber a Merce ´´Despaccho´´ Destribuhida justifique e selle passe Instrumento querendo-o´´ Azevedo e Silva ´´Testemunhas dadas´´ Manoel Alvares Piteiros ´´ o Doutor Manoel Lopes Cardozo ´´ Joam Gonçalo de Miranda Preto ´´ Fabiam Martins Coutinho no Sexto´´ Joam Martins Coutinho a o mesmo ´´ Joze Martins Coutinho o mesmo´´ Inquiriçam de testemunhas

[p. 13]
por parte do Justificante. Aos vinte e nove de Dezembro de mil setecentos e oitenta e sinco annos nesta vílla de Idanha a nova nas casas de resídencia do Doutor Juiz de fora Joze Pinheiro de Azevedo e Silva onde Eu Escrivam vim de seu mandado ali por elle dito Menistro foram perguntada as testemunhas desta Justíficaçam e eu Joze Marques Cardozo que a escreví ´´Testemunha´´ o Doutor Manoel Loppes Cardozo Medico do partido desta Vílla Testemunha Jurada nos Santos Evangelhos e de sua idade disse ser de sincoenta e oito annos pouco máis ou menos e do costume disse nada ´´ E perguntado pello contheudo nos artigos da petiçam do justicante disse ao Primeiro que com hesse ser o Justificante

[p. 13 v.]
filho legítimo de Jerónimo Trigueiros Martel Toscano e Silva o qual he actual Cappitam do Terso dos Auxíliares desta Comarca e que tambem he filho de Donna Maria Angelica Gouloa e máis não disse deste e do Segundo disse que sabe que o mesmo Justificante he Neto pella parte paterna de Simão Rebello Martel que Elle Depoente não conhecera mas tem ouvido dizer ser natural do Porto, Sargento Mor do Regimento da Cavallaria de Pennamacor e que fora cazado com Izabel Trigueiros desta Vílla Avo do Supplicante que Elle Depoente aínda conheceu bem ´´E de Tersseiro disse que sabe que o Justificante he Neto pella parte materna de Domingos Ambrozio Sargento Mor das Ordenanças

[p. 14]
desta Vílla e de Maria Marques Gouloa natural de Escalos de Sima termo de Castello Branco e máis não disse deste nem do Quarto ´´E do Quinto disse que sabe que o Justificante he segundo Neto de Domingos Ambrozio Cappitam da Ordenança desta Vílla e de sua mulher Leonor Fernandes pessoas que Elle Depoente conheceu e que tem ouvido dizer que publicamente que he tambem Neto pella parte materna de Domingos Vas Rato do lugar de Escalos de Sima e de sua mulher Donna Maria Marques Gouloa do Lugar de Alcains e máis não disse deste ´´E do Sexto disse que conhecera em Coímbra Jorge Trigueiros homem muito destinto parente muito próximo do Justificante e máis não disse deste.´´

[p. 14 v.]
´´E do Septimo disse que sabe que o Justificante he aparentado com algumas pessoas destintas desta Comarca e reconhecido assim por todos e que tem hum tratamento Luzido servido de Creados e Bestas na Estrebaria e máis não disse deste e assignou com o dito Menistro o seu Juramento e eu Joze Marques Cardozo que o escreví´´ Azevedo e Silva ´´ Manoel Lopes Cardozo ´´Testemunha´´ Fabiam Martins Coutinho Mestre Pedreiro da Freguesia de Sam Joam do Campo [no Minho, segundo parece, ou junto a Coimbra ?] assistente nesta Vílla Testemunha Jurada nos Santos evangelhos e de sua idade disse ter de quarenta e sinco annos pouco máis ou menos e do costume disse nada E perguntado pello Sexto artigo da petiçam a que somente foi dado disse que sabe

[p. 15]
por conhesser António Leite natural de Caminha o qual lhe tem dito ser Primo Segundo do Justificante e delle lhe tem trazido algumas cartas para esta terra o qual he das pessoas máis destintas daquella Vílla de Caminha o que tambem E que tambem conhece na mesma Vílla Joze Leite que tambem he parente do Justificante mas que não sabe em que grau e sabe que he pessoa muito destinta e máis não disse e assignou com o dito Menistro seu Juramento e eu Joze Marques Cardozo que o escreví´´ Azevedo Silva Fabiam Martins ´´Testemunha´´ Joam Fernandes Coutinho, Mestre Pedreiro da Freguesia do Campo Provincia do Minho e de prezente nesta Vílla Testemunha Jurada nos Santos Evangelhos e de sua ídade

[p. 15 v.]
disse ser de trinta e dois annos pouco máis ou menos e do costume disse nada ´´E perguntado pello Sexto artigo da petiçam a que somente foi dado disse que o Justificante he parente muito proximo que sopoem ser em tersseiro grau de Joze Leite natural de Caminha huma pessoa das máis destintas da Província do Minho o que sabe pello lhe dizer o mesmo Joze Leite e por trazer deste mesmo muitas cartas para o Pai do Justificante Jeronimo Trigueiros e máis não disse e assignou com o dito Menistro seu Juramento e eu Joze Marques Cardozo que o escreví ´´Azevedo e Silva ´´ de Joam Fernandes Coutinho Lima Cruz ´´Testemunha´´ Joze Martins Coutinho Mestre Pedreiro da Freguesia do Campo

[p. 16]
Província do Minho e de prezente nesta Vílla Testemunha Jurada aos Santos Evangelhos e de sua idade disse ser de vinte e seis annos pouco máis ou menos e do costume disse nada ´´E perguntado pello artigo da petíçam disse ao Sexto que sabe que o Justificante he Parente dos Leytes de Caminha pessoas das máis destíntas daquella terra e máis não disse e assignou com o dito Menistro seu Juramento e eu Joze Marques Cardozo que o escrevi ´´ Azevedo e Silva ´´ de Joze Martins Coutinho huma (…) ´´Testemunha´´ Manoel Alvares Piteiros desta Vílla Testemunha Jurada nos santos Evangelhos e de sua ídade dísse ser de oitenta e sinco annos pouco máis ou menos e do costume disse nada ´´E perguntado pellos artigos da petiçam disse disse ao Primeiro

[p. 16 v.]
que sabe pello Ver que o justificante he filho Legítimo de Jeronimo Trigueiros Cappitam de Auxiliares e de sua mulher Donna Maria Marque Gouloa e máis não disse deste ´´e do Segundo disse saber pella mesma razam que o Justificante he Neto pella parte paterna de Simão Rebello Martel natural do Porto Sargento Mor que foi da Cavallaria do Regimentto de Pennamacor que elle Depoente conheceu bem que fora na expediçam da Guerra da Cataluna [1708-1712] e que tambem he Neto de Donna Izabel Trigueiros desta Vílla pella parte Materna do Sargento Mor das Ordenanças desta Vílla Domingos Ambrozio e de Donna Maria Marques Gouloa natural de Escalos de Sima e máis não disse deste ´´E do Quarto disse que so conhecera Donna Izabel Nunes Calvo vízavó

[p. 17]
do Justificante e máis não disse deste ´´E do Quinto disse que sabe pello Ver que o Justificante he segundo Neto pella parte Materna de Domingos Ambrozio Cappitam da Ordenança desta Vílla e de sua mulher Donna Leonor Fernandes da mesma e Domingos Vas Ratto e de sua mulher Donna Maria Marques Gouloa esta de Alcains e aquelle de Escalos de Sima e máis não disse deste ´´E do Sexto disse disse que sabe pello ouvir dizer publicamente ser o Justificante aparentado pella parte paterna com as pessoas destintas do Minho. Sabe que os seus sam das pessoas máis destintas das vezinhanças de Coimbra e que Jorge Trigueiros Irmão da Avó do Justificante he pessoa bem conhecida delle Depoente fora susseder

[p. 17 v.]
em hum grande Morgado nos soburbios da cidade de Coímbra e máis não disse deste e de Septimo disse que sabe pello ver que o Justificante he aparentado com algumas pessoas destintas desta Província com o tratamento luzido e máis não disse e assignou com o dito Ministro seu Juramento e eu Joze Marques Cardozo que o escreví´ Azevedo e Silva ´´Manoel Alvares Piteiros ´´Testemunha´´ o Doutor Joam Gonçalo de Miranda Preto desta Vílla Testemunha Jurada nos Santos Evangelhos e de sua idade disse ser de quarenta e oito annos pouco mais ou menos e do costume disse nada ´´E perguntado pellos artigos da petiçam disse ao Primeiro que sabe pello bom conhecimento que tem do Justificante e de seus Pais ser filho Legítimo de Jeronimo Trigueiros

[p. 18]
Martel Toscano e Silva Capittam da Infantaria auxilliar do Terso desta Comarca e de Donna Maria Angélica Marques Gouloa todos desta Vílla e mais não disse deste e do Segundo disse que sabe por ser publico e notorio por documentos que tem visto autenticos que o mesmo Supplicante he Neto pella via paterna de Simão Rebello Martel Sargento Mor de Brigadas que foi do Regimento da Cavallaria da Praça de Pennamacor hora prezentemente de Castello Branco natural da cidade do Porto e de sua mulher Donna Izabel Trigueiros desta Vílla que Elle Testemunha bem conheceu e mais não disse ´´E do Tersseiro disse saber pello ver e conhecer ser o Supplicante pella parte Materna Neto de Domingo Ambrozio Sargento Mor que foi das Ordenanças desta Vílla

[p. 18 v.]
e de Donna Maria Marques Gouloa natural de escalos de sima Termo de Castello Branco e mais não disse desta e do Quarto disse que sabe pello ter ouvido dízer que he o Supplicante pella parte paterna Bisneto de Antonio Rebello Martel e de sua mulher Donna Ursula da Silva Toscano da cidade do Porto E que Jorge Trigueiros da Costa da cidade de Coimbra e que Donna Izabel Nunes Calvo desta villa e mais não disse desta ´´E do Quinto disse saber pello vere conhesser que he segundo Neto pella parte Materna de Domíngos Ambrozio Cappitam das Ordenanças e de sua mulher Donna Leonor Fernandes desta Villa sebem que em quanto a esta se o sabe pello ouvír dizer e assim mais de Domingos Vas Rato de Escalos de Sima e de sua mulher

[p. 19]
Donna Maria Marques Goulão de Alcains dos quais tambem não tem conhecimento e so depoem pello ouvir dizer de todosdeclarados neste Item por estar inteiradd em hum documento autentico que assim o certefica e mais não disse deste ´´E do Sexto disse saber por ter visto papeis que mostram ser o Justificante aparentado na Província do Minho pella parte paterna com pessoas de conhecida nobreza e nos soburbios de Coimbra conhesse Elle Testemunha os seus parentesserem pessoas destintas e com tratamento conrrespondente e ter visto alguns documentos que certeficam terem seus Ascendentes servido de vereadores na mesma cidade e mais não disse deste ´´E do Septimo disse saber pello bom conhecimento que tem dos parentes do Justificante

[p. 19 v.]
que se acha assestido com tratamento destinto servido de creados e cavallos como pello o que he dos principais desta Villa e mais não disse deste e assignou com o dito Menistro seu Juramento e eu Joze Marques Cardoso que o escrevi ´´ Azevedo e Silva ´´ Joam Gonçalo de Miranda Preto ´´ E não se conthinha mais em os ditos autos de Justificaçam que Eu Escrivam aqui mandei treslladar bem e fielmente da propria Justificação e autos que fícam em meu poder e Cartorio a que me reporto em todo e por todo em fee do que me assigno de meus sinais publico e cazo de que uzo e costumo fazer em esta dita Villa de Idanha a nova e todo o seu Termo. vai conssertado e conferido por mim Escrivam e outro official de Justiça abacho assignado aos quinze dias do mes de Maio do anno

[p. 20]
do nascimento de Nosso Senhor Jezus christo de mil sete centos e oitenta e seis annos. Pagar-se-ha de feitio deste instrumento na forma do regimento das tres primeiras duzentos e cessenta e quatro reis e o mais que for conta a razao eu (?) Joze Marques Cardozo Fabiam que o fiz escrever e o sobscrevi ´´ Lugar de Sinal publico ´´ em testemunho e fee de verdade ´´ Joze Marques Cardozo ´´ e comigo Escrivam Manuel (…) de Oliveira ´´Diz Joaquim Trigueiros Rebello Martel Leite natural de Idanha a nova, deste Bispado filho legítimo de Jeronimo Trigueiros Martel da Silva Leite que para que para requerimentos que tem a bem de Sua Justiça em materia Cível nececita da certidão de seu Baptismo e de seus Seus Pais e cazamentos destes e de Seus Avós paternos

[p. 20 v.]
e maternos cujos nomes constam do dito assento do supplicante e porque o Reverendo Escrivam da Comarca as não passa sem despacho ´´Pede a Vossa Merce muito Reverendo Senhor Provizor se digne mandar lhas passar ha elle Cerá merce ´´Despacho´´ Passa do que constar. Castello Branco. Vinte de Fevereiro de mil e Sete Centos e Oitenta e Seis. Pereira ´´Certidam´´ Em cumprimento do despacho supra. Certifico eu escrivam da Camara Ecleziastica desta cidade e Bispado de Castello Branco abaicho assignado que revendo os Livros de Baptizados da Freguesia da Villa de Idanha a nova deste mesmo Bispado em Hum delles a folhas vinte se acha o assento seguinte ´´Joaquim filho legítimo de segundo matrímonio de Jerónimo Trigueiros e sua mulher

[p. 21]
tambem de segundo matrímonio Donna Maria Angelica Marques Gouloa, naturais desta villa. Neto pella parte paterna do Sargento Mor da Cavallaria Simão Rebello Martel e de sua Mulher Donna Izabel Trigueiros da Costa desta Villa e natural e Elle seu Marido natural da cidade do Porto. E pella parte materna Neto do Sargento Mor Domingos Ambrozio desta villa e de sua mulher Maria Marques Gouloa natural de Escalos de Sima. Nasceu aos doze dias do mes de Janeiro de mil sete centos e cessenta e quatro annos e foi baptizado solemnemente por mim Vigario desta Igreja aos vinte e sinco de Janeiro do mesmo anno supra foram Padrinhos o Doutor João Pinto Cardozo Maldonado e paçou (sic) procuração de sua Irmã Donna Joanna Raimunda de Castilho e Costa moradores na Villa

[p. 21 v.]
do Fundam, o Doutor Juiz de Fora desta Villa Antonio da Costa Ferram. Testemunhas que comigo assignaram. O Padre Joze Vitoria Freyre e o Reverendo Francisco Joze Cajado desta villa que para constar fiz este assento dia mes e anno ut supra´´ Frey Francisco Pinto da Fonceca, Joze Vitorio Freyre Correia ´´ Cazamento dos Pais ´´ Em outro Livro de Cazados da mesma Freguesia de Idanha-a-Nova a folhas quarenta e duas está e seguinte ´´ Aos dezasete do mes de Abril de mil e Sete Centos e sessenta e dois em minha prezença Joze Vitoria Freyre Correya de licença do Reverendo Vigário e das testemunhas abacho assignadas. Se Receberam por pallavras de prezente (?) Jeronimo Trigueiros Martel Toscano Silva veuvo de Constancia Nunes Monsserrate

[p. 22]
e Donna Maria Angelica Gouloa veuva de Bartholomeu Franco todos desta freguezia feitas primeiro as delligencias que manda o Sagrado Concílio Tridentino e Constituíçoens deste Bispado de que fiz este assento que assignei com as Testemunhas ´´Idanha a nova dia mes e Era ut supra´´ Joze Vitoria Freire Correia ´´ Maurício Innocencio da Costa Castello Branco ´´ Cura Joze Gomes Castellam ´´Baptismo dos Pais´´ Em outro Livro de Baptizados da sobredita Freguesia a folhas quatrocentas e trinta e huma verso está o seguinte ´´Jeronimo filho do Sargento Mor Simão Rebello Martel natural da cídade do Porto e de Donna Izabel Trigueiros da Costa desta villa ambos de primeiro matrímonio Neto pella parte paterna de Antonio Rebello Martel e de Ursula da Silva Toscano
[p. 22 v.]
da cidade do Porto e pella Materna de Jorge Trigueiros da Costa da cidade de Coimbra e de Isabel Nunes Calvo desta Villa nasceu aos trinta de Setembro de sete centos e dezasseis foi baptizado nesta Igreja por mim o vigario della aos dezanove de Outubro da mesma Era foi Padrinho Jorge Trigueiros seu Thio e para constar fiz este termo que assignei com as testemunhas abacho dia Mes e Era ut supra ´´ Vígario Frei Manoel Rodrigues Curigeiro (?) ´´ Domingos Nunes Dama (?) ´´ Pedro Fernandes Monsserrate ´´ Baptismo da Mai ´´ No mesmo Livro Assima a folhas seis centos e sincoenta e huma verso está o seguinte ´´ Maria filha Legítima de Domingos Ambrozio natural desta Villa de Idanha a nova e de sua mulher Maria 

[p. 23]
Marques natural do Lugar de Escalos de Cima e ambos do primeiro matrímonío Neto pella parte paterna de Domingos Ambrozio e de sua mulher Leonor Fernandes ambos desta mesma Villa. E pella Materna de Domingos Vas Rato natural do lugar de Escalos de Cima e de sua mulher Maria Marques natural do Lugar de Alcains termo de Castello Branco nasceu em os dezanove dias de Dezembro de mil e sete centos vinte e sinco e foi baptizada nesta Igreja por mim Cura em os vinte e seis do dito mes e anno e foram Padrinhos o Padre Manoel Vás e sua Irmãa Francisca Marques naturais do dito lugar de Escalos de sima e Testemunhas Joze Freire Correia e Domingues Rodrigues todos desta dita Villa que comigo assinam este termo que fiz día mes e era supra ´´ O Cura Padre.

[p. 23 v.]
Domingues Nunes ´´ Joze Freire Correia ´´ Domingos Rodrigues Correia ´´Cazamento dos Avos paternos´´ Em hum Livro de Cazados da sobredita Freguesia de Idanha a nova sem principio nem fim a folhas cento e setenta verso está o seguinte ´´Simão Rebello Martel natural do Porto (…) de Antonio Rebello natural de Lessa de (…) Ursula da Silva Toscano da mesma (…) em minha prezença e das testemunhas (…) nadas na forma do Concílio Tridentino e Constituiçam do Bispado com Donna Isabel Trigueiros desta Villa filha de Jorge Trigueiros e de Isabel Nunes Calvo em os dois dias de Agosto de setecentos e catorze de que me assigno. Idanha a nova dia e Era ut supra ´´ Vigario Frei Manoel Rodrigues Corugeiro ´´ Diogo da Silva ´´ Jorge Trigueiros ´´Baptismo da Avo paterna´´

[p. 24]
Em outro Livro de Baptizados da referida Freguesia a folhas cento e setenta e seis está o seguinte ´´Isabel filha de Jorge Trigueiros e de sua mulher Isabel Nunes desta Villa e do primeiro matrimonio foi baptizado em treze de Novembro de seis centos e oitenta e oito annos foram Padrinhos o Doutor Domingos Marques Giraldes e sua Thia Maria Nunes de que fiz este termo que assignei dia mes e Era ut supra. O Vigário Frei Miguel Rodrigues Goulam´´ Baptismo do Avou Materno ´´ Em outro Livro tambem de Baptizados da sobredita Freguesia a folhas duzentas e setenta e huma está o seguinte ´´ Domingos filho Legítimo de Domingos Ambrozío e de sua mulher Leonor Fernandes Remusga (?) nasceu do segundo matrímonío da parte de ambos em os oito días

[p. 24 v.]
do mes de Agosto da Era de setecentos e sete e foi baptizado nesta Igreja por mim Vigario della em os quinze dias do dito mes foram Padrinhos Manuel Giraldes Sargento Mor e Constança Fernandes mulher de Domingos Días Borrego. Estavam prezentes Joaquim Nunes Miranda Sacerdote e Domingos Robalo todos desta Villa de que fiz este assento e assignei com os sobreditos ´´ O Vigario Frei Paulo Vas Jacomo ´´ O Padre Joaquim Nunes Miranda ´´ Domuingos Roballo ´´Baptismo da Avo materna´´ Em hum Livro de Baptizados da Freguezia do Lugar de Escalos da Freguezia do Lugar de Escalos da Freguezia do Lugar de Escalos de Sima sem príncípio nem fim que tambem serve de Cazados e defuntos nelle a folhas cento e des verso está o seguinte ´´ Aos vinte e tres dias do mes de abril de seis centos e noventa e sete nasceu María filha

[p. 25]
de Domingos Vas Rato e de sua mulher Maria Marques foi baptizada solemnemente pello Padre Manoel Rodrigues Corípao (?) de Licença ao primeiro de Maio declaro que nasceu a vinte e tres de Abril e foi baptizada a primeiro de Maio da dita Era foram Padrinhos Thome Vas e sua filha Maria. testemunhas Manoel Vas Agostinho e Manoel Gonçalves Cardeal e por ser verdade fiz este termo que assignei dia mes e Era ut supra ´´ O Vigario Frei Matheus Rodrigues Vidal ´´ de Manoel Gonçalves Cardeal (…) ´´ Manoel Vas Agostínho ´´ E não se conthinha mais em os ditos assentos que aqui fiz trasladar bem fielmente e na verdade dos proprios Livros a que me reporto. e declaro não aparesse o cazamento dos Avós Maternos

[p. 25 v.]
como tambem no assento do Cazamento dos Avos paternos não fazer duvida onde leva os pontinhos em razam de se não poder trasladar por faltar hum pedasso da dita folha que mostra ser trilhado dos ratos ou da trassa em fee de que tudo me assigno. Castello Branco Vinte e dois de Fevereiro de mil sete centos e oitenta e seis e eu Manoel de Nascimento Amaral Escrivam da Camara que o fiz escrever sobscrevi e assígnei ´´ Manoel do Nascimento Amaral ´´ Reconhecimento ´´ Reconheço a Letra e Sinal assima sêr proprio do Reverendo Padre Manoel do Nascimento Amaral Escrivam da Camara deste Bispado em fee do que me assigno. Castello Branco de Fevereiro Vinte e dois de mil e sete centos e oitenta e seis. Vitoríano de Oliveira Tabelliam que o escrevi ´´ Lugar de sinal publico ´´ em testemunho da verdade Vitoriano de Oliveira

[p. 26]
´´Reconhecimento´´ Reconheço a Letra e Sinal publico claro serem do Tabelliam Vitoriano de Oliveira. Lisboa a sete de Marsso de mil e sete de Maio de mil e sete centos e oitenta e seis annos. Lugar do sinal publico em testemunho de verdade ´´ o Tabelliam Joze Pedro da Silva Nogueira ´´ Segundo he assim tam somente se conthinha e era contheudo. Escripto e assim declarado em os sobreditos documentos os quais como dito he sendo assim feitos e juntos aos auttos desta Justificaçao logo os mesmos foram preparados com a assinatura e assentos levados conclusos ao Dezembargador que se achava servindo no empedimento do Dezembargador Corregidor de Cível da Corte Juís delles no príncípio desta declarado e sendo aprezentados ao referido Menistro e por elle Vistos e Examinados nelles dera e proferira

[p. 26 v.]
a sua sentença e della o seu verdadeiro theor de Verbo ad Verbum he o seguinte
(Sen.ça)
´´Vistos estes Autos de Justificaçam de nobreza # Prova o Justificante Joaquim Rebello Trigueiros Martel Leite pellos testemunhos produzidos nas Inquiríçoens folhas quatro e folhas treze, e documento folhas dezasseis ser natural de Idanha a Nova, filho Legítimo de Jeronimo Trigueiros Martel Rebelo Leite Cappitam de Auxiliar e de sua mulher Donna Maria Angelica Marques Gouloa, Neto pella parte Paterna do sargento Mor de Cavallaria Simão Rebello Martel Leite e de sua mulher Donna Isabel Trigueiros da Costa, E pella Materna do Sargento Mór Domingos Ambrozio e de sua mulher Donna Maria Marques Gouloa. Os quais todos

[p. 27]
seus Pais, e Avôs foram pessoas nobres, e destíntas, e Legítimos descendentes das Famílias dos apellidos de Rebellos, Trigueiros, martel, e Costas, que como tais sempre se trataram com luzido tratamento de creados e cavallos, servindo os hohonoríficos cargos da Republica tanto civís, como militares sem que nunca nem hum delles tivesse íncorrido em delíto algum de Leza Magestade Divina, ou Humana assim como da mesma sorte se trata o Justificante Portanto Julgo por Justífícado o deduzido na sua petiçam folhas duas, e mando se lhe passe Sentença para o Brazam de armas que pertende para memoria da Nobreza dos seus Antepassados, e conservaçam da Sua, E pague

[p. 27 v.]
o Justificante a custas em cauza. Lisboa sete de Junho de mil e sete contos e oitenta e seis ´´ Anacleto Joze de Macedo Portugal ´´ Segundo he o que assim tam somente se conthinha e era contheudo Escripto e assim declarado em a sobredita Sentença a qual como díto e sendo assim dada e proferida nos autos da Justificação de que esta emmanou fora outro sim publicada e mandada cumprir em audiencia deste Juizo da Coreiçãm do Cível da Corte de que para constar se conthinuara (?) Termo de sua publicaçam nos mesmos autos pello Escrivam delles. Alego (?) por parte do mesmo Justificante sobredito Joaquim Rebello Trigueiros Martel Leite me fora pedido e requerido que dos mesmos autos lhe mandasse extrair

[p. 28]
dar e passar sua Carta de Sentença de Justificaçam de Sua Nobreza para com ella requerer donde-lhe conviesse seu Brazam de armas e e tratar em qualquer parte e mostrar seu Direito destincçam e qualidade sem a qual o não podia fazer. E por seu requerimento ser justo de razam comtudo conforme ao mesmo Direito lha mandei dar e passar e com efeito se lhe deu e passou e he aprezenta pello Theor da qual ordeno e mando a todos Vós Minhas Sobreditas Justiças atras e no principio della declaradas e com expecialidade a qualquer das mesmas em particular a que o verdadeiro conhecimento desta pertencer e seu devido effeito inteiro Cumprimento e sua Real Execuçam da Mínha parte se pedir e requerer que sendo-vos a mesma aprezentada hindo ella primeiro

[p. 28 v.]
assignada pello Meu Dezembargador que se acha servindo de Corregídor de Cível da Corte e ao adiante vai nomeado e passada pella minha chansselaria da mesma Corte e Caza da Supplicaçam a cumprais e guardeis façais e mandeis muito inteiramente cumprir e guardar assim e da maneira que nella se conthem e declara e em seu cumprimento e por virtude della 

(Cumprim.)

se haverá por Justificado todo o deduzido e declarado em a petiçam do mesmo Justificante que nesta a seu principio vai inserta e copiada á qual se dará Tanta Fee e Credito como de Direito se deve e pode dar o que assim se cumprirá. # Dada e Passada nesta Corte muito nobre e sempre Leal Cidade de Lisboa em os doze dias do mes de Junho do anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus christo de mil e sete centos e oitenta e seis annos #

[p. 29]
a Raínha Nossa senhora o mandou pello Doutor Anacleto Joze de Macedo Portugal Cavalleiro professo na Ordem de Christo do seu Dezembargo. Seu Dezembargador da Caza da Supplicaçam em ella e em esta Corte o aprezentador regidor com alssada dos feitos e causas Civeis # Vai sobscripta por Antonio Joze de Souza Cavalleiro professo na Ordem de Christo cídadam desta Cidade e na mesma Escrivam de hum dos offícios do Juizo da Correiçam de Cível da Corte na Caza da Supplícaçam della donde tambem o he das Cauzas da Santa Mizericordia e da Real Caza dos Expostos desta Corte por sua Magestade Fidellissima que Deus Guarde # Pagarsse-há de feitio desta por parte do mesmo Justificante a cujo requerímento se deu e passou na forma do regímento mil e quinhentos e setenta reis ou o que o contador

[p. 29 v.]
contar de assignatura della se pagáram já oito centos reis e da chancellaria sello e sua revedoria se pagaram cento e quarenta e seis réis e eu   


                             Antonio Joze de Sousa
                             Anacleto Joze de Macedo Portugal
                             146 Bart. meu Joze Nunes Cardozo (…)
                                                (…)
                            C.a # centa e dois #, Pre. # trinta e seis #
                            Lx.a 28 de Junho de 1786
                                               Ribeiro

[p. 30]
Concluzos assinala o Senhor Rei de Armas Portugal: Eu Bernardo Joze Agostinho de Campos que o escrevi // —— //

O Escrivão da Nobreza o passe ao Supp.e Joaquim Rebelo Trigueiros Martel Leite. Brazão de Armas da Famlias dos seus apelidos vista a sua sentença e mais Documentos. Lx. 4 de Agosto de 1786
                                                                       Joze Brabo
Aos quatro do mes de Agosto de mil sette centos oitenta e seis annos me forão dados estes Autos da parte do Rei de Armas Portugal com o Despacho Retro: Eu Bernardo Jose Agostinho de Campos que o escrevi. // —— //

[p. 30 v.]
Aos oito do mes de Agosto de mil sette centos oitenta e seis annos passei Brazão de Armas a Joaquim Rebello Trigueiros Martel Leite na forma que determina o Despacho Retro: Eu Bernardo Joze Agostinho de Campos que o escrevi. // —— //


_______________________


Notas:

[1]  Sobre a sucessão genealógica dos Oliveiras e Cunhas até D. Angélica Ludovina de Aragão Costa e Ornelas, veja a obra: VASCONCELOS, Manuel Rosado Marques Camões e – Oliveiras e Cunhas da Casa do Outeiro termo do Fundão, v. I, pp. 40-170.

[2]  Sobre o “tolerante e ponderado” Frei Diogo da Silva, como o qualificou o insuspeito Alexandre Herculano, veja: ROSA, João Mendes – Convento de Nossa Senhora do Seixo do Fundão, pp. 55-65.

[3]  As armas de MARTEL foram, por erro de concessão, trocadas pelas dos Metelo que são as que figuram neste brasão. Esta troca, apesar de conhecida entre os heraldistas, tem lançado alguma confusão que se vem perpetuando em alguns tratados de heráldica que confundem as armas destas duas famílias. Este erro, repetido várias vezes, até em recentes alvarás de reconhecimento de armas passados pelo extinto Conselho de Nobreza. Quanto à representação correcta das armas destas duas famílias veja: SANCHES DE BAENA, Visconde — Archivo heraldico-genealogico, v. 1, pp. CVII, CXIII.

[4]  ANTT, Cartório da Nobreza, Processo de Justificação de Nobreza (Autos), Maço 22, Doc.15. – O suplicante também usava o nome completo de Joaquim Rebelo Trigueiros Martel da Silva Leite.

[5]  Neste brasão há uma troca de armas que vem descrita in ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins – Armorial lusitano: genealogia e heráldica, no apelido «Martel», p. 344-345. Porém este autor faz alguma confusão na sua descrição.

[6]  Foi de Francisco de Albuquerque Pinto Castro e Nápoles (1815-1871), 2.º Visconde de Oleiros

[7]  Desta casa, com capela anexa, resta a fachada, pois o seu interior foi alterado no século XX, tendo sido destruídos todos os tetos e pisos.

[8]  D. Clara Maria da Fonseca Coutinho e Castro Refóios (1841-1902), era filha de Francisco da Fonseca Coutinho e Castro Refóios (n. 1819), 1.º Visconde de Portalegre, nascido a 8-III-1819 em Castelo Branco, senhor do solar setecentista dos Viscondes de Portalegre que veio a ser sede do Governo Civil de Castelo Branco.

[9]  O morgado de Idanha-a-Nova foi instituído a 13-IV-1751, por seu avô Domingos Ambrósio (n. 1707).

[10]  O Regimento de Milícias de Idanha-a-Nova foi criado pelo alvará de 21-X-1807.

[11]  Angélica Ludovina de Aragão Costa e Ornelas, descendia dos PROENÇAS, OLIVEIRAS, CUNHAS, e SÁ PEREIRAS, algumas das famílias mais antigas de Aldeia Nova do Cabo e do concelho do Fundão.

[12]  Pedro de Aragão Miranda Sá e Vasconcelos (f. 1793), também descendia dos Oliveiras e Cunhas da Casa do Outeiro, e dos Sá Pereiras da Casa do Terreiro, ambas em Aldeia Nova.

[13]  A Quinta da Ponte tem um belo solar datado do século XVII, que foi muito modificado a partir de 1725. Por via sucessória esta passaria à posse de José de Aragão da Costa da Vitória, Conde de Tondela, tragicamente assassinado no seu solar de Aldeia Nova do Cabo – atual sede da Junta de Freguesia – o qual já teve uma pedra de armas que foi levada por um dos seus últimos proprietários para local que desconhecemos na Idanha-a-Nova.

[14]  Cfr. – ANTT, Cartório da Nobreza, Livro 3 do Registo de Brasões de Armas, fls. 231 v. - 232 v.

[15]  Em diversos documentos aparece também com o apelido Toscano da Silva.

[16]  Segundo Manuel Álvares Piteiros (n.1700), de Idanha-a-Nova, declarou no Processo de Justificação de Nobreza de Joaquim Rebelo Trigueiros Martel Leite (Autos), p. 16 v.º. – Esta guerra durou de 1707 a 1712.

[17]  Maria Antónia Trigueiros Martel Rebelo Leite (n. 1770) foi quinta avó do autor destas notas.

[18]  ANTT, Cartório da Nobreza, Livro I, fl. 63 v.

[19]  O Solar dos Goulões, actualmente classificado como imóvel de interesse público, tem anexa uma capela fundada na primeira metade do século XVIII, que já foi conhecida por diversos nomes, tais como o de Capela de S. Brás, da Senhora da Piedade, ou do Senhor das Chagas, devido a uma imagem com chagas que sangraram milagrosamente por diversas vezes em 1722.

[20]  A Quinta da Ponte, situada no parque natural da Serra da Estrela, circundada por bosques e rodeada de jardins à francesa com um fontanário dedicado a S. Luís, rei de França, é atravessada pelo Mondego. Tem um belo solar datado do século XVII, e muito modificado a partir de 1725. A capela é consagrada à Nossa Senhora da Vitória – a qual ostenta na mão a bandeira azul e vermelha do miguelismo, opção política de um dos proprietários desta casa – e ostenta, na porta da sacristia a seguinte inscrição: «Bonifacio de Tavora e Vasconcellos Aragão e Miranda. Mandou fazer esta obra á sua custa, e se dirá huma missa nesta capella, todas as semanas por sua alma e de sua mulher Chrisostoma Nogueira e de Francisco José de Figueiredo Falcão, filho de sua mulher. Anno de 1728». É um dos berços da família Vasconcelos de Aragão. Por via sucessória este solar passaria à posse de José de Aragão da Costa da Vitória (1844-1908), conde de Tondela, tragicamente assassinado em Aldeia Nova, pelo que o citado solar veio a passar para seus parentes, os Condes de Idanha-a-Nova. O Conde de Tondela era senhor de uma casa na Guarda, e várias casas solarengas das quais se destaca um solar apalaçado que é actualmente sede da Junta de Freguesia de Aldeia Nova do Cabo, no concelho do Fundão, onde este titular foi morto.

[21]  Da capela de São Pedro do Catrão, que já existia em 1320, apenas restam vestígios.

[22]  O original desta carta de brasão achava-se em 1915 em poder de Simão Valdez Trigueiros Martel, – Cfr. foto in Afonso Dornelas, «História e Genealogia», v. III.

[23]  O morgado de Pêro Viseu foi instituído por um testamento de 24-XI-1696, e o de Chãos, por outro testamento de 17-XI-1725, ambos da autoria de dois priores homónimos, chamados Luís Machado Freire. – Cfr. Alfredo Pimenta, Vínculos Portugueses, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1932.

[24]  A propósito do falecimento de D. Maria Angélica (1872-1907), a imprensa regional escreve: «… Rica, fez da sua riqueza o património dos pobres que a ela se dirigiam com a mesma confiança com que se dirigiam a uma mãe carinhosa e, que por isso a veneravam, como uma Santa. E com adorável simplicidade ela sabia fazer o bem! (…) Se foi nobre a impressão produzida pela morte da Condessa de Idanha-a-Nova em todos os que tiveram ocasião de lhe apreciar a nobreza da alma e a bondade do coração, essa impressão foi sobretudo enorme em Alcains, campo especial em que exerceu a sua acção de anjo tutelar de todos os infelizes. Aí o triste acontecimento atingiu as proporções de uma grande desgraça, que levou a desolação a todos os lares. Quase todas as pessoas do povo se vestiram de luto e ouvia-se ininterruptamente um coro de soluços, acompanhados destas palavras: Morreu a mãe dos pobrezinhos!» – In Gazeta da Beira, 24-II-1907, p. 2.

[25]  Por alvará do Conselho de Nobreza de 24-IV-1979.

[26]  Por alvará do Conselho de Nobreza de 7-II-1985.

[27]  Na Rua Vaz Preto, n.º 59-61

[28]  ANTT, Cartório da Nobreza, Livro 3 do Registo de Brasões de Armas, fls. 231 v. - 232 v.