2010-07-09

OLIVEIRAS e PROENÇAS – Aldeia Nova do Cabo, Fundão.

Igreja Matriz de Aldeia Nova do Cabo.


Desde tempos recuados que Aldeia Nova do Cabo foi uma pequena corte onde se fixaram diversas famílias oriundas de fora e atraídas pela riqueza e produtividade do seu solo.
A agricultura local baseava-se na produções dos seus olivais e vinhedos, que nestas paragens produziam vinho e azeite da melhor qualidade, permitindo a obtenção de avultados meios de fortuna e a consequente aquisição de vultosos patrimónios fundiários. Por este meio, estas famílias viriam a destacar-se socialmente, alcançando o estatuto de fidalgos de cota de armas e de titulares, muitas vezes através de alianças matrimoniais com outras famílias vindas de fora.
Primeiro, entre os vindos de fora temos os SILVAS com origem na família dos senhores da Chamusca e de Ulme, e os SÁ PEREIRA de Coimbra; depois, mais ligados à terra, os BARREIROS, PROENÇAS, OLIVEIRAS e CUNHAS.

A partir do início do século XVI, estas famílias começaram a unir-se por laços matrimoniais que as levou à ascensão social muitas vezes alicerçada na obtenção de cargos públicos rendosos. Destes destacamos os OLIVEIRAS e os PROENÇAS, entretanto ligados entre si e nobilitados por cartas de brasão de armas que são conhecidas.
Serão muito poucas as casas destas ilustres famílias que ainda subsistem, tendo a quase totalidade das suas pedras de armas desaparecido na voragem dos tempos; restando, da sua memória, para a posteridade, apenas algumas referências documentais.
Esta raça indómita, mista de lavradores e de fidalgos, proliferou nestas paragens e transpôs rapidamente os limites das serras que os cercavam para espalhar os seus nomes para outros locais.

Em Aldeia Nova do Cabo está a origem distante da maioria dos PROENÇAS, OLIVEIRAS, e dos CUNHAS, actualmente existentes em Portugal.
A estes vieram a suceder os VASCONCELOS, os TRIGUEIROS ARAGÃO, dos quais sairam os FALCÃO TRIGOSO, os FEO TORRES, e os SEIXAS CASTELO BRANCO, entre vários outros; apelidos estes que herdaram o sangue dos refundadores de Aldeia Nova do Cabo.

Nos limites desta freguesia só existe actualmente uma única representação em pedra com as armas dos OLIVEIRAS e dos PROENÇAS, a qual, apesar do péssimo estado de conservação, ainda nos possibilitou a sua decifração a nível iconográfico.

Este monumento carece de urgente protecção e conservação, pois faz parte da identidade e da memória colectiva desta terra, sendo a única representação heráldica conhecida desta outrora proeminente família local.


Porta lateral virada ao Nascente da
Igreja Matriz de Aldeia-a-Nova

Sepulturas armoriada






















Sepultura de  Manuel Nunes de Oliveira (c. 1644)?,
Igreja Matriz de Aldeia Nova do Cabo,
porta lateral do lado Nascente

Terciado: 1.º - OLIVEIRA,
2.º e 3.º - PROENÇA






















2010-07-08

Manuel Nunes de Oliveira (c. 1644) - Aldeia Nova do Cabo, Fundão.

Manuel Nunes de Oliveira (1644)


                    Forma:         Escudo terciado em pala. O 1.º do terciado de OLIVEIRA – uma oliveira,
                                         e o 2.º e o 3.º, em conjunto, de PROENÇA – o primeiro destes com uma
                                         águia bicéfala e o segundo com cinco flores-de-lis postas em sautor.                                                  Local:          Conhecido documentalmente.
                    Data:            29-II-1644.


MANUEL NUNES DE OLIVEIRA (c. 1644), teve Carta de Brasão de Armas com um escudo terciado em pala, de OLIVEIRA e PROENÇA, dada a 29-II-1644 em Lisboa.
Este escudo apresenta as armas dos respectivos apelidos dispostos pela mesma ordem do brasão da Casa do Morgado de São Nicolau em Alcongosta – primeiro as armas dos Oliveiras e depois as dos Proenças. Porém, a diferença não é mencionada(?), enquanto na pedra de armas da casa de Alcongosta é representada por um coxim.

Descendia por linha legítima dos Oliveiras e Proenças de Aldeia Nova do Cabo, onde morava.
Era filho legítimo de MIGUEL NUNES e de sua mulher D. ANA RODRIGUES DE OLIVEIRA, a qual era irmã de António Rodrigues de Oliveira (f. 1655), “que tinha tirado Brasão de suas Armas”, e tia de Miguel Rodrigues de Oliveira, “que também tirou Brasão de suas Armas” em 27-II-1640; bisneto de Gaspar Proença, e terceiro neto de Pedro de Oliveira[1].

Junto à porta lateral do lado Nascente da Igreja Matriz de Aldeia Nova do Cabo, encontram-se quatro lajes sepulcrais, duas delas ostentando as armas de dois ilustres filhos desta terra. A terceira destas, a contar da esquerda, ostenta um brasão igual a este pelo que presumimos que esta possa ser a sepultura de MANUEL NUNES DE OLIVEIRA (c. 1644), ou de um descendente deste.



Sepultura de Manuel Nunes de Oliveira (c. 1644)?
Igreja Matriz de Aldeia Nova do Cabo,
porta lateral do lado Nascente.

Reconstituição
Sepultura de Manuel Nunes de Oliveira (c. 1644)?
Igreja Matriz de Aldeia Nova do Cabo,
porta lateral do lado Nascente.








 







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Notas:

[1]   BORREGO, Nuno Gonçalo Pereira, Cartas de Brasão de Armas, p. 324.