Rua do Espírito Santo, Alcongosta, Fundão.
Pedra de Armas da Casa do Morgado de São Nicolau, de OLIVEIRA e PROENÇA. (meados do século XVII) |
Brasão de: Desconhece-se a que membro da família Oliveira e Cunha pertenceu.
Estas Armas entraram na Casa de São Nicolau por aliança matrimonial
de João de São Nicolau da Fonseca (f. 1692) com Catarina de Oliveira e
Cunha, natural de Aldeia Nova do Cabo.
Forma: Escudo suspenso do canto esquerdo e boleado de bico, com o chefe de
linhas côncavas, inclinado para a dextra e terciado em pala: o 1.º do
terciado de OLIVEIRA – uma oliveira, e o 2.º e o 3.º, em conjunto, de
PROENÇA – o primeiro destes com uma águia bicéfala e o segundo com
cinco flores-de-lis postas em sautor.
Diferença: Um coxim no canto superior direito.
Elmo: De grades voltado a três quartos de perfil, olhando à direita do escudo.
Timbre: Uma oliveira, tirada das armas dos Oliveiras.
Local: Fachada de casa na Rua do Espírito Santo, Alcongosta.
Data: Meados do século XVII.
Situada na Rua do Espírito Santo, em Alcongosta, esta casa senhorial foi provavelmente erguida nos finais do século XVIII, tendo resultado da reconstrução de uma casa anterior que existiria no local.
O brasão, lavrado com grande correcção heráldica, certamente é anterior à actual edificação, parece datar do século XVII.
BRASÃO
Esta pedra de armas, trabalho de boa cantaria feito por um artista conhecedor, apresenta uma composição quase irrepreensível segundo os preceitos da Armaria. A sua beleza formal só tem paralelo na pedra de armas da Casa Serrão, situada no Fundão, também ela do século XVII. O escudo deste brasão, suspenso do canto esquerdo, quanto à sua partição é terciado em pala: o 1.º de OLIVEIRA (de vermelho com uma oliveira, arrancada de prata e frutada de ouro); o 2.º e o 3.º, em conjunto, de PROENÇA (o primeiro de verde com uma águia bicéfala, e o segundo de azul com cinco flores-de-lis postas em sautor).
Por diferença ostenta um coxim no canto superior direito sobre as armas dos Oliveiras. A encimar o escudo temos o elmo de grades, aberto e voltado para a direita, posto a três quarto, sobre o qual assenta o timbre que é uma oliveira, tirada das armas dos Oliveiras.
Estas armas passaram à família dos morgados de São Nicolau por via do casamentos de JOÃO DE SÃO NICOLAU DA FONSECA (f. 1692), senhor do morgado de São Nicolau, com D. CATARINA DE OLIVEIRA E CUNHA, natural de Aldeia Nova, dos quais houve descendência que seguiu os apelidos maternos.
O DETENTOR DO BRASÃO
Não podendo identificar o detentor deste brasão alicerçado em provas documentais, podemos dar algumas pistas, até porque como em vários outros armigerados deste concelho, também este descende dos notabilíssimos Oliveiras e Cunhas de Aldeia Nova do Cabo, terra onde esta família atingiu algum relevo social durante o domínio Filipino, nos alvores do século XVII.Desconhece-se a carta de brasão de armas que o o conferiu, assim como o respectivo registo. São porém conhecidos outros armigerados desta família, durante o século XVII, aos quais foram atribuídos brasões muito semelhantes, diferindo apenas em pormenores de pouca monta, como sejam a ordem de representação dos apelidos, ou a ostentação de diversas diferenças.
Temos nesta família, por ordem cronológica de atribuição:
António Rodrigues de Oliveira (f. 1696), C.B.A. de 1630 (1.º - OLIVEIRA, 2.º - CUNHA, 3.º - PROENÇA, e 4.º - SILVA) |
Segundo o mesmo autor, era filho de Miguel Rodrigues Barreiros de Oliveira e de sua mulher D. Ana da Cunha de Oliveira, filha dotada por seu pai e tia; neto paterno de Miguel Rodrigues Barreiros (c. 1571), familiar do Santo Ofício por carta de 9-X-1571; e neto pelo lado materno de Gaspar Proença (filho de Pedro de Oliveira) e de sua mulher D. Ana da Cunha de Oliveira.
Pedra de Armas do padre Miguel de Oliveira e Cunha (f. 1696), (1.º- CUNHA, 2.º- OLIVEIRA, 3.º e 4.º- PROENÇA) |
Do seu casamento teve, entre outros, uma filha e um filho que tiveram algum relevo social e deixaram rasto na história local: a filha era CATARINA DE OLIVEIRA E CUNHA, casada com seu parente JOÃO DE SÃO NICOLAU DA FONSECA (1624-1692), morgado de São Nicolau, em Alcongosta; o filho foi o licenciado padre MIGUEL DE OLIVEIRA E CUNHA (f. 1696), que instituiu o Morgado de São Miguel no Fundão (8-VII-1686?), com sede na capela do mesmo nome, anexa ao seu solar situado no largo da igreja Matriz do Fundão (erradamente atribuído a D. Luís de Brito Homem (1748-1817), bispo do Maranhão (1802, por este aí ter nascido), armoriado com a sua pedra de armas esquartelada de CUNHA, OLIVEIRA, e PROENÇA, tendo por timbre um chapéu eclesiástico do qual pendem dois cordões de seis borlas.
Lourenço Barreiros de Oliveira (c. 1642),
C.B.A. de 1642
(1.º e 2.º- PROENÇA, 3.º- OLIVEIRA)
|
O brasão de armas que lhe foi concedido, difere do que está na fachada da Casa do Morgado de São Nicolau pela disposição, por ordem inversa, das armas dos Proenças e dos Oliveiras, mas, no caso da diferença que ostenta, esta é um coxim igual ao do brasão de Alcongosta.
Manuel Nunes de Oliveira (c. 1644), C.B.A. de 1644 (1.º- OLIVEIRA, 2.º 3.º- PROENÇA) |
Este escudo apresenta as armas dos respectivos apelidos dispostos pela mesma ordem do brasão da Casa do Morgado de São Nicolau – primeiro as armas dos Oliveiras e depois as dos Proenças. Porém, a diferença não é mencionada (?), enquanto na pedra de armas da casa de Alcongosta é representada por um coxim.
Miguel Rodrigues de Oliveira (c. 1630),
C.B.A. de 1630
(1.º- OLIVEIRA, 2.º e 3.º- PROENÇA)
|
Morou em Aldeia Nova do Cabo, e sabemos que já tinha falecido em Dezembro de 1668. Descendente por linha masculina dos Proenças e Oliveiras, era filho legítimo do homónimo Miguel Rodrigues de Oliveira, e de sua mulher D. Leonor Cristóvão (f. 1640), os quais já estavam casados em 1601 e viviam na freguesia do Alcaide.
Casou a 4-II-1629 em Aldeia de Joanes com D. MARIA ÁLVARES DA FONSECA, da qual teve numerosa descendência que chegou aos nossos dias com os apelidos Abranches Homem Brandão.
Este brasão difere da pedra de armas da Casa dos Morgado de São Nicolau pela sua disposição, por ordem inversa, das armas dos Proenças e dos Oliveiras, assim como pela diferença que ostenta, a qual neste caso é um trifólio, e no brasão da casa de Alcongosta é um coxim.
Esta casa pertenceu à família que instituiu o
vínculo da capela de São Nicolau, a qual foi demolida no início do século XX.
Este
pequeníssimo templo situava-se à ilharga da matriz onde hoje se encontra uma
imagem moderna em memória deste santo, assente sobre um plinto de granito em
substituição da capela que se encontrava arruinada.
Depois de ter sido
doado ao povo, acabou por ser destruído por decisão da Junta de Paróquia de
16-IV-1902, tendo-se lavrado uma acta da qual consta que «…para embelezamento da freguesia se destruíssem as ruínas da capela de
S. Nicolau, que foi doada à mesma Junta, e que a pedra de alvenaria da mesma
capela fosse vendida para despesas da mesma obra, e que a cantaria fosse
aplicada para formação de um cais ao longo da rua corrente e reparação da
escadaria da igreja paroquial»[1].
O vínculo de São Nicolau foi instituído por
disposição testamentária a 13-IV-1598 pelo reverendo Dr. António Nicolau (c.
1562), prior de Alcongosta (1570-1598), filho de Nicolau Francisco e de
sua mulher D. Gertrudes Salvada.
O seu instituidor, terá vinculado vários bens à capela
de São Nicolau que seria edificada junto à igreja matriz desta aldeia, assim
como a obrigação do uso do nome do santo da sua invocação – e assim do seu
próprio nome – na pessoa dos morgados sucessores.
Igreja Matriz de Alcongosta. |
O instituidor da capela, o Prior ANTÓNIO NICOLAU (c.
1562), frequentou a Universidade de Salamanca (1562-1564), vindo
posteriormente a formar-se em Cânones pela Universidade de Coimbra (1568). Foi
pároco vitalício da freguesia de Alcongosta a partir de 1570, por privilégio do
rei D. Sebastião, assim como obteve do mesmo monarca um alvará para que não se
cortassem castanheiros na mata de Alcongosta, o que por si só além de revelar a
sua influência na terra, talvez denote preocupações de conservação ambiental ou
paisagística, atitude pouco comum naquela época.
Francisco Nicolau, irmão do prior instituidor, teve
a filha D. MARIA DE SÃO NICOLAU que foi casada com JOÃO ANES REBELO.
Estes tiveram, por sua vez, a filha herdeira D. ISABEL
DE SÃO NICOLAU REBELO (f. 1646)[2], 1.ª administradora do morgado de São Nicolau, casada com GONÇALO LEITÃO
DA FONSECA (f. 1658), alferes do Rosmaninhal[3]. Foi este casal que edificou a respectiva capela, pelos começos de
Seiscentos, concretizando as disposições testamentárias do seu tio-avô.
Sucedeu-lhes o filho JOÃO DE SÃO NICOLAU DA FONSECA (1624-1692), 2.º administrados do morgado de São
Nicolau, o único que veio a casar em Aldeia Nova do Cabo com CATARINA DE
OLIVEIRA E CUNHA, filha de António Rodrigues de Oliveira (f. 1655)[4], falecido a 30-IV-1655, fidalgo da Casa Real, e de sua mulher Maria
Rodrigues, todos de Aldeia Nova do Cabo.
Estes, entre
vários filhos, tiveram:
D. CATARINA NICOLAU DA FONSECA (f. 1687), a 3.ª
administradora do morgado de São Nicolau, nascida em Alcongosta e falecida em
1687. Casou em Vila Real nas primeiras núpcias de MIGUEL PEREIRA PINTO DO LAGO,
4.º senhor do morgado da Casa do Arco por morte de seu irmão, mestre de campo
do Terço de Auxiliares de Vila Real e fidalgo da Casa Real (alvará de
20-V-1671), filho de Francisco Pereira Pinto Guedes e de sua mulher D. Maria
Pereira do Lago. Seu marido, depois de viúvo voltou a casar.
Deste casamento, entre outros, destacamos:
O 1.º
filho – NICOLAU PEREIRA PINTO DO LAGO DA FONSECA (f. ?), que casou em vida de
seu pai contra a sua vontade. Herdou da mãe o vínculo de São Nicolau, cuja
sucessão vai abaixo.
O 2.º filho – FRANCISCO PEREIRA PINTO DO LAGO DE
OLIVEIRA (f. 1760), senhor do morgado da Casa do Arco em Vila Real, cuja
sucessão se ficou a dever ao facto de seu irmão Nicolau ter falecido primeiro
do que o seu pai[5].
Foi fidalgo da Casa Real e casou com D. MARIA LUÍSA VITÓRIA DE BRITO, do
Fundão, senhora do morgado de São Miguel, filha herdeira de Manuel Homem de
Brito e de D. Isabel de Brito, do Fundão.
DADOS GENEALÓGICOS
Vejamos os dados genealógicos da família dos morgados de São
Nicolau, na tentativa de compreender a sua sucessão[6].
1. FRANCISCO NICOLAU casado com D. GERTRUDES
SALVADA.
Tiveram:
2. ANTÓNIO NICOLAU (c. 1562), prior de
Alcongosta (1570-1598), que
instituiu a 13-IV-1598 o morgado
de São Nicolau com uma capela
vinculada junto à igreja matriz desta aldeia e a obrigação do uso deste nome.
2.
FRANCISCO NICOLAU, que segue.
2. FRANCISCO NICOLAU, que ignoramos com quem
casou.
Teve:
3. D. MARIA
DE SÃO NICOLAU, que segue.
3. D. MARIA DE SÃO NICOLAU, casada com JOÃO
ANES REBELO.
Tiveram:
4. D. ISABEL DE
SÃO NICOLAU REBELO (f. 1646), que segue.
4. D. ISABEL DE SÃO NICOLAU REBELO (f. 1646), herdeira
e 1.ª administradora do morgado de São Nicolau instituído a seu favor, em cuja
capela foi sepultada em 13-VIII-1646. Casou com GONÇALO LEITÃO DA FONSECA (f.
1658), alferes do Rosmaninhal, filho de João Gonçalves Leitão, casado no
Rosmaninhal com Filipa Gomes da Fonseca. Morreu sem testamento e foi sepultado
na capela de São Nicolau a 24-III-1658.
Tiveram:
5. JOÃO
DE SÃO NICOLAU DA FONSECA (1624-1692),
que segue.
5. JOÃO
DE SÃO NICOLAU DA FONSECA (1624-1692)[7], 2.º senhor do morgado de São Nicolau, em Alcongosta, onde foi
morador.
Foi sepultado a 16-IV-1692 na capela de São Nicolau em Alcongosta.
Foi sepultado a 16-IV-1692 na capela de São Nicolau em Alcongosta.
Casou em Aldeia Nova do Cabo com D. CATARINA DE
OLIVEIRA E CUNHA, a qual era filha de António Rodrigues de Oliveira (f 1655),
fidalgo da Casa Real que em 1630 obteve brasão de armas de OLIVEIRAS, CUNHAS,
PROENÇAS e SILVAS, tendo casado com Beatriz Figueira Castelo Branco. Sua mulher
era neta paterna de Miguel Rodrigues Barreiros e de D. Ana de Oliveira
e Cunha; neta materna de Pedro Figueira Castelo Branco e de sua mulher D. Maria
Rodrigues, todos naturais de Aldeia Nova do Cabo.
Por este casamento entrou o apelido OLIVEIRA – dos
Proença de Oliveira de Aldeia Nova do Cabo – na Casa de São Nicolau, daí
resultando o brasão que esta ostenta[8].
Tiveram:
6. D. CATARINA
NICOLAU DA FONSECA (f. 1687), que segue.
6. ISABEL (n. 1657),
nascida a 1-XI-1657 e baptizada a 7-XI-1657 na Igreja Matriz de Alcongosta pelo
padre João Tomé, tendo por padrinho o licenciado Miguel de Oliveira, morador em
Aldeia Nova do Cabo, e por testemunhas o reverendo padre Manuel da Fonseca
Leitão, e Domingos Fernandes, tesoureiro desta igreja. O seu padrinho, padre Miguel
de Oliveira, foi o instituidor do o Morgado de São Miguel no Fundão (1686?),
com sede na capela do mesmo nome, anexa ao seu solar do largo da igreja matriz
do Fundão (Casa Oliveira e Cunha).
6. D. CATARINA
NICOLAU DA FONSECA (f. 1687), 3.ª administradora do morgado de
São Nicolau, nasceu em Alcongosta, onde faleceu e foi sepultada a 18-IX-1687 na
capela de São Nicolau[9].
Casou a 23-IX-1680, em Alcongosta, nas primeiras
núpcias de MIGUEL PEREIRA PINTO DO LAGO (c. 1671), senhor do morgado da Casa do
Arco em Vila Real, moço fidalgo da Casa Real (Alvará de 20-V-1671), assim como
mestre de campo do Terço de Auxiliares de Vila Real. Era filho de Francisco
Pereira Pinto Guedes (c. 1643), comendador da Ordem de Cristo, coronel de
Cavalaria e governador da Praça de Chaves até 1668, e de sua mulher D. Maria
Pereira do Lago da cidade de Braga. Depois de viúvo, voltou a casar e a ter
geração.
Tiveram seis filhos, entre os quais destacamos:
7. NICOLAU
PEREIRA PINTO DO LAGO DA FONSECA, o primogénito, que segue.
7. FRANCISCO PEREIRA PINTO DO LAGO DE
OLIVEIRA (f. 1760), o secundogénito, que veio a suceder no importante morgado da
Casa do Arco, depois de longa demanda judicial com o irmão, na qual foi exigida
a divisão das casas. Foi fidalgo escudeiro (Alvará de 8-V-1695), e faleceu a
16-VIII-1760. Casou no Fundão com D. MARIA VITÓRIA LUÍSA DE BRITO HOMEM, filha
herdeira de Manuel de Brito Homem, fidalgo da Casa Real, e de sua mulher D.
Isabel de Brito. Tiveram geração.
7. NICOLAU
PEREIRA PINTO DO LAGO DA FONSECA, casado contra a vontade de seu pai, foi 4.º
administrador do morgado de São Nicolau, herdado de sua mãe, após
demanda judicial com seu irmão para divisão dos bens vinculados em morgado. Foi
sua mulher D. JOSEFA FREIRE DE MELO E SÃO PAIO, filha herdeira de Lourenço de
Melo São Paio, senhor da Casa de Ribalongo, e de sua mulher D. Jacinta Freire,
herdeira da Casa da Póvoa do Concelho, no concelho de Trancoso.
Tiveram
uma única filha:
8. D.
MARIA PEREIRA DE MELO SÃO PAIO, filha herdeira, que segue.
8. D.
MARIA PEREIRA DE MELO SÃO PAIO, 5.ª administradora do morgado de São Nicolau e
da Casa da Póvoa de Conselho (concelho de Trancoso). Casou com FILIPE DE SERPE DE
SOUSA E MELO (c. 1758), natural de Viseu, o qual foi senhor do morgado do
Covêlo (Vila Boa, Barcelos), e senhor da Casa do Cruzeiro e da Quinta
de Lourosa (Viseu). Era filho legítimo de Miguel
Serpe de Sousa e Melo e de sua mulher D. Maria Micaela de Sousa. Figura em
documentação da época, como detentor da capela de São Nicolau[10]
Tiveram uma filha única:
9. D. ANA BERNARDINA DE SOUSA SERPE E MELO, que segue.
Tiveram uma filha única:
9. D. ANA BERNARDINA DE SOUSA SERPE E MELO, que segue.
9. D.
ANA BERNARDINA PEREIRA PINTO COELHO SERPE (n. 1770), a qual nasceu em Viseu em
1770, onde foi senhora da Casa do Cruzeiro, assim como do morgado
da Quinta da Lourosa e do Covelo. Casou com seu primo JOSÉ PINTO DE
QUEIROZ SARMENTO, fidalgo cavaleiro da Casa Real, capitão-mor de Favaios no
concelho de Alijó, filho de José Pinto de Queiroz de Mesquita e de D. Maria
Jacinta Pereira Pinto de Morais Sarmento Pinto Guedes.
Tiveram
cinco filhos, dos quais foi primogénito:
10. BENTO JOSÉ DE QUEIROZ PINTO SERPE E MELO (n. 1772), que continua.
10. BENTO JOSÉ DE QUEIROZ PINTO SERPE E MELO (n.1772) nasceu em Favaios a 8-IX-1772 e aí foi baptizado a 16-IX-1772, senhor do morgado de São Nicolau. Casou com sua prima D. LEONOR PÓRCIA
VAZ PEREIRA DE MAGALHÃES, filha de Miguel António Vaz Guedes Pereira Pinto,
moço fidalgo da Casa Real, e de sua mulher D. Francisca Margarida Leocádia
Pereira Pinto de Magalhães.
Tiveram três filhos, dos quais foi
primogénito:
11. MIGUEL PINTO DE QUEIROZ SERPE E MELO, que segue.
11. MIGUEL PINTO DE QUEIROZ SERPE E MELO (n, 1804)[11], moço fidalgo com exercício na Casa Real, administrador do morgado de
São Nicolau em Alcongosta, e da Casa de Santo António de Favaios no concelho de
Alijó, Lourosa da Telha e do Cruzeiro em Viseu.
Casou
a 8-IX-1824, em São Pedro de Vila Real, com sua prima direita D. AUGUSTA
CÂNDIDA VAZ GUEDES PEREIRA PINTO DE ATAÍDE AZEVEDO BRITO MALAFAIA.
Tiveram nove filhos, dos quais foi
primogénito:
12. BENTO QUEIROZ
PINTO DE ATAÍDE E MELO (c. 1835),
que segue.
12. BENTO DE QUEIROZ PINTO DE ATAÍDE E MELO (c. 1853), sucedeu
nos diversos vínculos de seus pais, entre os quais o da capela de São Nicolau
em Alcongosta, do qual deve ter sido o derradeiro administrador por força do
Decreto de 30-VI-1860 que aboliu estes
vínculos.
Casou
em 1853 com a prima D. EDUARDA AUGUSTA PEREIRA PINTO DE ALMEIDA E VASCONCELOS
(n. 1815), nascida a 24-XI-1815 em Santa Eulália, no concelho de Seia.
Tiveram
duas filhas. Uma delas casou com um tio, do qual teve geração que seguiu os
apelidos Ataíde Pinto Mascarenhas que chegou até aos nossos dias.
♦
INUMAÇÕES NA CAPELA DE SÃO NICOLAU
Na capela de São
Nicolau foram inumados vários elementos da família instituidora, assim como
alguns criados e escravos[12]:
O primeiro enterramento nela
efectuada foi da presumível criada Helena Gonçalves (f. 1636) a 18-IV-1636.
Isabel de São Nicolau (f. 1646), foi
sepultada a 13-VIII-1646; seguiu-se-lhe a irmã de seu marido a 6-IV-1647; o
próprio marido, o morgado Gonçalo Leitão da Fonseca (f. 1658) que aí foi sepultado a
24-III-1658.
Um escravo dos morgados de nome
Inácio (f. 1661) é sepultado na capela a 19-VII-1661.
Isabel Nicolau (f. 1661), enterrada a
31-X-1661; mais tarde a morgada herdeira D. Catarina da Fonseca (f. 1687) a
18-IX-1687; seguindo-se o seu pai, o “morgado velho” João de São Nicolau (f.
1692) que foi aí enterrado a 16-IV-1687.
Aí vemos sepultar, juntamente com
a família dos morgados, vários serventuários e pobres, dos quais um dos últimos
foi Manuel João (f. 1715) que foi enterrado a 18-XII-1715.
♦
MORGADOS E CAPELAS
Os Morgados são uma
“instituição” medieval que, na maior parte dos casos, tiveram por fim a
perpetuação do apelido e das armas de uma família ilustre ou do nome dos
fundadores, quase sempre sepultados em panteões ou capelas familiares à sua
custa edificadas, com vários encargos piedosos pelas almas dos antepassados. Eram
formados por um conjunto patrimonial inalienável e indivisível, administrado
por um usufrutuário – o morgado – que, regra geral, era o varão primogénito.
Esta instituição permitia a
subsistência da família com um nível económico e um estatuto social elevado,
deixando os outros filhos em estado de dependência face ao chefe de linhagem.
Um morgado distingue-se de uma capela
devido à finalidade das funções definidas à data da sua fundação. Temos um
“morgado” quando a maior parte dos rendimentos dos bens que lhe são vinculados
é destinado ao herdeiro, sendo a parte destinada a obrigações piedosas de um
montante muito mais pequeno. Temos uma “capela” quando os encargos com as obras
piedosas absorvem a maior parte dos rendimentos dos mesmos bens.
Os morgados foram definitivamente
extintos, com a excepção do da Casa de Bragança, por decreto de 19 de Maio de
1863.
__________________
[2] Cfr. GUERRA, Luís Bívar Guerra, A
Casa da Graciosa (Braga: s. e., 1965),
p. 243.
[3] Cfr. VASCONCELOS, op. cit., v., pp. 42-45; e GAIO, Felgueiras, Nobiliário, v. VI, tít. “Leitões”, § 71,
p. 67.
[4] António Rodrigues de Oliveira (f. 1665), foi armigerado com as
armas de «Oliveiras, Cunhas, Proenças e Silva» em 1630, e foi pai do padre Dr.
Miguel de Oliveira e Cunha, que por testamento instituiu o morgado de São
Miguel no Fundão, deixando a sua pedra de armas no solar no adro da Matriz do
Fundão.
[5]
GAIO, Felgueiras, Nobiliário, v. VIII, tít. “Pintos”, § 9,
p. 293.
[6] Cfr. VASCONCELOS, Manuel Rosado Marques
Camões e, Oliveiras e Cunhas da Casa do
Outeiro termo do Fundão, v. 1, pp. 42-45; e GAIO, Felgueiras, Nobiliário, v. VI, tít. “Leitões”, § 71,
p. 67; e GUERRA, Luís Bívar Guerra, A
Casa da Graciosa (Braga: s.
e., 1965), p. 243
[7] Vários genealogistas atribuem-lhe,
assim como à sua descendência, um último apelido de LEITÃO, que estes não
usavam na vida social.
[8] Estes Proenças de Oliveira, descendiam todos de Gaspar Proença,
que era filho de Pedro de Oliveira, casado com Ana da Cunha de Oliveira, cuja
descendência viveu em Aldeia Nova do Cabo em meados do século XVI.
[9] No registo de óbito é nomeada por Catarina Fonseca (f. 1687), Felgueiras Gaio atribui-lhe o nome de Catarina da Fonseca Leitão.
[10] SILVA, Joaquim Candeias da, O Concelho do Fundão através das Memórias Paroquiais de 1758, p. 50 e 53 – nota n.º 3. – O apelido citado nesta nota é Serpe, apesar de outros ramos da mesma família terem usado o apelido Serpa.
[10] SILVA, Joaquim Candeias da, O Concelho do Fundão através das Memórias Paroquiais de 1758, p. 50 e 53 – nota n.º 3. – O apelido citado nesta nota é Serpe, apesar de outros ramos da mesma família terem usado o apelido Serpa.
[11] Também usava o nome completo de Miguel Pinto Pereira de Queiroz
Serpe e Melo de Sampaio São Nicolau, pois uma das imposições da instituição do
morgado de São Nicolau era o uso deste nome.
[12] Devemos às investigações do Professor Doutor Joaquim Candeias da
Silva, muita da informação ainda inédita que aqui vai sobre o morgado de São
Nicolau.